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Re: Dogmas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 27 de June de 2008 11:31

Para Deus omnipotente, criador dos Céus e da Terra, é tão fácil fazer que uma mulher gere um filho sem intervenção humana como que este seja gerado da forma usual.
Porque querem à viva força que Deus não possa intervir no mundo, porque querem que Deus criador esteja submetido às leis fisicas criadas por Ele?

Há um obstaculo ainda não mencionado à vossa perspectiva: Se Deus pergunta a Maria se aceita ser a Mãe do Salvador porque não perguntaria então tambem ao pai biologico? Acaso a mãe é a dona e senhor do seu filho e o pai um mero animal reprodutor? Pois, para vós tudo são relatos mitologicos. Preferem construir uma teologia a gosto e depois o que não for muito conforme remete-se para o caixote dos relatos mitologicos.
Se teria sido possivel ser como voces gostariam que tivesse sido? A Deus tudo é possivel, mas não foi.
Voces gostariam que não tivesse sido como foi porque querem descontruir a ideia da relação sexual como pecaminosa. E embora tenham razão em rejeitarem essa associação entre relação sexual e pecado, contraria até aquilo que é revelado no relato da criação como a vontade divina, é errado instrumentalizarem a encarnação de Jesus Cristo com esse fim.
O então cardeal Ratzinger, no livro citado pela CP, além de afirmar que teria sido possível a Deus fazer encarnar Jesus, Deus-Filho, enquanto filho biologico de Maria e José também aponta a razão teológica porque não fez dessa forma. Podem ler o texto no link que aqui coloquei. Não é demais lembrar, para Deus é tão fácil gerar um homem sem intervenção humana como este ser gerado com intervenção humana. O milagre é tão fácil a Deus como o decorrer normal das leis fisicas. Mistério mesmo é Deus infinito encarnar num homem limitado.
Para além da razão indicada no livro do actual papa há ainda outra. Sendo esta outra bastante decorrente na história da salvação e admiro-me das pessoas não lhe darem o devido valor. Deus respeita as limitações humanas, os condicionalismos, a revelação é progressiva e Deus vai guiando o seu povo apesar da dureza do nosso coração. É assim com o divorcio mosaico, é assim com a escolha apenas de homens para serem apostolos, é assim com a Ressurreição de Cristo (podia ter continuar a existir um corpo material de Jesus mas não continuou). Da mesma forma se Jesus não fosse filho de uma mulher virgem, se tivesse tido um pai homem, os seus contemporaneos nunca imaginariam sequer que Jesus fosse Deus encarnado, para os seus contemporaneos o filho é da natureza do pai, Jesus só teria a natureza divina se fosse Filho de Deus. Isso é bem ilustrado na seguinte passagem biblica:
Jo 10, 31-33
31*Então, os judeus voltaram a pegar em pedras para o apedrejarem. 32Jesus replicou-lhes: «Mostrei-vos muitas obras boas da parte do Pai; por qual dessas obras me quereis apedrejar?» 33Responderam-lhe os judeus: «Não te queremos apedrejar por qualquer obra boa, mas por uma blasfémia: é que Tu, sendo um homem, a ti próprio te fazes Deus
O argumento do actual papa é ainda mais relevante. Aconselho a lê-lo.
Se Jesus tivesse sido concebido como vós gostariam que tivesse sido (isto de Deus não pedir conselhos às pessoas sobre como deve agir é um bocadito aborrecido) o arianismo teria vencido em toda a linha.
A não ser que Deus fizesse muitos mais prodigios que o de gerar um Filho sem intervenção de um homem. Acaso é dificil a Deus fazer aquilo que os homens podem fazer com a ciencia? É menor a ciência divina que a humana? O dizerem que Jesus tem de ter um pai homem porque as leis fisicas obrigam a isso significa submeter Deus à criação, negar a Deus o poder de intervir directamente na história humana, o que afasta Deus de nós. Seria um deus distante, apenas agiria por soprando sugestões às pessoas. Reduzia quase todos os evangelhos a relatos mitologicos porque assim seriam os relatos dos milagres de Jesus. Além de isto ser contrario à propria mensagem evangélica, que insiste na factualidade dos milagres, pastoralmente esta noção seria um desastre completo.
As vossas objecções, baseadas na impossibilidade de Deus fazer um milagre, parecem-me pois ridiculas. Seria preciso negar também as centenas de outros milagres citados nos evangelhos. A boa nova seria então pouco mais que uma estorinha mitologico-filosofica para anestesiar angustias existenciais. É a perspectiva dos ateus.

Re: Dogmas
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 27 de June de 2008 11:39

Pois... o Camilo também bastante razão.

Em comunhão

Re: Dogmas
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 27 de June de 2008 14:54

O camilo apresenta um conjunto de boas objecções. Admitindo a possibilidade de Deus intervir na vida humana através das próprias leis que nele têm origem, através da criação (encarnando como filho biológico de José e Maria), também sedeve admitir, como possibilidade de conversa, o contrário: que Deus ultrapasse as leis do mundo que ele próprio criou, para encarnar no seio de uma mulher que, é bom que se diga, a teologia afirma que não é mãe biológica de Deus, mas apenas aquela que o dá à luz.

Independentemente dos que defendem qualquer uma das hipóteses, eu sou dos que acham que os relatos dos Evangelhos de infância e grande parte dos relatos dos Evangelhos são mais mitológicos (no sentido próprio do termo) que históricos. O que não quer dizer que sejam mentira. Mais, esses relatos, apesar de 'míticos' falam A VERDADE, e, em última instância, a única verdade, mesmo se essa verdade não é histórica. Referem é a verdade com uma linguagem que não é a do positivismo de que somos herdeiros. Para nós só é verdade aquilo que realmente aconteceu. Não era assim na historiografia ou nos relatos biográficos da Antiguidade, que não possuem esse conceito de verdade.

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 27 de June de 2008 18:39

Citação:
Miguel
A teologia afirma que ( Maria) naõ é mãe biológica de Deus, mas apenas aquela que o dá à luz.

Obviamente. Se é Jesus é Deus, não pode ser criado pela criatura.
Deus não nasceu de Maria, pois antes de se fazer homem, já era.
Mas, segundo a Igreja, Maria é plenamente a mãe biológica de Jesus enquanto homem - é a mãe biológica do filho do carpinteiro, como Jesus sempre foi conhecido durante toda a sua vida humana.

Claro que algumas pessoas podem acreditar que Maria não passou de uma espécie de útero de aluguer para o nascimento de dum deus, mas isso é negar a autenticidade da maternidade humana de maria e negar a filiação humana de jesus.

2 -
Citação:
Se Deus pergunta a Maria se aceita ser a Mãe do Salvador porque não perguntaria então tambem ao pai biologico?

Vamos por partes.

1 - Maria, é surpreendida com o anúncio de uma gravidez, porque porque nunca consumou o acto sexual com o seu noivo, com quem já vivia em coabitação, e com quem mantinha uma certo grau de intimidade, como era normal na época.

a)Maria é uma criança inexperiente ( terá onze ou doze anos, talvez menos) e fica perplexa quando a gravidez lhe é anunciada. A notícia deixa-a mesmo incrédula... "como é possível??"
Já o disse anteriormente - isto não é nada de novo na história da humanidade, já aconteceu muitas vezes no passado e ainda hoje acontece no nosso país, com adolescentes , mesmo com tanta informação que existe sobre sexualidade. Não é preciso a violação das leis da biologia para que uma virgem engravide... è raro, mas pode acontecer.

Face a uma gravidez não desejada, como sempre aconteceu desde o princípio da humanidade, e sempre acontecerá, Maria, é a mulher, a que vai viver no seu corpo a gestação eo o parto quem tem de tomar uam decisão interior. Ou aceita gerar e dar á luz este filho, ou não.

É normal que a decisão radical da escolha seja em primeiro lugar dada à mulher, mesmo por Deus. Deus deu a Maria o direito à escolha, face a uma gravidez que não estava nos planos dela e que a surpreendeu...!

b) Mas Deus não se esquece de José. José é um homem jovem (a ideia de José velho é uma invenção teológica tardia) , face à gravidez da sua noiva, com quem já coabitava mas com quem não tinha consumado plenamente o acto sexual, fica perturbado, como qualquer homem ficaria. È naturalmente assaltado pela mais profunda dúvida e angústia. Será o filho dele? Deverá aceitá-lo como filho?
Foi-lhe Maria infiel? Deve rejeitá-la, com todas as consequências sociais que isso significava?
Também José tem de escolher se aceita aquela gravidez e aquele filho.
E isso é-lhe também perguntado por Deus, segundo a Bíblia, simbolicamente, atrvés de um anjo que o tranquiliza.
José acredita que a noivanão o traiu, mantém o casamento, acompanha Maria na gravidez e no parto, e assume plenamente a paternidade de Jesus.
José é verdadeiramente o pai humano de Jesus, do ponto de vista, afectivo, social e comunitário. E tenho para mim a convição quase absoluta que foi de certeza o seu pai biológico.

Em síntese: - Deus deixa Maria escolher. pois, como Mulher, é a ela quem cabe a decisão essencial. Mas José também é instado por Deus a escolher - escolher apoiar e amar Maria na sua decisão.
A escolha de ambos é a do acolhimento do mistério e da novidade, é a escolha de aceitarem uma gravidez que lhes "aconteceu", é a escolha de serem o pai e mãe de Jesus de Nazaré. E há nisto uma beleza tão intensa e um mistério tão enternecedor, que me espanta que alguns cristãos não admitam sequer esta possibilidade ...

Ambos escolheram. Nem Maria foi tratada por Deus como um "útero de aluguer" , um animal sem vontade própria, nem José foi tratado por Deus como um "um mero animal reprodutor", usando a terminologia do camilo.
Como escreveu o camilo, Mistério mesmo é Deus infinito encarnar num homem


2 - "
Citação:
Camilo
Da mesma forma se Jesus não fosse filho de uma mulher virgem, se tivesse tido um pai homem, os seus contemporaneos nunca imaginariam sequer que Jesus fosse Deus encarnado"

a)Sem dúvida. Isso explica plenamente a necessidade do posterior relato mitológico (nos sentido proposto pelo Miguel) da concepção de Jesus, construído doutrinariamenteatravés de textos escritos tardiamente.
São relatos a posteriori, carregados de significado simbólico e não um relato histórico.

O que é curioso é que, ao contrário do que escreveu o camilo, os contemporãneos de Jesus aparentemente nada sabiam sobre a eventual virgindade de Maria.
Para os contemporãneos de jesus, para os seus vizinhos, para a sua família, para as pessoas da sua aldeia, Ele foi sempre o filho de maria e de josé o carpinteiro e nada de extraordinário houve no seu nascimento...

católica praticante



Editado 3 vezes. Última edição em 27/06/2008 18:49 por catolicapraticante.

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 27 de June de 2008 18:59

Citação:
camilo
As vossas objecções, baseadas na impossibilidade de Deus fazer um milagre, parecem-me pois ridiculas.

Do que leio neste Forum ninguém aqui negou a possibilidade de Deus fazer um milagre.

Mas é defensáavel a ideia de que os milagres que Deus faz não vão contra as leis da física e da biologia,[/url] mas aproveitam essa realidade concreta e material para insuflar a materialidade de um novo sentido. Para Blondel, o milagre é ao mesmo tempo um facto extraordinário que rompe bruscamente com o curso habitual das coisas e uma manifestação absolutamente particular da bondade "anormal" de Deus...
Alguém que aceita com serenidade uma doença terminal é um milagre mais extraordinário que o prodígio de uma cura aparentemente inexplicável.
e estatisticamente, é um milagre muitíssimo mais provável...

católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 27 de June de 2008 22:20

Dentro do Cristianismo, a primeira idéia é que o milagre cotidiano, o milagre oculto,é um pouco esquecido, e passa a ser milagre o fato extraordinário, a intervenção e a revelação de Deus. Deus não só intervém na natureza, como também se revela através dessa intervenção.Ou seja, o milagre é um demonstrativo da presença e da intervenção de Deus.
Mas para que isso possa acontecer, já nos primeiros pensadores cristãos, na era patrística,alguns critérios foram estabelecidos, para separar o milagre do prodígio, que tinha idéia de coisa falsa, mentira, engano, ligado à magia e à superstição.
Para distinguir a intervenção verdadeira de Deus – o milagre –, os padres da Igreja, os pensadores do primeiro século da Era Cristã, estabeleceram alguns critérios que nos aproximam do pensamento psicológico a respeito do milagre. Por exemplo: é necessário queesteja de acordo com o caráter divino, ou seja, o milagre não pode ser um prodígio, não pode causar sério abalo na natureza, porque não seria simplesmente a expressão do arbítrio de Deus. É como se Deus quisesse provar a sua força e fosse capaz de derrogar a lei da natureza simplesmente para mostrar que ele é Deus, é o Todo-Poderoso.
Isso, se ocorresse,seria um prodígio – explicações ainda misteriosas mas não ligadas à divindade. Então, para ser um milagre, tem de corresponder ao que chamamos o caráter de Deus, ou à personalidade de Deus. Deus não é um mágico, não é um prestidigitador que faz maravilhas para os homens ficarem impressionados.
(...) Os milagres têm que estarem harmonia com coisas já estabelecidas, tanto no sentido natural quanto no sobrenaturalou no preternatural.


católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 00:04

Obrigado Camilo pelas tuas palavras. Como eu já disse Deus não se fecha na natureza nem se limita à mesma. Deus tanto pode agir pela natureza como não. Quem somos nós para forçar Deus a agir apenas pela natureza?

Citação:
José é verdadeiramente o pai humano de Jesus, do ponto de vista, afectivo, social e comunitário. E tenho para mim a convição quase absoluta que foi de certeza o seu pai biológico.

Pois, isso são apenas opiniões sozinhas que valem o que valem. Sem apoio bíblico e da Tradição...A bíblia tira essas dúvidas. Só se formos dizer que ela está errada, o que é mais grave. E o que lá vem não tem assim aso a interpretações.
Ela é explícita, Maria concebeu pelo poder do Espírito Santo. E sem que ele a tivesse conhecido, Maria deu à luz.

Existe mais algum relato na bíblia ou que se conheça extra-bíblia, de alguém que tenha sido concebido pelo poder do Espírito Santo?

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho



Editado 3 vezes. Última edição em 28/06/2008 00:08 por s7v7n.

Re: Dogmas
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 01:52

Cara CP,

desculpa mas estás enganada. Se leres bem os documentos da Igreja, em lado nenhum lês que "segundo a Igreja, Maria é plenamente a mãe biológica de Jesus enquanto homem". Esse é o teu parecer e é legítimo e não lhe falta uma certa lógica, mas para a Igreja Maria não é a mãe biológica de Jesus-Homem, porque não é possível separar o Jesus_homem do Jesus-Deus. Esse foi um erro que a Igreja condenou como o Nestorianismo: para a Igreja Católica, Jesus é uma única pessoa que, de forma misteriosa, é tanto homem como Deus, sendo que Maria não é a mãe biológica dessa pessoa, mas deu-a à luz. Esta é a doutrina católica... com a qual podemos estar de acordo ou não, achar que está bem ou que está mal.


Caro S7v7n,

há dezenas de relatos extra-bíblicos de indivíduos que teriam sido concebidos não pelo Espírito Santo, que é um elemento cristão, mas por uma qualquer outra divindade das várias religiões e cultos do mundo antigo. A reinvindicação da filiação divina directa, sem intervenção humana de um homem, e com frequência sobre uma mulher virgem, é muito, muitíssimo anterior ao cristianismo. A mulher (virgem ou não) que engravida de um deus é um dos tópicos mais comuns da religiosidade (e da política) pelo menos do Mediterrâneo Antigo.
De resto, o argumento que usas de que se a Bíblia diz explicitamente um X é porque é necessariamente mesmo X pode, na tua versão, causar incompreensões: afinal a Bíblia deve ser interpretada literalmente ou não? Ou umas vezes sim e umas vezes não?

Abraço fraterno,

Miguel



Editado 4 vezes. Última edição em 28/06/2008 02:06 por rmcf.

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 02:03

[
Citação:
i]em lado nenhum lês que segundo a Igreja, Maria é plenamente a mãe biológica de Jesus enquanto homem".[/i]
Então, segundo a Doutrina, Maria não é a mãe de Jesus?
Foi apenas um útero de aluguer onde deus implantou um embrião divino para a qual ela não contribuiu com o seu óvulo?
A ser assim,Jesus não foi um homem. Repito - foi um ET, um mutante, uma quimera, um deus, mas homem não foi.

Vocês acreditam mesmo nisto? É esta a doutrina da Igreja?

Quando esta doutrina foi formulada havia uma ideia precisa dos mecanismos da reprodução humana ?

católica praticante



Editado 2 vezes. Última edição em 28/06/2008 02:06 por catolicapraticante.

Re: Dogmas
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 02:07

Maria é mãe de Jesus no sentido em que é aquela que o dá luz. É isso que quer dizer Theotokos.

E não: na altura não se tinha, obviamente, grande ideia cientificamente comprovada acerca dos mecanismos biológicos de reprodução.

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 02:13

Maria é mãe de Jesus no sentido em que é aquela que o dá luz.

Ou seja, Maria não passou de um útero de aluguer.


E ainda dizem que são contra as técnicas de PMA....:))

Peço desculpa se perturbo alguém mas recuso-me a acreditar que Maria não passou de um útero de aluguer, de uma fêmea usada como se fosse uma incubadora divina.

católica praticante



Editado 2 vezes. Última edição em 28/06/2008 02:16 por catolicapraticante.

Re: Dogmas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 02:21

Citação:
Tilleul
Fire,
O que dizes tem lógica. Mas ainda assim eu pergunto-te na tua opinião qual é o momento em que a Palavra se fez carne, antes da concepção, no momento da concepção ou ao nascer?

Repara que não o faço com a intenção de ser legalista mas para conseguir perceber a partir de que momento Jesus é totalmente homem e totalmente Deus.

Em comunhão

Tilleul,

fique tranquilo pois também eu tenho muitas coisas que busco perceber melhor. Talvez, por ter tentado responder diretamente às questões apresentadas, tenha deixado a impressão de já ter encontrado todas as minhas respostas, mas não é assim.

Há um "pequeno problema" na sua pergunta, porque dizemos que Deus é perfeito, imutável, mas faz algum tenho questionado tb essa colocação. Creio que Deus não é imutável e o motivo é importante, porque Deus ama. O amor está em constante movimento, move e é movido. "Oh, beleza eterna, antiga e sempre nova." Então Deus se encarnou, e ao se fazer carne "mudou". A partir de um momento, Deus passou a ser humano, o Verbo se fez carne no seio de Maria.

Respondendo à sua pergunta só posso deixar uma opinião: Deus se fez carne no momento da concepção. (Por acaso a sua pergunta tem ligação com aquele outro tema polêmico? Estou de férias daquele.)

Em comunhão.

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 02:29

E já agora, por falar em "naturezas" humanas e divina e em mudanças de natureza , é verdade que Deus criou o homem á sua imagem e semelhança?

Um Deus feito homem não será uma continuidade da criação primordial?

Um homem que se faz Deus, num processo de autodescoberta e de comunhão com o divino não é alguém que regressa á sua essência primeira ?

Um deus que se faz homem para que o homem se faça deus, consubstanciais.

Pronto, já sinto o crepitar das fogueiras.

católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 02:36

Camilo,

Estamos no campo das suposições e, para falar a verdade, acho que ninguém sabe muita coisa sobre esse assunto. Muito provavelmente nem mesmo os apóstolos sabiam. Talvez Maria soubesse um pouco mais, não seria muita coisa também, mas ela ficou em respeitoso silêncio. Se foi por escolha própria ou por limitação da cultura tb não sabemos ao certo, mas de qq forma só um evangelista dignou-se tratar do assunto com mais detalhes.

Citação:
camilo
Para Deus omnipotente, criador dos Céus e da Terra, é tão fácil fazer que uma mulher gere um filho sem intervenção humana como que este seja gerado da forma usual.
Porque querem à viva força que Deus não possa intervir no mundo, porque querem que Deus criador esteja submetido às leis fisicas criadas por Ele?

Essa pergunta tb pode ser feita em sentido contrário, como deve saber.

Citação:
camilo
Há um obstaculo ainda não mencionado à vossa perspectiva: Se Deus pergunta a Maria se aceita ser a Mãe do Salvador porque não perguntaria então tambem ao pai biologico?

Curioso vc dizer isso, porque a Bíbla relata que José tb foi visitado em sonho de modo semelhante ao de Maria.

Citação:
camilo
Pois, para vós tudo são relatos mitologicos. Preferem construir uma teologia a gosto e depois o que não for muito conforme remete-se para o caixote dos relatos mitologicos.

Isso é sério? Fico por aqui.

Re: Dogmas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 02:57

Oi Miguel, obrigado pelas intervenções.

Citação:
rmcf
também se deve admitir, como possibilidade de conversa, o contrário: que Deus ultrapasse as leis do mundo que ele próprio criou, para encarnar no seio de uma mulher que, é bom que se diga, a teologia afirma que não é mãe biológica de Deus, mas apenas aquela que o dá à luz.

Embora não tenha deixado sempre clara a distinção, acho que deixei claro que apresentei aqui algumas opiniões pessoais. O ponto que relatou, esse de que Maria não é a mãe biológica, nunca o tinha ouvido dito de forma tão direta - vou aceitar no momento pq é vc que está dizendo e vou buscar conferir melhor depois. Bom, se for assim desse modo é certamente outro ponto em que colocaria objeção.

Essa interpretação, de que Maria não é mãe biológica de Jesus, parece-me um tiro no pé. Isso diminui a dignidade da carne, da humanidade, contra a mensagem que o mistério da encarnação mesmo veio revelar. Maria fica parecendo uma mãe de aluguel. A encarnação fica parecendo uma encenação e Jesus fica parecendo um avatar. Alguém poderia mesmo suspeitar se Deus se fez mesmo homem como nós num quadro desses. Não é sem razão que me afasto de algumas interpretações literalistas tradicionais, acho que em algum momento também elas foram se afastando da patrística.

Citação:
rmcf
Independentemente dos que defendem qualquer uma das hipóteses, eu sou dos que acham que os relatos dos Evangelhos de infância e grande parte dos relatos dos Evangelhos são mais mitológicos (no sentido próprio do termo) que históricos. O que não quer dizer que sejam mentira. Mais, esses relatos, apesar de 'míticos' falam A VERDADE, e, em última instância, a única verdade, mesmo se essa verdade não é histórica. Referem é a verdade com uma linguagem que não é a do positivismo de que somos herdeiros. Para nós só é verdade aquilo que realmente aconteceu. Não era assim na historiografia ou nos relatos biográficos da Antiguidade, que não possuem esse conceito de verdade.

Sem mais.

Paz e Bem.

Re: Dogmas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 03:00

Citação:
catolicapraticante
Pronto, já sinto o crepitar das fogueiras.

Se precisar eu levo um extintor :)

Abraços.

Re: Dogmas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 10:59

Citação:
rmcf
Maria é mãe de Jesus no sentido em que é aquela que o dá luz. É isso que quer dizer Theotokos.
E não: na altura não se tinha, obviamente, grande ideia cientificamente comprovada acerca dos mecanismos biológicos de reprodução.

Para ser mais preciso, imaginava-se então que a vida era gerada somente pelo homem, que o esperma era a "semente", e que o papel da mulher na reprodução era tão somente o de acolher essa "semente" para que ela pudesse germinar. É daí que vem aquela idéia infeliz do homúnculo. Mas o mais estranho é imaginar como alguém pode aceitar sem problemas, hoje, uma teologia que parte de um princípio desses.

Uma curiosidade: foi somente no séc XVIII que descobriram que a mulher participava com o óvulo na reprodução.

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 11:47

Caro Fire.

Talvez a questão seja mesmo essa - é urgente uma nova teologia do corpo, uma nova reinterpretação dos dogmas fundadores incorporando os contributos extraordinários que a biotecnologia, mas também as ciência sociais e a psicologia trouxeram à compreensão da nossa humanidade. Uma teologia que inclua, integre e e dê sentido espiritual ás inovações científicas e ao conhecimento e manipulação responsável dos mecanismos da reprodução sexuada humana e sobre a sexualidade humana, sobre as questões d egénero. Todas estas dimensões de compreensão do humano são contributos muito recentes com um impacto extraordinário e estruturante na vivência da espiritualidade, nas relações de sociabilidade e nas vivências comunitárias de religiosidade.
E têm de ser forçosamente integrados teologicamente, o que pode significar uma reinterpretação dos dogmas fundamentais, mantendo a sua essência e sua verdade mas tornando-os próximo, acessíveis e inteligíveis para o mundo do agora.

Talvez seja esta a principal dificuldade da Igreja de hoje, talvez nisto resida a causa fulcral do esvaziamento das igrejas.
É preciso uma nova linguagem.

católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 12:23

Caros amigos,

a questão de Maria ser mãe biológica de Cristo, com o seu óvulo, tal como nós entendemos a reprodução humana é um anacronismo na época de Cristo ou no século V, quando se define Maria como Theotokos. Na Antiguidade, a tese mais comum é a de que um homem é filho do seu pai e da mãe, sendo que aquele é o seu progenitor 'genético', por assim dizer, e esta quem que o dá à luz. Ambos participavam na formação do indivíduo, um com o material 'genético', outro com o ventre que o acolhia.

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Dogmas
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 28 de June de 2008 17:53

Citação:
rmcf
Caros amigos,
a questão de Maria ser mãe biológica de Cristo, com o seu óvulo, tal como nós entendemos a reprodução humana é um anacronismo na época de Cristo ou no século V, quando se define Maria como Theotokos. Na Antiguidade, a tese mais comum é a de que um homem é filho do seu pai e da mãe, sendo que aquele é o seu progenitor 'genético', por assim dizer, e esta quem que o dá à luz. Ambos participavam na formação do indivíduo, um com o material 'genético', outro com o ventre que o acolhia.

Olá Miguel,

Claro que concordo contigo, e tb sei das "dificuldades" para se repensar certos pontos da teologia, mas qdo toco nessas questões é motivado pelo desejo de fidelidade, não o contrário. Silencio-me respeitosamente em nome da unidade em assuntos que preferia fossem tratados de modo diferente, mas não vejo problema em conversar sobre esses assuntos entre amigos. Alguns temas me "provocam" mais e às vezes passo da conta, mas é pq me sinto livre para falar dentro de casa - algo que muita gente, principalmente os "de fora", não entendem. Conheço um pouco da história da igreja, às vezes sou até muito crítico com certas coisas, mas sempre falei me sentindo "dentro", e por isso sinto que as críticas tb me atinguem. Acho que esse post até caberia no tópico da pertença "apesar de".

No presente caso, encarnação do verbo, não fechei questão, afinal é o maior e o principal paradoxo de todos, e não poderia ser diferente em si tratando de cristianismo. Note que não quero eliminar o paradoxo, mas viver bem com ele e nele :) Se não houvesse nada a discutir nesse assunto, temo que é pq teriam deixado esfriar a chama.

Um grande abraço.

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