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Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 01:17

Firefox

Voce diz:

"Para o católico, é ensinado que a leitura e a interpretação da Bíblia deve ser feita "em comunidade". Não é negado que Deus se relaciona diretamente com o cristão, isso tb é afirmado na teologia católica, há vários escritos enfatizando isso e um exemplo bem conhecido que poderia ser citado é "A imitação de Cristo", de Tomas Kempis (séc XIV). O católico, todavia, aprende que a ameaça do engano é muito grande diante da realidade das tentações (do mal, do mundo e de si mesmo), por isso a interpretação será mais segura se confrontada com a leitura da comunidade dos fiéis. Novamente isso não é garantia absoluta, pq NUNCA existe uma garantia absoluta; mas é uma segurança a mais, que não impõe pela força a negação da interpretação pessoal. Outro dado a ser notado: a "comunidade dos fiéis" é TODA a igreja e não somente a hierarquia. Dentro da comunidade dos fiéis encontram-se quatro ou cinco polos a serem considerados: a interpretação da tradição apostólica, a da comunidade dos leigos, a das comunidades religiosas, a da comunidade dos teólogos e a dos membros da hierarquia. Costuma-se atribuir a palavra final para a hierarquia nos casos de polêmica quando o assunto não for claro, por razões de ordem interna, mas uma decisão unilateral da hierarquia não pode nunca exigir infalibilidade, pq não cumpre os requisitos da harmonia do Espírito."


Isso é teologia de que religião? È que Catolica Apostolica Romana é que não é. Sabe muito bem que para a Teologia Catolica, o Magistério Ordinário do Sucessor de Pedro em matérias de fé é definitivo. Sabe muito bem que nos primeiros seculos da Igreja em casa de duvida doutrinal se recorria a Roma. QUando roma falava...
Roma Locuta, causa finita... está encerrada a questão.
A questão da recta interpretação da escritura não é de uma comunidade de base, ou de uma comunidade particular. É de toda a Igreja. E toda a Igreja significa estar com o Papa. Não é possivel ser-se catolico e estar sem ou contra o Papa. Pode não simpatizar muito com Joao Paulo II, pode detestar Bento XVI. Mas a ultima palavra é dele.
Pode não aceitar o dogma da Infalibilidade Papal....
Mas eu questiono de outro modo - como é possivel pertencer a uma igreja em que não se aceita elementos dela sem as quais nao pertenço?

É que sem o Papa e o seu magistério, a Igreja catolica não é catolica.

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 01:46

Mas que catano! Eu não fiz distinção nenhuma entre católicos e protestantes, apenas propus um «exercício de imaginação» sobre o que aconteceria se o Papa dissesse uma coisa, e a catolicapraticante disparou com os protestantes americanos e outros. Mas como eu não tenho nada a ver com aquilo que fazem os protestantes americanos e outros, porque o protestantismo não é uma organização religiosa centralizada e hierarquizada como é a Igreja Católica Romana, e não há nenhum líder religioso protestante com a influência e o peso que o Papa tem para os seus fiéis, o tiro saiu ao lado.

Depois o firefox desviou-se do tema para fazer uma série de considerandos que não vou comentar, apenas deixar uma notazinha a respeito de um erro, que é bastante recorrente: Não existe nenhum princípio protestante chamado «livre interpretação», aquilo a que o firefox deve estar a querer referir-se é ao princípio do «livre exame» - que não significa «libre interpretação» -, e que é um princípio básico afirmado pela Reforma Protestante, em oposição à censura a que a Bíblia foi submetida por séculos pela instituição vaticana.

Voltando ao tema que estávamos a falar, o facto de alguma coisa vir no catecismo, por si só, para mim não conta nada. Se ainda não percebeu, eu não sou católico. E, por acaso, eu opus-me ao direito que algum estado tem de fazer alguma guerra, «justa» ou não? Apenas disse que neste caso é lícito desobedecer às autoridades e não ir para a guerra matar, ou contribuir para matar, outros seres humanos, porque não devemos desobedecer a Deus, para obedecer a leis iníquas. Leia lá outra vez o que eu disse e tente entender melhor. Depois tenho duas perguntas a fazer-lhe:

- Anda armado na rua para se vir algum terrorista pronto a deflagrar uma bomba o matar?

- Não confia na pontaria dos ateus, agnósticos e pagãos?


Citação:
firefox
Em essência, Deus não ordena nada, ou, se ordenar, não o temos meios de saber com certeza aboluta. Todo e qualquer acesso a Deus foi, é e será sempre mediado.

"stop talking" :)


Epafras



Editado 1 vezes. Última edição em 24/01/2007 01:47 por Epafras.

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 01:56

Essa do Roma Locuta, causa finita... leváva-nos muito longe, mas dado o adiantado da hora ficamos por aqui :)

Epafras

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 02:50

"
Citação:
o Magistério Ordinário do Sucessor de Pedro em matérias de fé é definitivo."
Hum....

Pensemos em alguns exemplos de definitividade provisória :

A santa Inquisição, criada ppor um sucessor de pedro e extinta por outro, ; a liberdade religiosa, exorcizada por um sucessor de pedro e proclamada por outro; a separação Igreja /Estado ; a aceitação da escravatura; o incitamento á Guerra santa, a invenção e extinção papal do Limbo, a ideia que as mulheres são seres inferiores e não Pessoas criadas á imagem de deus ; desde o anátema papal contra muçulmanos judeus e protestantes até ao diálogo inter-religioso e proximidade ecuménica proclamada por outros papas ...

Razão tem o Epafras, dava para fazer uma lista interminável.

A definitividade dura pouco.

católica praticante



Editado 1 vezes. Última edição em 24/01/2007 02:51 por catolicapraticante.

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 03:04

A inquisiçao nao é um acto ordinario do magisterio em materia de fé. O papa nunca extinguiu o limbo dado ser este uma suposição tomista que não é materia de fé.
Entre muitos outros dislates...

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 03:11

Citação:
Anda armado na rua para se vir algum terrorista pronto a deflagrar uma bomba o matar?

A pergunta é disparatada, porque vivemos num país sem ameaças terroristas e com baixa criminalidade

Sou pacifista, mas a ideia de me deixar matar como um animal não me agrada.

Amo a vida. Sou afavor da vida.

SE ALGUÉM ME TENTASSE MATAR, AGREDIR GRAVEMENTE OU MUTILAR, tenho acerteza que me ME DEFENDERIA COM TODAS As MINHAS FORÇAS, mesmo que, dessa autodefesa resultasse um morte alheia não intencional.

É isso a legítima defesa.


Citação:
- Não confia na pontaria dos ateus, agnósticos e pagãos?

Confio plenamente, mas acho idiota a pergunta .

católica praticante

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 03:16

Não deixa de ter a sua piada dizer que quando uma doutrina é modificada, deixa de ser matéria de fé...

católica praticante

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 03:32

Papa Gregório IX, em 20 de abril de 1233 editou duas bulas que marcam o início da Inquisição, instituição da Igreja Católica Romana que perseguiu, torturou e matou vários de seus inimigos, ou quem ela entendesse como inimigo, acusando-os de hereges, por vários séculos. A bula "Licet ad capiendos", a qual verdadeiramente marca o início da Inquisição, era dirigida aos dominicanos, inquisidores, e era do seguinte teor:

"Onde quer que os ocorra pregar estais facultados, se os pecadores persistem em defender a heresia apesar das advertências, a privar-los para sempre de seus benefícios espirituais e proceder contra eles e todos os outros, sem apelação, solicitando em caso necessário a ajuda das autoridades seculares e vencendo sua oposição, se isto for necessário, por meio de censuras eclesiásticas inapeláveis"

João Paulo II , a propósito da inquisição, pediu publicamente perdão pelos pecados cometidos pela igreja pelos seus filhos ao longo da História da insquisição, sobretudo contra os judeus e mulheres.


Entre a Doutrina de um e a de outro, algo mudou.

Entre a doutrina proclamda por um papa, de que se deve torturar, perseguir e queimar quem não é católico e a doutrina de outro papa de que que devemos respeitar as outras religiões, algo de essencial mudou.


Claro que Há quem pense que não e ainda goste de fogueiras... mas são esses os outsiders

católica praticante

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 05:57

Citação:
Paulo
"Para o católico, é ensinado que a leitura e a interpretação da Bíblia deve ser feita "em comunidade". Não é negado que Deus se relaciona diretamente com o cristão, isso tb é afirmado na teologia católica, há vários escritos enfatizando isso e um exemplo bem conhecido que poderia ser citado é "A imitação de Cristo", de Tomas Kempis (séc XIV). O católico, todavia, aprende que a ameaça do engano é muito grande diante da realidade das tentações (do mal, do mundo e de si mesmo), por isso a interpretação será mais segura se confrontada com a leitura da comunidade dos fiéis. Novamente isso não é garantia absoluta, pq NUNCA existe uma garantia absoluta; mas é uma segurança a mais, que não impõe pela força a negação da interpretação pessoal. Outro dado a ser notado: a "comunidade dos fiéis" é TODA a igreja e não somente a hierarquia. Dentro da comunidade dos fiéis encontram-se quatro ou cinco polos a serem considerados: a interpretação da tradição apostólica, a da comunidade dos leigos, a das comunidades religiosas, a da comunidade dos teólogos e a dos membros da hierarquia. Costuma-se atribuir a palavra final para a hierarquia nos casos de polêmica quando o assunto não for claro, por razões de ordem interna, mas uma decisão unilateral da hierarquia não pode nunca exigir infalibilidade, pq não cumpre os requisitos da harmonia do Espírito."
Isso é teologia de que religião? È que Catolica Apostolica Romana é que não é.

Talvez se vc lesse mais os teólogos contemporâneos... mas, mesmo sem teologia, um pouco de filosofia já bastava.

Citação:
Paulo
Sabe muito bem que para a Teologia Catolica, o Magistério Ordinário do Sucessor de Pedro em matérias de fé é definitivo.

Será? Desde quando? O que vc está propondo é a idolatria! Para advogar algo desse tipo, vc teria que dar partida em uma longa e cansativa exposição para justificar o que venha a ser esse tal "magistério ordinário absoluto", pq nunca tive notícias disso no cristianismo. Se vc se refere à infalibilidade, deveria saber que há uma série de condições para que ela seja aceita como tal. Um papa não acorda de manhã espirando dogmas depois do café.

Citação:
Paulo
Sabe muito bem que nos primeiros seculos da Igreja em casa de duvida doutrinal se recorria a Roma. QUando roma falava... Roma Locuta, causa finita... está encerrada a questão.

Alguns cismas aconteceram para mostrar a fragilidade desse idéia, acho que vc deveria pensar um pouco mais sobre o assunto. A teologia do Huguinho, Zezinho e Luizinho talvez possa passar no catecismo com crianças, mas para teologia da igreja ainda é algo muito pobre e pouco convincente.

Citação:
Paulo
A questão da recta interpretação da escritura não é de uma comunidade de base, ou de uma comunidade particular. É de toda a Igreja.

Meu Deus do céu! Leia de novo o que vc colou!

Citação:
Paulo
E toda a Igreja significa estar colom o Papa. Não é possivel ser-se catolico e estar sem ou contra o Papa. Pode não simpatizar muito com Joao Paulo II, pode detestar Bento XVI. Mas a ultima palavra é dele.

Acho que vc entraria em parafuso se acordasse um dia e existissem 3 papas ao mesmo tempo, não é? Devia ler um pouco mais de história da igreja. Além do que não prestou atenção no texto que colou.

Citação:
É que sem o Papa e o seu magistério, a Igreja catolica não é catolica.

Segundo vc a igreja deixou de ser católica por alguns anos (séc XIV) qdo ficou sem papa. Que idéia estranha...

Por favor, se quiser conversar sobre teologia faça-o apoiando-se em alguma coisa mais sólida do que a teologia do Huguinho, Zezinho e Luizinho.

[ ]'s

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 06:45

Citação:
Epafras
Eu não fiz distinção nenhuma entre católicos e protestantes, apenas propus um «exercício de imaginação» sobre o que aconteceria se o Papa dissesse uma coisa, e a catolicapraticante disparou com os protestantes americanos e outros.

Ok, não percebi que vc estava num devaneio. A sua pergunta apontou naquela direção sim, ela soou como uma crítica aos católicos, então não deveria ter estranhado a réplica. Além do que a crítica foi um tanto descabida, na minha opinião.

Citação:
Epafras
Não existe nenhum princípio protestante chamado «livre interpretação», aquilo a que o firefox deve estar a querer referir-se é ao princípio do «livre exame» - que não significa «libre interpretação» -, e que é um princípio básico afirmado pela Reforma Protestante, em oposição à censura a que a Bíblia foi submetida por séculos pela instituição vaticana.

Acho que vc deveria elaborar melhor a sua resposta antes de começar a fazer pouco caso do que escrevi, rs. Também conheço razoavelmente bem a teologia dos reformadores, e vc não alterou nada do que eu afirmei fazendo esse adendo na tradução do termo - se quiser posso citar alguns nomes em latim ou alemão para diminuir esses problemas. Acha que tenho críticas apenas para os católicos? Acredito que vc não conseguirá mostrar como um "livre exame" não resultará numa "libre interpretação". Vc mesmo explicava antes que não existe uma instância a qual todos os protestantes possam recorrer. Afirmar que essa seria a Biblia só retorna ao problema: quem é que interpreta a Biblia para todos os protestantes? Se disser que é o Espirito Santo, só fez retornar ao problema mais uma vez: com quem está com o Espírito Santo? Uma série de divisões no ramo protestante, com inúmeras denominações diferentes defendendo interpretações diferentes, recoloca o problema do "livre exame" com todo o peso possível, cada um examina como quer, e interpreta ao seu modo: "livre interpretação".

Citação:
Epafras
Voltando ao tema que estávamos a falar, o facto de alguma coisa vir no catecismo, por si só, para mim não conta nada. Se ainda não percebeu, eu não sou católico.

Já tinha desconfiado muito antes, pelas leituras estranhas que vc fazia, contudo, não é do meu feitio pressionar alguém com essas coisas. Num momento perguntei sobre isso para confirmar e evitar onfusão, vc brincou e não quis responder, mas isso não faz diferença para mim. Se vc é protestante, ótimo para vc, siga a sua consciência. No que me diz respeito, isso não altera nada no debate.

Citação:
Epafras
E, por acaso, eu opus-me ao direito que algum estado tem de fazer alguma guerra, «justa» ou não? Apenas disse que neste caso é lícito desobedecer às autoridades e não ir para a guerra matar, ou contribuir para matar, outros seres humanos, porque não devemos desobedecer a Deus, para obedecer a leis iníquas. Leia lá outra vez o que eu disse e tente entender melhor.

Não precisamos voltar lá, leia o que escreveu aqui. Vc falou sobre "lei iníqua", portanto descartou a possibilidade de ser um serviço "justo". É a isso que eu me referia! Vc acha que todo policial, por exemplo, é "iníquo" só por portar uma arma? Isso é absurdo!

Citação:
Epafras
Depois tenho duas perguntas a fazer-lhe:
- Anda armado na rua para se vir algum terrorista pronto a deflagrar uma bomba o matar?
- Não confia na pontaria dos ateus, agnósticos e pagãos?

Vou responder, mas depois de ler isso, tenho outra pergunta: vc é Adventista do Sétimo Dia ou Testemunha de Jeová? A sua argumentação nesse ponto me lembrou alguns deles. Respondendo as suas perguntas: a primeira, não ando armado; a segunda é uma pergunta idiota, a fé de alguém influencia na pontaria?

Citação:
Epafras
Citação:
firefox
Em essência, Deus não ordena nada, ou, se ordenar, não o temos meios de saber com certeza aboluta. Todo e qualquer acesso a Deus foi, é e será sempre mediado.

"stop talking" :)

Considero o que eu disse algo óbvio.

Paz e Bem.



Editado 3 vezes. Última edição em 24/01/2007 06:56 por firefox.

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 14:04

Não vou comentar mais os seus posts firefox. Ão contrario da Catolicapraticante que apresenta objecções serias aqui, voce apenas insulta.
Como o caminho não é o dos argumentos ad hominem, e voce não apoia as suas opiniões - porque sao opiniões que manifesta aqui, sem um pingo de sereiedade, sem a citação de um unico teologo que apoie essas ideias, não merece a pena discutir. Ler os livros de Walt Disney andam a confundir-lhe as ideias.

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 14:38

Citação:
Paulo
Não vou comentar mais os seus posts firefox.

Ok, Paulo, é um direito seu.

Citação:
Paulo
Ão contrario da Catolicapraticante que apresenta objecções serias aqui, voce apenas insulta. Como o caminho não é o dos argumentos ad hominem, e voce não apoia as suas opiniões - porque sao opiniões que manifesta aqui, sem um pingo de sereiedade, sem a citação de um unico teologo que apoie essas ideias, não merece a pena discutir. Ler os livros de Walt Disney andam a confundir-lhe as ideias.

Eu tenho esse defeito de acompanhar o tom dos posts que recebo. Vc fala sobre insultos... disse que o que escrevo não é católico, tb nao citou nenhum teólogo nem nada, e falou como se fosse o doutor da lei. Respondi no mesmo tom. No mais dei exemplos da história da igreja, pensei que a simples menção bastaria para lembrá-lo, agora descubro que não. Posso apoiar as opiniões que sustentei e citar os nomes e datas como vc quer, a questão é: vai adiantar alguma coisa?

PS: não se engane por eu conhecer algo da teologia da libertação, não participo de uma "comunidade de base".

...........

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 20:39

Epafras, não sei se percebi mal mas vou arriscar com esta pergunta.

Tu não defenderias alguém da tua família de estar a ser atacado por um tarado com o risco de ser morto? Ou olhavas para ele e dizias: "olha, deixa-te estar que vais para o céu dentro em pouco..." E como tal, nada farias para o ajudar. Era isso que farias? Cruzavas os braços e deixavas o outro fazer o que queria e ir à sua vida?

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 24 de January de 2007 21:52

S7V7n, S7V7n: Homem de pouca fé, pois em verdade te digo que os cabelos da nossa cabeça estão todos contados. E não se perderá um único cabelo da nossa cabeça, sem a vontade do Pai. Não temas, obedece a Deus e ama, pois, os teus inimigos.

Epafras

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 25 de January de 2007 01:31

Esclarecendo alguns mal-entendidos...

Citação:
A propósito de «livre interpretação» «livre exame», e interpretação católica e protestante da Bíblia.

É um erro muito elementar definir Sola Scriptura como a livre interpretação da Bíblia, ou dizer que a livre interpretação é defendida pela doutrina da Sola Scriptura, sem uma cuidadosa qualificação.

Existe um sentido válido porém restringido, segundo o qual os protestantes estão a favor do que poderia chamar-se livre interpretação, falarei disso mais abaixo. De momento, contudo, devo agora sublinhar que, se por livre interpretação se entende a peregrina ideia de que cada qual conforme o seu apetite pode escolher o significado que lhe pareça arbitrariamente mais apropriado, sem dúvida que nada está mais longe da teologia protestante. No livro Protestant Biblical Interpretation, Bernard Ramm apresenta uma série de pressupostos teológicos para a recta interpretação. Um deles é o da unidade de significado da Bíblia:

"A Sagrada Escritura é um livro tão grande e diverso que se presta bastante à pessoa que deseja impor nela alguma classe particular de teologia. Um intérprete que impõe tal interpretação na Escritura (eisogesis, levar um significado para a Escritura, como oposta a exégesis na qual se extrai o significado da Escritura) pode não dar-se conta em absoluto de que está afirmando a pluralidade do sentido da Escritura. Porém isto é o que na realidade afirma. Ao enfatizar a unidade do sentido da Escritura não nos propomos reduzir o significado da Escritura a um literalismo estreito, a uma ignorância das profundidades proféticas e tipológicas da Escritura. Pretendemos opor-nos a certas formas hermeneuticamente escandalosas de interpretar a Escritura..." (p. 110-111).

De facto o protestantismo formulou desde o começo um sistema de interpretação muito mais sólido, poderoso e consistente que o aplicado até então pela igreja cristã no seu conjunto. Este sistema recebe diferentes nomes, como filológico, histórico–gramatical ou literal (não confundir com literalista). Além de aceitar os pressupostos teológicos sobre a inspiração divina e a consequente autoridade suprema da Bíblia, o sistema protestante emprega todas as ferramentas linguísticas e históricas à sua disposição para a tarefa de compreender o que quis realmente dizer o autor original, ou seja, determinar o recto significado do texto em estudo, e a sua relação com o resto da Escritura. Somente quando esta tarefa se realizou, é possível passar ao seguinte e indispensável passo de reconhecer que implicações têm as Escrituras para nós hoje.

É tão evidente a potência e a validade do método evangélico de interpretação que dito método foi adoptado generalizadamente pelos exegetas católicos. Consulte-se qualquer comentário bíblico católico moderno e se notará de imediato que virtualmente todos os intérpretes católicos expõem hoje as Escrituras segundo o modelo formulado pela erudição protestante, prestando-lhe assim involuntário tributo.

Contudo, a consciência do intérprete católico está maniatada pelas decisões do Concílio de Trento, que na sua Sessão IV de 8 de abril de 1546 – depois de declarar a tradução latina Vulgata como autêntica para todos os fins de ensinamento e disputa pública- decretou "para refrear as mentalidades petulantes... que ninguém, fundado na perspicácia própria… ouse interpretar a Sagrada Escritura contra aquele sentido, que manteve e mantém a Santa Madre Igreja [leia-se Roma], a quem compete julgar sobre o verdadeiro sentido e interpretação das Sagradas Escrituras, ou também contra o unânime consenso dos Padres..." (Denzinger 786; o mesmo na profissão de fé tridentina, ratificado no Concílio Vaticano I; Denzinger 995 e 1788 respectivamente).

Esta restrição faz que o intérprete católico possua liberdade virtualmente ilimitada para interpretar segundo o método filológico, o mesmo que aplicam os protestantes, tudo aquilo que não tenha sido definido pelo Magistério (a cláusula sobre o consentimento unânime dos Padres é uma limitação mais formal que real).

Contudo, não ocorre outro tanto quando se trata de textos como Mateus 16:16-19 sobre o qual o Magistério emitiu o seu ditame. Aqui a sua função não é a de interpretar, mas exclusivamente a de dar o seu respaldo ao citado Magistério. Após sublinhar que o ensinado nas Encíclicas exige assentimento apesar de o Pontífice não falar ex cathedra, e de recordar que quando o papa pronuncia sentença sobre um assunto, este já não pode ser objecto de discussão livre por parte dos teólogos, Pio XII ensinou:

"Também é verdade que os teólogos devem sempre voltar às fontes da divina revelação; pois, a eles cabe indicar de que maneira "se encontra, explícita ou implicitamente" na Sagrada Escritura e na divina Tradição o que ensina o magistério vivo... Eis porque nosso predecessor de imortal memória, Pio IX, ao ensinar que é ofício nobilíssimo da teologia mostrar como uma doutrina definida pela Igreja está contida nas fontes da revelação, não sem grave motivo acrescentou aquelas palavras; "com o mesmo sentido com o qual foi definida". (Encíclica Humani generis de 12 de Agosto de 1950, Denzinger 2314; sublinhados meus).

Com isso se subverte flagrante e radicalmente o «ofício nobilíssimo da teologia» bíblica, ao obrigar os exegetas a rastrear as Escrituras (e a Tradição oral, porém este é outro tema) em busca de apoio para o que o Magisterio diz que deve crer-se, em lugar de estudá-las e expô-las diligentemente para saber o que se deve crer e o que deve ensinar o Magistério. Neste sentido, a interpretação do erudito católico não é nem pode ser livre.

É precisamente esta falta de liberdade que torna a Igreja de Roma num sistema fechado sobre si mesmo o que os Reformadores rejeitaram. Somente pode falar-se de «livre interpretação» no sentido protestante histórico neste sentido.

"Contra esta pretensão [do Magistério romano] levantaram a sua voz os reformadores do século XVI. Na interpretação da Escritura, a autoridade final –afirmam- não é a Igreja, mas a própria Escritura. Scriptura sacra sui ipsius interpres (a Escritura Sagrada é intérprete de si mesma). Dava-se assim a entender que nenhuma passagem bíblica há-de estar submetida à servidão da tradição ou ser interpretada isoladamente de modo que contradiga o ensinado pelo conjunto da Escritura. Com este princípio, fundamental na hermenêutica bíblica, estabelecia-se a base do livre exame, do direito [e dever, acrescentaria] de todos os fiéis a ler e interpretar a Bíblia por si mesmos. Por suposto, nunca pensaram os reformadores... que o livre exame fosse sinónimo de exame arbitrário ... A liberdade refere-se à ausência de imposições eclesiásticas, não à faculdade absurda de interpretar a Escritura como ao leitor lhe agrade ou convenha. O livre exame, quando se exerce com seriedade, implica um juízo responsável sujeito aos princípios de uma hermenêutica sã. Observar estes princípios é o único modo legítimo de determinar o significado de qualquer passagem da Bíblia. E quanto mais obscuro ou ambíguo seja um texto mais deverá extremar-se o rigor hermenêutico com que se trate. Não há outro caminho.

Interpretação na comunidade de fé

A responsabilidade individual da interpretação da Escritura não significa repúdio pelas conclusões exegéticas e pelas formulações doutrinais elaboradas na Igreja cristã no passar do tempo....
Reconhecer que a Bíblia há-de estar sempre por cima de toda a interpretação humana não nos obriga a desprezar a ajuda que para sua compreensão podemos encontrar nos escritos dos padres da Igreja, dos reformadores e dos incontáveis teólogos e expositores que ... fizeram da Bíblia objecto de estudo sério."

(José M. Martínez, Hermenéutica Bíblica. Terrassa: CLIE, 1984, p. 22-23; sublinhados meus).

Epafras

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 25 de January de 2007 05:20

Citação:
Epafras
S7V7n, S7V7n: Homem de pouca fé, pois em verdade te digo que os cabelos da nossa cabeça estão todos contados. E não se perderá um único cabelo da nossa cabeça, sem a vontade do Pai. Não temas, obedece a Deus e ama, pois, os teus inimigos.
Epafras

Pelo escrito, pela sua resposta à pergunta feita, parece que vc não faria nada pq seria da "vontade de Deus" que os seus familiares fossem estuprados. É assim?

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 25 de January de 2007 07:33

Citação:
Epafras
Esclarecendo alguns mal-entendidos...

Ótimo, vamos. Como ponto de partida, podemos tomar esse texto do J.M.Martínez, é uma referência interessante. Espero, entretando, que não fiquemos somente no copy&paste; de outra forma isso nunca teria fim. Eu tb poderia colar outro texto aqui, mas prefiro comentar esse, por partes:

Citação:
Existe um sentido válido porém restringido, segundo o qual os protestantes estão a favor do que poderia chamar-se livre interpretação, falarei disso mais abaixo. De momento, contudo, devo agora sublinhar que, se por livre interpretação se entende a peregrina ideia de que cada qual conforme o seu apetite pode escolher o significado que lhe pareça arbitrariamente mais apropriado, sem dúvida que nada está mais longe da teologia protestante.

Em teoria, talvez, mas a prática, entretanto, tem demonstrado o contrário. Citando outro autor protestante:

Acredito que essa crise da igreja atual seja uma crise hermenêutica na sua essência. Por "crise" eu me refiro à confusão e incerteza geradas nas igrejas evangélicas pelo ingresso em seu meio de várias e diferentes correntes teológicas e litúrgicas.

Cada uma dessas correntes reivindica ser a mais correta expressão do ensino da Bíblia. Já que várias delas apregoam verdades e práticas radicalmente opostas umas às outras, não se pode esperar que todas estejam certas. E se todas usam passagens da Escritura para defender suas convicções, também não se pode esperar que a hermenêutica e a exegêse de todas estejam corretas.
[1]

O texto que trouxe apresenta o pensamento do J.M.Martinez, mas, uma vez que não há a "instância superior" de que falávamos, o pensamento desse autor não expressa o pensamento de todo o ramo protestante, razão pela qual - e é como de fato acontece - a grande maioria protestante não o segue. Para exemplificar o extremo aonde pode chegar a dita "livre interpretação" continuo citando:

"Diretamente relacionada com a crise da interpretação bíblica está a crise dos púlpitos. Em consonância com a interpretação bíblica superficial e alegórica que predomina hoje, os púlpitos de bom número das igrejas evangélicas destilam uma espécie de sermão onde pouca ou nenhuma atenção se dá ao sentido original do texto bíblico. Na realidade, depois de lerem um texto, os pregadores costumam destacar uma frase, introduzindo sentidos que nem de longe estavam na mente do autor bíblico. Ouvi de um notável pregador evangélico o que talvez seja um bom exemplo daquilo a que me refiro. Após ler Gênesis 21.8, onde Moisés relata que "Isaque cresceu e foi desmamado", o referido ministro passou a fazer com grande eloqüência e senso de humor variações da frase "foi desmamado", aplicando-a como "desmamar do pecado", "desmamar do dinheiro" e "desmamar de líderes conhecidos", entre outras coisas. Não havia fim para as possibilidades!" [1]

Evidente que falamos de uma interpretação "livre" e desvirtuada, certamente, mas é justamente desse perigo que falávamos: do perigo do engano! Se não houvesse engano e tudo fosse perfeito, tanto católicos quanto protestantes não teriam necessidade de teologia, filosofia, estudos etc.

Como ponto positivo está o fato do J.M.Martinez poder criticar essas exegêses paupérrimas, o que já revela a existência de algumas normas de referência (pelo menos para ele). Seria inocência demais imaginar o contrário, que a teologia reformada não fosse além de uma "livre interpretação" mediocre. O lado problemático a que eu fazia referência, todavia, continua intocado! Agora a inocência estaria em imaginar que uma "unidade de significado" seja o bastante para autentificar uma doutrina. Há mais de uma teologia dentro do ramo protestante, cada uma reivindicando para si a "verdade", com notórias diferenças entre elas - o que repete a crítica apontada nos textos colados acima. A interpretação de J.M.Martinez, dentro desse quadro, passa por ser mais uma interpretação e mais uma teologia dentre muitas outras!

Citação:
No livro Protestant Biblical Interpretation, Bernard Ramm apresenta uma série de pressupostos teológicos para a recta interpretação. Um deles é o da unidade de significado da Bíblia:
"A Sagrada Escritura é um livro tão grande e diverso que se presta bastante à pessoa que deseja impor nela alguma classe particular de teologia. Um intérprete que impõe tal interpretação na Escritura (eisogesis, levar um significado para a Escritura, como oposta a exégesis na qual se extrai o significado da Escritura) pode não dar-se conta em absoluto de que está afirmando a pluralidade do sentido da Escritura. Porém isto é o que na realidade afirma. Ao enfatizar a unidade do sentido da Escritura não nos propomos reduzir o significado da Escritura a um literalismo estreito, a uma ignorância das profundidades proféticas e tipológicas da Escritura. Pretendemos opor-nos a certas formas hermeneuticamente escandalosas de interpretar a Escritura..." (p. 110-111).

O fato de descartar "certas formas hermeneuticamente escandalosas de interpretar a Escritura" não significa ter encontrado um modo de avaliar duas formas hermenêuticas diferentes. Duas formas de interpretação diametralmente opostas não poderão ser avaliadas se se encontram dentro de um sistema fechado e "não escandaloso". Também falta o critério para descrever o que venha a ser esse "escândalo", já que, por exemplo, o que escandaliza um arminiano pode ser diferente do que escandaliza um não-arminiano.

Citação:
De facto o protestantismo formulou desde o começo um sistema de interpretação muito mais sólido, poderoso e consistente que o aplicado até então pela igreja cristã no seu conjunto. Este sistema recebe diferentes nomes, como filológico, histórico–gramatical ou literal (não confundir com literalista). Além de aceitar os pressupostos teológicos sobre a inspiração divina e a consequente autoridade suprema da Bíblia, o sistema protestante emprega todas as ferramentas linguísticas e históricas à sua disposição para a tarefa de compreender o que quis realmente dizer o autor original, ou seja, determinar o recto significado do texto em estudo, e a sua relação com o resto da Escritura. Somente quando esta tarefa se realizou, é possível passar ao seguinte e indispensável passo de reconhecer que implicações têm as Escrituras para nós hoje.

Lendo esse parágrafo tive que segurar o riso. Para um autor que escreve sobre hermenêutica bíblica, o J.M.Martinez parece conhecer pouco de hermenêutica filosófica, o que achei algo estranho, já que o tinha em mais alta conta. Ao tecer elogios deslavados ao próprio sistema que utiliza, o autor mostrou que não conseguiu manter a imparcialidade esperada de um hermeneuta. Não que a completa imparcialidade seja possível, mas ao começar a fazer pregação do próprio método ele deixou de ser hermenêuta para fazer militância.

Além do que causa estranheza o lapso seletivo de memória a que foi exposto o autor, como se utilizar ferramentas linguísticas e históricas não fosse algo antigo e integrante da tradição católica desde os tempos de Orígenes, Jerônimo e Agostinho, para não citar tantos outros!

Citação:
É tão evidente a potência e a validade do método evangélico de interpretação que dito método foi adoptado generalizadamente pelos exegetas católicos. Consulte-se qualquer comentário bíblico católico moderno e se notará de imediato que virtualmente todos os intérpretes católicos expõem hoje as Escrituras segundo o modelo formulado pela erudição protestante, prestando-lhe assim involuntário tributo.

Na verdade, primeiro foi justamente o contrário: Lutero foi um monge agostiniano e apoiou-se completamente nos ensinamentos do bispo católico. É mais do que sabido, as grandes referências para a conversão de Lutero foram as leituras das cartas de Paulo juntamente com os escritos de Sto Agostinho. Estranho mesmo o fato do comentário que trouxe fazer uma análise tão tendenciosa.

Atualmente, convém entretanto notar, o intercâmbio entre teólogos católicos e protestantes no campo da análise bíblica avançou muito.

Citação:
Contudo, a consciência do intérprete católico está maniatada pelas decisões do Concílio de Trento, que na sua Sessão IV de 8 de abril de 1546 – depois de declarar a tradução latina Vulgata como autêntica para todos os fins de ensinamento e disputa pública- decretou "para refrear as mentalidades petulantes... que ninguém, fundado na perspicácia própria… ouse interpretar a Sagrada Escritura contra aquele sentido, que manteve e mantém a Santa Madre Igreja [leia-se Roma], a quem compete julgar sobre o verdadeiro sentido e interpretação das Sagradas Escrituras, ou também contra o unânime consenso dos Padres..." (Denzinger 786; o mesmo na profissão de fé tridentina, ratificado no Concílio Vaticano I; Denzinger 995 e 1788 respectivamente).

O fato do José M.Martinez desconhecer por completo o Vaticano II, principalmente uma vez que há todo um documento especialmente voltado para a questão da interpretação bíblica, foi um susto para mim. Esperava mais do autor, que preferiu ser menos hermeneuta e mais apologeta militante.

Citação:
Esta restrição faz que o intérprete católico possua liberdade virtualmente ilimitada para interpretar segundo o método filológico, o mesmo que aplicam os protestantes, tudo aquilo que não tenha sido definido pelo Magistério (a cláusula sobre o consentimento unânime dos Padres é uma limitação mais formal que real).

Chamo sua atenção para a passagem acima, pq logo em seguida o autor vai esquecer-se dela novamente em favor da militância apologética. Isso me leva a perguntar sobre a real intenção do seu texto.

Citação:
Contudo, não ocorre outro tanto quando se trata de textos como Mateus 16:16-19 sobre o qual o Magistério emitiu o seu ditame. Aqui a sua função não é a de interpretar, mas exclusivamente a de dar o seu respaldo ao citado Magistério.

Uma vez que o católico considera a existência de uma unidade que deve perpassar a tradição apostólica, as escrituras sagradas e a ação do magistério, não há nada ferindo a liberdade de interpretação. Colocando de outro modo para que vc consiga entender: do mesmo modo que vc cita um texto que afirma a exigência de uma "unidade com o todo da escritura", o católico acredita em uma "unidade com o todo da vida da escritura". Cunhei aqui o termo "vida da escritura" para que vc possa entender a diferença: para um católico, o valor da Palavra não está somente no escrito, mas em todo o contexto que dá vida ao escrito. Sem a tradição vc nem sequer teria um canon bíblico, a Biblia não veio voando do céu, ela cresceu, foi escrita, guardada e protegida pela comunidade dos cristãos.

Ou o seu autor está sendo completamente tendencioso, ou não conhece nada de teologia católica. (Talvez tenha ficado perdido no tempo, se nem sequer ouviu falar do Vaticano II já na década de 80).

Citação:
É precisamente esta falta de liberdade que torna a Igreja de Roma num sistema fechado sobre si mesmo o que os Reformadores rejeitaram. Somente pode falar-se de «livre interpretação» no sentido protestante histórico neste sentido.

O que nos traz de volta ao problema - vc não pensou que tinha se livrado dele, pensou? - da "livre interpretação". O autor tergiversou a vontade, explicou mutia coisa, mas não conseguiu fugir dos problemas que apontei antes:

1) a não existência de uma instância decisória em casos de conflito permite uma diversidade de interpretações contraditórias entre si, o que faz com que se proliferem as diferenças denominacionais em prejuízo da unidade da igreja;

2) a real possibilidade do engano não é afastada por uma uniformidade de doutrina;

3) o próprio princípio "Sola Scriptura" não se encontra nas Escrituras;

4) temos pelo menos um exemplo bíblico de um "livre exame" que não funcionou: Atos 8,27-31+34-35a. Em vez do Espirito Santo falar diretamente ao eunuco, preferiu valer-se da mediação de Filipe. Por que será que o Espírito Santo sempre levava a igreja até os homens e os convertidos até a igreja?

Estamos fugindo do tópico, mas se quiser continuamos.

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fonte:
[1] [www.mackenzie.com.br]



Editado 1 vezes. Última edição em 25/01/2007 07:36 por firefox.

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 25 de January de 2007 13:50

Citação:
João luís
....a Catolicapraticante (que) apresenta objecções sérias aqui

Deve estar para caír um santo do altar.

Firefox:

Bela lição de Teologia!

católica praticante

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 25 de January de 2007 15:49

Só tenho a dizer uma coisa ao firefox. A parte do texto que coloquei que é da autoria de José M. Martínez é só a parte final que está entre aspas. O resto é baseado num escrito que consultei doutro irmão em Cristo. Nada mais tenho a acrescentar.

Epafras

Re: Existem actos que um cristão não pode defender?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 25 de January de 2007 17:42

Oi Epafras,

Citação:
Epafras
Só tenho a dizer uma coisa ao firefox. A parte do texto que coloquei que é da autoria de José M. Martínez é só a parte final que está entre aspas. O resto é baseado num escrito que consultei doutro irmão em Cristo. Nada mais tenho a acrescentar.
Epafras

Bem que estava eu a estranhar, pois já tinha lido antes alguns textos do J.M.Martinez e achei esse texto que vc trouxe muitíssimo diferente! Confesso que tomei mesmo um susto! pois nunca teria me enganado tanto sobre um autor. Como não li a obra dele citada, "Hermenêutica Bíblica", e como não quis desconfiar da citação que vc fez, acolhi. Ainda estou de férias, mas a primeira coisa que faria ao retornar à faculdade seria consultar a obra na biblioteca. No mais, obrigado pela última correção, o modo como fez a citação não tinha deixado clara a questão da autoria, como pôde perceber.

A propósito, leia o texto que citei, é de um autor protestante e creio que vc vai gostar. Lá estão comentados os critérios de interpretação apontados por Lutero. Não leve a mal as críticas que fiz, se não percebeu ainda, considero todo o cristianismo um único movimento de busca do homem que quer ouvir e seguir a voz do Espírito. Os desvios e enganos não são privilégios de nenhuma denominação e ainda não conheci nenhum celeiro onde só existisse trigo. Reconheço que há inúmeros valores evangélicos nos meus irmãos protestantes e o fato de eu ser católico não me torna "inimigo" deles. Nós católicos tb temos nossos muitos pecados... mas quem sabe possam aprender algo conosco, como temos que aprender com vcs.

Paz e Bem.

PS: apesar do peso dos nomes envolvidos, leio os textos do período da reforma e da contra-reforma com cuidado, matizando e levando em consideração o contexto da época. A intenção política dos escritos era clara, diante do clima de revanchismo e mesmo de guerra religiosa. Muita coisa que os reformadores (protestantes e católicos) escreveram pode ser útil para ensinar, mas um leitor descuidado corre o risco de comer alimento intoxicado de ódio se não for criterioso.



Editado 1 vezes. Última edição em 25/01/2007 17:55 por firefox.

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