No seu livro intitulado "A verdadeira história de Jesus", E. P. Sanders fala-nos do ambiente político, social e geográfico em que decorre a acção de Jesus. Mas não ao ponto de se interrogar, como já vi escrito, sobre quem seria o pai biológico de Jesus. Será legítima a pergunta? A interrogação faz parte do logos estrutural do Universo e talvez por isso as estrelas cintilam, a música é um fenómeno vibratória e a radiação é ondulatória. Pessoalmente não dou valor especial a questões destas, porque procuro guiar-me pelas palavras do Ressuscitado:
"Ide e fazei discípulos entre todas as Nações, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho ensinado. E eu estarei convosco até ao fim dos tempos".

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Sobre a questão dos "irmãos de Jesus", E. P. Sanders não toma posição, dizendo que há fortes argumentos para sustentar as 3 hipóteses, ou seja que os irmãos podem ser outros filhos da mesma mãe, apenas filhos de S. José ou apenas primos de Jesus.
A Bíblia é mais um livro de Estórias que de História. Contra factos diz-se que não há argumentos, mas nas Estórias pode-se condensar o sentido do pensamento e gerar as perspectivas de que precisamos para encarar não só o presente, mas também o passado e o futuro.
Para mim a mais estranha perspectiva àcerca de Jesus vem de S. Paulo quando afirma "por Ele e para Ele todas as coisas foram feitas". Penso exactamente o contrário ou seja "no Universo até o mais humilde raio de luz faz e tem algo a fazer". Comprendo no entanto que em Jesus se condensa o sentido e propósito da criação. Ele é não só o fruto perfeito da evolução do "Homo Sapiens", o Filho do Homem, mas também a meta para os seres humanos que hoje vivem os tempos históricos e que querem, à sua imagem, ser o "Homo Christus".

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Este título, "Verdadeira História de Jesus", é na verdade um golpe publicitário, para atrair os leitores, e assim passar por mais um livro dos que andam a reboque do Código da Vinci.

O título original deste livro é "A figura histórica de Jesus". Foi escrito muito antes do da Vinci e, ao contrário do que o título que lhe deram em português deixa pensar, não tem como objectivo apresentar o Cristo verdadeiro em oposição ao Cristo falso da Igreja. É uma reflexão sobre que podemos saber de Jesus do ponto de vista estritamente histórico, sem que isso se oponha à fé, antes pelo contrário, é um contributo.

Sanders é até um exegeta dentro da ortodoxia. Os editores do livro é que parece que não.

Quando falo do "Homo Christus" refiro-me ao ser humano à maneira de Jesus Cristo, o vivente. De facto este está em total oposição à projecção que dele é feita na figura do rei, o Cristo Rei. Enquanto o Jesus vivente proclama categoricamente a bem-aventurança do perdão e da bondade, o Rei termina sempre os seus discursos com: "atem-lhe os pés e as mãos e lancem-no nas trevas exteriores, onde há choro e ranger de dentes", ou lancem-nos no "fogo eterno". O Rei não aplica a pena de talião; limita-se a multiplicar por infinito as penas a aplicar, até por razões de tuta e meia, e manda degolar os adversários políticos. Talvez seja a projecção do "Messias" que os seus contemporâneos esperavam e o prenúncio do reino do terror em que o cristianismo se veio a transformar. Para quem nunca leu os Evangelhos, está na altura de ler e comparar as duas figuras. Ou talvez sejam estórias para nos avisar de que não devemos esperar grande coisa dos reis, imperadores e afins, constituidos à maneira humana.

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É isso. O poder, quando encarado como valor absoluto, corrompe. Jesus sabia-o bem e por isso recusou uma lógica de poder, acedendo ao valor mais alto da graça. Esta gera, é gerada e confirmada em dinâmicas de valor comunitário. Por isso a Igreja deveria ser comunidade de comunidades assente na paixão pessoal pelo serviço eficaz.

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Ou talvez a violência da palavra se destine a acordar-nos da indiferença e da cobardia. Estes serão porventura os maiores destemperos da condição humana.
Há pessoas que têm o mau hábito de dizer que os milagres são a prova de que Jesus é Deus. Penso exactamente o contrário ou seja, que são prova de que Jesus, é Homem, Homem +. Deus não faz milagres , porque está na origem de tudo o que é universal, vulgar e comum. De particular criou o Homem e a Mulher, dotando-os de uma espantosa individualidade e de capacidades extraordinárias. Os milagres são exactamente a concretização destas capacidades e ainda o prenúncio da capacidade humana de resolver os problemas que enfrenta. É interessante que Jesus relaciona constantemente os sinais milagrosos com a Fé. De facto, no espaço do sentido pessoal é possível que se gerem forças capazes de modificar a realidade. Algumas dessas forças têm aplicações há milénios, por exemplo na detecção de água sub-terrânea.
Também não podemos ignorar que o Antigo Testamento contém muitos relatos de milagres. De momento recordo os milagres de Eliseu, que são muito semelhantes aos de Jesus.
No que respeita à divindade de Jesus sigo o que está na Bíblia. A Ressurreição leva Jesus ao seio do Pai. Aí os discípulos adoram-no. Ele torna-se definitavamente fonte de vida, Deus com o Pai.

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Porque será que Jesus Cristo não deixou escrito, preto no branco, o seu currículum vitae?
Se o tivesse feito, talvez não estivessemos aqui a falar d'Ele.
E que fez durante 30 anos, antes da sua vida pública? Viajou?
Penso que pela leitura, meditação, oração e um trabalho simples germinou para o seu singular sentido de missão, de compreeensão do mistério do ser no e para além do existir, para a sua postura no sentido alfa e ómega da criação. Acedeu, por mérito próprio e em génese espiritual à condição de filho de Deus. Filho de uma Virgem? Concerteza, porque quando uma mulher se abre à graça de Deus não perde a virgindade, mas ganha-a para sempre, pois que os desígnio de Deus são insonáveis e se renovam a cada instante.

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Jesus nunca mandou alguém ajoelhar-se. Pelo contrário diz:
Levanta-te e anda. Os mais afoitos lá vão dizendo:
De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens.
Não, Deus não precisa que andemos de joelhos. Ajoelharmo-nos é uma questão de gosto pessoal. O que nos põe verdadeiramente de joelhos são as agruras da vida, não a fé. Esta serve para que nos levantemos.
Há um só Deus, o de Jesus Cristo, que ama as parcerias, e a quem vamos no misterioso logos do Pai, Filho e Espírito Santo, o logos da Fé cristã.

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