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Novas Paróquias
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 12 de July de 2007 05:23

Aqui está algo que é realmente MUITO importnte.

Citação:
Agência Ecclesia
Mundo em mudança exige novas paróquias
A paróquia, tal como vem sendo concebida ao longo do tempo, tem de reencontrar-se numa sociedade moderna cada vez mais urbana e mergulhada num pluralismo religioso.

O alerta é dado pelos participantes no Colóquio Europeu de Paróquias (CEP), que se realiza no Porto, de 8 a 12 de Julho. A iniciativa acolhe, na Casa Diocesana de Vilar, cerca de duzentos participantes de 18 países da Europa, incluindo alguns da Europa de Leste, e propõe-se reflectir sobre o compromisso exigido aos cristãos pela cultura actual.

“Habitar cristãmente o nosso tempo” é o tema escolhido, abordado por especialistas na área teológica, procurando descobrir novas linguagens para ir ao encontro dos desafios actuais.

Gaspar Mora, padre e professor na Faculdade de Teologia da Catalunha, refere ao Programa ECCLESIA que "a paróquia muda porque há mudança na sociedade, no ambiente, no clima cultural e na experiência religiosa".

A paróquia, assinala, deve ser "lugar da vida e da missão cristã" num mundo "secularizado e muito plural".

Luca Bressan, padre e professor na Faculdade de Teologia de Milão, fala das "mudanças que estão a acontecer na Igreja", destacando a "descoberta" do lugar dos leigos no seu seio, e as mudanças culturais que levam a Igreja a não querer "ditar" respostas à sociedade.

Alphonse Borras, vigário geral da diocese de Liège (Bélgica), acompanhou a reflexão dos participantes que vieram de toda a Europa e afasta a ideia de uma paróquia que se limite a ser "um clube que tem por função responder às necessidades religiosas das pessoas".

O Delegado Nacional dos Colóquios Europeus de Paróquias, Pe. José Manuel Pereira, considera que "hoje as paróquias não podem oferecer respostas que ofereciam há 30/40 anos atrás", perante um mundo em enorme mobilidade. Este responsável destacou que dois terços dos participantes no Colóquio do Porto são leigos, dado que considerou "muito importante".

Em comunhão

Re: Novas Paróquias
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 13 de July de 2007 10:26


Re: Novas Paróquias
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 13 de July de 2007 10:37

Desculpa, procurei o tópico mas não encontrei, se quiseres apaga este e muda a mensage.

Em comunhão

Re: Novas Paróquias
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 13 de July de 2007 10:48

felizmente já não sou moderador.

Apenas coloquei aqui a referencia para quem quiser ler mais mensagens relacionadas com o tema.

Re: Novas Paróquias
Escrito por: Tozé Monteiro (IP registado)
Data: 29 de July de 2007 09:26

Um excelente texto do Tilleul, que merece ser lido:



"Enquanto nos entretemos com missas em Latim, os problemas que comem por dentro e fazem esmorecer as comunidades cristãs persistem e agravam-se. Não menos vezes dou-me conta que um sem número de pessoas se esquece que não basta apenas rezar, há que constituir comunidades que rezem juntos. Um crente só esmorece, e a sua fé seca pela aridez que o envolve. Uma comunidade forte, orante e activa, faz sentir a sua presença na sociedade civil e é um pólo missionário apresentado ao serviço e na acção, sustentado pela Eucaristia vivida e participada.

O modelo paroquial está a definhar, não por ser antigo mas porque o ritmo de vida urbano, solitário e móvel não permite tempo a que se criem bases sólidas que possibilitem o florescer de comunidades de vida cristã. Para além disso há acrescentar a falta de padres o que irá obrigar a uma mais que previsível diminuição do número de paróquias, a um distanciamento entre o pastor e as ovelhas e uma diminuição do número de eucaristias.

Assim há que entender urgentemente que a comunidade de crentes não se pode resumir ao conceito tradicional de paróquia com um ou mais padres que se dedicam a 100% o seu tempo às coisas do mundo religioso.

A solução, e o Concílio Vaticano II é profético neste aspecto, passa por um maior papel dos leigos sendo que o papel dos padres terá que voltar ao papel ocupado durante as primeiras comunidades cristãs. Os padres e consagrados tendo uma posição itinerante de vigilância, de apoio espiritual, de condução espiritual muito ao estilo de Paulo, Pedro e os primeiros apóstolos, e os leigos organizando as suas celebrações da palavra, catequeses, baptizados, casamentos e funerais, grupos de vista social e pastoral e administração da vida comunitária.

Hoje em dia, creio que demasiadas vezes, as paróquias tornaram-se lugares de administração em que o lugar mais visitado é o cartório. Em vez de ser um espaço de partilha, fervilhante de vida e actividades pastorais e sociais, é o lugar da desobriga dominical, um lugar das obrigatórias festas para o povo ver e estigmatizado pelas únicas frequências serem durante os funerais. As comunidades tem que se tornar mais autónomas e espontâneas no sentido de actuação e celebração da fé em Cristo mas com cristãos melhor formados e conhecedores da sua fé para que permaneçam em unidade com a Igreja.

Tenho o privilégio de conhecer algumas paróquias que são realmente comunidades orantes, pedras vivas da Igreja Infelizmente a realidade mais comum é aquelas que muitos conhecem que leva os jovens a abandonarem porque acham a paróquia uma seca e os mais velhos se ressequirem por dentro numa solidão cada vez profunda.

As paróquias do futuro serão muito maiores e, independentemente do número de crentes, organizadas e dividas por grupos de afinidades/talentos. As celebrações da palavra paroquias terão que ser mais frequentas pressionadas pelas necessidades de doses diárias oração comunitária. As Eucaristias embora mais raras serão apreciadas como momentos especiais de reunião e de unidade comunitário. Os padres poderão ser menos ou não mas terão que deixar de ser administradores de bens para serem pescadores de homens e pastores de almas."


Catolica Praticante



Editado 2 vezes. Última edição em 29/07/2007 09:27 por Tozé Monteiro.

Re: Novas Paróquias
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 21 de October de 2007 17:07

Vale a pena ser lido na integra. Obrigado Senhor!

O P. José Cortes svd, a passar umas merecidas férias em Janeiro de Cima, sua terra natal, festejou com todos os seus familiares e conterrâneos, no passado dia 8 de Setembro, as bodas de prata de profissão religiosa. Desde 1986 que o P. Cortes está a trabalhar na Missão na Amazónia, Brasil. Homem aberto ao ser humano e à natureza, tem vivido ao lado do povo lutando muitas vezes pelos “sem terra” e contra toda a injustiça social. Missionário atento ao sopro do Espírito, viveu com particular interesse a V Conferência Latino Americana (LA) de Aparecida. É a partir desta vivência que lhe pedimos para trocar com os leitores do Contacto SVD algumas impressões sobre a importância desta Conferência para a Missão em toda a América Latina.

Contacto svd: A V Conferência Latino Americana, em Aparecida, será recordada como a Conferência Missionária por excelência. Quais são para ti os traços mais marcantes para a acção evangelizadora hoje na América Latina?

José Cortes: O documento final da Conferência de Aparecida, na opinião de muita gente, é o melhor documento produzido até hoje pelos bispos latino-americanos e reafirma o que há de melhor nas conferências anteriores e isso, segundo alguns teólogos brasileiros como Clodovis Boff e Comblin, dentro de um quadro teológico muito mais rico, seguro e homogéneo.

O documento apresenta três elementos-chave para uma acção evangelizadora hoje, na América Latina ou em qualquer parte do mundo: Fé viva em Cisto a partir de uma experiência de encontro (discipulado); fé essa que se irradia no mundo em forma de missão (apostolado) e que se prolonga na sociedade em termos de compromisso pela justiça e pela vida.

No documento vemos que o relançamento da missão evangelizadora do Continente Americano parte em tudo e sempre de Cristo. A fé é apresentada como uma experiência de encontro com a pessoa viva de Jesus Cristo. Não é uma simples aceitação de doutrinas ou uma opção ética ou tradição cultural.

A partir do documento, podemos dizer que a acção evangelizadora tem de mudar radicalmente. A Igreja Latino-americana tem-se dedicado a uma “evangelização de manutenção”. Manutenção de paróquias, manutenção de estruturas que não respondem aos novos desafios. A catequese tem sido simples doutrina e aceitação de fórmulas. É-se católico por tradição. Há que voltar ao encontro com Cristo, diz o texto. Os bispos propõem o itinerário de uma primeira iniciação à vida cristã, quer dizer: introduzir “mistagogicamente” os afastados da fé na escuta da Palavra, na oração pessoal e na Eucaristia.

Recriar um catolicismo de “iniciados” que verdadeiramente tenham um encontro pessoal com Cristo e com a comunidade.

Este processo não quer levar as pessoas para dentro da estrutura da Igreja, já que as próprias estruturas têm de se transformar. Quer “criar” cristãos a partir do encontro pessoal com Cristo e não com doutrinas. Clodovis Boff define assim este processo: “ Só um processo de iniciados mistagogicamente é realmente evangelizador, socialmente fecundo e eficazmente resistente ao secularismo moderno assim como aos proselitismos actuais.

Contacto svd: Esta nova etapa de evangelização que se pretende seja um maior compromisso missionário requer mudanças substanciais, uma vez que os métodos aplicados até agora parecem estar esgotados. Na tua opinião quais sãos as mudanças substanciais e quais os métodos a aplicar?

José Cortes: Anteriormente falei um pouco nas mudanças e nos métodos novos. No entanto gostaria ainda de acentuar alguns elementos que são importantes para entender a nova etapa que se prepara para a Evangelização na América Latina:

Em primeiro lugar, as paróquias. As paróquias continuam sendo a base de toda a pastoral na América Latina. O lançamento das Comunidades Eclesiais de Base (CEB) foi um sopro do Espírito. No entanto poucas dioceses entenderam esse novo projeto evangelizador que se propõe sair das estruturas paroquiais e ir para o meio do povo. Poucas paróquias se transformaram em redes de comunidades eclesiais. No entanto, o caminho é esse: sair da estrutura burocrática e clerical da paróquia e inserir-se no meio do povo de Deus. Não devemos esperar que as pessoas apareçam na Igreja, mas devemos ir ao seu encontro. Graças a Deus, já há um caminho trilhado por alguns. No entanto tem de se transformar no caminho de toda a Igreja. No século XX as Ordens e Congregações assumiram paróquias e com isso somente uma pequena minoria se dedicou à missão. Assim mesmo usaram métodos adaptados ao século XVII ou XVIII, mas totalmente inadequados no século XX. Dedicaram-se ao mundo rural no momento em que 80% da população latino-americana migrava para as cidades.

Isto leva-nos a um segundo ponto: o mundo urbano. A nossa acção evangelizadora ainda não se deu conta das profundas transformações por que passou a América Latina.

Actualmente a realidade é totalmente urbana e nós continuamos com uma estrutura paroquial rural. Para não falar dos outros, até nós, Missionários do Verbo Divino na Amazônia, nos demos conta muito tarde desta nova realidade. Durante muito tempo o nosso trabalho concentrou-se sobretudo no interior e a cidade pouco interesse nos despertava. A partir de uma reflexão estamos revendo a nossa atitude para com a realidade urbana e a aceitação de novas paróquias.

O terceiro ponto está relacionado com o papel dos religiosos e religiosas na América Latina. O projeto de Aparecida vai exigir uma mudança de mentalidade e uma mudança de comportamento. A missão será a prioridade e deixará no segundo plano a administração da pequena minoria que frequenta as paróquias. Os religiosos vão ter que voltar à sua vocação original, e deixar de ser administradores de paróquias ou de obras. Vão ter que voltar para o meio do povo e a partir do meio do povo iniciar com o povo o novo processo “mistagógico”. É necessário voltar ao contacto pessoal, ao encontro com Cristo e com os irmãos a partir de comunidades inseridas no meio do povo e a partir das CEB’S que nascem no meio dos pobres, pela acção do Espírito.

O quarto ponto importante é a acção dos missionários leigos. A Igreja latino-americana tem de continuar a sua opção pelos ministérios laicais e fomentar o aparecimento de missionários leigos no meio do povo de Deus. Essa consciência missionária existe. Há que incentivá-la e transformar a Igreja do continente numa Igreja ministerial e missionária.

Por último, o Pentecostalismo. Este movimento está em plena expansão em todos os continentes e também na América latina. Muitos católicos deixam a Igreja para integrar uma comunidade pentecostal. Os pastores são inumeráveis. Em vários lugares do mundo dos pobres, os pentecostais já são mais numerosos do que os católicos. Seria necessário analisar as razões desse êxito.

Contacto svd: O documento final reafirma a opção preferencial e evangelizadora pelos pobres. Pensas que esta idéia da Conferência de Medellín (Colômbia 1986) estava gasta, tinha caído em desuso ou andava silenciosa para agora se voltar a reafirmar?

José Cortes: A Igreja latino americana não esqueceu esta opção pelos pobres. Na verdade ela continua bem presente numa grande parte das acções evangelizadoras no continente. Tentaram foi silenciar a Teologia da Libertação, uma teologia com o rosto da América Latina.

Importaram-se novos movimentos e modismos. Incentivaram-se as comunidades ligadas ao Renovamento Carismático Católico, que seria o contraponto da Teologia da Libertação. Mas esta opção continuou e no documento ganhou uma nova amplitude. Quando se pensava que esta conferência iria sepultar definitivamente a “opção preferencial pelos pobres”, ela deu-lhe uma nova amplitude. Identificou, no dizer de Clódovis Boff, “novos rostos” da pobreza: os desempregados, os refugiados e migrantes, os doentes da Sida, os tóxico-dependentes, a população de rua, as mulheres vítimas da violência, os presos, os afro-descendentes...

O desafio que se coloca à Igreja é de como ela poderá ser para estas populações de excluídos, o rosto misericordioso de Deus, como diz Clodovis Boff, uma Igreja “agápica”, enquanto se faz samaritana de todos os caídos à beira das estradas do mundo, cuidando deles e curando-os.

Contacto svd: Quais são para ti os piores entraves à missão?

José Cortes: No momento os piores entraves à missão são as estruturas pesadas da Igreja, sobretudo as paróquias cheias de pequenos afazeres e “burocracias “, que nos ocupam todo o tempo a administrar coisas, quando devíamos estar no meio das pessoas. O clero é outro grande entrave à evangelização. Foi educado para ser padre dentro das Igrejas e sacristias, cumprir rituais e administrar os sacramentos e outros serviços a uma minoria que frequenta a Igreja. O clero diocesano e os religiosos foram educados, na sua maioria, para viver à sombra das estruturas e não estão preparados para uma nova forma de evangelizar que exige missão, isto é: ir ao encontro do outro, em pé de igualdade, com alegria e entusiasmo, levando a Boa Nova de Jesus Cristo, totalmente desarmados de certezas, verdades e preconceitos. Será necessário mudar radicalmente a formação do clero diocesano e nós, religiosos, voltarmos às origens da missão. A missão terá que ser a prioridade. No entanto, é sempre muito mais fácil chegar, abrigar-se à sombra de uma paróquia e burocratizar a evangelização...

Contacto svd: Quais são para ti as propostas fundamentais daquele que quer ser missionário?

José Cortes: O documento de Aparecida mostra muito bem o que é um missionário: um homem ou uma mulher, clérigo, leigo, consagrado ou consagrada, que tem uma fé viva em Jesus Vivo, Ressuscitado, Glorioso, a partir de um encontro pessoal com Ele, que transforma a pessoa em ouvinte da Palavra, e pertença de um povo de crentes, que se converte aos poucos em apóstolo da mesma Palavra e a vive num compromisso permanente para com a justiça e a vida. O missionário precisa aprender a estar presente no mundo de hoje, como um sinal de vida renovada, animada pela fé, esperança e caridade. O missionário deve estar atento às vozes do Espírito para descobrir caminhos novos e novos apelos que vêm do meio do povo. O problema é que a maioria das vezes a Igreja está surda ao Espírito.

Em comunhão

Re: Novas Paróquias
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 21 de October de 2007 19:19

Parece-me que esse problema com o modo de tratar as paróquias vai além da simples escolha de um modelo administrativo para a igreja católica. Acho que tem a ver com o significado de ser católico, ou como o modo como as pessoas entendem isso, e, indo mais longe, com o modo de ser cristão. Mais longe ainda: Para que um cristão precisa de uma igreja? É possível ser cristão sozinho, sem se reunir para celebrar com outros? E, se for necessário, precisa haver referência com um lugar, ou uma paróquia?

A noção de paróquia está diretamente associada com a noção de "território", seguindo uma estrutura comum de governo do antigo império romano. No mundo moderno, entretanto, com os novos meios de transporte, o espaço de locomoção das pessoas cresceu enormemente. Muitos católicos participam de uma missa hoje em um lugar, amanhã em outro, e ainda trabalham noutro e moram noutro. A noção de "paróquia" territorial ainda faz sentido?

A quase totalidade dos católicos, e mesmo incluindo muitos padres ao que parece, infelizmente, vêem a igreja como um "super-mercado de sacramentos". Isso está, inclusive, atrelado com o modo como boa parte da hierarquia entende a evangelização: um "treinar" pessoas a ir a missa e a confessar. Para muitos, se a igreja está lotada, tudo "anda bem". E nem vou perder tempo falando sobre "missa em latim", que seria apenas mais uma embalagem de produto do super-mercado. Um prefere hóstia sabor morango enquanto outro prefere sabor de abacaxi, e ainda há quem diga que o atual papa cuida dos "assuntos sérios", mas de longe não parece que alguma coisa tenha mudado, apesar do esforço demandado com as questões de latim.

O pároco da igreja onde eu congregava colocava o foco da paróquia na questão de "formar uma comunidade cristã", e eu sempre ficava atento para as idéias daquele padre, uma das pessoas com maior sentido de igreja que já conheci! As celebrações lá eram belas e acontecia às vezes de alguém de fora querer se casar na paróquia, e a resposta era invariavelmente a mesma: pode sim, celebre aqui junto conosco, e, qdo todos nos conhecermos, talvez daqui a uns meses, talvez daqui a um ano, a celebração será ainda mais bela, pq será celebrada junto com a comunidade, e a celebração terá um novo sentido.

Quando alguém da paróquia pedia algum documento na paróquia para se casar noutro lugar, pq aquele "padre chato" não celebrava fora da igreja e nem deixava enfeitar a igreja "de acordo", segundo o gosto de um casal mais rico, nunca era negado. A resposta era parecida: tentamos construir uma comunidade aqui, um casal mais pobre muitas vezes não tem recursos para enfeitar a igreja de modo especial, então não parece que ajuda a formar uma comunidade criar dessas separações entre pobres e ricos que podem gastar para enfeitar a igreja; mas se o casal rico quer fazer o casório noutra paróquia, está no seu direito, e que se entendam com o padre de lá, mas aqui não podemos fazer diferente pq tentamos ser uma comunidade.

A celebração do casamento foi somente um exemplo. Tudo naquela paróquia era conduzido dentro desse espírito. A catequese tb era especial, os ministros eram mudados de 2 em 2 anos, e quase todos tinham menos de 30 anos, pq "divisão de tarefas ajuda a formar comunidade". Se faltava algum ministro, ou um catequista, por exemplo, a catequese ficava fechada (!), pq: "se não há comunidade..." Mas não fechava, talvez pq a comunidade foi tomando consciência do seu papel, não faltavam ministros. Uma vez faltaram alguns, mas o padre não deixou que continuassem, já tinha se passado os 2 anos, resultado: diminuiram o número de missas. Quando alguém ia reclamar, a resposta era conhecida: "a comunidade está menor, então não precisamos mais de tantas missas", e "se a comunidades crescer, aumentamos o número de missas".

Claro que uns não gostaram e foram reclamar com o bispo, mas o bispo conhecia muito bem aquele padre: "se fosse outro talvez eu ficasse preocupado, mas se aquele padre disse que a comunidade está menor, então não precisa mesmo de tantas missas". (rs)

Tenho saudades daquela paróquia!

Fiquei sabendo que o pároco mudou, que o bispo disse que precisava daquele padre ajudar a formar comunidade em outro lugar; mas um amigos daquela paróquia - acabei criando muitos amigos lá - disseram que o novo padre não está tendo tanto trabalho, pq parece que o povo de lá já aprendeu o que é ser comunidade.

Paz e Bem.

Re: Novas Paróquias
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 23 de October de 2007 14:03

Olá firefox

As questões que apresentas aplicam-se bem a um meio urbano. Assim, à tua pergunta
Citação:
A noção de "paróquia" territorial ainda faz sentido?
eu diria, sim, mas num meio de interior. Nós somos muito territoriais. É o nosso espaço, a nossa igreja, o(a) nosso(a) padroeiro(a), as nossas festas, os nossos usos.
Num meio urbano as pessoas facilmente transitam dum local para o outro, as raízes são menos fundas.

O exemplo fantástico desse padre que dás, que fez com que a comunidade se organizasse e trabalhasse em vez de ver sempre os mesmos a fazer as coisas, também é mais difícil de conseguir num meio do interior, por causa da desertificação que está a acontecer: há cada vez menos pessoas e as que ficam são por norma os mais idosos. Essa rotatividade é muito difícil de levar a cabo em alguns sítios.

Essas novas formas de paróquia terão de levar em conta a realidade urbana e a do interior.

Um abraço

Cassima

Re: Novas Paróquias
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 24 de October de 2007 04:04

Oi Cassima,

Como de costume, achei muita sabedoria nas tuas palavras.

E um outro abraço para ti.



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