Citação:aguastranquilas
Cara Cassima, não vejo como comparáveis actos ou existências físicas a sentimentos.
O Amor, a verdadeira amizade, a fé, fazem parte da nossa parte intimista e emotiva, não são modificações. O amor de Camões é o amor de hoje, foi o de outrora e será o de amanhã. Penso que os sentimentos não se quantificam ou definem na sua exactidão, ou se alteram na sua essência. Existem e fazem parte do nosso ser.
Caro aguastranquilas
A essência dos sentimentos e da fé é a mesma, mas ocorrem num determinado tempo e momento da História, com as suas condicionantes. E isso dá-lhes, não um sentido diferente, mas uma vivência própria. Pegando no teu exemplo, o amor da geração dos meus pais é o mesmo, mas foi vivido de forma diferente. Os namorados da época não sentiam um amor diferente, mas faziam a corte com rituais distintos dos actuais. Porque estão ligados à época e sociedade em que se vive e estão dependentes dos seus pre(con)ceitos e regras.
Citação:aguastranquilas
Falas da musica como forma de aproximação, eu vejo-a, nos moldes actuais como uma alavanca. Como um ultimo reduto de conseguir a aproximação. Principalmente dos jovens. Para um católico, a missa ser animada pelos Shalom, acompanhada a Ordão de Tubos ou cantada em Latim, deveria ter o mesmo significado, e não tem. Se o tivesse esta discussão acerca da missa tridentina nunca teria lugar.
Eu não falei da música como forma de aproximação mas de vivência. É diferente. Fazê-lo era esquecer a cultura musical popular que existe na minha terra, quer ao nível profano quer ao nível religioso. Os meus antepassados criaram imensas formas de louvar a Deus com o canto e isso reflecte-se na minha afirmação quando falei numa igreja a cantar o mesmo. Shalom? Órgão de Tubos? Latim? Qual quê! Eu refiro-me ao povo a acompanhar o coro que anima a missa, às vezes com um órgão pequeno e simples, outras vezes sem nada, umas vezes cantando os cânticos da terra, outras vezes cantando cânticos novos. E sim, também há alguns em latim. A diferença que para mim têm os exemplos que dás, é que aí eu sinto-me mais espectadora que participante.
Citação:aguastranquilas
As tradições religiosas não têm de evoluir para se adaptarem a nós, nós é que temos de nos adaptar a elas, sob pena de as perdermos por completo, transformando-as em outra coisa que não a que são. Mas isso, já acontece à séculos e continuará a acontecer. Uns vêem, outros tentãm ver, outros recusam-se a ver.
Pois para mim não é uma coisa nem outra. Não se adaptam a nós nem nós a elas. É um pouco como na minha resposta acima. As tradições têm de manter a sua essência, porque senão passam a ser outra coisa qualquer, mas sofrem pequenos ajustes e adaptações do meio e da época.
Citação:aguastranquilas
Ou seja: Não me faz comichão nenhuma que haja missas em latim ou em chinês, no rito tridentino ou não. A minha fé está para lá do critério clerical colocado à disposição.
Não consegui ainda perceber, é porque faz comichão aos outros. Afinal não somos livres de fazer a nossa escolha como praticantes?
Se leres as mensagens que há sobre este tema, hás-de reparar que a maioria das pessoas aceita que, em comunhão com a Igreja, possa haver essa possibilidade de escolha. O que criticaram (de mim falo) foi a forma como foi feito o Motu proprio e a reacção que a ele tiveram os defensores (não todos) desse rito. De qualquer das formas, aceitar que haja essa possibilidade de escolha não significa que tenha de se reconhecer ao uso do latim a mesma valia da língua materna.
Cassima