Caro Diogo,

estás completamente errado. Se existe Papa que está em todos os sentidos na mais pura sintonia com o 2º Concílio do Vaticano é Bento XVI.

Mesmo porque este os documentos deste Concílio são obra de várias pessoas entre elas um tal de Joseph Ratzinger, que tem umas ligações com este Papa...

O que aconteceu depois do Concílio é que umas franjas marginais e não representativas acharam que podiam aceitar deste Concílio só umas partes: uns católicos self-service, do tipo "deixa-me cá escolher aquilo com que concordo".

Exemplos: já o Alef os citou.

Já agora esclarece-me:
- onde e quando foi condenada por este Papa "a Teologia da Libertação"?
- qual foi a dureza com que tratou o celibato dos padres?
- quais foram os outros "erros" do Concílio?

João (JMA)

O Ministério da Saúde do Paróquias avisa:

O consumo continuado do site Montfort é irritante podendo conduzir à morte por aborrecimento.
Opte por um estilo de vida saudável.


Proposta da semana:
Termas de Monfortinho

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

JMA

[www.bbc.co.uk]

Citação:

O Vaticano anunciou nesta quarta-feira uma notificação em que pune o teólogo jesuíta Jon Sobrino, considerado um dos maiores expoentes da Teologia da Libertação.
Acusado de ressaltar em seus livros a humanidade de Jesus Cristo (e não a sua divindade), Sobrino, um espanhol que vive em El Salvador há mais de 50 anos, já sabia que seria punido.
O processo de investigação contra o teólogo começou em 2001. Com a publicação oficial da notificação, Sobrino passa a ser o primeiro teólogo a ser "silenciado" no papado de Bento 16.
De acordo com o documento da Congregação para a Doutrina da Fé (o antigo Santo Ofício, cuja função é promover e tutelar a doutrina da fé e da moral em todo o mundo católico), foram analisados dois livros de Sobrino: Jesus Cristo Libertador – Leitura Histórico-Teológica de Jesus de Nazaré e A Fé em Jesus Cristo – Ensaio a Partir das Vítimas.
"Optou-se por este procedimento tendo em conta, entre outras razões, a grande difusão que tiveram, sobretudo na América Latina, as obras de Jon Sobrino", diz o documento.
'Imprecisões'
O Vaticano afirma ter encontrado imprecisões na obra do jesuíta, nascido em Bilbao no ano de 1938.
"O padre Sobrino tende a diminuir o valor normativo das afirmações do Novo Testamento e dos grandes Concílios da Igreja antiga", diz a Santa Sé.
"Tais erros de índole metodológica levam a conclusões não-conformes com a fé da Igreja em pontos centrais da mesma: a divindade de Jesus Cristo, a encarnação do Filho de Deus, a relação de Jesus com o Reino de Deus, a sua auto-consciência, o valor salvífico da sua morte."
No último domingo, o arcebispo de San Salvador, monsenhor Fernando Sáenz Lacalle, antecipou a decisão do Vaticano.
"O padre Jon Sobrino será impedido de dar aulas em qualquer escola católica ou publicar livros até que revise as suas conclusões", afirmou.
Na ocasião, o monsenhor pediu a Sobrino, professor e um dos criadores da Universidade Centro-Americana, que apoiasse os ensinamentos da Igreja "para evitar as controvérsias que ainda geram a atividade dos teólogos liberacionistas, especialmente, em função da 5ª Conferência Episcopal Latino-americana", que será aberta pelo papa no dia 13 de maio em Aparecida.
Silêncio obsequioso
Entre 1981 e 2005, o então cardeal Joseph Ratzinger esteve à frente da Congregação para a Doutrina da Fé e puniu com rigor os dissidentes.
Entre eles, o religioso brasileiro Leonardo Boff, um dos mentores da Teologia da Libertação, foi condenado, em 1985, ao "silêncio obsequioso".
Conhecido como um dos principais teóricos da Teologia da Libertação, movimento de caráter religioso, político e social que se desenvolveu rapidamente por toda a América Latina a partir dos anos 1960, Sobrino foi homenageado no último fórum internacional da teologia, realizado em janeiro, em Nairóbi, no Quênia.
O movimento em favor dos pobres e marginalizados ganhou oposição da hierarquia da Igreja Católica desde o início. Muitos de seus líderes foram silenciados e, nos anos 1990, o papa João Paulo 2º chegou a dizer que a teologia estava morta.
Hoje, a Teologia da Libertação é um movimento globalizado. Tem integrantes em todas as partes do mundo, que se reúnem em grupos de feministas, indígenas, ecologistas, afro-descendentes e acadêmicos.

É engraçado como eles(quem escreveu o texto - escrito a azul) à socapa, mandam umas bocas à Igreja. Ou seja, a Igreja não será a favor dos pobres e marginalizados. Bemm!

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho



Editado 2 vezes. Última edição em 23/04/2007 13:23 por s7v7n.

O facto é que divindades há-as aos pontapés. Em geral são divindades que até exigem sacrifícios humanos para sua satisfação ( é por exemplo o caso do deus "consumismo"). O que não há são pessoas humanas ao jeito de Jesus Homem, de Jesus, Filho do Homem, onde brilha fulgurante a centelha divina do amor, da liberdade, da inovação e da fidelidade. O que eles querem é serem tidos por deuses e não por homens, cuja marca na história deve ser o serviço e não a petulância. Abaixo a bajulice!

*=?.0

Caro s7v7n:

É preciso ter cuidado com o que se lê, sobretudo com leituras requentadas. Se tivesses lido a Notificação, verias que não há qualquer punição, ao contrário do que aconteceu com outros teólogos. Em lado nenhum se diz que ele está obrigado a um «obsequioso silêncio», ou que não pode ensinar, que não pode publicar, etc., ao contrário do que aconteceu com outros nomes, como Roger Haight, Leonardo Boff, etc.

De resto, a notícia contém importantes imprecisões.

Já abordei esta questão aqui e ali.

Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 23/04/2007 14:02 por Alef.

Cara Lena:

Acho que tens razão. O site do senhor Orlando, além de se apropriar indevidamente de um nome (contra os Missionários Monfortinos), é pouco recomendável como leitura única.

Alef

Que alucinação coletiva este consumismo, que nos leva para a exaurir o planeta e sacrificar a criação.
Mas além do consumismo , o que há?
Famílias que não conseguirão gastar todo dinheiro que acumulam... porque querem mais .. se tem mais do que suficiente para muitas gerações?
A quem interessa a pobreza e a ignorância?
Quem ganha com o povo ignorante?
Uma massa se tijolos sem pensar , como gado...a sustentar as pirâmides.
Será que nos resta apenas esperar pelas prometidas bem aventuranças eternas, isto é , a justiça do Cordeiro?
Pois eles não creem na eternidade e acreditam que com a morte tudo termina, assim nem ao Filho temem e zombam de Sua Palavra.



Editado 1 vezes. Última edição em 23/04/2007 14:23 por Chris Luz BR.

Alef,

não tinha conhecimento dessa notificação. Compreendo que seja bem mais credível do que estas notícias que andam pela net.

Tu dizes:

Citação:

Em lado nenhum se diz que ele está obrigado a um «obsequioso silêncio», ou que não pode ensinar, que não pode publicar, etc

Então isto que está no site é totalmente falso certo?

No último domingo, o arcebispo de San Salvador, monsenhor Fernando Sáenz Lacalle, antecipou a decisão do Vaticano.
"O padre Jon Sobrino será impedido de dar aulas em qualquer escola católica ou publicar livros até que revise as suas conclusões", afirmou.

Ok, já percebi, o arcebispo disse aquilo que julgava ser e afinal não foi certo? Então e as falhas que o Vaticano encontrou no livro dele? Também não encontrei na recomendação "recomendações" que o obrigassem a corrigir o livro ou a aconselhar os crentes a não lerem o mesmo.

ps, já procuraste as cenas que te pedi? ;) Quando tiveres manda-me sfv,

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho



Editado 1 vezes. Última edição em 23/04/2007 14:36 por s7v7n.

Alef,

É pena que o Professor Pirelli faça censura, porque gostava de lhe perguntar meia duzia de coisas.

Em comunhão

Tilleul,

aqui fica a minha simples opinião.

1ª crítica - A falta de contextualização do Teologia da Libertação e dos movimentos de esquerda na América Latina. Há uma longa lista de Bispos e padres com provas dadas de fidelidade e santidade quenão podia ser simplesmente silenciada e excluída de ensinar. Eu compreendo, ao vivo, os males do comunismo, mas em democracia tanto é necessário a esquerda como a direita. De outra forma é a ditadura ideológica.


Quanto a isso, penso que Igreja Católica foi bem explícita. Houve erros que foram feitos e ditos. Quem ensina mal, não deve ensinar.


2ª crítica - Por outro lado a excessiva permissividade com regimes ditaturiais direita, onde um dos casos mais sonantes foi o ditador Pinochet.

Sinceramente este assunto faz-me muita confusão. Não percebi qual era o nível de amizade do Papa JPII, e se condenava ou não todas as patifarias que o Pinochet fez. Haverá algo na net que seja verdadeiro e que fale sobre isso?

3ª crítica - Passividade perante o crescente número de denúncias de casos de abuso sexual por parte do clero. Isto com a pouca abertura ao uso de contraceptivos, em especial em continentes como a Africa, onde a SIDA é uma epidemia, fez com que muita gente se afastasse da Igreja olhando-a como quemtem 2 valores e 2 medidas.

Se eles esconderam criminosos, então são coniventes com eles. Também não posso falar muito porque teria que lhes perguntar o que é que fizeram ou o que é que deixaram de fazer.
No que toca aos contraceptivos, a Igreja sempre foi por instruir as pessoas pela abstinência, quando estão infectadas, e pela fidelidade. Acho que existem por aí uns gráficos ou mapas ou o que seja que fala sobre essa missão. Ou então é tudo falso. Isto hoje em dia sabe-se lá...

4ª crítica - A excessiva marianização da Igreja e do culto dando lugar a muitos abusos e neo-paganismos.

Maria terá sempre um lugar especial na Igreja. O problema é que muitas pessoas ficam obcecadas e depois cometem exageros. Mas a meu ver a Igreja não tem de andar a repreender todos os movimentos que existam. Porque senão não faria mais nada. As pessoas também têm de ver o que é que andam a fazer, e ver o que é que aconselha a Igreja.

5ª crítica - Com um pontificado tão longo, foi uma oportunidade que se perdeu de fazer muitas das reformas que os seus precedores preconizaram e que o Concilio recomendava.

Eu acho que não. Acho que ele aguentou a sua cruz até ao fim. E se há coisas a serem mudada, elas serão mudadas a seu tempo.

Por isso, se dizem que há falhas no pontificado de JPII, aceito sim, ele era um humano como todos nós. Se ele andou a tentar desculpar as patifarias do Pinochet e concordava com elas, isso já não sei. Era preciso muita investigação séria. Ficamos só pelas opiniões.

No que toca ao Sr. Fedeli até tinha uma proposta. Digam o que acham.

Já que encontram tantas falhas no que ele diz, porque não abrir um tópico, ou mesmo uma secção para se expor as mesmas falhas com argumentos válidos. Poderia-se falar do Papa João XXIII, daquele tema do Escutismo e a maçonaria, o Concílio Vaticano II. Tantas...

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

S7v7n,

Mais uma vez notícias tendenciosas contra Ratzinger de sectores anglo-saxónicos.
Nada de novo, portanto.

Mas o que pretendias com a interpelação?

João (JMA)

Tilleul:

Podes fazer-lhe as perguntas que quiseres, por «e-mail». Mas vais ter essencialmente respostas com argumentos «ad hominem». Leva um extintor e umas pomadas. :-p


S7v7n:

No momento em que saiu a Notificação, Jon Sobrino já tinha deixado de ensinar, aparentemente por ter chegado à idade de se reformar e para se dedicar inteiramente à escrita. Há quem especule que ele, suspeitando do aparecimento da Notificação, e para evitar maiores danos, aproveitou para deixar de ensinar. Isto são especulações ou, pelo menos, nada vi de concreto e credível quanto a isso. O que, sim, é certo, é que, ao contrário de muitos outros casos, em que se dizem quais as sanções, neste caso não são especificadas quaisquer sanções. Não é silenciado ou proibido de ensinar (como se diz explicitamente no caso de Roger Haight ou Leonardo Boff, nem se diz que os seus livros têm que ser refeitos (como acontece no caso de Marciano Vidal, em assuntos como o aborto e a homossexualidade). Chama-se a atenção para pontos duvidosos ou eventualmente «perigosos», mas nada se diz quanto a sanções concretas.

De resto, note-se que --a meu ver-- o documento é muito pouco taxativo, excepto num ou noutro caso. Várias vezes o documento não condena o que dizem os livros de Jon Sobrino, mas o que as pessoas poderão ser levadas a pensar ao ler o que ele escreve. O que, convenhamos, é um argumento muito fraco. Alguns pontos são detalhes muito técnicos, sem maiores consequências. Outras coisas são mais importantes. Talvez um dos pontos mais sérios tem a ver com a figura do pobre como lugar teológico. Pessoalmente, parece-me que neste ponto a Congregação Para a Doutrina da Fé tem razão, muito embora haveria que ver se Jon Sobrino toma as coisas de modo exclusivista. Normalmente o problema das heresias não está tanto no que se afirma, mas, sobretudo, no que se nega.

Quanto às «cenas» que me pediste, nada de conclusivo e já fiz algumas tentativas. Fui ter às tuas «cenas» (as tuas discussões noutros lugares) e a outras parecidas... Umas no cravo, outras na ferradura. Ainda não perdi a esperança, mas tenho tido pouca paciência e o tempo não tem abundado...

Alef

Esta notificação demonstra o Pontificado de Ratzinger: A congregação para a Doutrina da Fé a esclarecer pontos que podem gerar confusão.

Aliás já Ratzinger procedera de forma idêntica no texto em que chama a atenção para os desvios a que podem conduzir "algumas teologias da libertação".

É o "Professor" a puxar as orelhas a uns alunos.

Ao mesmo tempo que escreve textos e os coloca expressamente à discussão no mundo dos teólogos, afirmando claramente não se tratarem de textos do magistério.

João (JMA)

Mas agora o professor Ratzinger é o Papa Bento XVI , é Pastor ...

JMA,

este texto que postei demonstra claramente que não se deve postar textos da NET sem os rever bem primeiro ;)

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Chris,

até por isso é prova de humildade o que Bento XVI fez: ao escrever o livro não quiz sequer deixar quaisquer equívocos e expressamente colocou-o à discussão.

Um Bom Pastor não tem medo que as suas ideias sejam discutidas: numa posição de serviço e não de autoridade coloca a sua procura para ajudar todos os crentes ( e não crentes).

João (JMA)

Eu não estou tão certo acerca do carácter não magistral do texto de Ratzinger. Ele sabe muito bem que não é duas pessoas, mas apenas uma. Mais: ele sabe que não é um teólogo igual aos outros; ele sabe que vem afirmar uma posição e que dificilmente virão apresentar críticas declaradas às suas teses, sem que isso pareça um afrontar da pessoa de Bento XVI... eu tenho imensas dúvidas acerca deste texto e receio (e para já é só um receio) que deseje condicionar a discussão científica sobre o Jesus histórico... a ver...

Abraço fraterno,

Miguel

Caro rmcf,

Discordamos.

Dizes que ele não é um teólogo como os outros. Quando escreve este livro, é. Como qualquer teólogo, a sua autoridade está no que escreve, nos argumentos e fundamentos que usa.

Para que não houvesse dúvidas disse-o expressamente.

É um teólogo com mais créditos que outros. É verdade. Mas o teólogo construiu essa reputação com ideias e obras, não com títulos.

O condicionamento da discussão acontece com qualquer livro: condicionamento que resulta da bondade dos argumentos e da qualidade do texto.

Só por um errado exagero de centralismo e de temor reverencial (pelo qual já considerou a hierarquia responsável, começando por ele próprio) é que se torna necessário vir Bento XVI dizer que não é uma obra de Magistério.

Conheces outros exemplos semelhantes, de outros Papas?

João (JMA)

A ver vamos... eu pessoalmente não me sinto minimamente condicionado: mas parece-me evidente que a voz dele no debate, muito legítima claro, é também condficionadora do debate: volto a dizer que ele não é apenas um teólogo. Ele é o papa. E isso pode talvez condicionar mais do que as ideias. Espero que não. E acredito que muitas universidades não se venham a sentir condicionadas. Mas não estou nada certo dessa bondade de intenções nem das possibilidades reais de se vir a dizer que Ratzinger não tem razão (caso venha a ser esse o caso).

Abraço fraterno,

Miguel

Esta moda de o Papa se dividir em dois pode ser perigosa. Ágora apetecia-me pertencer à Congregação para a Doutrina da Fé :)

Passo a explicar. Vamos supor que este livro do teólogo Ratzinger continha algo «pouco ortodoxo» «duvidoso» ou descuidadamente alguma «heresia», assim ao estilo do que aconteceu com livros de outros teólogos como Leonardo Boff, Roger Haight, Marciano Vidal e Jon Sobrino.

Alguém acha possível que a Congregação para a Doutrina da Fé abrisse um processo contra Ratzinger, censurasse a sua obra e eventualmente o punisse proibindo-o de ensinar ou publicar? Ia ser o bom e o bonito :)

Epafras