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Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de June de 2008 07:59

"no niego la virginidad de María; sugiero, siguiendo a buenos teólogos católicos, hablar de una virginidad espiritual o metafórica, como la entendieron los evangelistas, ya que sólo así la virginidad resulta compatible con la múltiple maternidad de María, narrada por los mismos evangelistas. Más de 10 pasajes del Nuevo Testamento nos hablan explícitamente de los hermanos y hermanas de Jesús. Sólo que los comentaristas católicos, para salvar la supuesta virginidad corpórea de María, ponían notas al margen diciendo que se trataba de "primos hermanos". El católico adulto ya no está para semejantes engaños infantiles.
Jesucristo sí resucitó, vive con la vida de Dios. Sugiero, siguiendo a teólogos católicos actuales, expresar el mismo misterio con la palabra exaltación de Jesucristo, ya que la palabra resurrección hace alusión a una antropología y a un paradigma planetario ya caducos.
Jesús no salió del sepulcro ni subió físicamente a los cielos. Ningún resucitado recupera la vida biológica que llevó en vida mortal. Sencillamente muere y pasa al juicio misericordioso de Dios. Resurrección y ascensión son dos metáforas o imágenes de su exaltación y paso a Dios.

Jesús no subió espacialmente al cielo ni se encuentra físicamente en las alturas. Ya aclaró Juan Pablo II: ni el cielo ni el infierno son lugares sino estados del alma. Jesús resucitado está con Dios, es Dios, y se encuentra presente en nosotros, ya glorificado."

Padre Alfonso Llano Escobar,

católica praticante



Editado 1 vezes. Última edição em 15/06/2008 08:00 por catolicapraticante.

Re: Dogmas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 15 de June de 2008 09:15

se os antigos judeus tivessem visto o corpo fisico de Cristo morto não acreditariam na ressurreição. Se não tivessem visto Jesus subir fisicamente ao céu não acreditariam na Ascenção de Jesus aos Céus.
O raciocinio desse padre implica um grande caminho no ideario cristão, caminho que os apostolos não tinham percorrido.
Não são apenas metaforas, foram factos reais, com sentido metaforico.

Mesmo os evangelho apocrifos defendem a virgindade de Maria. Os "irmãos" de Jesus podiam tambem ser meios irmãos, ninguem disse que S. José não tinha tido filhos de um casamento anterior. Na epoca o normal era o marido ser significativamente mais velho que a esposa.
depois há a expressão de São Marcos "uiós Marias" referindo-se a Jesus, o filhoe Maria.
Temos ainda que referir que alguns dos referidos irmãos de Jesus parecem ser referidos noutras passagens como sendo filhos de outras mães.

Mt 13, 55 Não é Ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?

Mt 27, 56 Entre elas, estavam Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

É unanima a tradição, os testemunhos patristicos, e até dos evangelhos apocrifos que Maria não teve relações pelo menos até nascer Jesus, isto apesar de já estar casada à vários meses quando Jesus nasceu.

Como disse Jesus:
Jesus disse-lhes: «Aos homens é impossível, mas a Deus não; pois a Deus tudo é possível.»

Os homens estão ordinariamente submetidos às leis fisicas criados por Deus, Deus criador não está subjugado à criação.

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 20:37

1 -
Citação:
Camilo
"se os antigos judeus tivessem visto o corpo fisico de Cristo morto não acreditariam na ressurreição"

Mas então não viram Cristo morto? Não realizaram exéquias funebres do seu corpo morto?

2 - Mt 13, 55 Não é Ele o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?

Esta citação bíblica é bastante elucidativa - não só jesus é sobejamente conhecido como o filho do carpinteiro José e da sua mulher Maria, como são textualmente citados os nomes dos seus irmãos.

O texto de Mateus 1.25 afirma o seguinte: “e não a conheceu enquanto (até que) ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de Jesus”.

Uma leitura do Novo Testamento, indica com clareza que Jesus Cristo teve irmãos e irmãs (Mt 12.46,47, 13.55-56; Mc 6.3).
Os nomes dos seus irmãos são várias vezes citados: Tiago, José, Simão e Judas.
E estes irmãos, aparecem sempre relacionadas com Maria, mãe de Jesus, o que nos dá a impressão de que os escritores e os evangelistas quiseram transmitir o quadro de uma família composta por mãe e filhos.

Vejamos: “Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe. Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo” (Mt 12.46-47).

Depois do milagre em Caná, Maria e os irmãos de jesus aparecem novamente juntos: “Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias” (Jo 2.12).

Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo” (Mc 3.31).

João acrescenta que nem os seus próprios irmãos acreditavem em Jesus:
“Pois nem seus irmãos criam nele” (Jo 7.5).

E, por último, os irmãos de Jesus aparecem no cenáculo orando com Maria:
“Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele” (At 1.14).

Na Bíblia, quando a palavra “irmãos” aparece junto aos termos “pai” ou “mãe” isso significa filiação de sangue.
por último:
"Maria deu à luz o seu filho primogênito" (Lc 2, 7). "
Primogénito ?

católica praticante



Editado 4 vezes. Última edição em 16/06/2008 20:56 por catolicapraticante.

Re: Dogmas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 21:00

pois, há o pequeno pormenor de Tiago e José, mencionados nessa passagem como irmãos de Jesus parecerem ser referidos noutra passagem como filhos de outra mulher.
Há tambem o pormenor de que, segundo dizem, a lingua aramaica, falada por Jesus, não distinguir entre irmãos, meios-irmãos e primos

Na africa há muitas linguas assim. Contam-me os missionarios que as crianças confessam-se dizendo, "desobedeci aos meus pais e às minhas mães". Assim, no plural, como se tivessem varios pais e várias mães. A lingua deles para além de não distinguir entre irmãos e primos não distingue entre pais e tios, mães e tias. Nesses povos não provoca qualquer problema que Maria seja perpetuamente virgem e nos Evangelhos se fale dos irmãos de Jesus. Ainda por cima irmãos que parecem ser referidos noutra passagem como sendo filhos de outra mulher.

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 21:03

A questão é esta - em que é que a conjugalidade e a maternidade diminui Maria como Pessoa? SErá que a conjugalidade a torna menos digna e menos santa OU MENOS MAE?
Então ter filhos é algo de indigno e pecaminoso ?????????????????

católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 21:14

Citação:
Há tambem o pormenor de que, segundo dizem, a lingua aramaica, falada por Jesus, não distinguir entre irmãos, meios-irmãos e primos

Não se sabe ao certo onde e como começou a acreditar-se que os irmãos de Jesus, de quem tanto a Bíblia fala “de modo explícito”, eram apenas seus primos ou irmãos em sentido espiri­tual (versão Romana) ou meio-irmãos de um casamento anterior de José (versão Grega). Parece que isso surgiu com uma deturpação da resposta de um soldado romano chamado Pantera aos judeus que acusavam Maria de cometer adultério (Actos de Pilatos 11.3 e Talmud, séc. II). No ponto de vista judaico, Jesus seria um filho bastardo desse suposto soldado.

A palavra "irmão" é usada 346 vezes no Novo Testamento e nunca significa "primo". Havia uma palavra para primo, usada em Colossenses 4:10, mas não é a que foi usada nos textos que citei.
Todas as vezes que "irmão" é usada no Novo Testamento para uma relação de família , associada á palavra pai ou mãe, física, ela simplesmente significa irmão


Gal. 1:18-20

Paulo afirma que foi a Jerusalém para ver a Pedro e não viu nenhum dos apóstolos, a não ser o apóstolo Tiago, irmão do Senhor, esse mesmo Tiago que antes da conversão não era seguidor de Jesus (Mat. 13:55).

I Cor. 9:5

Paulo pergunta: “não temos direito de levar conosco uma mulher irmã ou uma esposa crente, como também os demais apóstolos e os irmãos do Senhor
e Cefas?”
Aqui fica claro mais de uma vez que quando se tratava de irmão de fé os apóstolos faziam distinção dos irmãos de sangue.

católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 22:13

Pois, é a tua opinião. Mas não aquela que é defendida pela Igreja. Esqueces-te que Maria é esposa do Espírito Santo. Ela ligou-se a Deus quando disse sim. E tal como no matrimónio, Maria não ia ter relações com outro homem porque Deus não fez dela cobaia, fez dela esposa. E tens de reconhecer que nesta questão dos irmãos, nunca é dito não sei quem, filho de José, ou filho de Maria. Fala-se muito em irmãos de Jesus sim. Mas isso nao é conclusivo.

Estou certo que por exemplo o Alef saberá explicar isto muito melhor que eu.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Dogmas
Escrito por: (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 22:28

Mas em termos práticos, acho que não faz diferença nenhuma para nós se Cristo tinha ou não irmãos? A sua mensagem revolucionária não depende desses pormenores, está muito acima disso, não acham?

Não digo que não se possa debater essas coisas (ora essa), mas não consigo ver que diferença fazem para a nossa Fé. :S

Re: Dogmas
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 22:38

Mas por esse caminho então podemos deitar toda a tradição fora porque em termos práticos só interessa a mensagem revolucionária. Não digo que não se possa debater. Claro que se pode e deve. Para mim esta questão de Maria não ter tido mais filhos prende-se com aquilo que escrevi no outro post. São coisas que vão encaixando umas nas outras.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Dogmas
Escrito por: (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 23:20

Oh, claro que não podemos deitar fora a tradição. :)
E os pormenores do passado têm importância para compreendermos melhor a mensagem revolucionária de Jesus.

Re: Dogmas
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 16 de June de 2008 23:42

Possivelmente o cristianismo não poderia enfrentar a cultura greco-romana sem se munir de um bom número de mitos, já que a cultura de então era fortemente marcada pela mitologia. De facto não é qualquer badameco que cria mitos, já que existe a arte e a ciência de criar mitos. Mitos e dogmas são expressão de uma fé não entendida como força transformadora, que brota do sentido e propósito que queremos dar à nossa vida. Jesus Cristo é sentido e propósito, bem além das metáforas com que nos é apresentado. Escreveu-se que nasceu de noite, para vincar o contraste entre luz e trevas; filho de uma virgem, para vincar o papel crucial da mulher na geração do seu ser, filho do homem porque homem aberto a todas as raças, línguas, religiões e condições sociais.
Virgens são as mulheres que se abrem à graça, porque aí ganham a perene novidade.

*=?.0

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de June de 2008 00:33

Citação:
Virgens são as mulheres que se abrem à graça, porque aí ganham a perene novidade.
Obrigada Albino, pela tua intervenção.

católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: cristina dinis saraiva (IP registado)
Data: 17 de June de 2008 13:28

Católica

Claro que se Maria tivesse mais filhos não a tornaria menos digna.

Mas esse facto não a força a ter mais filhos.

A Igreja ensina-nos que a Maria é virgem e que não teve mais filhos.

Podemos questionar a Igreja? Claro que podemos mas desde que tenhamos conscencia de que estamos a ir contra o ensinamento da Igreija.

Tu queres ir contra os ensinamentos da Igreija e és livre de o fazer.

Cristina

Re: Dogmas
Escrito por: IAmDudum (IP registado)
Data: 17 de June de 2008 15:32

Ó CP, se quiseres ter um pouco de trabalho, mando aqui um link interessantíssimo sobre a real e efectiva ( [montfort.org.br]) virgindade de Nossa Senhora.

Bem sei que vais dizer que não os queres ler, por puro preconceito, porque têm opiniões muito próprias, mas isto é questão doutrinária e essa não mudou nada nestes 2000 anos.

Em todo o caso aí vai o link directo.

IAmDudum

Re: Dogmas
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 17 de June de 2008 15:40

iamdumdum,

Professor Pirelli a estes horas??? Por amor de Deus... vamos lá falar sério. Se queres ajudar a CP não vais pôr o link para o site do senhor dos pneus...

Oh valha me Deus...

Em comunhão

Re: Dogmas
Escrito por: Jacob (IP registado)
Data: 17 de June de 2008 17:05

A anunciação e a concepção de Jesus, filho de Deus, deu-se sem concurso humano. Ora, a importância da mãe era estranha neste ambiente e apenas Maria virgem é origem humana de Jesus.

A concepção virginal de Jesus, como questão teológica, tem uma função teológica precisa: Deus vem Deus (José Augusto Mourão).
A concepção virginal de Jesus, num sentido biológico, constitui um modelo para expressar o novo começo da humanidade inaugurado por Jesus (Boff): não prolonga a história dos homens, nem procura reproduzir os seus mecanismos de pecado e graça, mas instaura uma nova ordem.

Esta nova criação não é obra da história humana, mas iniciativa exclusiva de Deus. Para expressar esta verdade - cerne do anuncio evangélico - utilizou-se como modelo de compreensão e de expressão a conceição virginal de Jesus. Em função disto começou-se a falar da virgindade de Maria; primeiramente antes do parto, mais tarde no parto e, por fim, depois do parto (Küng). Sobre a virgindade de Maria, ponto de apoio humano da Incarnação, age a força de Deus. A virgindade de Maria é disponibilidade da fé, mas da parte de Deus é o lugar da entrada do Filho de Deus no mundo, a terra virgem sobre que actuou o Espírito.

Se apenas Deus é o autor da concepção virginal, a virgindade não é causa do que acontece mas apenas condição e sinal do carácter prodigioso. Maria é Mãe não por ser virgem, mas por eleição de Deus. A eleição da virgem exprime o carácter extraordinário do acontecimento, a ausência de um princípio humano. A eleição de uma mulher, que garante a inserção do Salvador na condição humana, mostra a preferência de Deus pelo acolhimento, típica do feminino, como lugar do milagre.

O "natus ex virgine" não mostra um nexo de causalidade, o humano não pode produzir o divino, mas é o sinal de Deus para o milagre, para a vitória sobre o pecado e a morte e novo começo do mundo que se cumpre no ressuscitado (Bruno Forte). Daí, vem a vinculação na fé da Igreja da anunciação e nascimento com a ressurreição. E a virgindade no parto não se refere apenas a pormenores biológicos mas ao assombro da maternidade virginal, sinal do que só Deus pode fazer: o nascimento do Filho eterno na história.

Dada a importância do sinal da concepção virginal, a maternidade na perspectiva da transcendência, a negação da virgindade da Mãe traduz-se na negação da transcendência absoluta daquela concepção e da condição divina do gerado (Bruno Forte). Ligar o sinal e o significado é respeitar o acontecido. A revelação faz-se por palavras e acções intimamente relacionadas (DV 2). O facto biológico da concepção virginal não pode separar-se do sentido profundo escondido nele; a concepção virginal é o símbolo significativo do mistério, “o mais radical mistério. Deus encontra para si mesmo uma realização única e própria ao ser nascido de uma virgem. Deus é total comunhão e por isso suprema disponibilidade, radical virgindade.

A virgindade Maria é sacramento-sinal desta virgindade de Deus. Pela conceição de Jesus, a virgindade divina encontra-se com a virgindade humana. Maria torna-se o instrumento de revelação e historificação da virgindade de Deus. A graça, a salvação, o amor de Deus possui assim uma característica virginal. Assim como a virgindade de Deus é fonte de paternidade, de forma semelhante a virgindade de Maria se ordena à maternidade. Pela vinda do Espírito Santo sobre Maria-virgem, a virgindade pertence ao próprio Espírito. Esta dimensão profunda do ser-mulher ganha um quadro definitivo dentro realidade do próprio Deus na Pessoa do Espírito Santo” (L. Boff). Remete a algo distinto, que transcende o facto e lhe dá um sentido (I. Potterie).

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 17 de June de 2008 18:24

Duas notas.

Em primeiro lugar não preciso de nenhuma "ajuda ou orientação" relativamente a esta temática, muito menos de de pessoas que sobre o assunto revelam alguma grosseria teológica.

É um dos aspectos da Fé católica sobre o qual não tenho quaisquer dúvidas - a virgindade de Maria , mãe de Jesus não é biológica mas estritamente espiritual ou metafórica..expressão do feminino como lugar do milagre.

E esta crença, em tudo de acordo com a Doutrina Católica , não resulta de uma ingénua convicção pessoal mas de uma caminhada de aprofundamento na Fé, de pesquisa teológica, de uma profunda vivência /reflexão interior e de proximidade com o mistério do amor e da maternidade.

Como refere o Papa , " a concepção de Jesus é uma nova criação e não uma procriação de Deus", pelo que a ideia de Maria "esposa do espírito santo" interpretada de forma tão ingénua e biológica como faz o Seven chega a ser herética.
"Segundo a fé da igreja, a filiação divina de Jesus não se deve ao facto de Jesus não ter um pai humano; a doutrina do ser divino de Jesus não sofreria nenhuma restrição se Jesus fosse fruto de um casamento humano normal, porque a filiação divina que é objecto da fé cristã não é um facto biológico, mas um facto ontológico."

J. Ratzinger (2005), Introdução ao cristianismo.

católica praticante



Editado 3 vezes. Última edição em 17/06/2008 18:43 por catolicapraticante.

Re: Dogmas
Escrito por: help-me (IP registado)
Data: 17 de June de 2008 20:23

Tenho vontade de expressar a minha opinião, mas confesso algum receio em o fazer. Desde logo, porque tenho consciência da minha ignorãncia teleológica e doutrinária. Em segundo lugar, porque sou novo (novíssimo!) neste fórum. Por fim, porque receio poder não ser bem interpretado e/ou chocar alguém com convicções de fé mais arreigadas. Ainda assim, decidi arriscar...

Em 1º lugar, suponho ser já muito difícil descobrir a verdade histórica sobre Jesus Cristo, pela simples razão de os suportes ciêntificos para tal (com os quais se descobre a História) terem sido sucessivamente adulterados ao longo dos séculos. Não me refiro a falsificações, mas sim a modificações, oblações, omissões e outras restrições que foram feitas no intuito de proteger a fé Cristã e fortalecer a Igreja.
Por isso, admito que o tema em discussão torne defensáveis as mais variadas respostas, sem que se possa determinar com um mínimo de certeza qual a que efectivamente corresponde à verdade histórica (objectiva).
Entre a ambiguidade decorrente do referido em 1º lugar e a incerteza referida em 2º lugar, opto por interpretar os factos subjacentes à doutrina Cristã do modo mais condizente possível com os critérios de normalidade e de probabilidade.
E faço-o nos termos seguintes:

- Jesus não podia ter surgido de geração espontânea (sem pais), porque isso (apesar de ser divinamente possível) seria incompreendido por uma sociedade onde prevaleciam os valores da família. Um indivíduo identificava-se então, desde logo, através da sua família (João, filho de... e de...).
Por isso, Jesus tinha de ter pais.

- Se os pais de Jesus fossem comuns mortais, Jesus seria mais um (profeta?) entre muitos. Tornar-se-ía difícil a sua afirmação no seio da comunidade e, consequentemente, ficaria seriamente comprometida a divulgação da Sua Mensagem.
Por isso, Jesus teria de ter pais com algo de extraordinário, que os distinguisse dos restantes, sem que tal afrontasse as concepções sociais então dominantes nem comprometesse a credibilidade Sua Mensagem.

- A origem divina de Jesus asseguraria quer a sua extraordinariedade quer a sua pureza (imaculidade); a sua origem humana distingui-lo-ia das divindades mitológicas até então existentes. A solução mais simples do casamento de um humano com Deus seria um "deja vu", imitando a solução mitológica dos semi-deuses, com a qual se pretendia romper.
Por isso, Jesus teria ter origem divina, mas não poderia ser um ("mero") fruto de uma união matrimonial entre Deus e o Homem.

- Não há carne divina, divino é o espírito; nem há geração divina, pois esta tem de ser carnal (humana).
Por isso, Jesus teria de ter mãe (que sempre certa est), a qual encarna o princípio da vida (muito mais que o pai, apesar de ser biologicamente indispensável o contributo de ambos, como se sabe).

- Como se referiu, não seria imaginável, naquela época, uma mãe solteira (que sempre mancharia o filho como "bastardo" de alguém).
Por isso, Maria teria de ser casada.

- Sendo Maria uma mulher (humana) e casada e tendo Jesus de ter uma origem divina, apenas o poderia ser por parte do pai. Claro que seria inconcebível o adultério como forma gerar Jesus. A solução encontrada foi a virgindade de Maria: afasta o adultério e afasta as dúvidas sobre a paternidade do marido.
Por isso, Maria teria de ser virgem (apesar de casada) e de assim permanecer até dar à luz (para afastar as dúvidas sobre a paternidade).

* Nesta perspectiva, a virgindade de Maria era essencial. Não para exaltar as virtudes da virgindade (se a virgindade fosse uma virtude, já há muito estariamos extintos... ou teriamos de considerar ser fruto da "depravação" das mulheres não virgens), mas sim para afastar a possibilidade do "adultério" (com Deus) e, simultaneamente, evitar a dúvida sobre a sua paternidade (excluir a paternidade do marido, José).
Suponho ser este o melhor sentido e alcance da virgindade de Maria.

* A "especialidade" de Maria (enquanto pessoa humana) é o facto de dar à luz Jesus, filho de Deus. Numa perspectiva biológica, ao gerar o filho no seu ventre com a "semente" de Deus, Maria foi como que "tocada" (sem mácula) pela divindade, "misturando" o humano (seu) com o divino.
Daí o relevante papel de Maria na doutrina e na fé Cristãs, para além da exaltação da vida que a maternidade sempre simboliza.
Daí, também, o papel secundário de José, cuja função quase se resume à de "marido da mãe", com vista a inserir Jesus num verdadeiro ambiente familiar.

Em face do exposto, parece-me ser essencial (do ponto de vista lógico) que Jesus seja o único filho de Maria (ou, pelo menos, o seu primogénito - tal como o é de Deus).
Já não me parece muito relevante que Jesus tenha meios irmãos (germanos - por parte de José), nem esse vínculo fraterno implica qualquer santidade por parte desses irmãos de Jesus, por apenas o serem por filiação não divina (da parte de José).
Daí a irrelevância histórica e doutrinária dos irmãos de Jesus.

Em suma, não sei se Jesus teve ou não irmãos. Mas, dentro do sitado condicionalismo, tal parece-me ser de todo irrelevante.
Essencial parece-me ser o estado civil de Maria (casada) e a sua virgindade, que são factores essenciais para a concepção da origem divina de Jesus, sem que Este seja um mero "semi-deus" de origem mitológica.

Cumprimentos!

P.S.: Aceito críticas (de bom grado), mas não reclamações (pois não disponho do respectivo livrinho amarelo tão em voga hoje em dia).

Re: Dogmas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de June de 2008 07:42

Citação:
"se a virgindade fosse uma virtude, já há muito estariamos extintos... "

católica praticante

Re: Dogmas
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 18 de June de 2008 13:19

Help-me

Bom texto! Muito boa exposição com lógica sobre o dogma da virgindade de Maria.

Em comunhão

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