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Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 16 de April de 2008 19:11

«Sou católico/cristão, porque…»
«Sou católico/cristão, apesar de…»

As frases anteriores são exemplos de um assunto que me parece muito sério, embora talvez precisasse de mais tempo para o expor de uma forma mais abrangente e sistemática. Mas fique enunciado o tema, que é mais uma proposta de reflexão e partilha que debate desencontrado. Embora eu tenha por referência principal o caso dos católicos, parece-me que este tema também pode ser aplicado, com alguns matizes, a outras confissões cristãs.

Refiro-me àquilo a que podemos chamar a «pertença religiosa sofrida». Trata-se de uma «pertença-assumida-apesar-de».

Nem todos vivem este problema da mesma forma, mas facilmente nos apercebemos, por experiência própria e/ou alheia, como muitas vezes o declarar «sou católico»/«sou cristão» leva consigo algumas dificuldades de pertença.

- Uns, porque consideram que a Igreja se equivocou com o Concílio Vaticano II, pelo que será necessário anulá-lo, voltar exclusivamente à liturgia tridentina, renunciar ao ecumenismo, à liberdade de consciência, restabelecer a Cristandade;

- Outros, porque consideram que o Concílio Vaticano II foi bom, mas que se lhe seguiram abusos laxistas que desvirtuaram as intenções do próprio Concílio;

- Outros, porque consideram que o Concílio Vaticano II foi um «novo Pentecostes», mas que foi «travado» no seu desenvolvimento por posições rígidas por parte do «Vaticano», de que são exemplos: a «Humanae Vitae» (Encíclica de 1968, que declara ilícita a contracepção); a «Ordinatio Sacerdotalis» (Carta Apostólica, de 1994, que declara impossível a ordenação sacerdotal das mulheres); a condenação da «teologia da libertação»; a «inquirição» e condenação de um vasto número de teólogos;

- Outros, ainda, porque acham que a Igreja já «perdeu o comboio» e só se salvará com um «Vaticano III», que desclericalize e democratize a Igreja, seja mais «compreensiva» em termos de moral sexual e familiar, torne o celibato apenas opcional, permita a ordenação das mulheres, admita os «recasados» à comunhão…

De uma forma mais ou menos «transversal» a este «quadro» há os católicos que vivem «situações irregulares», cuja pertença à Igreja é particularmente «sofrida». É o caso dos «recasados», dos homossexuais, de alguns intelectuais…

Enquanto isto, há também os que aparentemente não têm qualquer problema: são católicos praticantes, aceitam de bom grado e de boa vontade o Magistério, não vivem dramas pessoais especiais… Mas, curiosamente, muitos destes têm um problema: custa-lhes muito a compreender os outros. Alguns pretendem uma «igreja dos puros», acabam por sentir-se mal em tão más companhias…

E isto leva-me a pensar noutro grupo ou categoria mais ou menos transversal: o dos «zangados» com a hierarquia e/ou com os «escândalos» da Igreja. Não pouca gente sofre com as declarações da sua hierarquia, especialmente quando elas têm conotações políticas… Depois vem o problema dos escândalos. A visita do Papa aos Estados Unidos põe este tema de novo na ordem do dia. Como pertencer a um grupo onde se cometeram crimes tão nefandos como o abuso sexual de menores? Como aguentar a carga de ser católico e ter imediatamente «às costas» palavras como «Cruzadas», «Inquisição» e um longo «etcétera»?

Quantas e quantas vezes não sabemos da vontade própria/alheia de «mandar tudo às urtigas»? E há quem o faça; e quem, «apesar de tudo», decida «permanecer»…

Com tudo isto, e pensando particularmente nas pessoas que mais sofrem a sua pertença, fica a pergunta:

Por que razão/razões, «apesar de tudo», me assumo como católico/cristão? Onde está o vínculo mais forte, aquilo que dá razão de ser católico, «apesar da Igreja», «apesar dos católicos»?

Como complemento para pensar este assunto, proponho a leitura de um texto de Yves Congar: «A Igreja: o meu lar maternal», traduzido e publicado pelo João (JMA) no blogue «Teologia».

Com isto, julgo ter ficado claro que não se pretende que este tópico se destine a discutir «temas fracturantes» (deixamo-los para outros tópicos), mas a «explicar» por que razão, «apesar» desses temas fracturantes, das dificuldades de vária ordem, continuamos católicos/cristãos, crentes…

Alef

[Edit: Editei a mensagem para a colocar no topo da lista de tópicos, dada a importância do tema. Luís Gonzaga.]



Editado 1 vezes. Última edição em 01/05/2008 11:06 por Luis Gonzaga.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 16 de April de 2008 21:16

Para permanecer na Igreja foi para mim importante passar das metáforas bíblicas à realidade. Jesus, que nada escreveu, o que significa que não se comprometeu, nem nos comprometeu com qualquer cristologia, deixou-nos no pão e vinho repartidos o sinal de que agora vale, com Ele e por Ele, o compromisso de uns com os outros, para glória do Pai. A Igreja é no seu melhor um espaço de encontro imediato e escatológico e dá-nos oportunidades de realização que não se encontram em mais lado algum.

*=?.0

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 22 de April de 2008 12:36

A questão das diferenças também é relevante neste ponto. Temos de reconhecer que há os que são diferentes por estarem com as minorias e os que são diferentes por estarem com as maiorias. Importante é que a argumentação seja de parte a parte razoável, profunda e aberta ao diálogo. Ademais é justo reconhecer que "ninguém" é perfeito. Ou será que este "ninguém" se refere a alguém em particular?

*=?.0

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: anselmo alves (IP registado)
Data: 22 de April de 2008 15:50

Caros irmãos.
Nunca me pareceu que ser Católico seja algum sacrifício.
É benificiar em pleno do sacrifício de cristo no mistério pascal em toda a plenitude.
O que me parece é que olhamos demasiado para os lados, deixamo-nos ofuscar pelas poeiras que as "modas" dos diferentes tempos nos apresentam.
Uma coisa é respeitarmos aquilo que os outros são, defendem e dizem ser, outra é mantermo-nos fieis integralmente Àquele que tudo deu por nós. Nada"de apesar de...", tudo faz sentido. Cristo ressuscitou ALELUIA e está sempre no meio de nós.
Vivamos a nossa FÈ sem pestanejar, pois Ele tudo merece e tudo retribui.Basta Orar muito, muito.
Um abraço em Cristo.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 30 de April de 2008 22:56

Excelente questão, Alef

Citação:
Alef
julgo ter ficado claro que não se pretende que este tópico se destine a discutir «temas fracturantes» (deixamo-los para outros tópicos), mas a «explicar» por que razão, «apesar» desses temas fracturantes, das dificuldades de vária ordem, continuamos católicos/cristãos, crentes…

Custou-me no entanto a compreendê-la.
É certo que existem temas fracturantes e que existem situações com as quais não concordo. Com diversos graus de discordância: do "que disparate (mas o assunto nem vale o tempo que se desperdiça com ele)" ao "grande imbecilidade (mas será que quando colocam aquela coisa na cabeça, aquilo lhes tapa o sol e adormecem-lhes as ideias?)".
Mas por maior que seja a discordância nunca me passou pela cabeça abandonar a Igreja.
E, no entanto, já coloquei metodologicamente entre parêntesis a minha qualidade de católico para analisar se era de facto ali que estava a Verdade ou a mesma poderia ser melhor encontrada numa outra Igreja ou mesmo Religião.
Porém - e para lá desta atitude metodológica que referi - nunca estive fora da Igreja. Ou sequer alguma vez pensei nisso.
E isto porque considero natural ter divergências e discutir essas mesmas divergências.
Mas divergir, discutir e, se necessário, gritar... mas dentro de casa.

O que nos leva ao texto que o Alef referiu.
Se traduzi aquele texto foi precisamente porque se o autor estivesse vivo e me perguntasse o que acho do texto lhe responderia: assino por baixo.
Com todos os defeitos que tem a Igreja é de facto o nosso lar.
Dizia o Cardeal Newman que tinha chegado a um porto de águas tranquilas.
É sempre a verdadeira sensação da "nossa casa": quando no estrangeiro entro numa Igreja "estou em casa"; se contacto com alguma comunidade cristã "estou em família".
No estrangeiro, numa zona maioritariamente não cristã, onde as coisas não estavam a correr lá muito bem, e o stress se começava a fazer notar, ouvimos um grande suspiro de alívio: Olhem, está ali uma Igreja.
Também aí, a familiaridade desanuviou a tensão. E os meus acompanhantes não eram propriamente católicos empenhados ou algo que se assemelhe...
Mas é esta grande família, este grande lar, de quem concordamos e discordamos, mas que é a nossa casa, o nosso porto de abrigo.

E regresso ao princípio: custou-me a compreender a questão. Particularmente o "apesar de". Este "apesar de" dá a ideia que existe uma possibilidade real de um católico se afastar da Igreja. Dá uma certa ideia de condescendência: Eu, que sou um gajo porreiro, até me vou manter na Igreja apesar de não gostar aí de uns certos senhores que só dizem disparates.
É certo que os há, é certo que dizem disparates, é certo que têm de ser metidos na ordem. Mas onde é que este raciocínio me permite, de boa fé, que eu abandone a Igreja?
Aliás é-me lícito abandonar a Igreja? Não me parece.
Eu tenho de seguir aquilo que a minha consciência - e não o amuo ou a vontade do momento - me dita: e a menos que a minha consciência devidamente esclarecida, e obedecendo à razão (não a uma efémera emoção) me mandasse abandonar a Igreja eu nunca o poderia fazer.

E não creio que a minha consciência fosse por esse caminho. É que a Igreja é um "algo mais", indefinível que nos envolve emocional e racionalmente onde nos sentimos bem. Onde se apazigua a razão e a emoção. Onde a consciência, obedecendo à razão, diz: Fica em Paz, fica Bem.

João (JMA)

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 01 de May de 2008 03:36

Caro João (JMA):

Este «post» que escreveste foi o milésimo (desde que há registo, porque tu também escreveste no «Antigo Testamento», antes do registo obrigatório) e foi um «post» bem empregado! Gostei das tuas reflexões.

Pego numa das tuas imagens, sublinhando: «divergir, discutir e, se necessário, gritar... mas dentro de casa».

«Dentro de casa»: eis um «matiz» importante que nem sempre é muito compreendido, porque às vezes se confunde a «divergência» com o «pôr-se fora de casa». E, no entanto, podemos divergir sem que isso signifique desapego pela casa onde estamos. Nesse caso, falamos daquilo que é «nosso»; não nos limitamos a apontar as brechas da casa do vizinho...

Isto leva-me a pensar noutra questão que não tratei no «post»: o próprio conceito de «pertença», que a algumas pessoas causa dificuldades. Há quem prefira não se definir por nenhuma casa, porque aparentemente as casas delimitam um «dentro» e um «fora», acolhem, mas também estabelecem os de dentro, os vizinhos e os estranhos... Até que ponto todas as pessoas aceitam esta ideia de uma pertença necessária? (*) Objectivamente, alguns rejeitam a ideia de uma pertença a uma Igreja, como rejeitam a filiação num partido político ou num clube de futebol... [Lá dizia Groucho Marx que nunca entraria num clube que o aceitasse como membro...] Mas é possível pensar uma Igreja sem sentido de pertença? Seria ainda Igreja? Tem sentido a «velha» questão «Jesus, sim; Igreja, não»?

Possivelmente, há que acrescentar algo. A casa não é apenas «estrutura»; a casa são também as «relações» e o «espaço vital» ou «lar» que cada um leva consigo. E é isto que permanece ao longo dos invernos e crises: uma relação fundante e renovada com o «Dono da casa» e relações fraternas com aqueles que «ali» e n'Ele encontro.

Alef
_______
(*) Isto faz-me lembrar aquele conhecido excerto de Agostinho da Silva:

«Claro que sou cristão; e outras coisas, por exemplo budista, o que é, para tantos, ser ateísta; ou, outro exemplo, pagão. O que, tudo junto, dá português, na sua plena forma brasileira» (Pensamento à Solta)



Editado 1 vezes. Última edição em 01/05/2008 03:40 por Alef.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 01 de May de 2008 21:35

Sou cristã apesar de todos os meios de manutenção de poder que uma Instituição de 2000 mil anos utilizou. Cruzadas, Inquisição, etc.,
Sou cristã porque isso não é mais forte e visivel que o testemunho de tantos santos. Sou cristã por causa de cristãos como Francisco de Assis com sua pobreza voluntária , das Teresas da Igreja, principalmente aquela que trocou Paris por Calcutá. Sou cristã porque isto me aprofunda no Caminho , que precisa ser percorrido em comunidade. E onde está a comunidade com o objetivo de aprofundar no Caminho? Hoje onde estão os seguidores do Caminho?
Só me sinto entre eles na comunidade de fé !

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 05 de May de 2008 21:24

Chris, gostei muito do que escreveste. Espero daqui a algum tempo escrever algo mais sobre o assunto.

Entretanto, deixo aqui um texto que saiu no jornal «Público» (mais propriamente no caderno «P2»), que vem directamente ao encontro de vários aspectos já tocados neste tópico. Recomendo a leitura. De preferência com o coração aberto e heresiómetro desligado. ;-)

Alef





Na primeira pessoa

Sou uma católica das margens, à procura de uma ortodoxia maior



Laura Ferreira dos Santos, autora de dois volumes do Diário de uma Mulher Católica a Caminho da Descrença, conta como escreve este diário singular na literatura portuguesa, as suas distâncias e proximidades com o catolicismo e a fé. E fala ainda dos cuidados paliativos e da morte assistida


Já há muitos anos que escrevo. Neste segundo volume [do Diário de uma Mulher Católica a Caminho da Descrença, ed. Angelus Novus], de vez em quando há extractos de diários antigos. Escrevi sempre porque tinha vários problemas para resolver e porque a escrita foi sempre a melhor maneira de pensar sobre eles.

Há uma canção de Leonard Cohen, que diz mais ou menos: "Toca os sinos que ainda podes trocar,/ larga a tua oferta perfeita,/ em todas as coisas há uma fissura/ e é por aí que a luz entra." Desde que a ouvi, andei sempre à procura dessa luz, não só em circunstâncias de sofrimento, mas também em ocasiões mais favoráveis.

É uma escrita contra os afectos tristes, como diria Deleuze, mas também em busca da alegria possível. Este segundo diário coincide com o meu primeiro cancro, que perpassa pelo texto, tal como a doença e a morte da minha mãe, porque foram cancros em simultâneo. A ideia não é fixar-me aí, é ir passando pela vida, pensando sobre ela. E tentando encontrar soluções para poder continuar... a resistir.

Preciso de escrever para continuar a viver e por isso é que os diários continuam, há mais textos no meu computador. Se agora fôssemos editar o diário correspondente a 2007, veríamos diferenças em relação ao Diário II, não obstante a coincidência estranha de este sair numa altura em que eu tenho recidiva de cancro. A parte final do Diário II indica um caminho que se foi consolidando ao longo dos outros: já não tenho as dúvidas de religião que expressei no Diário I.


O cristianismo sacrificial

Sinto-me mais próxima de Cristo porque os evangelhos sempre tiveram uma grande importância para mim. Vejo, até certo ponto, que não posso ir plenamente a Cristo se não vou pela Igreja. A convicção na existência de Deus reforçou-se, mas serei uma católica nas margens. Algumas pessoas poderão considerar-me pouco ortodoxa. Digo sempre que estou à procura de uma ortodoxia maior. Quando discordo de algumas posições do Vaticano, por exemplo em relação à morte assistida, é em busca de uma ortodoxia maior. Essa ortodoxia que dizem que me falta, considero-a uma ortodoxia menor. À imagem do que Santo Agostinho dizia, sobre a procura de um Deus maior.

Para mim, é importante a luta contra um determinado cristianismo sacrificial, que insiste na ideia de que, a quem te bate numa face, deves oferecer-lhe a outra. Respirei de alívio quando uma psicanalista francesa, lendo o original, afirmou que se devia interpretar de outro modo: "A quem te bate numa face, mostra-lhe um outro caminho". O cristianismo sacrificial não nos ajuda a mudar o mundo; pelo contrario, a sensibilidade ao sofrimento, tão típica de Cristo, torna o cristianismo uma grande energia crítica e emancipatória. Se queremos um exemplo de hospitalidade contrário aos ventos neo-liberais dos nossos tempos, bem podemos encontrá-lo na parábola do bom samaritano.

Houve uma época em que eu não conseguia largar a Subida do Monte Carmelo, de S. João da Cruz. Ele surgiu porque eu precisava de me entender. A "noite do espírito" correspondia muito ao que eu sentia. Teresa de Lisieux apareceu porque era uma personagem que me intrigava. Quando li as Obras Completas, vi que ela não era uma jovem um bocado pueril e aparentemente sem grande profundidade, mas uma rapariga que, não obstante ter morrido cedo, aprofundou muito o cristianismo. É notável a sua luta contra uma espécie de descrença, mas ela continua com fé. Antes disso, o Diário Íntimo de Unamuno marcara-me muito.


As teologias feministas

Lembro-me de uma entrevista com o padre João Resina, na Pública, em que ele dizia que se fosse engenheiro e a Igreja uma fábrica, ele saía; mas como nem a Igreja é uma fábrica nem ele um engenheiro, permanecia. Como também tenho sentido essa impossibilidade de sair da Igreja, mas como a vivência dentro da mesma Igreja também não me é fácil, o diário serve também para pensar.

Nietzsche foi o filósofo que mais se debateu com o cristianismo. Eu andava na Faculdade de Filosofia quando aderi ao cristianismo e quis confrontar-me com Nietzsche, para ver que razões ele tinha de queixa do cristianismo e ver se o conseguia salvar para o meu lado. E também tinha uma certa paixão pela maneira como ele escreve: simples, mas complexa.

Escrevo o diário quase constantemente a ouvir música. Como se a música trouxesse ao de cima aquilo que noutras circunstâncias a pessoa não conseguiria trazer ao de cima. Bach interessou-me não só pelo agrado que musicalmente me provoca, mas também pelo significado de muitas das letras das cantatas, que me dizem muito. Lembro-me da "última luz, irrompe, vem buscar-me", referindo-se à morte. Ainda por cima, é cantado de forma muito harmoniosa, muito bela, isso diz-me muito.

A minha ideia é continuar a publicar o diário. Ele já existe no computador, em 700 ou mil páginas escritas. O diário faz parte da minha vida, é essa arma de resistência e de reflexão. O religioso é uma dimensão que abrange toda a pessoa, não é possível abstrair o que é religioso como se fosse um produto quimicamente puro. O diário serve também, ou sobretudo, para pensar toda a realidade em função disso.

Em dada altura, decidi deixar de ir à missa. Isso coincidiu com um período de maior afastamento da Igreja, quando descobri a teologia feminista. Eu já sabia que as religiões eram todas basicamente androcêntricas, mas não tinha a ideia de que o cristianismo o fosse assim tanto. A influência que o androcentrismo tem no cristianismo - os grandes patriarcas, a liturgia que só pode ser celebrada por homens, a pintura ocidental que mostra, por exemplo, Deus como um senhor de idade a criar um outro homem - das mulheres não reza a história. As mulheres não são dignas de tocar determinados instrumentos.

Há passagens de um outro livro que escrevi, Alteridades Feridas - Algumas Leituras Feministas do Cristianismo e da Filosofia, que começam no diário e depois passam para textos académicos, nos quais continuo a pensar sobre os problemas que tenho - ou me apaixono por aquilo que estou a fazer ou aquilo me diz alguma coisa, ou não consigo fazer.

Esse livro diz-me muito. As questões sobre a invisibilidade das mulheres, do seu disempowerment e do roubo das mulheres quase que brotaram no diário. A questão do roubo já li há muitos anos no Deleuze e outros autores e em que eles dizem qual a principal diferença entre meninos e meninas: muito antes deles, elas são roubadas duma série de potencialidades de desenvolvimento pessoal e social.


Os cuidados paliativos

Não é a morte que me assusta. Acredito que há uma vida para além desta. Nunca me esqueci de um texto dos Irmãos Karamazov, quando um deles pergunta: "Achas mesmo que um dia nos vamos ver todos outra vez?" E o irmão diz simplesmente: "Sim". Quando li isto, veio-me uma lágrima aos olhos. Não é a morte em si que me preocupa. É antes o filme de terror que pode ser, para uma pessoa, a sua despedida desta vida. E não me parece nada que Cristo pretendesse que essa passagem tivesse de ser tão difícil, que as pessoas tenham de sair desta vida numa tão grande agonia.

A morte é uma questão importante para ser decidida. Não gosto de utilizar o termo eutanásia, pois os nazis tinham um programa de eutanásia, que era de extermínio, que não tem nada que ver com um pedido deliberado da pessoa. Morte assistida e cuidados paliativos não se devem opor.

É possível usufruir dos cuidados paliativos enquanto as pessoas acham que vale a pena mas, quando acharem que a situação já é de terror - como aconteceu em França, com Chantal Sébire - devem poder acabar com a vida, acompanhadas dos amigos... Às vezes há uma celebração litúrgica e depois as pessoas recolhem aos seus aposentos e morrem, junto dos mais próximos.

Precisamos imenso de cuidados paliativos. É uma vergonha Portugal ter tão poucos cuidados paliativos. Muitas vezes, as pessoas ligadas aos cuidados paliativos não admitem colocar outras hipóteses. Chantal Sébire morreu na clandestinidade em França e, no mesmo dia, o Hugo Klaus, o escritor belga, morre legalmente.

O que me faz confusão é que haja tanto pessoal de saúde que é a favor da vida mas que depois se esqueça que essa vida é encarnada em pessoas. No Norte, é muito habitual os médicos tratarem as pessoas, sobretudo se são pouco favorecidas economicamente, por tu. Parece-me que isso é um grande desrespeito pela vida daquelas pessoas. Ao não cumprimentar sequer as pessoas que entram num consultório, isso é um grande desrespeito pela vida. Não quero dizer que não haja muitos profissionais de saúde que não sejam humanamente bons.


O encontro com Deus

Gosto muito daqueles coloridos pós-pôr do sol. Espero que o meu encontro com Deus seja também num ambiente desses, que é mais apaziguador, mais belo. Tenho a sensação que só nessa altura, como se diz na Bíblia, todas as lágrimas do nosso rosto serão enxugadas e todas as dúvidas que temos e não conseguimos resolver racionalmente serão resolvidas.

Imagino Deus sobretudo como uma força extremamente acolhedora, como uma energia extremamente acolhedora, um ser de tão grande beleza e bondade que é impossível uma pessoa não se sentir atraída por ele ou não querer imediatamente abraçá-la. A minha ideia do outro lado é que simplesmente vamo-nos abraçar imediatamente e dizer: "Finalmente!"


A partir de entrevista realizada por António Marujo

«P2», 2008-05-05







Editado 2 vezes. Última edição em 05/05/2008 21:48 por Alef.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de May de 2008 09:48

Ontem notei que este «post» foi «respigado» no blogue «Padres Inquietos». Um blogue a visitar.

Alef

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: (IP registado)
Data: 12 de May de 2008 12:25

É uma boa pergunta. Já ma tinha feito a mim mesmo. Porque hei-de ser cristão e católico apesar de tudo? (e deixemos a discussão desse tudo de fora disto, senão lá entraremos em temas indesejados neste tópico)

Para mim, antes, era fácil de responder. Tinha nascido e sido educado com referências católicas e cristãs. Sempre achei que outras Igrejas poderiam ter outras verdades, que a nossa não teria necessariamente de estar 100% certa. Sempre acreditei também que Deus seja bondoso e que a consciência de cada qual é ainda onde temos maior acesso ao diálogo com ele. Tendo consciência de que era novo e de que culturalmente era condicionado pelo que conhecia, decidi-me a ser o melhor católico que pudesse ser. Se o caminho a seguir fosse outro, certamente a minha consciência ou o maior conhecimento do mundo me levaria por aí. Ou seja, era católico porque tinha nascido católico, porque era o meu mundo de referências, porque assim me sentia bem.

Neste momento, sou um católico "à brasileira". É quase apenas um rótulo revelador das referências que guardo. Continuo cristão, à procura da verdade, mas cada vez convivo pior com o "apesar de tudo". Torna-se-me muito difícil suportá-lo. Creio que estou em vias de deixar de ter uma pertença sofrida para viver as coisas mais de fora. Sem abandonar as referências, sem me tornar anti, apenas suspendendo uma vivência mais por dentro*. Até que o apesar de tudo desvaneça. É que começo a sentir-me conivente com situações que rejeito.

* ou procurando alternativas mais saudáveis dentro da própria Igreja, que ainda as há. Mas nesse caso a minha pertença quase passa a ser a essa alternativa.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 12 de May de 2008 14:00

Estava aqui a ler os vossos testemunhos/desabafos e a recordar alguns outros e veio-me à ideia uma imagem.
O difícil papel que cabe a quem manda ( por favor vamos deixar o ES sossegado).

Compreendo que os passos dados pela igreja-hierarquia sejam lentos por prudência. As sociedades são mutáveis, entusiasmam-se facilmente com novidades, diriam mesmo que se inebriam,mas também são dadas a muito desalento e pessimismo - são movidas pelas paixões humanas. Um corpo que se quer orientador, modelador, referência acima das paixões não pode, melhor não deve, ir ao sabor destas "maluqueiras".
Isto claro que tem um preço, há mudanças que não são meras modas, são conquistas da Humanidade cujos valores acabam por levar demasiado tempo a serem reconhecidos pela hierarquia (Galileu, só para dar um exemplo consensual).
Temos assim uma igreja-hierarquia que não recusa avançar, mas é lenta, pesada, obesa. Precisa de dieta, fazer exercício, mudar de estilo de vida.

Alguém que "apesar de" se sente católico, afastando-se e não participando na renovação que sente necessária, não estará a dar carta branca à manutenção dos erros?
Lembrem-se pelo menos daqueles que sendo excluidos sofrem e tentam a reaproximação sem negar aquilo a que acham que têm direito.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: (IP registado)
Data: 12 de May de 2008 14:07

Lena, ficar e participar é uma forma de dar apoio, também. Ainda há pouco tempo um bispo comentava a presença de muitos estudantes na benção das pastas como sendo um grande feito a mostrar a pujança da Igreja. A lógica míope dos números ainda funciona.

Por outro lado, sinto um certo clubismo, uma lógica de nós contra eles e eles contra nós, um extremismo nas palavras, como se vê nos discursos em que se diz que a família está a ser atacada, por exemplo. Se eu estou numa missa e ouço coisas na homilia com que não concordo, sendo que não posso pedir a palavra... quem cala consente.

Já agora, quanto a Igreja ser lenta por não poder ir ao sabor dos tempos e ao tempo na Igreja se medir aos séculos. As pessoas vivem AGORA, sofrem AGORA. Esperar e ser cauteloso para não errar é uma mera cobardia, um lavar das mãos, na minha opinião. Assim a Igreja nunca vai ser útil para ninguém e pior, vai ser tíbia. Pode-se ou não cometer erros por avançar em frente mas vai-se certamente cometer erros se se ficar no mesmo sítio, assobiando para o lado, escondidos por detrás da poeira dos anos a passar.

E pronto, vou-me calar. Acho que estou a ir para onde era suposto não ir neste tópico. Sorry, Alef.



Editado 2 vezes. Última edição em 12/05/2008 14:18 por Zé.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 12 de May de 2008 14:58

A lógica dos números só engana quem gosta de ser enganado.
É aquele uso que fazem para dizer que "somos um pais católico" quando convém e quando não "já há uma enorme crise" e "não existe isso de católico não praticante".

E Zé, alguma prudência é necessária, alguma lentidão é compreensível. Séculos é de facto inaceitável, mas contenta-te por viver agora.
Antigamente as pessoas tinham medo de sair e por isso se mantinham. Hoje até podem estar dentro e falar mal :) Por muito irritados que alguns sectores fiquem é um direito. Resta saber se não será também um dever (pessoalmente acho q é).

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 12 de June de 2008 22:53

Para quem ainda não viu o filme, vale a pena ver:

Católicos bem vindos a Casa

Luís

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 13 de June de 2008 01:22

Caro Luís:

Aplaudo que já possamos ter vídeo cá em casa, mesmo que tenhamos de mudar de sala! :-)

É interessante notar que quer no vídeo, quer neste tópico tem aparecido por várias vezes a palavra casa ou lar. E falar de casa ou de lar é falar de família.

Mesmo podendo ser uma ideia banal, penso muitas vezes no facto de que a família e o lar têm muito pouco de escolha (escolhe-se o marido ou a esposa e quase sempre se escolhe a casa e/ou a sua «configuração»), e muito de «o que nos calha em sorte»: não se escolhem os pais nem os irmãos e, em boa verdade, não se escolhem os filhos, ou aquilo que eles s(er)ão... Muito menos escolhemos os avós, as histórias mais ou menos felizes da família... Para todos os efeitos, é a minha família... Não por acaso, as aparentemente fastidiosas genealogias de Jesus mostram isto mesmo: também Jesus assume uma «genealogia», uma história, não propriamente a mais virtuosa e exemplar...

E algo de parecido acontece na família/lar que é a Igreja...

Na nossa pertença à Igreja há sempre a tentação de querer escolher em muitos detalhes a «família» que «escolhemos»: o perfil da hierarquia, a espiritualidade, aspectos litúrgicos e doutrinais, métodos de pastoral, relevância «social», etc. E esta tentação tanto acontece aos que querem fazer uma Igreja «à sua medida» como aos que querem acabar com as legítimas diferenças na Igreja.

E, contudo, o grande desafio é o da aceitação da «família» que não pudemos escolher pelos nossos critérios, mas que, também por isso, é um enorme desafio. Um desafio que passa por «saber» reconhecer que, para lá das aparências, o Espírito Santo está presente, que onde parece haver apenas cinzas, o leve sopro do Espírito ajuda a perceber que ainda há brasas... que nos aquecem e podem chegar a iluminar.

Parece-me que este último aspecto tem bastante importância no «regresso a casa» de um número importante de («ex-»)católicos. Pena é que às vezes não se lhes dispense o acolhimento mais conveniente...

Não sei bem porquê, mas cada vez mais dou por mim a rezar pela Igreja e pela sua unidade. Este último elemento, o da unidade da Igreja, talvez seja um dos frutos da minha insistência em visitar os blogues tradicionalistas. Quanto mais os visito mais aprecio o Concílio Vaticano II e esta longa cadeia de testemunhos que dos Apóstolos nos conduz até aqui.

Alef

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: (IP registado)
Data: 13 de June de 2008 11:12

O vídeo está muito bem feito.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 17 de July de 2008 16:54

Não gosto de utilizar o "apesar de"... apesar de, por vezes, utilizar...

Acho que em todos os assuntos que envolvem os humanos há sempre o "apesar de".
E como isso sempre acontece parece-me desnecessário utilizar "essa expressão".

Parece-me ser um modo negativo de enfrentar a realidade do dia-a-dia,

Desculpem a comparação mas faz-me lembrar " a garrafa meia cheia e a garrafa meio vazia". Neste caso diria: temos uma garrafa de bom vinho apesar de estar meio vazia. O mesmo se passa com a o facto de sermos católicos, cristãos.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Maite (IP registado)
Data: 23 de November de 2008 21:01

Para mim, que estive "fora de casa", e retornei há dois anos, como filha pródiga, sou católica "apesar de" tudo, pois não saberia ficar sem a Missa, sem a eucaristia, sem a segurança do Magistério do Papa, enfim, sem "família". Por mais disfunctional que seja, é a minha família espiritual, com Deus como Pai e Nossa Senhora como Mãe... nunca mais quero ser órfã !!

Maite Tosta
Pro Catholica Societate

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: Filos (IP registado)
Data: 04 de March de 2009 07:39

Eu desisti de lutar contra as minhas convicções. Decidi fazer tábua rasa de tudo o que me tinham ensinado, e a partir daí construir uma espiritualidade que se coadunasse com as minha convicções. Do que aprendi como católico ficou muito: Amai-vos uns aos outros. O resto foi por mim considerado, inutil, ou futil, ou completamente desnecessário. Não sei nem quero saber, qual o me destino post-mortem, não sei nem quero saber se Cristo é Deus e filho de uma virgem. São coisas que estorvam uma espiritualidade sincera. Abracei mais o humanismo, fazer o bém porque é próprio dos homens e não por ser a vontade de Deus.Quanto a Cristo: grande homem, grande exemplo, ensinou-me a não ser católico. Quanto mais lia o NT menos católico ficava. Os Fariseus para Cristo e Santa Madre Igreja para mim são a mesma realidade. Ainda casei pela Igreja, mas já não batizei os meus filhos. Como moro num pais de muitos credos, já os levei a igrejas, católicas, protestantes, a mesquitas. Rezo com eles. Falo-lhes de Deus o maior super-heroi de todos, o único que existe.
Mas no entanto choquei os meus pais, quando me recusei a ir a Fátima por achar um mau exemplo para os meus filhos, e por achar aquilo tudo um circo onde a espiritualidade está esquecida. Um ajoelhodromo, onde as pessoas se auto-flagelam para agradar o Pai. Um corropio de caixas de esmolas e de venerinhas, dinheiro, muito dinheiro. O próprio culto mariano, Maria foi uma mulher que foi mãe e que sofreu pelo seu filho, mais nada. Quantas Marias há no mundo, quase todas as mães. É curioso que só aos 16 anos soube que nossa senhora da conceição, Virgem Maria, senhora das Dores eram todas a mesma pessoa. Acho que o catolicicismo é o compromisso possivel entre os cristianismo inicial e o paganismo romano. Era necessário substituir aquela miriade de deuses, façam-se santos, venerem-se imagens da mãe de Cristo.

A minha purificação não foi fácil. Mas venci. Agora sinto-me só. pois não há uma igreja sem dogmas, sem regras. Não há uma igreja onde as pessoas possam falar de Deus da maneira como o intrepretam. Ou se Crê em Deus segundo os cânones ou se fica só. Antes só, mas é pena.

Re: Uma pertença sofrida: católico, cristão, "apesar de"...
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 04 de March de 2009 08:06

Amigo, estranho o fato de vc achar que ficar só seja uma vitória. O fato dAquele ter dito "onde dois ou mais..." me chama a atenção, mas vou torcer para que vc encontre o Caminho. Afinal, é o que queremos todos.

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