Riparius, boa tarde.
Antes de dizer outra coisa, quero esclarecer que se vc entendeu o evangelho como uma mensagem de amor então não creio que vc esteja "perdido", "afastado", nem nada do tipo. Acho que o principal vc já sabe. No mais, vc tem mesmo uma boa parte de razão qdo explica que certos dogmas podem acabar confundindo se nos afastam daquele principal que é a caridade. Tenho acompanhado muitos dos teus posts com atenção, sem fazer julgamentos, pq até onde notei revelam uma pessoa que está na busca. Não estamos todos? Posso estar enganado, mas nessa busca não me surpreenderia se vc tiver tb se machucado... digo, por não aceitar um padrão aqui ou ali, provavelmente alguém já te jogou um "herege", "infiel", ou algum outro título. Ainda assim vejo uma pessoa paciente, tranquila. As feridas não te tornaram alguém amargurado, e isso é fruto do Espírito. Esteja em paz, amigo.
No resto, tocaste, na anterior, no assunto dos dogmas. Retorno a eles. Acho que é uma visão reducionista imaginá-los como tipo de "teoria" imposta, algo que alguém de fora, um grupo, uma instituição, ou um homem, obriga outros a aceitarem, sob pena. Creio que já percebeu isso, que encontrará mais amigos nos católicos pós-vaticano-segundo - abençoado concílio! Considere um dogma como um luzeiro, não como uma cerca de arame farpado. De certa forma é um tipo de declaração: "nisso cremos". Uma certeza tb, como uma aposta de que se buscar acabará se aproximando da mensagem expressa no dogma.
Citação:riparius
Limbos, purgatòrios e trindades são fait divers. a mensagem è tâo simples. dificil de executar, mas extremamente simples de entender. Amai-vos e confiai em MIM.
Agora, penso eu, vc está sendo muito simplista. Assim desiste da busca bastante cedo, se não pretende ir além desse ponto. Sabemos que temos que amar, mas amor se manifesta em atos mais que em palavras. Isso, aliás, tb está no evangelho. Como então agir bem, de modo a amar em verdade? Vc educaria um filho assim? Dizendo: vc tem que amar, não precisa de escola, não precisa aprender valores, não precisa de nada mais? O modo como pensa, o modo como vê o mundo, o modo como se relaciona com Deus, tudo afeta o modo como alguém se relaciona com os outros, e portanto condiciona o modo como uma pessoa entende o amor e ama.
Citação:riparius
Para mim a santissima trindade è uma excelente justificaçäo para um aparente politeismo. Deus ser unico com tres manifestaçôes? !e tem tres manifestaçoes pode ter um numero infinito delas. Se calhar todos nos somos uma manifestaçao de Deus? Se calhar, mas esta minha afirmaçao è apenas uma teoria. Tao valida como a da trindade.
Acho que o amigo ainda não foi bastante fundo. Penso que achará natural eu dizer isso, já que falo com base na minha visão e não na sua, mas considere comigo. Politeismo seria o reconhecimento de muitos deuses, e parece simples entender que se Deus for o Absoluto, o Criador, então não pode haver mais de um. Caso contrário estaremos de volta ao paganismo e ao comércio com os deuses, regateando para ter o favor de um enquanto se esconde do outro deus diferente. Bem, vc usou o termo "aparente politeismo", então acho que reconhece que isso só poderia ser mesmo na aparência.
Sobre a Trindade ser tres manifestações e não mais, teríamos que considerar o que entendemos por "manifestação". Pela sua pergunta percebi que não entendeu o significado de Trindade: "Se calhar todos nos somos uma manifestaçao de Deus?" A sua pergunta não vai contra o dogma, é quase ao contrário, pois tb cremos que qdo alguém age com grande amor, um amor que parece lhe ultrapassar, age movido pelo Espírito Santo - Deus é amor - ou seja, é Deus agindo nele. Vc sem querer reafirmou a Trindade em uma de suas tres pessoas: o Espírito Santo. É um mesmo grande amor agindo em todos os homens, tornando-os irmãos, filhos de um mesmo Pai - outra pessoa do mesmo e único Deus. Seguindo por essa via acabaremos falando do Filho - a terceira pessoa. Isso é normal para um cristão.
Se me perguntar, entretanto, sobre outras religiões, pq não creem que Cristo é Deus, por exemplo - parece que isso te incomoda - só posso te responder o seguinte: sou cristão e encontrei, na verdade creio que fui encontrado, por Deus assim. Creio na encarnação do Verbo, creio que Deus é amor, é Pai, veio e habitou entre nós na pessoa de Jesus, o Filho, que continua conosco no seu Espírito. Isso é valioso para mim, alegra-me, e por isso gosto de partilhar com outros. Posso alegrar-me tb com pessoas de outras religiões, percebendo como o Pai misericordioso age para salvar a todos, independente de credo, percebendo nos que amam como o Espírito sopra muito além dos jardins. Seria soberba sempre que alguém acredita que carrega um presente? Assim nunca poderia haver uma festa. Tenho que deixar de ser eu mesmo para reconhecer que o outro tem algum valor? Se deixar de ser eu mesmo então não terei valor nenhum, nem nenhum presente, e não existirá a festa. É na diferença que existe a festa, no encontro do diferente que convive alegremente pq pode se encontrar na presença do UM.
Ecumenismo é festa, mas não é coquetel :)