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Re: Recasados!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 03:01

Ana:

Não anulam; reconhecem a nulidade de alguns casamentos.

«Anular» significa tornar nulo o que foi válido. «Reconhecer a nulidade» significa que não houve validade, que, no caso do casamento, não houve, de facto, casamento, que foi nulo.

Alef

Re: Recasados!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 03:19

Vera:

É muito difícil responder ao que escreves sem correr o risco de «fulanizar», tanto mais que discordo em algumas coisas do que dizes. Mas, afinal, expões directamente o teu caso, pelo que me permitirás algumas considerações.

Muitas vezes não é possível mudar o passado, pelo que tanto a situação do teu namorado de ter sido vítima — segundo o que contas — como a de te teres apaixonado por um homem casado, parecem não ter retorno possível. Tu já assumiste as consequências, no âmbito externo (deixaste de ser catequista e deixaste de ir à missa), mas não no interno (não aceitas a «posição» da Igreja nesta matéria). Dá para perceber o sofrimento que isto te traz e o teu caso ilustra bem a dificuldade da Igreja em dar uma resposta adequada a estes casos. Por um lado, o facto de estares nesta situação «irregular» não te coloca fora da Igreja. Por outro, na prática pesa um «estigma» que te limita na tua «presença» e «participação». Num caso em que se apresenta como «impossível» desfazer uma segunda união, seria bom que as pessoas fossem capazes de viver a sua pertença à Igreja, real e profunda, mesmo que de uma maneira «sofrida». Em alguns países há associações de «recasados» católicos que tratam de apoiar-se mutuamente, com a possível ajuda de um padre, na sua situação tão delicada. De facto, a vida espiritual não se reduz à comunhão sacramental, mesmo que esta seja importantíssima. Mesmo não havendo acesso à comunhão, há muito que se pode fazer no campo da oração, do acompanhamento espiritual, da educação dos filhos… Infelizmente, não tenho notícia de uma coisa destas em Portugal (conheço ao de leve um caso argentino)…

E nisto entro no outro tema que abordas: o baptismo dos filhos. Embora compreenda que a tua mágoa te leve a tal, não me parece nada razoável a tua intenção de não baptizar os filhos. Mesmo que alguém os apontasse como «filhos do pecado», como dizes, não tens que te guiar pelo que os outros dizem neste caso. No caso do baptismo, como aqui já foi discutido várias vezes, a Igreja mostra alguma exigência na idoneidade dos padrinhos (não podem ser «recasados», por exemplo), mas não há esse tipo de exigência para os pais da criança a baptizar. [Alexandrina de Balazar era filha de mãe solteira e isso não a impediu de ser beatificada.]

Por outro lado — e isto chama-me muito a atenção — se foste catequista, deves saber que o baptismo dos filhos não é uma mera festa social ou um prémio para a boa imagem social ou eclesial dos pais. Estás disposta a negar algo tão importante aos teus filhos? Ou não o tens por importante? Já pensaste que é possível, mesmo sem o acesso à comunhão, continuar a ser parte da Igreja, baptizando os filhos e dando-lhes uma educação cristã? Parece-te que «tanto faz»?

São questões que te coloco, para pensar. Evidentemente, nada tenho a ver com a tua vida e com as tuas decisões. Comento, porque expões o caso e suponho que desejas ver algum comentário.

Que o Espírito Santo te inspire.

Alef

Re: Recasados!
Escrito por: Vera (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 10:11

Ana,

"Eu encontrei um rapaz na net com um caso igual ao do teu namorado e o casamento dele foi anulado e trabalha, ajuda na igreja. Depende dos padres...tens de saber falar com o teu paroco!"

Acredito que tenhas encontrado um, entre muitos outros que devem existir.
Entendo o que dizes, mas não vou sequer mexer mais nisto.
O meu namorado é uma pessoa, tem sentimentos, e seria por demais doloroso vê-lo passar por um processo desses, deveras longo, moroso e complicado.
Na altura em que tudo aconteceu, falaram-lhe nessa possibilidade, mas ele optou por não mexer mais no assunto. Apesar de ter ainda 22 anos na altura, disse sempre que isso não ia interferir mais na sua vida, até porque casar para ele era uma questão que nunca mais se voltaria a colocar. (Enganou-se... Ainda não me tinha conhecido! :D)
Mesmo que o conseguisse, o que é que isso mudaria na nossa vida? O que lá vai, lá vai.
Nem sequer abordo o assunto preocupada com a minha situação. No meu caso tenho uns pais fantásticos, que nunca sequer o olharam com a mínima desconfiança.
Acho que isso sim é importante, o apoio das pessoas que me conhecem, me criaram, me educaram e que gostam de mim.
Lamento é por muitas outras pessoas, que vêm as suas situações familiares ficarem mais complicadas, por os pais não aceitarem, por exemplo. O apontar do dedo por parte de alguns, se a mim em nada me afecta, a outras pessoas pode provocar uma mágoa profunda.
É nesse sentido que deixo o meu testemunho.
Claro que também tenho muitas vezes vontade de dizer "ingratos". Dei de mim em serviço comunitário. Trabalhei com crianças e adolescentes. Organizamos celebrações, escrevi textos. Juntamos doentes e idosos sem mobilidade física e crianças na mesma celebração. Acordei muitas vezes com todos os músculos a doer depois da azáfama de preparativos. E agora olha...
Porém não é uma questão pessoal, não é comigo, é com todos! E voltava a fazer tudo de novo se O sentisse chamar-me.
Quanto ao poder ir a qualquer igreja, só não poder comungar ou exercer qualquer cargo, eu não sei fazer coisas pela metade. Ou tudo, ou nada. Aliás, estar lá seria concordar que sou uma "pecadora tremenda" e porquê bater com a mão no peito dizendo "minha culpa", se não a sinto?
Ana respeito muito as tuas opiniões, sei que és uma pessoa adulta e ponderada. Peço-te que não me leves a mal por estas palavras, pois não é meu objectivo suscitar más interpretações. Porém, digam o que disserem, a Igreja, qualquer um de vocês, independentemente da forma que pensam, só quem padece dos males sente as verdadeiras dores.
É a meu ver fácil para a hierarquia manter as regras inalteradas em variados aspectos. Mesmo que toda a gente saiba que é um viver de aparências na grande maioria dos casos. O exemplo dos próprios padres incentiva-nos a viver de aparências ou na clandestinidade.
Conheço aqui na minha zona pastoral um padre que tem 4 filhos a viverem no Brasil com a mãe e que há meia dúzia de anos ainda esteve envolvido num divórcio de um casal com 2 filhos, já que se envolveu com a esposa... É responsável por 3 paróquias!
São muitas vezes esse tipo de pessoas, aliadas à convicção a meu ver inocente de outras, que colocam entraves à mudança.
Siga-se o caminho mais fácil. Pena que muitos dos que ficam pelo caminho eram "bons".

Re: Recasados!
Escrito por: Vera (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 10:44

Agora responder ao Alef, que é bem mais complicado...

Começo então pelo fim.

"se foste catequista, deves saber que o baptismo dos filhos não é uma mera festa social ou um prémio para a boa imagem social ou eclesial dos pais. Estás disposta a negar algo tão importante aos teus filhos? Ou não o tens por importante? Já pensaste que é possível, mesmo sem o acesso à comunhão, continuar a ser parte da Igreja, baptizando os filhos e dando-lhes uma educação cristã? Parece-te que «tanto faz»?"

Fui catequista sim, e compreendo o que é o Baptismo. Não é uma festa social de facto. É o momento em que vais a Igreja mostrar a Deus o fruto do teu amor. Vais lá fazer uma festa sim, mas uma festa interior. Frente ao altar prometes educá-lo segundo a fé que professas. Dizes a Deus em pensamento "cuida dele por favor, protege-o que ele vai amar-Te como eu lhe ensinarei".
Mas como me pedes para um dia lhes ensinar que Devem ser bons cristãos, que devem viver segundo os ensinamentos católicos? Dizendo-lhes "olha para o que eu digo mas não olhes para o que eu faço?" Ou preferes uma espécie "Sê um bom cristão já que eu o o teu pai somos uns excluídos, uns pecadores sem retorno?
Não te parece demasiado cruel?

E agora o início...

Não é de facto possível mudar o passado, por isso nem sequer vou pela eventual tentativa de anulação.
Eu assumi e assumirei todas as consequências, quer no âmbito externo, quer interno. Aceito a posição da igreja ao contrário do que dizes. Isso apenas não implica que concorde com ela. Isso é que não. Já não concordava antes, porém não tinha qualquer necessidade de agir face a ela. Agora tenho. E como ninguém tem que mudar nada por causa de ninguém, se eu não me identifico com a ideologia e se os motivos que me levam a não me identificar são demasiado contra o que sinto, não é justo para comigo que finja não se passar nada.
Isso de "pertença" mesmo que sofrida, não faz qualquer sentido. Essas energias do sofrimento gastá-las-ei com amor.
O tempo que passaria na missa ou em qualquer actividade paroquial, posso sempre passá-lo a fazer mais uns mimos à minha avó que bem merece, a dar mais atenção à minha família e ao meu namorado.
Deus onde quer que esteja, estará comigo. Não necessariamente na igreja.
Quando tiver os meus filhos, ensiná-los-ei a rezar antes de dormir. Terão o meu apoio mais tarde se se decidirem pelo baptismo e confirmação. Agora a decisão será deles e em consciência. A minha não me permite ser hipócrita a esse ponto.
Não viverei afastada de Deus, a Igreja é que vive afastada de mim ;)



Editado 1 vezes. Última edição em 19/01/2009 10:46 por Vera.

Re: Recasados!
Escrito por: vitor* (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 12:02

Essa maneira de viver a fé de uma forma individual, não me parece, muito esclarecedora. A fé é para ser vivida em Igreja, em comunidade, não é algo que guardemos para nós, ou para um determinado reduto de pessoas. A fé não é a minha fé, mas a nossa fé, a fé da Igreja. Uma fé vivida dessa forma, tem tendencia a tornar-se pouco esclaredida e pouco vincada. Muitas pessoas acreditam que existe Deus ou algo superior e que podem de certa forma estabelecer uma relação com esse ser superior dentro de portas, sómente para o reduto do pessoal ou/e familiar. Não querem de forma alguma adoptar nenhuma religião. Não penso assim. Penso que essa fé tem tendência a tornar-se ignorante, senão for vivida em Igreja, para e com a comunidade, porque a fé não é minha, é nossa, é a fé da Igreja. A fé tem dimensão eclesial.


Abraços fortes.



Editado 1 vezes. Última edição em 19/01/2009 12:04 por vitor*.

Re: Recasados!
Escrito por: Vera (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 12:30

Vítor não sou eu que não quero adoptar nenhuma religião, é a minha religião que não me quer aceitar a mim como sou e na minha condição. Não sou mais nem menos que ninguém, limito-me a viver e ser feliz sem sequer pensar duas vezes.
Só dei o meu testemunho porque sou um caso real. Fácil é falar no geral, mas quando as regras tomam nomes e respeitam a vidas, em particular às nossas vidas, tudo toma outra dimensão.
Viver a fé de forma individual? Não! Simplesmente me recuso a vivê-la numa comunidade à qual não posso pertencer a 100%.

"A fé tem dimensão eclesial."

Na teoria, na prática a hierarquia leva a que assim não seja. No meu caso não pode ter essa dimensão, pois isso implicaria o meu total desvínculo de mim mesma a e das minhas convicções.

Aproveito para lembrar que o meu caso deveria apenas servir para enriquecer a discussão, lembrando que há casos reais, com nomes, com vidas, e que o assunto não é só uma mera discussão de doutrina.

Lamento que se esteja a tornar demasiado particular, o que tem certamente efeito contrário. Não enriquece coisa nenhuma.
Não que isso me incomode, afinal fui eu que o expus, e tenho a minha vida estruturada e as minhas opções tomadas em consciência, porém certamente não interessará muito à maioria dos que por aqui andam.

Re: Recasados!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 13:03

Vera:

Desde que assim o aceites, não há problema nenhum em tomar o teu caso como exemplar. Não estamos a tratar simplesmente o caso da cidadã de B.I. nº tal, mas um caso parecido a muitos outros. Bem-hajas por teres decidido falar do teu caso.

Uma nota sobre os teus propósitos quanto à educação dos filhos, a suspensão/adiamento do baptismo, a falta à missa, uma vivência privada da relação com Deus. Isto tem também relação com o que dizia o vitor. Uma fé católica puramente privada, sem a participação na missa ou em outros actos de culto, pode ter boas intenções de início, mas tende a sofrer uma crescente erosão que pode levar ao ateísmo prático e a um esvaziamento muito grande. Não sei se isso acontecerá contigo ou não; espero que não. O deixar de ir à missa, às vezes com «boas» justificações (por exemplo, que ir à missa não é o mais importante para ser católico), é apenas o princípio de uma erosão cada vez mais desgastante da vida espiritual. A não participação na comunidade leva-me a negar a necessidade dela e com o tempo é toda a referência religiosa que se esfuma. É uma pena que comece a rampa descendente. Para que isso não aconteça, não deixes, pelo menos de rezar, mesmo que se saiba que nestes processos a oração é muitas vezes a primeira coisa que cai. Mas se não a esqueceres, possivelmente isso te ajudará a salvar algo de muito essencial.

E de novo: embora compreenda o que sentes com o teu estigma e te sintas «rejeitada» pela comunidade cristã, continuas a fazer parte dela. Se não quiseres ir à missa na tua paróquia, onde te conhecem, nada te impede de ir a outra. No fim de contas, continuas a fazer parte da Igreja.

Quanto ao que dizes sobre o Baptismo, creio que há muito mais a dizer. Mais do que apresentar a Deus o fruto do teu/vosso amor, o Baptismo é incorporação da criança em Cristo, no Corpo Místico de Cristo, na Igreja, os filhos de Deus. Há no Baptismo uma acção salvadora de Cristo que tu também recebeste e que não deverias negar aos teus filhos. É uma falácia esperar que os filhos sejam crescidos para decidirem se querem ser baptizados ou não. [Em matéria de religião não há posições neutras.] Não se espera que os filhos cresçam para o que é corporal, e não se devia fazer para o que é espiritual. Se no plano corporal e físico darás o que de melhor encontrares e puderes dar aos teus filhos, mesmo sem lhes perguntar, por que razão não farás o mesmo no plano espiritual? A tua «zanga» com a Igreja justifica esta negação? Se tivesses um problema com um médico privarias os teus filhos de cuidados médicos?

Alef

Re: Recasados!
Escrito por: Vera (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 13:59

Alef concordo contigo em muito do que dizes. E Infelizmente até. Concordo quando falas em "crescente erosão", "ateísmo prático", e "esvaziamento muito grande". De facto é o que efectivamente acontece na grande maioria dos casos. E entendo a revolta desses, pois o que leva alguém a manter-se fiel a uma comunidade que o coloca à margem?
Quanto aos outros não posso dizer muito, pois não me compete julgar como sentem e como agem.
Quanto a mim tenho a minha consciência tranquila e o meu coração nada vazio. Aliás, o meu afastamento da Igreja não implicou nem implica o meu afastamento de Deus. Esse, acredito piamente que tenha orgulho em mim, por amar um filho dele. Por estar disposta a dar de mim e a abdicar de tanto para ser e o fazer feliz.
Com Deus falo todos os dias, para agradecer a felicidade, a sorte que tenho na vida. E Ele ouve-me de certeza, a julgar pelo que tenho vivido. Sou uma pessoa de muita sorte. Muita sorte mesmo.
Fui educada segundo a religião Católica e por bons católicos, os meus pais e a minha avó materna. Além dessa boa educação religiosa, tive uma boa educação no que respeita a valores morais. A conjugação de tudo isso ajudou-me a ser quem hoje sou. Sou uma pessoa firme, determinada, humana, mas incapaz de passar por cima de quem quer que seja para atingir um fim.
Na verdade acho que é isso que a Igreja tem estado a fazer. Manter a doutrina e as regras a qualquer custo, passando por cima de quem tiver que ser. E são pessoas tão dignas como qualquer outra!
E quando tenho vontade de entrar numa Igreja entro. Ninguém tem nada a ver com isso. Quem olhar de lado, paciência! Agora ir lá dizer "Amém" porque sim? Desculpem mas sou incapaz.
Alef, em relação ao Baptismo, o meu namorado não está de acordo comigo. Acha que devemos pôr de parte o "orgulho".
O problema é que enquanto se continuar a tapar o sol com a peneira nada muda. E há muito para mudar.

Re: Recasados!
Escrito por: Vera (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 14:09

"A tua «zanga» com a Igreja justifica esta negação? Se tivesses um problema com um médico privarias os teus filhos de cuidados médicos?"

Alef,

Isto nem é uma questão que tenha a ver para o caso, daí que te responda em separado. Eu quando tenho um problema com um médico apresento queixa. Faço o "diabo a quatro" e perdoem-me a expressão. Normalmente recebo um pedido de desculpas por escrito e um melhor atendimento na vez que se segue. Não é à toa que sempre que a minha avó precisa de ir ao médico, ou deslocar-se ao hospital sou sempre eu que a levo. Porque a minha família me conhece, sabe que eu sou uma lutadora, que não aceito de ânimo leve os "erros do sistema", porque exijo e faço valer os meus direitos, porque sou cidadã de direito e pago os meus impostos, logo estou em situação de impedir que essa injustiça aconteça, pois é contra as regras. As regras pressupõem um atendimento adequado que eu posso exigir caso não esteja a ter.

Esta situação não é sequer comparável à religião. Uma comunidade em que tu escolhes pertencer porque acreditas na sua ideologia. Se estão a ser justos ou não não importa, o certo é que estão a cumprir as regras. Nada a fazer quanto a isso. Não gosto... Só tenho um remédio!

Re: Recasados!
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 17:41

Olha Vera...se vivesses no Canadá esses médicos não te queriam ver mais...tem o direito deles de querer dar assistencia a quem eles querem! Mas aprendemos com os erros!

Re: Recasados!
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 17:48

Vera!

Sugiro-te que o teu namorado anule o primeiro casamento e depois casem. Assim ficam membros da igreja como qualquer outros...podendo ajudar, participar!

Se fosse comigo era assim que eu fazia!

Re: Recasados!
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 18:31

Citação:
Alef
No contexto em que usei a expressão «vida conjugal» percebe-se perfeitamente que a uso no sentido corrente de «coabitação», que é também uma acepção presente no Código de Direito Canónico.


Não se percebe perfeitamente porque a expressão é ambígua.

Vida conjugal significa para ti manter relações sexuais?

Quanto ao termo coabitação, também é um termo ambíguo para definir “vida conjugal”
Duas pessoas podem coabitar (viver sob o mesmo tecto) sem que tenham qualquer relação de conjugalidade, nem sequer de parentesco.
De facto a tua baralhação resulta de utilizares terminologia pretensamente jurídica sem abarcares o seu significado.

Citação:
Alef
Obviamente, não tem sentido, naquele contexto, falar em «plena comunhão», e outras características que resolveste introduzir com o termo «conjugalidade»,

Eu não introduzi conceitos novos – apenas clarifiquei um conceito, precisamente porque utilizaste, tal como o Camilo, uma terminologia ambígua, descontextualizada e pouco correcta do ponto de vista jurídico.

Tem todo o sentido usar a expressão comunhão plena de vida quando se define vida conjugal ou quando se argumenta sobre as condições de validade/existência do casamento.

È essa a terminologia jurídica que engloba o conceito “vida conjugal” .
A expressão Comunhão plena de vida implica não apenas coabitação ( viver sob o mesmo tecto), mas , cumulativamente , outros pressupostos, como manter relações sexuais estáveis, partilha de património comum e das despesas/rotinas do quotidiano, etc.
È isso que define uma relação de conjugalidade.No âmbito civil ou canónico.

Por outro lado, não basta a existência desta plena comunhão jurídica para que existe um casamento válido.
È necessário um outro pressuposto – um acordo entre duas partes, formalizado.

Citação:
Alef
desvirtuando assim o debate (porque introduz noções alheias e contraditórias com o que eu dizia, como a noção de «livre contrato»).

A noção de casamento válido implica sempre a noção de contrato entre duas pessoas livres e adultas, mesmo no casamento religioso.
Se assim não fosse não teria qualquer sentido a ideia de que um casamento é nulo se uma das partes não deu o seu livre consentimento, ou sofreu coacção ou foi vítima de simulação.

Logo,esta tua afirmação é falsa, porque nenhuma das noções que introduzi é alheia ou contraditória à noção de casamento.

Quantoa ao resto, basta releres o que escrevi, com alguma atenção.

Em nada contradiz a tua noção de processo jurídico de declaração de nulidade de casamento religioso ( em tudo igual ao Dto Civil) ou o processo e divórcio, bastante similar.

Introduzi uma reflexão analógica mais aprofundada sobre os dois processos (Civil e religioso), realçando a sua similitude e expus a hipocrisia da "doutrima formal " da IC, que, na prática, admite "desfechos" precisamente com as mesmas consequências práticas do processo civil.

E fui mais longe, na minha reflexão.

O status socioeconómico dos requerentes determina não apenas o desfecho do processo no T. E., como o acesso ao processo.

E as considerações "canónicas " sobre causaas de nulidade são bastante elásticas e fluidas para o jet set ( correspondendo na prática a um normal processo de divórcio civil, com as suas viscissitudes) e bastante mais rígidas e comezinhas para os zés ninguéns...

Sem falar no $$$$$$$ envolvido, que acho aberrante.

Portanto, se fores a princesa do mónaco não deves preocupar-te porque a anulação ( leia-se o divórcio religioso) está-te garantido.

Se fores a Vera...



Editado 2 vezes. Última edição em 19/01/2009 18:38 por teixeira.

Re: Recasados!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 18:56

teixeira:

Aqui o único sentido jurídico que interessava quando referi «vida conjugal» é o que está no Código de Direito Canónico: «coabitação» ou «vida de cônjuges». Não me interessa aqui um possível sentido civil mais alargado e muito menos as caracterizações antropológicas «ideais» que lhe colocaste, válidas noutros contextos, mas não aqui.

No estrito contexto que mencionei, a expressão «vida conjugal» não é nada ambígua. A ambiguidade viria com a ampliação de sentidos que introduziste com o termo «conjugalidade», com a referência ao contrato livre. A palavra «conjugalidade» nem aparece no Código de Direito Canónico, mas aparece «vida conjugal» e «coabitação». Obviamente, não era do sentido alargado (que pretendias) que se tratava aqui, já que a menção da liberdade metia o carro à frente dos bois: o que se pretendia era precisamente averiguar se houve consentimento LIVRE e consciente ou não. Não se pode partir do resultado para encontrar o resultado! Não se pode partir do suposto do contrato livre para averiguar se foi livre!

O que dizia é simplesmente isto: mesmo que depois de uma celebração de um casamento tenham tido «vida conjugal» -- tenham sido tidos, externamente, como cônjuges, e mesmo com relações sexuais entre eles e eventualmente filhos --, se não houve consentimento consciente e livre, não houve casamento. Tão simples quanto isto!

O resto, lamento, são variações que não interessam absolutamente nada para o ponto específico da discussão: a existência ou não de consentimento. Perdes-te numa série de proposições que implicam já previamente a existência de consentimento. Resultado: confusão. Partir do pressuposto do contrato livre para determinar se foi livre é algo que não funciona...

Alef

Re: Recasados!
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 19:17

Quanto custara para anular um casamento?

Re: Recasados!
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 19:34

Citação:
Ana
Olha Vera...se vivesses no Canadá esses médicos não te queriam ver mais...tem o direito deles de querer dar assistencia a quem eles querem! Mas aprendemos com os erros!

Por aqui se deveria concluir que no Canadá não há médicos dignos desse nome.
Mas como o exemplo dado tem a validade a que estamos habituados, siga para bingo.

Vera fazes muito bem em exigir aquilo a que tens direito, seja em que campo for.
Por contarem com a benevolência e ignorância é que tantos abusos são cometidos no atendimento ao público.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Recasados!
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 20:56

"Aqui o único sentido jurídico que interessava quando referi «vida conjugal» é o que está no Código de Direito Canónico: «coabitação» ou «vida de cônjuges»."

E isso significa o quê?

Ou limitas-te a copiar conceitos sem percerberes o que são?



Editado 1 vezes. Última edição em 19/01/2009 21:02 por teixeira.

Re: Recasados!
Escrito por: teixeira (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 21:05

Citação:
Alf
"mesmo que depois de uma celebração de um casamento tenham tido «vida conjugal» -- tenham sido tidos, externamente, como cônjuges, e mesmo com relações sexuais entre eles e eventualmente filhos --, se não houve consentimento consciente e livre, não houve casamento."

Foi precisamente isso que eu disse, ou seja, para haver casamento, é necessário um contrato formal entre partes.O consentimento é relativamente ao contrato.

Se estás a repetir o que eu disse afirmando que isso é um desvio (!!!)só posso interpretar a tua atitude de uma forma - não tens vontade de dialogar.

Passar bem.



Editado 2 vezes. Última edição em 19/01/2009 21:07 por teixeira.

Re: Recasados!
Escrito por: Vera (IP registado)
Data: 19 de January de 2009 23:14

É mesmo Lena, e o que dizes aplica-se às mais variadas situações, "Por contarem com a benevolência e ignorância é que tantos abusos são cometidos no atendimento ao público".
E reafirmo que comigo nem um médico nem profissional algum fica impune quando não age de acordo com as normas.
E Ana nunca fui ao Canadá, logo não sei como as coisas funcionam aí, mas do que conheço de outros países que já fui a regra mantém-se. Quem tem uma porta aberta não poderá recusar vender ou prestar um serviço a um cliente só porque este fez uma reclamação anteriormente, em relação a má conduta, por exemplo. E se no Canadá são assim, comigo têm azar. O médico para mim não é mais que o mecânico do carro ou o homem que recolhe o lixo da rua. É pago para exercer determinada função com zelo e profissionalismo apenas.

Ana, voltando ao assunto, a mim não me importa a anulação desse casamento. A Igreja e a comunidade católica tem que nos aceitar ou não pelo que somos, não pela quantidade de papeis que assinamos ou deixamos de assinar.

A única razão que me levaria a tentar a anulação desse casamento seria a vontade do meu namorado em fazê-lo, e quanto a isso concordo com ele, não mudaria nada. Mais papel menos papel. Ela existe, viveram juntos, dormiram juntos, comeram à mesma mesa. Anular o casamento apagaria isso? Apagaria as recordações do que sofreu com tudo o que aconteceu? Não! A importância que isso tinha que ter na vida dele já teve. Tentar anular seria a prova que isso ainda era importante. E não é. Para ele já não é e para mim nunca foi.

E pior ainda fazê-lo para agradar a uma comunidade que teima em fazer valer regras com as quais não me identifico nem concordo.
Eu não sou assim. Lamento. Lamento ter personalidade forte e força interior suficiente para mudar na expectativa de agradar a terceiros, nem que esses terceiros sejam a comunidade católica.
Quem nos pede para mudar não nos ama, é a minha opinião.

Re: Recasados!
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 20 de January de 2009 00:56

Vera

gosto de te ler, mas não caias no erro das declarações taxativas.
Quando corrigimos um filho é sinal que não o amamos?
Nós felizmente mudamos muito ao longo da vida, por isso aprendemos coisas novas.
A mudança tem é de ser sentida para ser efectiva. Mudar hoje para amanhã voltar a fazer mesmo não é nada.

Sei o que querias afirmar. Mas tal como a comparação do Alef com médicos foi assim um bocadito "estranha", a tua também ficou.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Recasados!
Escrito por: Vera (IP registado)
Data: 20 de January de 2009 01:31

Lena corrigir um filho é o que considero "limar arestas", ajudar a crescer como pessoa. Não é propriamente mudar nada. E isso faz parte do papel de pais, obviamente, e sei-o bem porque aprendi-o com os meus. E acredita que me limaram e limam muitas (já deves ter percebido que nisso de limar arestas sempre dei muito trabalho)! Mas nunca me exigiram qualquer mudança.
É certo que temos que nos corrigir e aceitar as correcções dos outros, quando estas são justificadas. Eu aceito a tua. Mas quando falo em mudar, falo em mudar mesmo. Não em ajustar, limar, corrigir. Só isso.

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