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Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: mrc (IP registado)
Data: 23 de August de 2008 00:27

Também eu via o casamento católico como sendo para toda a vida - Como católica praticante nem me passava pela cabeça outra coisa. Casei para toda a vida e nunca pensei divorciar-me. Até que as circunstâncias da vida conduziram a uma ruptura no meu casamento. Se eu pudesse escolher, claro que perferia ter o casamento perfeito...mas a realidade nem sempre é como nós imaginamos e a uma determinada altura percebi que ou permanecia numa situação de um casamento hipócrito, de aparências (como muitos fazem para cumprir as convenções sociais) ou divorciava-me, pois a convivência matrimonial era insustentável. Depois de um processo de muito sofrimento psicológico e emocional, divorciei-me.
A verdade é que depois me fui afastando da Igreja pois, perante a mesma, sinto-me quase tratada como as bruxas no tempo da inquisição.
Não sou dos que incentivam o divórcio (para mim, o ideal ainda é o casamento manter-se para toda a vida), mas também não sou fundamentalista ao ponto de achar que duas pessoas se devem manter aprisionadas numa relação quando esta já manifestamente está esgotada e sem hipóteses de recuperação.
Se um dia quiser casar novamente, porque é que a Igreja me condena? Será que a Igreja também condena os padres que benzem as alianças dos divorciados que casam novamente e que querem tentar ter uma relação estável novamente?
Quem quiser que atire a primeira pedra...
mrc

P.S. Obrigada Lena e Catolicapraticante pelas vossas palavras. É bom ler as vossas palavras, que atenuam um pouco "a tortura da culpa" que a Igreja me faz sentir.
Um beijinho à Isat e que consigas encontrar o teu caminho!

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 24 de August de 2008 17:17

A verdade é que depois me fui afastando da Igreja pois, perante a mesma, sinto-me quase tratada como as bruxas no tempo da inquisição.

mrc

____Se a culpa não foi tua, porque sentires isso? A conciencia por nos fala. Se eu não me sentir culpada de algo; nada me apoguenta, seja no meio de padres, da igreja ou até da sociedade!!

Se um dia quiser casar novamente, porque é que a Igreja me condena?

____A igreja não te condena!!! Se tiveres a conciencia limpa!!!

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 26 de August de 2008 22:21

É verdade que o título é sobre o divórcio na Igreja Católica mas nada impede que se fale do divórcio de um modo mais abrangente.

Para quê restringi-lo apenas à Igreja Católica? Não há nenhum tópico que apenas se refira ao divórcio. E esse tema tem todo o interesse quer se restrinja a católicos ou a pessoas que o não sejam. É evidente que ao colocar o tema se fez uma opção. Tudo bem. Acho, no entanto, que faz todo o sentido apresentar o artigo de hoje, 26/6/08, deste psiquiatra, no Público.
Aqui vai:

O divórcio e a ditadura da líbido


Público, 26.08.2008, Pedro Afonso


Este novo modelo de casamento acaba ainda por desvalorizar os deveres conjugais e o "respeito pelo outro"


Depois de o Presidente da República ter usado o seu poder de veto ao diploma que altera o regime jurídico do divórcio, o debate volta a reabrir-se. Esta lei remete-nos para várias questões ideológicas. Uma delas é perguntarmo-nos qual é a legitimidade do Estado em passar um sinal claro à sociedade de que a felicidade, na vivência matrimonial, deve ser alcançada de uma forma em tudo idêntica à política comercial praticada por algumas empresas: "satisfação ou reembolso"? Neste caso, para dissolver um casamento deixa de ser necessário evocar qualquer razão especial, bastando somente evocar "insatisfação". Parece-me, portanto - e, neste ponto, pode perfeitamente aplicar-se o epíteto de "pensamento retrógrado" -, que esta lei acaba por expressar um menosprezo completo pela família, equiparando-a, na prática, a um bem consumível.
Se é verdade que o casamento não é uma criação do Estado, também é verdade que não compete ao Estado orientar ideologicamente a sociedade, criando mecanismos legislativos facilitadores e promotores da dissolução desta importante instituição. Na prática, o legislador assume-se como um promotor do divórcio, uma vez que, ao torná-lo liberal, célere e fácil, não reconhece o casamento e a família como um elemento estruturante da sociedade. Significa, portanto, que a estabilidade na relação entre um homem e uma mulher deixa de ser vista como um bem, passando a considerar-se formalmente o casamento como uma relação instável, efémera e que o Estado se escusa a proteger.
Numa altura em que têm sido realizadas uma série de campanhas em defesa das mulheres vítimas de maus tratos, o Estado promove uma lei que vai em sentido contrário, visto que, ao desaparecer a figura jurídica de divórcio culposo, possibilita que se prejudique a vítima e se favoreça o cônjuge agressor. Deste modo, as vítimas ficam fragilizadas e à mercê da chantagem do agressor, criando-se consequentemente uma maior desprotecção aos filhos menores.
Este novo modelo de casamento acaba ainda por desvalorizar os deveres conjugais e o "respeito pelo outro". Julgo que, até mesmo, para Freud seria difícil de aceitar esta autêntica "ditadura da líbido" que se transforma, em si mesmo, num elemento escravizante para o indivíduo. Por outras palavras, os cidadãos, nas relações conjugais, passam a ser comandados pelas emoções e pelo temor (paranóide) de que o aborrecimento possa tomar conta da relação, conduzindo a uma inevitável "neurose do casamento". O fantasma do divórcio passará a ser uma constante, uma vez que o espírito da lei, ao invés de apelar à unidade e comunhão dos cônjuges, fragiliza o casamento e favorece o individualismo.
Não é compreensível defender que o Estado seja ao mesmo tempo o promotor do bem comum e, simultaneamente, o impulsionador de relações humanas inteiramente frágeis, sujeitas a actos impulsivos ou a estados de alma. Seguramente que não é neste ambiente jurídico que se organiza uma sociedade matura e estável; nem tão-pouco se promove a harmonia social e a segurança mínima para que as crianças possam crescer sem que os seus direitos estejam condicionados ao livre-arbítrio de um dos progenitores.
Instala-se, assim, na sociedade a ideia de que nada é definitivo. As relações entre homem e mulher devem ser, por princípio, descartáveis e o bem-estar reside na fugacidade e na subjectividade do amor individual. Estamos perante a cultura da frivolidade, cujo lema é não exigir demasiado e o progresso encontra-se na tolerância absoluta.
Por último, importa referir que, apesar de alguns entenderem a defesa da família como uma posição ideológica retrógrada e ultrapassada, a família ainda é o melhor ambiente para qualquer ser humano nascer, crescer, ser amado e ser feliz.
Médico psiquiatra

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 26 de August de 2008 23:21

Citação:
Numa altura em que têm sido realizadas uma série de campanhas em defesa das mulheres vítimas de maus tratos, o Estado promove uma lei que vai em sentido contrário, visto que, ao desaparecer a figura jurídica de divórcio culposo, possibilita que se prejudique a vítima e se favoreça o cônjuge agressor. Deste modo, as vítimas ficam fragilizadas e à mercê da chantagem do agressor, criando-se consequentemente uma maior desprotecção aos filhos menores.

Este argumento tem sido muito utilizado mas considero-o um pau de 2 bicos.
Qual a vítima que em sã consciência quer continuar a ser vitimizada? Só aquela que sofre de um profundo desequilíbrio emocional/neurológico.

Citação:
Instala-se, assim, na sociedade a ideia de que nada é definitivo.

E é mentira? Tudo perece.
Nada pior para um casamento que ficar naquela ideia que o outro não foge, que é nosso, firmemente agarrado, preso.
As pessoas devem estar juntas porque ambas querem ficar juntas e não porque estão obrigadas a ficar juntas.
Casamento, enquanto relação afectiva privilegiada entre duas pessoas, deve ser um espaço de liberdade, diálogo, realização pessoal, alegria e não uma prisão, um fardo, um castigo.

Depois partem para este discurso alarmista completamente surreal...

Citação:
As relações entre homem e mulher devem ser, por princípio, descartáveis e o bem-estar reside na fugacidade e na subjectividade do amor individual. Estamos perante a cultura da frivolidade, cujo lema é não exigir demasiado e o progresso encontra-se na tolerância absoluta.

Para médico psiquiatra o moço é muito 8 ou 80 e tem queda para Velho do Restelo.
Sei que até escreve livros... uma autoridade, e eu n passo de uma prof muito vulgar... um verme. uiiiii mata mata :P

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.



Editado 1 vezes. Última edição em 26/08/2008 23:22 por Lena.

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: jomar (IP registado)
Data: 27 de August de 2008 12:25

Muitas vezes o problema emerge quando nos confrontamos com a liberdade e obrigação perante as situações da vida.

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 27 de August de 2008 14:40

Culpa no Divórcio
“O afecto e o amor não podem ficar prisioneiros da culpa. É por isso que esta lei não é de esquerda nem de direita” .


Volto, de novo, ao tema do divórcio, agora a propósito do veto de Cavaco Silva, que, reagindo contra a nova lei do divórcio litigioso, critica, além do mais, o facto de esta ter retirado a noção de culpa do fundamento do divórcio litigioso.

Sem pôr em causa a competência constitucional de Cavaco Silva, afigura-se inexistirem razões políticas ou jurídico--constitucionais que justifiquem a manutenção do conceito de culpa, na velha tradição conservadora do direito de família. Nenhuma razão válida existe, quanto aos direitos e garantias individuais das pessoas, que passe pela manutenção da culpa no decretamento do divórcio litigioso. Nenhuma razão justifica tal defesa, nem sequer a noção de contrato mitigado que está subjacente ao casamento. E tal é assim, não porque o casamento esteja em crise, mas porque a nova ordem das coisas assim o dita.

O veto da culpa parece esconder uma posição politicamente conservadora do casamento, desfasada da realidade social, não servindo sequer para proteger a instituição casamento. Culpa, no sentido jurídico do termo, significa violação dos deveres e obrigações conjugais. É esta noção que nos interessa e não a culpa no conceito religioso ou enquanto sentimento que causa o ódio e o desequilíbrio emocional. E porque é que a culpa no sentido jurídico deve ser banida? Porque a violação dos deveres e obrigações conjugais são a capa da culpa, de uma culpa interesseira que serve para a defesa dos bens patrimoniais e da casa de morada de família. Quem decretou divórcios com base na culpa compreende a justeza da sua dispensabilidade. A invocação da culpa, ao proporcionar um espectáculo deprimente, entre duas pessoas que, outrora, se amaram e que, agora, se digladiam, despojando a sua dignidade e privacidade por um punhado de culpa do outro (de escudos/euros), é a negação da instituiçãocasamento, quer no conceito civil, quer no religioso.

O afecto e o amor não podem ficar prisioneiros da culpa. É por isso que esta lei não é de esquerda nem de direita.

O importante é assegurar que o poder paternal e a partilha de bens sejam assegurados de forma justa e equilibrada, que não se desprotejam os filhos menores ou a parte mais fraca da relação. Para isso, a culpa do outro assente no trauma e no medo não faz nenhuma falta. O fechamento conservador impede a produção de novas e boas ideias. A película finíssima que separa a culpa da dignidade do casamento aconselha outro olhar.



Rui Rangel

CM

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 27 de August de 2008 21:39

A propósito, desculpem o atraso de um dia , mas só agora reparei que não referi a minha opinião sobre o artigo: "O divórcio e a ditadura da líbido"do psiquiatra Pedro Afonso.

Coloquei o artigo por o achar de todo o interesse. Estou de acordo com o apresentado nesse artigo.

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 27 de August de 2008 21:52

Citação:
(...)
Culpa, no sentido jurídico do termo, significa violação dos deveres e obrigações conjugais. (...) E porque é que a culpa no sentido jurídico deve ser banida? Porque a violação dos deveres e obrigações conjugais são a capa da culpa, de uma culpa interesseira que serve para a defesa dos bens patrimoniais e da casa de morada de família. Quem decretou divórcios com base na culpa compreende a justeza da sua dispensabilidade. A invocação da culpa, ao proporcionar um espectáculo deprimente, entre duas pessoas que, outrora, se amaram e que, agora, se digladiam, despojando a sua dignidade e privacidade por um punhado de culpa do outro (de escudos/euros), é a negação da instituição casamento, quer no conceito civil, quer no religioso.

(...)

O importante é assegurar que o poder paternal e a partilha de bens sejam assegurados de forma justa e equilibrada, que não se desprotejam os filhos menores ou a parte mais fraca da relação. Para isso, a culpa do outro assente no trauma e no medo não faz nenhuma falta. O fechamento conservador impede a produção de novas e boas ideias. A película finíssima que separa a culpa da dignidade do casamento aconselha outro olhar.

Rui Rangel

CM

Gostei francamente desta opinião.

Por que tem de haver culpados?

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: jomar (IP registado)
Data: 28 de August de 2008 15:19

Olá Lena,


"Por que tem de haver culpados?"
Jomar: Porque somos tendenciosos.

Já pesquisas-te 'Culpa' dentro das religiões?
Interesante as deduções que daí advém!

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 28 de August de 2008 16:04

jomar

Porque somos tendenciosos... logo a justiça é impossível.
Não creio que tenha de ser assim.

Quanto à culpa e as religiões.
Vamos tentar não ser tendenciosos?

Se olhares para uma criança pequena e tendência é sempre de desculpar-se, culpando alguém. Mesmo quando adultos, a tendência natural é criar uma causa para tudo, de preferência externa.
As religiões não criaram este traço da nossa personalidade, apenas o usam.

O que realmente estranho é que o direito civil ainda esteja agarrado a este traço algo imaturo. Como se as relações humanas fossem lineares, traduziveis em equações matemáticas muito básicas de apenas uma variável - o culpado.
Deve ser por isso que há quem defenda a pena de morte para crimes de homicidio - como se eliminando o culpado pudessemos ter alguém de volta.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.



Editado 1 vezes. Última edição em 28/08/2008 16:10 por Lena.

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 09 de September de 2008 21:15

Trágica estatística em Madri: Um divórcio a cada 27 minutos - 09/09/2008 - 12:05

O Presidente do Instituto de Política Familiar de Madri (IPF), Mariano Martínez Aedo, declarou que nesta cidade "acabam-se tantos matrimônios como os que se produzem em um ano", pois cada 27 minutos um matrimônio termina em divórcio, segundo dados estatísticos de 2007.

Na Comunidade de Madri, dos 23 mil matrimônios que se efetuaram, 19 mil acabaram por romper-se nesse ano, "provocando um autêntico déficit de estabilidade familiar", assinalou Martínez Aedo.

Do mesmo modo, o IPF assinalou que na cidade de Madri em 2007 a taxa de ruptura e nupcialidade esteve em uma proporção que evidenciou que "por cada 10 matrimônios que se produziram se romperam mais de 8".

"Nos últimos dez anos se produziram 91 mil divórcios em Madri e atualmente cada 27 minutos se rompe um matrimônio. Isto faz um total de 53 matrimônios quebrados a cada dia, frente a 64 matrimônios produzidos", assinala o IPF.

Do mesmo modo, o Instituto adiciona que "apenas uma de cada 14 rupturas são por separação" e que "o 92% das matrimônios separados optam pelo divórcio definitivo".

Por outro lado, se referindo ao orçamento destinado para a família pela Comunidade de Madri, o IPF assinalou que "dos 18 milhões de euros estabelecidos somente se destinaram 13 em 2008".

"É necessário uma autêntica mudança de rumo quanto a medidas legais, proteção social e cultural do matrimônio e a família", assinalou Aedo.

Finalmente, Martínez Aedo disse que "a comunidade de Madri deve situar à família como eixo de suas políticas familiares e atacar seus problemas, especialmente o da ruptura que é um autêntico câncer social".



www.catolicanet.com.br

Fonte: Aci digital
Local:Madrid (Espanha) Inserida por: Administrador

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 10 de September de 2008 21:15

Lena escreveu: Se olhares para uma criança pequena e tendência é sempre de desculpar-se, culpando alguém.


Eu digo: se fossem só as crianças...ficava feliz. Mas há tantos adultos piores do que algumas crianças. As vezes até apetecia dar-lhes uma chapada na cara....oh....se pudesse!!!

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: lopessergio (IP registado)
Data: 12 de September de 2008 12:43

Ola a todos

Desde já respeito todas as opiniões e sei o quanto sofrem os divorciados que em consciência casaram pela Igreja e se viram nas teias do divorcio.
No entanto não consigo deixar de me espantar com os jovens noivos que se aproximam do altar e perguntam: "mas Sr. Padre se não der certo como podemos tratar do divorcio?"
Quando fiz o CPM fiquei estarrecido com esta e com outras perguntas que foram feitas e outros comentarios, do genero: "só caso na Igreja porque a minha avó quer e se lhe não der esse gosto ela ainda tem um ataque cardiaco", "ò Sr. Pdr. "a coisa" (referia-se à cerimonia) não pode ser mais rápida, escusa de se fazer aquelas leituras todas e de dar o pãozinho, só um pouco de àgua benta e quela coisa de perguntar se alguém se opõe..."
Quando estes noivos vão casar, percebe-se logo a intenção de receber um Sacramento...
Claro que para estes é muito dificil entender a grandeza do sacramento e a sua indissubilidade. Mas como Creio que aqui não houve intenção de casar mas sim de promover folclore a anulação é demasiado obvia, pois não houve nunca vontade de aceitar os pressupostos do Sacramento.
Muitos casamentos são uma autêntica farsa, mero folclore, por isso atrevo-me a dizer que grande parte nunca exitiu como sacramento, foi mero espectáculo onde o Celebrante foi "marionete" nos caprichos de alguns.

Cumprimentos

Sérgio Lopes

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Mteresa (IP registado)
Data: 17 de September de 2008 17:48

Olá a todos

Descobri este forum há algum tempo e desde logo me despertou o interesse para alguns temas, que tenho desde então acompanhado, nomeadamente este, sobre o "divórcio na Igreja católica".
Resolvi então registar-me para poder partilhar convosco a minha opinião, sobretudo por ter ficado indignada com algumas respostas que por aqui foram sendo dadas; pois parece-me que se fala muito sem conhecimento de causa pois, como diz o nosso povo: "quem sabe da tenda é o tendeiro" e a verdade é que só quem passa por determinadas situações as consegue entender na sua verdadeira dimensão.
Depois, quis deixar à Isat uma palavra de conforto e amizade perante a dificil tarefa que tem pela frente. Não podemos deixar-nos intimidar pelos outros, sejam quais forem as suas opiniões. A nossa vida é responsabilidade nossa e só nós podemos decidir o que acharmos melhor para nós mesmos!!
Pois eu também sou católica,praticante, educada na fé de Cristo desde a minha meninice, catequista desde os meus 16 ou 17 anos (actualmente a preparar os jovens que pedem o Crisma),membro do grupo coral onde toco guitarra e participante na liturgia dominical.
Tudo isto estaria perfeito se não lhe acrescentasse o meu estado civil: divorciada!
Pois é, sou uma católica divorciada!
Quando tive que pensar que teria de enfrentar um divórcio na minha vida, um dos meus primeiros pensamentos foi precisamente... "e a minha relação com a Igreja? Nunca mais vou poder comungar? Será que poderei continuar a dar catequese? Como dar o exemplo aos meus filhos se eu não puder participar?...
De facto não mudou muita coisa na minha vida religiosa porque tenho um bom relacionamento com o padre da minha freguesia. É verdade! E embora me custe admitir, tenho quase a certeza que a esse facto o devo.
A Igreja tem as suas leis mas infelizmente cada um (refiro-me aos padres) as cumpre à sua maneira; e também aqui muito conta se a pessoa é bem vista ou não!
É claro que não concordo com nada disto! Que exemplo então nos dão os representantes da Igreja?
Alguém disse por aqui que não temos que nos sentir culpadas nem descriminadas se de facto não temos culpa. Pois é, mas a Igreja, com a posição que tem em relação aos divorciados, descrimina-nos automaticamente! E não é uma questão de ter culpa ou não. Aliás essa coisa de haver um culpado nem sequer está correcta. Nunca há só um culpado! Se um casamento falhou ambos tiveram a sua culpa, independentemente dessa culpa pesar mais para um dos lados como é natural e vulgar, mas nenhum dos dois é perfeito, ambos cometem erros!
Para vos elucidar melhor falo-vos do meu caso: fui, durante alguns anos, vitima de violência doméstica. O meu agora ex marido proibia-me de estar com a minha mãe, eu mentia-lhe para poder estar com ela e quando ele descobria maltratava-me. Ele não tem desculpa porque a violência não tem justificação em caso algum mas eu também não agi correctamente. Eu não tinha que mentir, nem tão pouco deixar de estar com a minha mãe; eu só tinha que o enfrentar e mostrar-lhe que ele não tinha o direito de me proibir de tal.
É claro que as coisas não são bem assim pois eu bem sei que o medo me obrigava a seguir o caminho mais fácil, mas não é isso que pretendo aqui discutir.
Este é apenas um exemplo dos muitos casos em que a culpa não está nunca, no meu entender, só de um lado. Logo não há "o culpado"!
Eu não me sinto culpada de nada! Sinto-me desiludida por não ter conseguido manter um casamento que planeei ser para sempre! E se de facto há quem case na Igreja apenas por ser bonito e sem qualquer responsabilidade, também há os que pedem o casamento religioso por convicção! Porém, nem sempre as coisas decorrem como nós imaginamos e ao contrário do que se pensa, há caminhos que são inevitáveis! Eu aguentei um casamento 14 anos, tentando fazer valer o que não existia desde os primeiros anos, pois não há amor que resista a maus tratos. E sem amor, como se conserva um casamento? Eu conservei durante alguns anos, mas na primeira adversidade as dificuldades não são superadas pois falta a base principal! Mas isso são outros assuntos que não vêm agora ao caso.
Continuando, sinto-me triste por não poder dar aos meus filhos um pai e um mãe juntos no mesmo lar e felizes. Sinto-me descriminada pela Igreja porque, continuando a ser a mesma pessoa de sempre, com a mesma fé, com a mesma devoção... sou afastada de certas coisas simplesmente porque o meu estado civil mudou de casada para divorciada. Isto sim, deixa-me indignada!
Esta indignação fez com que não deixasse de participar nestas habituais actividades precisamente por me sentir a mesma pessoa. Se alguém me quiser impedir, que o faça!"Quem nunca pecou que atire a primeira pedra!" A minha consciência deixa-me agir tranquilamente do mesmo modo como agia antes.
Passados alguns anos após o meu divórcio, também estou a refazer a minha vida com um moço que é solteiro. Como vivemos em comum, a minha consciência ditou que eu deixasse de comungar, e assim faço, embora com muita pena ! Porém, também o meu companheiro, igualmente católico praticante, teve que o deixar de fazer, o que eu considero uma injustiça!Não que alguém nos o tenha recomendado ou mesmo proíbido, foi uma questão de consciência nossa em respeito á nossa religião!

Pelo que li por aqui, somente após o casamento civil a minha relação com a Igreja se complica ainda mais, porém o que me move não são leis nem papéis mas apenas a minha consciência. Aliás, neste momento nem sei se faço questão de um casamento civil. Aquilo a que eu chamava "viver legalizada" parece ser uma ilusão já que em vez de melhorar, piora a minha situação perante a Igreja. É sem dúvida incrível tanta hipocrisia!!
Por isso deixo o meu testemunho.
À Isat para que seja forte o suficiente para fazer as escolhas que tiver que fazer para a sua vida!
A quem fala só na teoria, que pondere as palavras pois só vivendo sabemos o verdadeiro significado das coisas.
A quem defende acerrimamente a Igreja nesta questão do divórcio, que tente ser mais tolerante e sobretudo realista. Não podemos deixar que se banalizem sentimentos, compromissos, convicções, mas não meçamos tudo pela mesma medida!!
Com amizade

Teresa

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: David_ (IP registado)
Data: 17 de September de 2008 19:32

Paz do Senhor


Vejo que o tópico é sobre o divórcio na igreja católica... Como a interpretação desse tema, pela igreja evangélica (ou protestante, como queiram) é praticamente idêntico a da católica, (sendo permitido o divórcio para a interpretação evangélica, só em caso de traição) gostaria de comentar algo sobre esta questão.


A interpretação da igreja católica e da evangélica, de que não é permitido o divórcio, se baseia no ensinamento de Jesus que diz que:

Marcos 10:9
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.


Essa interpretação é correta para os casamentos que DEUS AJUNTOU!

Mas, será que todo e qualquer casamento é consequencia da união de Deus?

Será que um homem ou uma mulher que se casa com interesse financeiro está fazendo algo orientado por Deus? Não seria o interesse financeiro que estaria unindo esse casal? Um casamento assim pode, inclusive, acabar em tragédia, onde um acaba matando o outro para ficar com seus bens... Isso é uma união de Deus?

Um rapaz que não ama sua namorada e que se casa forçado pelos pais da moça, em virtude desta ter engravidado (isto ainda acontece muito aqui no nordeste do Brasil), é uma união de Deus ou é um relacionamento propenso a uma separação futura?

... Seriam esses dois casamentos, resultado da UNIÃO DE DEUS?

Isso sem falar nos diversos casamentos que já existiram, onde a mulher era simplesmente dada a um rapaz que ela sequer conhecia, para que fosse sua esposa... Este também é um modelo de união de Deus?

Existe também aquela relação em que o homem é mau marido... Seria a mulher obrigada a levar surras e mais surras de um marido, aguentando este quebrar tudo dentro de casa e a desrespeitá-la dia sim, dia não, pois divorciar-se dele seria pecado? A mulher viver sendo surrada, maltradada e humilhada num casamento é algo AGRADÁVEL a Deus?

Acredito, colegas, (e essa é apenas uma OPINIÃO PESSOAL minha, e que diverge um pouco daquilo que acreditam alguns da minha igreja) que nem todo casamento é fruto da UNIÃO DE DEUS... Ou seja, existe aquele casamento que quem uniu não foi Deus, foi o interesse financeiro... Existe aquele outro que também não foi Deus, mas o sexo, ou seja, a menina estava grávida e só por isso houve o casamento...

Assim, nem todo casamento é unido por Deus... E, por não serem fruto de uma união de Deus, acabam em DIVÓRCIO.

O casamento que é fruto da união de Deus, resiste a todos os problemas... O casal unido por Deus pode ter diferenças, mas os cônjuges conseguem superá-los juntos... COnseguem superar as diferenças e os dois conseguem RENUNCIAR a algo de interesse individual em prol da felicidade do outro... Este é um casamento UNIDO por Deus.


Que o Senhor nos Abençoe

David

_________________________________________________________________________________
"Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo." Salmo 9:2



Editado 5 vezes. Última edição em 17/09/2008 19:42 por David_.

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 18 de September de 2008 10:14

Muito se falou mas a nova Lei passou, com alguns votos a favor mesmo no PSD.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: anibla (IP registado)
Data: 18 de September de 2008 13:06

Olá a todos!
Há algum tempo que sigo este fórum, especialmente este tópico.
Sou casada pelo civil com um homem que era divorciado. Ele era casado pela igreja. Eu era solteira.
Como católica praticante (se bem que não entendo a diferença entre praticante e não praticante, porque ou se é ou se não é), foi-me difícil aceitar o facto de não poder casar na Igreja com o homem que amo e com quem quero ficar até ao fim dos meus dias. Acrescente-se que casei com 39 anos (a 3 meses de completar os 40) com o 1º homem da minha vida, que conheci já depois de ele estar divorciado.
Por que razão não posso comungar na minha Igreja? Que pecado cometi? Se tivesse andado numa vida mundana, não haveria problema em comungar, porque a vida mundana não está registada na conservatória. Mas como sou casada civilmente, já há provas do meu "pecado", então não posso comungar.

E os que casam pela igreja, será que são unidos por Deus? Não acredito. Acredito, sim, que quem Deus une nunca se vai separar. Mas casar pela / na igreja não é a mesma coisa que ser unido por Deus. E aí, estou totalmente de acordo com o que disse o David_.

Muitos casais não se divorciam por vergonha da sociedade e da família. Preferem ser infelizes, traírem os respectivos esposos, mas tal permite-lhes continuar a ser bem aceites na comunidade católica.

Algo está mal, muito mal... Há uma confusão entre casamento pela / na igreja e união feita por Deus.

Nota: deixei a palavra igreja deliberadamente escrita em minúsculas, porque os casamentos que eu vou conhecendo são mesmo só feitos na igreja e não na Igreja... O que interessa neles são as fatiotas, o banquete e o luxo... Os noivos só aparecem na igreja para casar, mas, antes e depois, esquecem-se completamente da Igreja. Será que estes casamentos são frutos da união de Deus?

Cumprimentos a todos

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Mteresa (IP registado)
Data: 18 de September de 2008 14:42

Concordo convosco Anibla e David!
O divórcio na Igreja católica é um tema muito mais abrangente do que parece. É fácil opinar mas difícil é analisar porque há casos e casos!!
Já agora Anibla, para se ser católico e praticante tens de viver a tua fé traduzindo-a em acções como a presença na missa dominical, nos sacramentos (incluindo a Eucaristia - Comunhão)etc, etc..
Podes ser católica e não praticar.
Sabendo que Deus é Pai misericordioso, que criou tudo para nós, que nos ama...é inconcebível associar-lhe a ideia de que nos quer ver unidos para sempre a uma pessoa que nos maltrata, que nos causa sofrimento, que nos deixa infelizes, que nos tira a vontade de viver!
Mantenhamos "que o homem não separe o que Deus uniu", mas que cada um, no seu íntimo, saiba ler na entrelinhas o que Deus realmente quer para nós, caso a caso!

Um abraço
Teresa

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: cristina dinis saraiva (IP registado)
Data: 18 de September de 2008 17:50

Anibla

Esses casamentos que afirmas são aparentemente nulos.

Não basta fatiota e copo de água mas exisge-se muito mais para um verdadeiro Matrimónio.

A tua situação é de grande dificuldade para a Igreja e reconheço o problema.

Se o casamento do teu agora marido civil foi apenas de fachada possivelmente também é nulo e podes conseguir a declaração e casares.

Cristina

Re: O divórcio na Igreja Católica
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 09 de October de 2008 23:23


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