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Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 30 de June de 2007 08:53

Em bom espírito democrático queria, antes demais, dar os parabéns a todos os tradicionalistas pela conquista que conseguiram. Afinal foram anos a fio a lutar, a fazer cisões e pressões, jogos de bastidores, milhares de sites e opinion makers de forma a alcançarem os seus objectivos. Há esperança assim que o Vaticano se torne mais democrático e que olhe com a mesma condescendência para outras minorias.

Mas hoje perguntam-se muitos, em quê exactamente vai mudar o Motu próprio da liberalização da Missa Tridentina?
Sim mudam algumas coisas. Com esta decisão a missa passa a ter quorum mínimo. Mínimo de 30 fieis e um padre que queira celebrar, senão fica para a próxima.
Muda também o conceito de comunidade paroquial em que os diversos movimentos tem que estar inseridos. Agora quem quiser, de forma bastante democrática pode organizar a sua própria paróquia e ganha grátis um relíquia pré conciliar, o Missal de Pio V.
Muda por fim a visão da Igreja/Hierarquia de ver o mundo. Face aos problemas em vez de procurar soluções, volta-se para trás para tentar ver se tudo volta a ser como era. Também não entendo bem o que quer dizer ser como era, mas acho que a ideia geral é de ver se a Hierarquia consegue de novo ter uma influência paternalista nos crentes.

Bolas, isto é só vantagens! Mas perguntam alguns, "Então isto é só coisas boas?"

Quase. Apesar de tantas mudanças, porque admito que este Motu próprio trará mudanças também a nossa Senhora de Fátima que fez o motu próprio por isso também não faz milagres. Também não vamos exigir que o Papa com este documento resolva todos os problemas que a Igreja tem em mão, como o número decrescente de consagrados, a linguagem desactualizada da catequese e o problema dos deslocados territorialmente, a democracia e a colegialidade dos bispos, a ecologia e o aquecimento global, os avanços na medicina, o diálogo ecuménico e a necessidade de fortalecer as comunidades de crentes cada vez mais sós num mundo que os despreza.

Ninharias... Mas também a quem interessa estes assuntos senão a meia dúzia de leigos metediços e a mulheres que querem mandar mais do que devem?

Por fim perguntam alguns, "Onde está a solução para tal Igreja em crise de que tantos falam?"

Acho que este motu próprio vai ser a verdadeira solução para as comunidades cristãs se debatem face ao mundo cada vez mais anti-clerical. Sejamos honestos, o problema está nos leigos. Querem participar demais, fazer as tarefas dos padres, querem até estudar e aprender teologia. Estão a querer saber demais. Mas como não tem o sacramento da ordem só estragam em vez de ajudar. Por isso a solução é simples. Voltar a ter os ritos tipo magia de forma a que ninguém possa vir com intenções de querer fazer as vezes do padre. Não tens "ordem" não fazes parte do clube. Ponto final. Depois voltar a ter as coisas de forma a que ninguém intenda e assim quem não intende também não pode vir com críticas muito grandes. E finalmente como eu sou padre e tu és leigo, eu mando tu ouves e calas, tu que és leigo mesmo sendo ateu, tens que me ouvir e calar.

Fácil! Porque é que não se penou nisso antes? Volta Monsenhor Lefevbre, pode ser que na onde ainda te apressem o processo de beatificação.

Não resisto a partilhar esta imagem convosco. Já estou a ver a Catedral de Lisboa a arrebentar de reconvertidos, os sinos a rebate para toda a Cristindade. O Diário Ateísta a ranger os dentes de raiva pela nossa capacidade de síntese, eficácia de pensamento e deste golpe final nas aspirações de ter um sociedade laicizada. A Palmira do rerum mundi sem capacidade a escrever um artigo a admitir que esteve errada todo este tempo e que a terra é plana e havia dinossauros na Arca de Noé.

Para terminar ponho uma citação do senhor dos pneus, esse profeta da desgraça que sempre nos acompanhou nesta luta incansável:

Citação:
O fantástico e igualável Professor Pirelli
Aliás, o modo que Bento XVI escolheu para liberar a Missa é sintomático: ele vai liberar a Missa por meio de um Motu Proprio, isto é, por meio de um documento papal que indica ser uma vontade pessoal do Papa. Uma decisão oficialmente tomada por sua única vontade, sem necessidade de consultar os Bispos. O que é um golpe na Colegialidade em má hora e erradamente proclamada pelo Concílio Vaticano II.
O Motu Proprio vai contra a Colegialidade do Vaticano II.
Sutilmente... Juridicamente...
Sem pretender-se tal, o Motu Proprio de Bento XVI, como dizem os italianos, "è proprio um terremoto". É mesmo um terremoto.
Ó Terremoto imensamente desejado que causará a ruína, o desmoronamento e o sepultamento da Nova Igreja Modernista nascida do Concílio Vaticano II!

Sintomático!

Em comunhão

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 30 de June de 2007 09:50

É ridículo dizer que um Motu Proprio significa o fim ou um golpe na colegialidade dos bispos. Como se os Papas pós-Conciliares anteriores a Bento XVI não tivessem publicado este tipo de documento. Puro engano. Paulo VI publicou 42 (quarenta e dois) documentos deste tipo, enquanto João Paulo II publicou 24 (vinte e quatro). Até ao momento Bento XVI publicou quatro.

Alef

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 30 de June de 2007 10:22

Concordo que um Motu Proprio por si só não confere um golpe, mas concordo com o Tilleul que é um mal sinal. Antes os P6 e JP2 tivessem abandonado essa prática, mas o Vaticano II era então mais jovem e talvez por isso tantas motocas: 42, 28, 4, ... que cheguem logo ao zero. Foi essa mais uma pisada na bola do B16.

Mudando de assunto: uma dúvida, já que o teatro tem quorum mínimo, o que acontece se parte da platéia sair antes da distribuição das bolachas? A mágica então não acontece?



Editado 2 vezes. Última edição em 30/06/2007 10:24 por firefox.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 30 de June de 2007 14:05

[...]
___

A colegialidade dos Bispos ainda não é, comprovadamente, boa. Para mais, nunca funcionou e Deus queira que nunca funcione a 100%. Lembrem-se só de que os Sínodos tipo o da Eucaristia TÊM de ser aprovados pelo Papa, e este nunca vai abdica dos seus poderes.
Quem hoje não entende o que é a Igreja Católica são muitos dos modernistas, que querem permitir tudo, desde que o povo esteja feliz. Em "Deus e o Mundo" o Papa critica fortemente essa atitude. Deus queira também que Bento XVI viva muitos mais anos, para mudar o que fôr preciso, e pôr os pontos nos 'i's do Vaticano II. Notar bem que não é preciso anular o Concílio.

________
Editado por Alef: substituí por «[...]» uma frase menos própria.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.



Editado 1 vezes. Última edição em 30/06/2007 17:21 por Alef.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Alessandro (IP registado)
Data: 30 de June de 2007 15:20

Ora, Ora... O Motu Próprio nem saiu e está a dar nos nervos de tanta gente.

É, no mínimo, interessante, acham belas liturgias da Missa com palhaços, Missa com macumba, Missa com bruxas, com rock, com baldes de água lançados ao povo, mas a Missa Tridentina, esta é verdadeiro sacrilégio, um horror sem precedentes.

Muito interessante, tanto ódio por uma Missa, vindo de "católicos" que amam tantos tipos de Missa...

Apologeta - Apostolado Defesa Católica



Editado 1 vezes. Última edição em 30/06/2007 15:31 por Alessandro.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 30 de June de 2007 19:34

acho que agora vão revindicar que se volte a ensinar latim nas escolas.
Sabe que me faz falta o latim...
Salve a Ação de Graças em lingua vernácula que abriu os tesouros da Bíblia para o povo!

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 30 de June de 2007 20:27

Como sempre, a ladainha tridentina sobre os ódios e os modernistas... já faz graça.

Por partes:

1) Criticar a colegialidade dos Bispos é próprio das cabeça formadas no espírito da monarquia absolutista. Os pobres católicos que padecem desse mal ainda confundem a igreja católica com o império romano e olham para o papa como um tipo de imperador romano, um divino César católico. Quem fala contra a colegialidade dos bispos na igreja sabe pouco do evangelho e mal da igreja: o papa nada mais é que um bispo, como qualquer outro bispo, apenas reconhecido no seu múnus particular de zelar pela unidade. Acontece que não há unidade sem a colegialidade e então nem sequer faria mais sentido a existência de um papa.

2) Sobre isso do B16 "pôr os pontos nos 'i's do Vaticano II"... é o tipo de esperança de quem acha que o futuro da igreja está no passado da idade média. Mais vale lutar por colocar bolachas diretamente sobre a língua e nunca na mão, isso mudará o mundo.

3) Sobre as missas com palhaços, baldes d'água, mulheres barbadas e ursos ciclistas. Além dessas agora existirão outras atrações: as missas presididas pelos reis momos ornamentados em trajes carnavalescos de gala, repetindo palavras desconhecidas pela platéia, em número reduzido mas não menor que 30.

No lugar de lutar para elitizar o circo, os medievais fariam melhor se repensassem a sua noção de igreja. A cada dia que passa se parecem mais com fósseis vivos. Certamente que uma missa não devia se parecer com show de rock, nem com festinha de criança, nem com um flashback da idade média.

A missa é uma oração da assembléia cristã, é um encontro de iniciados, dos discípulos que se reunem para fazer memória do nascimento, vida, morte e ressurreição do Cristo. A Assembléia se encontra no evangelho e, na sua maior parte, as confusões e divisões acontecem qdo se afastam das Escrituras. Dá até calafrio qdo começam com dinâmicas de gosto duvidoso ou alguma outra coisa estranha para chamar a atenção. Qdo acham que isso é preciso então é o reconhecimento de que ali não se encontra mais a Assembléia, trata-se já de uma platéia, e o teatro já está condenado ao fracasso pq os atores são amadores e a peça é sempre a mesma. Cansa!

4) Pena que a reflexão morreu na cabeça dos católicos que concluiram que a idade média foi o paraíso na terra... Oxalá não seja o caso daqueles que passeiam por essas bandas.

Paz e Fogo.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 00:50

Ora treinemos o latim:
"Et in Terra Pax ominibus bonae voluntatis" (mais ou menos: "e paz na terra aos homens de boa-vontade"). A chatice do latim são as declinações e as concordâncias, segundo me disseram. Talvez fosse melhor adoptar o Esperanto como lìngua oficial da Igreja.

*=?.0

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 01:44

A Colegialidade deve funcionar porque os Bispos formam uma teia, uma rede de contactos hierarquicos, que administra a Igreja. Informam o Papa sobre o estado da Igreja no mundo, pois Este não tem possibilidade de saber tudo, sem a ajuda dos Bispos. Exemplo disso é a acção de João Paulo II em convocar a opinião dos Bispos para depois redigir a encíclica ECCLESIA DE EUCHARISTIA, em 2003... a sua última.

E é interessante que um dos capítulos da dita Encíclica se chame "O Decoro na Celebração Eucarística". Cito algumas partes. A completa pode ser encontrada em [www.vatican.va]

"48. Tal como a mulher da unção de Betânia, a Igreja não temeu « desperdiçar », investindo o melhor dos seus recursos para exprimir o seu enlevo e adoração diante do dom incomensurável da Eucaristia. À semelhança dos primeiros discípulos encarregados de preparar a « grande sala », ela sentiu-se impelida, ao longo dos séculos e no alternar-se das culturas, a celebrar a Eucaristia num ambiente digno de tão grande mistério. Foi sob o impulso das palavras e gestos de Jesus, desenvolvendo a herança ritual do judaísmo, que nasceu a liturgia cristã. Porventura haverá algo que seja capaz de exprimir de forma devida o acolhimento do dom que o Esposo divino continuamente faz de Si mesmo à Igreja-Esposa, colocando ao alcance das sucessivas gerações de crentes o sacrifício que ofereceu uma vez por todas na cruz e tornando-Se alimento para todos os fiéis? Se a ideia do « banquete » inspira familiaridade, a Igreja nunca cedeu à tentação de banalizar esta « intimidade » com o seu Esposo, recordando-se que Ele é também o seu Senhor e que, embora « banquete », permanece sempre um banquete sacrificial, assinalado com o sangue derramado no Gólgota. O Banquete eucarístico é verdadeiramente banquete « sagrado », onde, na simplicidade dos sinais, se esconde o abismo da santidade de Deus: O Sacrum convivium, in quo Christus sumitur! - « Ó Sagrado Banquete, em que se recebe Cristo! » O pão que é repartido nos nossos altares, oferecido à nossa condição de viandantes pelas estradas do mundo, é « panis angelorum », pão dos anjos, do qual só é possível abeirar-se com a humildade do centurião do Evangelho: « Senhor, eu não sou digno que entres debaixo do meu tecto » (Mt 8, 8; Lc 6, 6).

49. Movida por este elevado sentido do mistério, compreende-se como a fé da Igreja no mistério eucarístico se tenha exprimido ao longo da história não só através da exigência duma atitude interior de devoção, mas também mediante uma série de expressões exteriores, tendentes a evocar e sublinhar a grandeza do acontecimento celebrado. Daqui nasce o percurso que levou progressivamente a delinear um estatuto especial de regulamentação da liturgia eucarística, no respeito pelas várias tradições eclesiais legitimamente constituídas. (...)

51. O que aconteceu em terras de antiga cristianização no âmbito da arte sacra e da disciplina litúrgica, está a verificar-se também nos continentes onde o cristianismo é mais jovem. Tal é a orientação assumida pelo Concílio Vaticano II a propósito da exigência duma sã e necessária « inculturação ». Nas minhas numerosas viagens pastorais, pude observar por todo o lado a grande vitalidade de que é capaz a celebração eucarística em contacto com as formas, os estilos e as sensibilidades das diversas culturas. Adaptando-se a condições variáveis de tempo e espaço, a Eucaristia oferece alimento não só aos indivíduos, mas ainda aos próprios povos, e plasma culturas de inspiração cristã.

Mas é necessário que tão importante trabalho de adaptação seja realizado na consciência constante deste mistério inefável, com que cada geração é chamada a encontrar-se. O « tesouro » é demasiado grande e precioso para se correr o risco de o empobrecer ou prejudicar com experimentações ou práticas introduzidas sem uma cuidadosa verificação pelas competentes autoridades eclesiásticas. Além disso, a centralidade do mistério eucarístico requer que tal verificação seja feita em estreita relação com a Santa Sé. (...)

52. De quanto fica dito, compreende-se a grande responsabilidade que têm sobretudo os sacerdotes na celebração eucarística, à qual presidem in persona Christi, assegurando um testemunho e um serviço de comunhão não só à comunidade que participa directamente na celebração, mas também à Igreja universal, sempre mencionada na Eucaristia. Temos a lamentar, infelizmente, que sobretudo a partir dos anos da reforma litúrgica pós-conciliar, por um ambíguo sentido de criatividade e adaptação, não faltaram abusos, que foram motivo de sofrimento para muitos. Uma certa reacção contra o « formalismo » levou alguns, especialmente em determinadas regiões, a considerarem não obrigatórias as « formas » escolhidas pela grande tradição litúrgica da Igreja e do seu magistério e a introduzirem inovações não autorizadas e muitas vezes completamente impróprias.

Por isso, sinto o dever de fazer um veemente apelo para que as normas litúrgicas sejam observadas, com grande fidelidade, na celebração eucarística. Constituem uma expressão concreta da autêntica eclesialidade da Eucaristia; tal é o seu sentido mais profundo. A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade onde são celebrados os santos mistérios. O apóstolo Paulo teve de dirigir palavras àsperas à comunidade de Corinto pelas falhas graves na sua celebração eucarística, que tinham dado origem a divisões (skísmata) e à formação de facções ('airéseis) (cf. 1 Cor 11, 17-34). Actualmente também deveria ser redescoberta e valorizada a obediência às normas litúrgicas como reflexo e testemunho da Igreja, una e universal, que se torna presente em cada celebração da Eucaristia. O sacerdote, que celebra fielmente a Missa segundo as normas litúrgicas, e a comunidade, que às mesmas adere, demonstram de modo silencioso mas expressivo o seu amor à Igreja."


Lembro o que diz o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica quando fala na co-existência de vários ritos, no número 247:

Citação:
Porque é que a Igreja celebra o único Mistério de Cristo segundo tradições litúrgicas diferentes?
1200-1204 ; 1207-1209
Porque a insondável riqueza do Mistério de Cristo não pode ser esgotada por uma única tradição litúrgica. Desde as origens, esta riqueza encontrou, nos vários povos e culturas, expressões caracterizadas por uma admirável variedade e complementaridade.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Simone (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 04:01

Alessandro,

pois é ainda nem saiu e já causa muitas reações em diversos lugares e setores da Igreja.
Mas é até de se imaginar pois até o próprio papa Paulo VI disse que a volta da missa de São Pio X seria a condenação do CVII através de um símbolo, imagina os mais "moderninhos"?!

A fonte da desta frase do papa Paulo VI se encontra em um livro Jean Guitton, que era grande amigo do papa.

" ...Reconheço que a diferença entre a liturgia de São Pio V, e a liturgia do Concílio (chamada freqüentemente, não sei por que, de liturgia de Paulo VI) é muito pequena. Na aparência,a diversidade [no ofertório das duas Missas] repousa numa sutileza. Mas essa missa dita de São Pio V, como se a vê em Ecône, se torna o símbolo da condenação do Concílio. Ora, jamais aceitaremos, em nenhuma circunstância, que se condene o Concílio por meio de um símbolo”. [destaque nosso].
“Se fosse acolhida essa exceção, o Concílio inteiro arriscaria de vacilar. E conseqüentemente a autoridade apostólica do Concílio”. (Jean Guitton, Paulo VI Secreto, editora San Paolo, Milano, 4 a edição, 2.002, versão integral do francês aos cuidados de David M. Turoldo e Francesco M. Geremia, pp. 143-144-145 – Título original Paul VI Secret, Desclée de Brouwer, Paris).


Toda essa reação meu caro Alessandro já vem desde o ano passado e agora só tende a aumentar. infelizmente.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 04:03

Citação:
A Colegialidade deve funcionar porque os Bispos formam uma teia, uma rede de contactos hierarquicos, que administra a Igreja. Informam o Papa sobre o estado da Igreja no mundo, pois Este não tem possibilidade de saber tudo, sem a ajuda dos Bispos.

Não Diogo, vc está errado. Não é isso que é a colegialidade! O papa nem sequer tem que saber de tudo: ele não é um super-homem, ele não é Deus. O papa não tem que decidir tudo na igreja, ele não é um imperador, não é um xerife, nem mesmo é algo próximo de um "super-bispo". Os outros bispos não foram feitos para serem espiões ou olheiros do Vaticano, nem muito menos para serem meninos de recados do papa.

Todo e qualquer bispo tem maioridade, tem autoridade, e representa a igreja no espaço da sua diocese. Eventualmente que os bispos podem receber, e por vezes recebem, a visita de algum núncio ou outro enviado do Vaticano, mas tudo isso deve ser encarado com a naturalidade e a hospitalidade esperada entre os irmãos que compartilham a mesma fé: mais outro sinal de unidade.

O modelo centralizado de igreja é caduco, não expressa bem a catolicidade da igreja, atrapalha a pregação e prejudica a inculturação do evangelho. As conferências dos bispos fazem parte de um modelo melhor de igreja, expressam muito melhor o entendimento dos ensinamentos do espírito de Deus que moveu o Vaticano II. Para ser cristão e para ser católico não é necessário ser europeu, nem falar latim. A igreja descentralizada é mais aberta, mais evangélica, mais capaz de se fazer próxima dos muitos povos que formam a nossa igreja, o mesmo povo a quem devem supostamente servir e pastorear. A igreja descentralizada, representada na colegialidade dos bispos, tem no papa um irmão e não um capataz, e é uma igreja muito mais ágil e muito mais hábil para ressaltar e partilhar as riquezas de cada cultura.

Quanto menos "poder" um papa precisar mostrar na igreja, tanto mais autoridade ele revelará. Esse é mais outro daqueles muitos paradoxos: o poder do alto se revela melhor na mansidão que no exercício da força ou na violência. O modelo medieval de igreja não é lá um modelo muito evangélico, esse já foi tarde.

Paz e Vento.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Alessandro (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 06:47

Está errado Firefox,

As Conferências Episcopais não possuem uma base teológica, não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente uma função prática, concreta” Cardeal Joseph Ratzinger, -- hoje Papa Bento XVI, -- A Fé em Crise, E.P.U. , São Paulo, 1985, p. 40).

Ou seja, as conferências episcopais não fazem parte da Igreja Católica, talvez da sua nova igreja, mas não da Igreja Católica. São apenas organizações que, na maioria das vezes, tens mais finalidade políticas, do que religiosas.

E o modelo que você chama de "caduco" é modelo querido por Cristo, ele fez a sua Igreja assim, o modelo que você segue não é Dele, e o resto você já sabe...

Apologeta - Apostolado Defesa Católica



Editado 1 vezes. Última edição em 01/07/2007 06:49 por Alessandro.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 12:58

Caro Alessandro:

Então o firefox fala em colegialidade e tu respondes com o tema das Conferências Episcopais?

Alef

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Alessandro (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 14:06

Alef, lê novamente!

Citação:
Firefox
As conferências dos bispos fazem parte de um modelo melhor de igreja, expressam muito melhor o entendimento dos ensinamentos do espírito de Deus que moveu o Vaticano II.

Apologeta - Apostolado Defesa Católica



Editado 1 vezes. Última edição em 01/07/2007 14:06 por Alessandro.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 18:02

Muito embora desconfie que estejamos mudando de assunto, sigo um pouco adiante.

Citação:
“As Conferências Episcopais não possuem uma base teológica, não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo: têm somente uma função prática, concreta” Cardeal Joseph Ratzinger, -- hoje Papa Bento XVI, -- A Fé em Crise, E.P.U. , São Paulo, 1985, p. 40).

Os literalistas têm muita dificuldade na interpretação de textos, por isso, Alessandro, deveria tomar um cuidado maior. Parece-me que vc se enrolou novamente. Havia alguma coisa mais que não colou para cá? Vejamos:

1) "As Conferências Episcopais não possuem uma base teológica..." : há muito para se pensar sobre o sentido dessa afirmação e sobre o fim para o qual foi colocada na época, mas claro está que falta, para quem pretende desqualificar as conferências episcopais, apresentar as "bases teológicas" para o modelo de igreja eurocentralizado. Como o Ratzinger é suficientemente esperto para não se meter nessa empreitada, a tarefa fica então para vc, Alessandro.

2) "...não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo" : outra afirmação que, considerada em seu aspecto teológico, levanta uma infinidade de questionamentos. Afinal, qual estrutura é indispensável para a Igreja de Cristo? Um estado monárquico com sede na Itália, construído através de negociatas, inquisições, venda de indulgências, e acordos com ditadores, muito dificilmente seria algo para ser considerado indispensável para a Igreja de Cristo.

Correto, entretanto, está o Ratzinger qdo diz que as conferências episcopais não são indispensáveis para a Igreja de Cristo. Não são mesmo! Como tb não são o Vaticano e nem toda a estrutura geo-política católica que foi herdada do império romano. A igreja primitiva contava apenas com uma rede de comunidades fundadas pelos apóstolos, que catequizavam outros missionários, que por sua vez ajudavam a fundar outras comunidades. Cada uma dessas comunidades, uma vez estabelecidas, funcionavam de maneira autônoma. Toda a estrutura atual da igreja católica é pura contingência histórica, como pode atestar o exemplo da igreja ortodoxa, que tb é católica e não conta com nenhum estado monárquico vaticano para existir.

Desse modo, Alessandro, se pretende distorcer as palavras do Ratzinger para defender um modelo eurocentralizado de igreja, ainda te falta muita coisa, vc tem ainda muito trabalho pela frente.

3) "...têm somente uma função prática, concreta" : Não era de outro tipo de função que eu falava. Veja:

- o modelo centralizado de igreja não expressa bem a catolicidade da igreja, sua rigidez atrapalha a pregação e prejudica a inculturação do evangelho. Para ser cristão e para ser católico não é necessário ser europeu, nem falar latim.

- o modelo descentralizado de igreja é mais aberto, mais evangélico, mais capaz de aproximar a igreja dos muitos povos que a formam. Constitui um modelo muito mais ágil e muito mais hábil para ressaltar e partilhar as riquezas de cada cultura.

Como compreendeu o Ratzinger, as conferências episcopais não são indispensáveis, mas têm uma função prática, concreta. Alessandro, o que foi que eu disse que vc não entendeu sobre a colegialidade dos bispos? Não te parece que uma igreja descentralizada, na qual todos os bispos trabalham em conjunto, é muito mais capaz de estar próxima das pessoas? No que um modelo centralizado, monocultural, é melhor para expressar a colegialidade dos bispos da nossa igreja? Qual a vantagem de todas as decisões partirem somente de uma pessoa enclausurada no palácio vaticano?

Citação:
Alessandro
Ou seja, as conferências episcopais não fazem parte da Igreja Católica, talvez da sua nova igreja, mas não da Igreja Católica. São apenas organizações que, na maioria das vezes, tens mais finalidade políticas, do que religiosas.

As conferências não fazem parte da igreja? De onde vc tirou isso? Do catecismo do Prof. Pirelli?

Citação:
Alessandro
E o modelo que você chama de "caduco" é modelo querido por Cristo, ele fez a sua Igreja assim, o modelo que você segue não é Dele, e o resto você já sabe...

Eu não sou católico pirelliano, Alessandro, então não participei da mesma escolinha que vc. Por isso posso te dizer que queimar as pessoas na fogueira, cortar cabeças em cruzadas, vender lotes no céu e indulgências, e construir grandes palácios para papas monarcas às custas do sangue e do sofrimento das pessoas, isso certamente não pode ser entendido como algo querido por Cristo. É a esse modelo que vc se refere?

Vc devia ler o NT novamente, diretamente das Escrituras, sem passar pelos comentários do Prof. Pirelli. Tenha especial atenção para a novidade trazida pelo Cristo, pois não vai encontrar nenhuma referencia a um modelo monárquico nas palavras de Jesus.

Paz e Fogo.



Editado 1 vezes. Última edição em 01/07/2007 18:05 por firefox.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 19:14

Quando cheira a podre e a bafio aparecem logo os abutres...

Agoiros de desgracas maiores?

Aqui o Amigo Alessandro esquece-se por exemplo que durante muuuitos séculos as Igrejas locais funcionavam autonomamente.

Não é preciso ser muito letrado em latim para se entender isso. Não é preciso ser doutorado em Teologia para perceber isso olhando para o modelo de Igreja nas Igrejas Orientais. Aliás, dizia-se antigamente que as igrejas locais eram fundadas, não evangelizadas. Mas isto são detalhes.

Só não vê quem não quer.

Mas o que vale é que pessoas como a Simone e seu mestre e senhor, o senhor do stand dos pneus, não têm medo de dizerem abertamente as suas intenções. Acabar com o concílio Vaticano II.

Em comunhão

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 19:25

A propósito das conferencias episcopais, e se antes de escreverem disparates fossem ler os Actos dos Apóstolos?

Liturgias nao sao questoes fundamentais, e cada Papa pode gostar mais ou menos do latim, do árabe, do aramaico ou do chines.

Mas quanto à colegialidade dos Bispos, nao é questao de gosto, mas de essencia da Fé.

Em consonancia com a ideia da nao-colegialidade deveriam talvez propor uma alteraçao aos Actos dos Apóstolos, nao acham?

E marcar a vossa circuncisao, depois de apagarem a discussao de Paulo com Pedro.

João (JMA)

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 01 de July de 2007 20:15

Carissimos defensores da missa tridentida, façam o favor de dizer aqui no fórum se querem que o Concíclio Vaticano II desapareça do mapa. Eu pessoalmente acho isso um absurdo. E gostava que todos fossem sinceros. O meu desejo para esta liberalização é unicamente para haver mais escolha, visto que a missa tridentina não vai contra a doutrina da Igreja. E espero que isto não dê aso a segundos planos maquiavélicos.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 02 de July de 2007 02:25

Por isso é que a Conferência Episcopal dos Bispos Brasileiros (CNBB, se não me engano) é tão fortemente criticada. É pela "agilidade" e facilidade de "inculturação" que hoje se vêm missas com palhaços...

Passo a citar a Constituição Dogmática Lumen Gentium :[www.vatican.va]

"22. Assim como, por instituição do Senhor, S. Pedro e os restantes Apóstolos formam um colégio apostólico, assim de igual modo estão unidos entre si o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os Bispos, sucessores dos Apóstolos. A natureza colegial da ordem episcopal, claramente comprovada pelos Concílios ecuménicos celebrados no decurso dos séculos, manifesta-se já na disciplina. primitiva, segundo a qual os Bispos de todo o orbe comunicavam entre si e com o Bispo de Roma no vínculo da unidade, da caridade e da paz (...)

Porém, o colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união com o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, entendido com sua cabeça, permanecendo inteiro o poder do seu primado sobre todos, quer pastores quer fiéis. Pois o Romano Pontífice, em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, tem nela pleno, supremo e universal poder que pode sempre exercer livremente. A Ordem dos Bispos, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua perpetuamente, é também juntamente com o Romano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja (63), poder este que não se pode exercer senão com o consentimento do Romano Pontífice. (...)

Pelo que, cada um dos Bispos, quanto o desempenho do seu próprio ministério o permitir, está obrigado a colaborar com os demais Bispos é com o sucessor de Pedro, a quem, dum modo especial, foi confiado o nobre encargo de propagar o cristianismo (...)"


E que falar da Christus Dominus? Cito:

"4. Os Bispos, em virtude da sua consagração sacramental e pela comunhão hierárquica com a cabeça e os membros do colégio, são constituídos membros do corpo episcopal (1). «A ordem dos Bispos, porém, que sucede ao colégio dos Apóstolos no magistério e no governo pastoral, e, mais ainda, na qual o corpo apostólico se continua perpètuamente, é também, juntamente com o Romano Pontífice, sua cabeça, e nunca sem a cabeça, sujeito do supremo e pleno poder sobre toda a Igreja, poder este que não se pode exercer senão com o consentimento do Romano Pontífice» (2). Este poder «exerce-se solenemente no Concílio Ecuménico»(3): por isso, determina o sagrado Concílio que todos os Bispos, membros do colégio episcopal, têm direito a tomar parte nos Concílios Ecuménicos.

«O mesmo poder colegial pode ser exercido, juntamente com o Papa, pelos Bispos espalhados pelo mundo, contanto que a cabeça do colégio os chame a uma acção colegial ou, pelo menos, aprove ou aceite livremente a acção conjunta dos Bispos dispersos, de forma que haja verdadeiro acto colegial» (4)."


Penso que Roma respondeu às vossas perguntas...

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: O Motu Proprio que liberaliza a Missa
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 02 de July de 2007 02:29

E respondendo ao seven, não me oponho de todo ao Vaticano II. Seria muito errado da minha parte citar documentos conciliares acima, sem concordar com o Concílio.
Eu assisto à missa no Novus Ordo, e pretendo celebrar nesse rito, mas queria, democraticamente, que houvesse oportunidade para todas as visões, assim como o Rito Ambrosiano e o Copta podem co-existir na Igreja. De resto, tudo tem a ver com o facto de ser conservador e de ter muito apreço pela ordem na Igreja e pelo Primado de Pedro.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

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