Fóruns Paroquias.org
paroquias.org

  A participação no Fórum Paroquias.org está condicionada à aceitação das Regras de Funcionamento.
Inteligência Espiritual
Fóruns Paroquias.org : Geral

 

Ir para tópico de discussão: AnteriorPróximo
Ir para: Lista de fórunsLista de mensagensNovo tópicoPesquisarEntrar
A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Henry Thomas (IP registado)
Data: 09 de December de 2006 17:54

A armadilha do Pai Natal: o humanismo ateu


Agora que já entramos neste Tempo do Advento, tempo que nós católicos esperamos o nascimento do Messias, julgo ser oportuno propor aqui no “Fórum Paroquias” (excelente Fórum, meus sinceros Parabéns uma vez mais, aos seus promotores! Só lamento não ter tempo para participar de forma mais amíude!) uma reflexão que não sendo nova, deve no entanto merecer a nossa maior das atenções.

Os católicos mais lúcidos e atentos ao desenrolar da História, certamente que já terão apercebido da guerra ideológica sistemática, organizada, impiedosa e sem quartel que se desenrola nas nossas sociedades ocidentais contra a religião, e de forma muito particular, contra o catolicismo, desde à 200 anos.
Os criminosos “iluminados racionalistas” demagogos dos “direitos humanos” saídos da equívoca e infeliz revolução francesa, que atacaram a Igreja francesa na época, com expulsões, morte, expropriações, profanações de templos sagrados (quem não se lembra das ridículas, provocatórias e blasfémicas cerimónias realizadas em catedrais católicas em louvor da absurda “deusa razão”?) entre outras violências atrozes, deram lugar nos dias de hoje, a formas de terrorismo mais subtil, mas em contrapartida, um milhar de vezes mais eficaz.
E na actualidade, nesta tremenda luta das forças do Inferno contra a Igreja Católica, e em última análise, contra Jesus Cristo, várias e sofisticadas armas são utilizadas de forma a fazer perder as almas mais incautas. Autenticas armas ideológicas de destruição massiça. Todas elas, filhas dos “iluminados” da revolução de 1789, desde o falso idealismo kantiano, ao subjectivismo de Feuerbach, ao nihilismo de Nietzche, ao horrendo socialismo de Marx e Engels, chegando ao humanismo ateu dos nossos dias. E humanismo ateu, entenda-se o ateísmo e o seu irmão soft do laicismo, como uma ideologia que desenvolve um programa para refazer o mundo, apagando e denegrindo toda a civilização e criação cristã.

A igreja Católica, esse bastião moral e civilizacional da Humanidade, e advogada de todo o Homem ao longo dos séculos perante as prepotências humanas, tornou-se, desde logo o alvo a abater, a erradicar a sociedade. Aliás, pode-se mesmo afirmar que o grande e porventura talvez o único objectivo saído da revolução francesa, foi o de destruir a Igreja Católica.
E a Europa, sofre hoje, como nunca em toda a sua História uma verdadeira Cristofofia… em todos os domínios… culturais, políticos… (Porque razão são toleradas caricaturas do Cristianismo – numa a Eucaristia é comparada na televisão a um “lanche religioso” e Cristo na cruz é representado como um distribuidor de papel higiénico – na cultura popular europeia, de um modo tão agressivo que o Judaísmo e o Islão nunca o seriam? E o que dizer da recente demonstração de força por parte dos políticos europeus em apagar 1500 anos de história e formação cristã da Europa, da memória política europeia no processo de idealizar uma nova constituição para a nova – ou talvez “velha” - Europa? Nesse debate que apaixonou a Europa e não só, os cristãos puderam ver em acção a enorme e desproporcionada ferocidade da oposição ao reconhecimento do papel do Cristianismo na formação da Europa.)
E vários são até os autores, pensadores contemporâneos, que dizem que a Europa é actualmente “cristofóbica” ou “pós-cristã”.
E como é que isso sucedeu? Como é que esta mentalidade de manifesta e incontida raiva, rancor ao Cristianismo, e ao Catolicismo em particular, medrou e vingou? O Homem presente, interiorizou de que para ser “moderno” e “livre” tem de ser radicalmente secular, e tal convicção e suas consequências estão na base da crise civilizacional e moral da Europa presente.

O secularismo é para a maioria das pessoas um termo nebuloso, vago e algo impreciso. Sem dúvida que o secularismo é uma noção complexa, com diferentes manifestações e que utiliza diferentes, equívocos e oportunos instrumentos para promover a sua agenda. No entanto, aproveito aqui para recordar que nas vésperas do Concílio Vaticano II, a 25 de Março de 1960, numa carta pastoral, os bispos italianos definiam assim o fenómeno do secularismo: “uma concepção puramente naturalística da vida, que rejeita formalmente os valores religiosos, ou pelo menos, relega-os para a esfera da vida privada dos homens, negando-lhes a entrada na vida social pública do Homem (filosófica, jurídica, cientifica, económica, social, actividade política, e por aí fora), e proibindo o seu direito a exercer influência nessas áreas”. Mais adiante, os bispos italianos, apontavam que a mais influente forma de secularismo e também a mais perigosa, não é o ateísmo, mas sua forma menos radical, que admite Deus e a religião, “mas recusa em ver a ordem divina da realidade, presente na História humana” e de acordo com a qual, “as crenças religiosas são um assunto exclusivamente do foro particular e privado de cada um”.
Secularismo é no fundo, a apostasia da Sociedade para com Deus, como foi firmemente denunciado pelo Santo Padre S. Pio X, na sua primeira encíclica, no chamamento para o “restaurar todas as coisas em Cristo”. O secularismo foi também condenado pelo Papa Pio XI na sua primeira encíclica “Ubi Arcano”. E foi também devido a este Papa, que viu o perigo que teriam estas malignas teorias de rejeição de Cristo e da sua Lei divina da vida do dia-a-dia dos cristãos, que instituiu o festa de Cristo-Rei, (que tão recentemente festejamos, e tão acidamente foi criticada por um clérigo, na sua crónica dominical do jornal “Público”!) e promulgou a encíclica “Quas Primas” onde se lê que, “enquanto os indivíduos e os Estados recusarem a submissão aos ensinamentos de Nosso Senhor, não poderá existir uma verdadeira perspectiva de uma paz duradoura entre as nações”.

Mas aqui, e principalmente após os psicadélicos e alucinogénicos anos sessenta, de onde saiu o estranho Vaticano II, surpreende a critica do actual Papa Bento XVI, onde dias antes de ser eleito, criticava ferozmente a “ditadura do Relativismo”. E surpreende, pois custa a crer que o seu antecessor foi um dos maiores paladinos desse “relativismo” cultural e religioso, tão criticado por seus antecessores, como agora, embora ao de leve, pelo seu sucessor. Quem é que promoveu os infelizes “encontros de Assis”? Lembram-se ainda desses encontros “ecuménicos”? Foi talvez o apogeu do Humanismo secular, em todo o século XX, a presença do Papa, junto de 200 “líderes” religiosos.
Um mal irreparável para a consciência dos cristãos. O Vigário de Cristo, partilhando os mesmos ideais humanistas que os representantes das outras religiões pagãs. Só lá faltou, nesse grande encontro “ecuménico” o Pai-Natal. Esse ícone natalício já bem maior que qualquer representação religiosa. O Pai-Natal, esse “deus” laicísta e secular, ferramenta utilizada com inteligência e sucesso para erradicar o natal cristão das nossas sociedades.

“Neste tempo de trevas ideológicas e dureza de coração, meus caros irmãos, temos uma tarefa, uma solene tarefa a cumprir, que é rezar, colocar as nossas mãos juntas e pedir a Deus Todo-Poderoso que salve o mundo. Mais do que nunca, necessitamos que levantar as nossas mãos, corações e mentes para Deus, que nos desperte as virtudes da piedade e devoção que foram infundidas em nós pelo Sangue de Cristo no nosso Baptismo”. (Mons. Marcel Lefebvre)

Um abraço a todos, e um Santo Natal para todos vós, são os votos do

Henry Thomas

Não esqueçam de conhecer e visitar www.sspx.org

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 09 de December de 2006 18:07

Pode atirar as pedras que quiser... eu não lhe devolvo nenhuma.
Fique em paz na dureza do seu coração.

Lena

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 09 de December de 2006 18:22

trevas ideológicas - fome,desemprego, desumanização , ocidente contra oriente, riqueza de 20 % da população mundial contra 80% de pobreza , norteXsul , matar em nome de Deus , etc.

Amigo ... cuidado com o fermemto dos fariseus .
"O cristão deve escolher sempre a justiça , e a medida da Justiça não somos nós quem a ditamos, mas nosso próximo.Mc4,24"

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 09 de December de 2006 19:30

Achei este tópico divertidíssimo E COMPLETAMENTE PSICALICO.


Citação:
"..após os psicadélicos e alucinogénicos anos sessenta, de onde saiu o estranho Vaticano II, surpreende a critica do actual Papa Bento XVI.."

Será que o henry não sabe que Bento XVI, enquanto J. Ratzinger foi um activo participante do estranho Concílio Vaticano II?



Editado 2 vezes. Última edição em 09/12/2006 19:39 por catolicapraticante.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 09 de December de 2006 20:18

CP, deixa o homem que ele não sabe o que faz.
O Vaticano II foi um óptimo concílio. Mas é PERFEITAMENTE compreensível que a Montfort se oponha a ele. Porque vê os frutos maus que o concílio deu, não por ser mau, lá está, mas porque foi mal aplicado por muitos padres. Foi dar uma mão e tomarem-nos o braço todo.
Bento XVI, enquanto teólogo conciliar, seguiu e apoiou o concílio. Mas desaprova algumas coisas que hoje vão aparecendo na Igreja graças às portas que se abriram.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 09 de December de 2006 21:39

Olá Diogo,

Citação:
CP, deixa o homem que ele não sabe o que faz.
O Vaticano II foi um óptimo concílio.

Felizmente concordamos.

Citação:
Mas é PERFEITAMENTE compreensível que a Montfort se oponha a ele. Porque vê os frutos maus que o concílio deu, não por ser mau, lá está, mas porque foi mal aplicado por muitos padres. Foi dar uma mão e tomarem-nos o braço todo.

Poderia dar um exemplo dessas coisas que vc chama "frutos maus" que não existiam antes e que passaram a existir depois do concílio?

Citação:
Bento XVI, enquanto teólogo conciliar, seguiu e apoiou o concílio. Mas desaprova algumas coisas que hoje vão aparecendo na Igreja graças às portas que se abriram.

Vale lembrar que o Ratinzger sempre foi muito conservador e isso não muda da noite para o dia. Nos tempos do concílio ele até foi feliz tratanto de alguns temas, mas em outros aparecem as suas limitações. O atual papa até tenta mas, em se tratando de ecumenismo, por exemplo, enfia os pés pelas mãos. O nosso Bento não consegue mesmo acompanhar o seu antecessor João Paulo II qdo o tema é o diálogo com as outras denominações e religiões. Já no assunto eclesiologia, em se tratando das questões internas da igreja, ambos tem aquele quê de autoritarismo tão comum à hierarquia vaticana, foram/são centralizadores e até um tanto fechados ao diálogo dentro da igreja. Mas apesar disso são legítimos representantes da nossa igreja, com seus erros e acertos, e quem nunca errou que atire a primeira pedra.

Para muitos, a cada dia que passa a igreja tem menos a dizer, para esses ela já perdeu o bonde da história. Nem ligam mais para combater a igreja, para muitos a igreja já nem merece o trabalho de ser atacada. São completamente indiferentes a ela. O pobre autor do texto de abertura deste tópico está mais perdido do que cego em tiroteio; continua lutando com moinhos de vento na sua cruzada quixotesca contra a modernidade. O escolha mesma do termo "modernismo", enquanto corrente teológica, já foi muito infeliz. Na confusão muitos católicos não sabem o que era condenado e o que era desejado. Afinal, quem ainda não percebeu que a modernidade veio para ficar e que igreja medieval já não volta? O mundo caminha para a pós-modernidade, aliás, fala-se já de ultra-modernidade, e a igreja continua fazendo um esforço titânico para sair da idade média. Ainda encontramos católicos defendendo inquisição, monarquia, indulgências, governo teocrático, celibato obrigatório, clericalismo, proselitismo católico e coisas do gênero. Marcas de uma igreja fadada a desaparecer, e que Deus a leve.

O Vaticano II foi o passo mais feliz que a igreja poderia ter dado. A igreja católica só continuará viva, e viva, na medida que for sinal do evangelho e ainda tiver algo a dizer para as pessoas. É o que a mantém viva, não aqueles sonhos de uma igreja poderosa, atrelada ao poder temporal. Essa não tem mais lugar.

Paz e Bem

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 09 de December de 2006 23:50

Com o fim do concilio, surgiu um disparate brutal que foi o "espirito do Concilio". É algo que ninguém sabe o que é,mas que a gente imagina como seria, assim um Concilio à minha maneira.A ele deve-se a introdução de imensos disparetes na liturgia.Ainda os documentos não estavam cá fora, já muita gente imaginava uma Igreja à sua medida, que sendo á sua, não era à medida de mais ningém. Perdeu-se a fé no sacramento da reconciliação, padres surgiram que passaram a fazer celebrações comunitárias da penitencia com absolvições gerais. Conheço pessoalmente tres casos em que havendo desejo das pessoas em serem baptizadas, a quando do matrimónio lhes foi dito que não era necessário agora. Bastava um dos noivos ser casado.
Conheço Igrejas que deitaram fora os confessionários, alguns bastante antigos - porque não era mais necessário confessar.
Conheço igrejas que arrancaram os genuflexórios dos bancos, porque agora (após o concilio) o cristão não se ajoelha, a sua posição é de pé. Conheço Igrejas que arrancaram os altares antigos da parede para fazerem novos no meio das Igrejas.
Conheço Igrejas que deitaram abaixo pias baptismais antigas, que estavam a entrada da Igreja na capela respectiva, porque agora, o baptismo é feito no altar, onde cabe mais gente.
Hoje gasta-se dinheiro a repôr tudo nos seus respectivos sitios... E percebemos os excessos.
Mas é nessário às vezes o excesso para recuar até à medida certa.
Não conheci a Igreja ante do concilio. A minha Igreja é pois conciliar. E nela me sinto bem.



Editado 1 vezes. Última edição em 09/12/2006 23:57 por Paulo.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 00:26

Penso que o Paulo respondeu às suas perguntas.
No entanto, queria ressalvar que a monarquia não tem nada a ver com a religião. Eu sou monárquico, não por ser católico, mas por acreditar que um Rei é uma melhor solução. Só queria deixar patente a diferença, e não começar uma discussão.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 04:06

Oi Paulo,

Nao o conheço bem. Na verdade, conheço muito pouco de quase todos aqui, sou novo neste fórum. Só posso então debater com base nas palavras que escreveu. Vejamos...

Citação:
Com o fim do concilio, surgiu um disparate brutal que foi o "espirito do Concilio". É algo que ninguém sabe o que é,mas que a gente imagina como seria, assim um Concilio à minha maneira.

O que disse acima é, pelo menos em parte, correto; entretanto, a causa não é, nem de longe, o concílio, ou o "espírito do Concílio", ou algum outro termo isolado que queira eleger. Se o que vc diz procede, é perfeitamente possível fazer contraponto apontando um "espírito do medievo", que se espalha e permeia a mentalidade dos conservadores tradicionalistas que buscam a segurança imaginária numa igreja do passado que ninguém sabe bem como era ou o que tinha de tão bom assim para justificar o saudosismo. Enfim, acho que as críticas ao Vaticano II sempre me soaram como uma tentativa para justificar o medo de caminhar, algo como o apegar-se às cebolas do Egito.

Citação:
A ele deve-se a introdução de imensos disparetes na liturgia.

Novamente tenho que concordar, mas somente em parte. Do modo como está, parece que vc fala uma "introdução de imensos disparates" como se a própria liturgia católica pré-reforma litúrgica já não fosse ela mesma uma coleção de disparates. E em todo movimento de libertação há alguns que cometem exageros, mas o documento conciliar não apontava para isso. Lamento ser eu a dizer isso, mas o rito católico tridentino já tinha se tornado um modelo quase ideal de ritual neurótico obssessivo. Por isso causa-me verdadeiro espanto que existam católicos desejosos de retornar para aquilo. Não sei o seu caso, como disse antes, não o conheço bem, e estou a falar do geral.

Da reforma litúrgica de Trento saiu um decreto dogmático "Doutrina e cânones sobre o santíssimo sacrifício da Missa", e dois disciplinares, sendo o mais importante deles o "Decreto sobre o que deve ser observado e o que deve ser evitado na celebração da missa". A intenção dos decretos disciplinares era a de evitar os abusos e as mazelas mais evidentes, e com esse objetivo padronizavam tudo. Entre outras coisas, proibiam qualquer gênero de música diferente, proibiam qualquer diferença nas orações, e além disso estabeciam que os bispos exercessem vigilância ferrenha para punir qualquer tipo de abuso no cumprimento das normas.

É difícil julgar hj a reforma tridentina, ela sem dúvida serviu para por ordem no caos e para afastar muitas práticas supersticiosas que fervilhavam na igreja da época, mas é preciso lembrar tb que ela teve um caráter de oposição à reforma protestante, e que por isso, para marcar a oposição, não deu ouvidos a muitos dos questionamentos corretos que vieram da parte deles, como: culto na língua vulgar, comunhão sob as duas espécies, insistência no caráter comunitário da celebração (contra as missas privadas), insistência na comunhão durante a missa (contra a idéia dessa ser reservada apenas para o clero). Assim, a liturgia tridentina, ao mesmo tempo que ajudou a por ordem no caos, acabou afastanto a liturgia da vida real, transformando-a numa coisa "congelada", e obrigando a piedade dos fiéis a ir buscar alimento espiritual em outro lugar. Por isso floreceram uma infinidade de devoções populares que deram origem depois, inconscientemente, a cultura religiosa do Barroco.

Essa coleção de normas "anti-protestantes" que compunha o ritual da missa tridentina acabou por patrocinar um tipo de farisaismo litúrgico. Eram diversas regras "sem sentido" que determinavam tudo, criando um tipo de rital neurótico obssessivo. Se o celebrante não elevasse a óstia a uma altura X acima dos ombros, cometia pecado mortal; se a elevasse a uma maior do que Y, cometia pecado mortal. Se uma mão ficasse a uma altura Z centímetros acima da outra, era pecado mortal. Se a quantidade de água deitada no vinho não fosse exatamente 1 gota (existia até uma pequena colher para medir isso) era pecado mortal. Não me recordo do número exato, mas eram mais de 100 possibilidades de se cometer pecado mortal em uma celebração. Podem não concordar comigo nisso, mas isso me lembra muito pouco o rito pascal, a celebração da vida, o evangelho.

Citação:
Ainda os documentos não estavam cá fora, já muita gente imaginava uma Igreja à sua medida, que sendo á sua, não era à medida de mais ningém. Perdeu-se a fé no sacramento da reconciliação, padres surgiram que passaram a fazer celebrações comunitárias da penitencia com absolvições gerais.

Não considero isso "perda de fé". Considero que existia sim, e de fato ainda existe muito, uma mentalidade pagã que associava o sacramento com um tipo de magia. Conheço muitos católicos neuróticos que confundem a sua neurose com a sua fé, como se o fim de uma fosse o fim da outra.

Citação:
Conheço pessoalmente tres casos em que havendo desejo das pessoas em serem baptizadas, a quando do matrimónio lhes foi dito que não era necessário agora. Bastava um dos noivos ser casado.

Não conheço esses, mas conheço gente que queria batizar o filho para que ele não pegasse sapinho (uma doença). Não considero que o padre que recusou o batismo nessa situação tenha "perdido a fé".

Citação:
Conheço Igrejas que deitaram fora os confessionários, alguns bastante antigos - porque não era mais necessário confessar.
Conheço igrejas que arrancaram os genuflexórios dos bancos, porque agora (após o concilio) o cristão não se ajoelha, a sua posição é de pé.
Conheço Igrejas que arrancaram os altares antigos da parede para fazerem novos no meio das Igrejas.

Tb conheço igrejas assim, e até gosto de algumas delas. Cada caso é um caso, não sei como é aí em Portugal, mas aqui damos graças a Deus pelo Vaticano II.

Citação:
Hoje gasta-se dinheiro a repôr tudo nos seus respectivos sitios... E percebemos os excessos.
Mas é nessário às vezes o excesso para recuar até à medida certa.
Não conheci a Igreja ante do concilio. A minha Igreja é pois conciliar. E nela me sinto bem.

Enfim... hehehe. Tudo foi esclarecido ao final.

Paz e Bem.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 08:15

A ele deve-se a introdução de imensos disparetes na liturgia.Ainda os documentos não estavam cá fora, já muita gente imaginava uma Igreja à sua medida, que sendo á sua, não era à medida de mais ningém. Perdeu-se a fé no sacramento da reconciliação, padres surgiram que passaram a fazer celebrações comunitárias da penitencia com absolvições gerais. Conheço pessoalmente tres casos em que havendo desejo das pessoas em serem baptizadas, a quando do matrimónio lhes foi dito que não era necessário agora. Bastava um dos noivos ser casado.
Conheço Igrejas que deitaram fora os confessionários, alguns bastante antigos - porque não era mais necessário confessar.
Conheço igrejas que arrancaram os genuflexórios dos bancos, porque agora (após o concilio) o cristão não se ajoelha, a sua posição é de pé. Conheço Igrejas que arrancaram os altares antigos da parede para fazerem novos no meio das Igrejas.
Conheço Igrejas que deitaram abaixo pias baptismais antigas, que estavam a entrada da Igreja na capela respectiva, porque agora, o baptismo é feito no altar, onde cabe mais gente.
Hoje gasta-se dinheiro a repôr tudo nos seus respectivos sitios... E percebemos os excessos.
Mas é nessário às vezes o excesso para recuar até à medida certa.
Não conheci a Igreja ante do concilio. A minha Igreja é pois conciliar. E nela me sinto bem.
O Paulo tem as vezes umas intervenções um pouco estranhas. Tu das duas uma ou és padre ou então trabalhas para o IPAR visto conheceres tantas Igrejas e vidas paroquiais.

Por isso desafio-te a dares os nomes de 3 paróquias em Portugal por cada um dos exemplos que disseste.

Depois torna-se cada vez óbvio que o CVII não vão muito à bola um com o outro. Pois deixa-me dizer-te que se não fosse o Conílio não terias Taizé, os Focolares, o Caminho Neo Catecumenal, o renovamento carismático, a comunidade de Sto Egídio e muitos outras coisas que são filhos do tal chamado do concílio.

Já te disse várias vezes que sim que houve e ainda há abusos litúrgicos mas que devem ser corrigidos. Pode até ser mentira mas a avaliar pelas tuas palavras parece que o Concílio é a causa de todos os males que vão na Igreja.

Por isso se das melhores árvores também existem frutas que apodrecem.

Ainda só mais um par de reparos da tua intervenção.

Perdeu-se a fé no sacramento da reconciliação, padres surgiram que passaram a fazer celebrações comunitárias da penitencia com absolvições gerais.
Tenta lá pensar porque é que as pessoas perderam a confiança na confissão??? Depois de tantos anos que as pessoas se sentiam pela deturpação que muitos padres faziam da confissão, não achas que é natural que as pessoas tentem buscar respostas? Se queres um dia falo-te de um Padre que não me quis dar o sacramento da reconcilkiação porque lhe perguntei em que ele se baseava na Imaculada Concepção...

Das confissões em massa, desde que estou vivo nem nunca vi nenhuma mas segundo sei as condições a essas confissões são bastante restritas. De toda as formas não é estranho que tenha passado tendo em conta os batismos e conversões em massa que ocorriam durante a Idade Média e durante o periodo dos descobrimentos. Lembra-te que até existem documentos da Igreja que aprovavam métodos de evangelização que podiam levar a tudo menos cristão verdadeiros, tipo ou te convertes ou estás lixado.

Quanto à posição da Igreja... eu pessoalmente prefiro o chão, ou então banquinhos de oração...

Fico então à espera dos exemplos...

Em comunhão

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 12:01

"
Citação:
Firefox
Lamento ser eu a dizer isso, mas o rito católico tridentino já tinha se tornado um modelo quase ideal de ritual neurótico obssessivo"

clap, clap, clao. Totalmente de acordo. Em termos de diagnóstico.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 12:02

Tilleul.

Também prefiro estar sentada ou ajoelhada no chão.
Em comunhão.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 13:01

Como nem toda a gente tem a possibilidade de se ajoelhar nas pedras frias de uma Igreja, e porque nem todas as Igrejas são feitas à medida da Igreja da Reconciliação em Taizé, e porque as pessoas todas merecem um imenso respeito, temos imperativo moral de lhes proporcionar todas as possibilidades para que possam rezar em paz.

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 13:58

Podes dar os exemplos das Igrejas fizeram todas as coisas que disseste?

Precisas de dar endereços... apenas nome e diocese.

Em comunhão

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 10 de December de 2006 14:06

Mandei uma mensagem privada tilleul. Vê....

Re: A armadilha do Pai-Natal: o humanismo ateu
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 15 de December de 2006 16:46

O que penso da Modernidade é que a Declaração Universal dos Direitos Humanos é a expressão máxima desse Espírito e que a mesma está para o nosso tempo como os Dez Mandamentos para o tempo de Moisés; e bom seria que fosse inscrita, se não nos livros sagrados, pelo menos no coração de cada crente.
Há dias cantávamos assim:
"Todo o Homem é um Hino de Glória à grandeza de Deus nosso Pai...".
Ademais, recomendo ao nosso amigo British a leitura do prólogo do evangelho de S. João (de preferência uma versão antiga).

*=?.0



Desculpe, apenas utilizadores registados podem escrever mensagens neste fórum.
Por favor, introduza a sua identificação no Fórum aqui.
Se ainda não se registou, visite a página de Registo.

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.