Actualmente estou em várias actividades da paróquia a que pertenço, levo uma vida bastante activa. Mas, por vezes, sinto que tudo o que faço não serve, falta-lhe conteúdo, como se estivesse coroado com um certo farisaísmo, isto é, obras sem coração, como se nada tivesse sentido. Sinto-me como Marta, a quem o Senhor disse que Maria escolheu a melhor parte. Sei que a raiz disto prende-se com a minha falta de oração, ou melhor com a oração superficial e a minha fé parece-me insuficiente. É na oração que encontramos a força; mas orar é mais do que rezar as fórmulas, como sabemos: é falar com Deus. Quando o faço, sinto que algo me prejudica, não consigo profundidade na oração, parece que há “ruído” na comunicação. O que posso fazer para passar de um quase monólogo a uma oração de diálogo? Alguém me pode dar um conselho?
Cunha

Uma sugestão:

As oficinas de oração e vida.

Se estiveres em Lisboa, há uma a funcionar às terças feiras, pelas 21H30 no Centro Cultural Franciscano, Largo da Luz, nº11, em Carnide.

João (JMA)

Caro Cunha.

Acho que te consigo compreender pois aquilo que sentes parece-me familiar: no passado, também senti algo semelhante com o muito trabalho que fazemos aqui no Paroquias.org. Creio que nos últimos tempos consegui um melhor equilíbrio e, entre muitos outros, devo-o a Anthony de Mello, s.j. e ao seu livro Sadhana - Um caminho de oração.
Recomendo-o vivamente, bem como outros livros de sua autoria: O canto do pássaro, a oração da rã, entre outros. Estes últimos foram publicados em Portugal pelas Paulinas. O Sadhana eu tenho a versão espanhola publicada pela Sal Terrae. Creio que também já foi publicado em português pelos Paulus.

Boa oração,
Luís Gonzaga

Cunha

Uma sugestão: lê o capitulo sobre oração que está no Catecismo da Igreja Católica.

[catecismo-az.tripod.com]

Acho que é bom reflectir sobre o que lá está escrito. A oração está no capítulo III

Aqui na Net há o Catecismo em português. O catecismo mesmo, não o Compêndio do Catecismo.
Aliás o Compêndio, que é mais breve, diz na introdução que o Catecismo completo deve ser lido.

Antes de teres conseguido ler o Catecismo aqui vai outra sugestão:
Fala com Deus, com naturalidade, conta-lhe o que se passa contigo, com o que te rodeia, etc desabafa...confia em Deus, não penses que é pelos teus méritos que consegues fazer bem oração.
Não contes só contigo..conta com o Senhor.
Lembra-te do que diz S. Paulo.

Ainda bem que apareceu este tópico.

Adeus
Mª José

Desculpa mas esqueci-me disto: e, claro, põe-te numa atitude de escuta.
Mª José

Ler a Bíblia, sobretudo os salmos, é uma boa forma de oração.
Tens ainda a liturgia das horas com excelentes textos.
E porque não tentares escrever poemas ao sabor do que pensas e sentes?.

*=?.0

Eu sugiro um Retiro Espiritual. Estar uns dias fora das coisas do Mundo...

Fala com Deus. Não te limites às orações que conhecemos. Não estou a dizer que não são importantes. Claro, que não! Mas, também é preciso acompanhá-las de diálogo. Olha, eu falo com Deus em qualquer sítio: na rua, em casa, no trabalho, nos transportes, etc. Isso é rezar. Desde que seja feito com amor e respeito, é rezar. Não rezes apenas quando te vais deitar ou de manhã.

Eu sei que isto pode parecer estranho, mas fala com Deus e diz o que sentes. Estás no meio da rua e passas por uma situação difícil diz-Lhe"Ajuda-me!". Passas na rua e vês alguém a pedir esmola, diz-Lhe: "Orai por este meu irmão!".
Passas por um jardim: "Obrigado, Senhor, pela Natureza!".

Isto pode parecer muito estranho, mas podes crer que dá muita força e muita paz de alma. Com o passar do tempo começas a sentir a proximidade de Deus em tudo o que vês, seja bom ou mau.

Claro que convém também parar para leres a Sua Palavra e reflectires. Podes, por exemplo, ler todos os dias, antes de te deitares uam passagem da Bíblia ou então pegares na liturgia diária e leres as leituras do dia. Também podes lembrar-te de uma situação por que passaste e reflectires sobre isso tendo em conta a Palavra de Deus.

Claro que isto são só sugestões. Todos nós temos uma maneira muito peculiar de falar com DEus. Pede ajuda a DEus para descobrires a Tua.

Força. Vou rezar por ti.

bjs em Cristo

(http://deusemtudoesempre.blogspot.com)

Agradeço a todos aqueles que me aconselharam sobre como orar. Vou tentar seguir algumas das sugestões aqui enunciadas.

- Gostava de perguntar ao JMA (ou a alguém que saiba) se sabe onde posso encontrar as Oficinas de Oração e Vida na minha Diocese, Viana do Castelo;

- Para o Luís Gonzaga e Maria José Ribeiro: sei que os livros podem ajudar, até porque já tenho lido algo sobre o assunto, por exemplo, o livro: “Se tu soubesses o dom de Deus” de Luís Rocha e Melo e outros similares; o problema é ao passar à prática: muitas vezes acabo por me cingir à leitura do livro, que leio com muito agrado, mas falta-me o “elo” de ligação e até substituo a oração pela leitura de algum livro espiritual ou sobre a vida de algum santo, o que considero de valor inferior à oração propriamente dita;

- Para a Maria José Ribeiro: pode dar-me mais algumas dicas sobre como se coloca uma pessoa em atitude de escuta?

- Para o Albino O M Soares: a leitura da Bíblia é proveitosa, já faz parte da minha vida; o mesmo não posso dizer da Liturgia das Horas, terreno para mim “inexplorado”; penso que o me falta é mais essa oração espontânea, de diálogo com Deus, do que propriamente uma oração baseada em fórmulas;

- Para a Rita: realmente fazia-me falta um Retiro, mas os vários afazeres diários, profissionais, familiares, paroquiais, etc., não me deixam grande margem; mas é um conselho que fica e que quando me surgir uma oportunidade, conto de seguir. :)

- Para a Maria João Garcia: estou-lhe realmente grato por rezar por mim; obrigado! :)

Um abraço

Cunha

Cunha, ofereço a ti:)
********************

ENCONTRO DE REVELAÇÃO...


Quando olhamos para a nossa vida, somos capazes de descobrir nela,
encontros que foram uma revelação, aqueles encontros inolvidáveis que nos
marcaram para sempre, porque ajudaram a clarificar obscuridades, a decifrar
enigmas, a esclarecer significados, a encontrar sentidos e a aceitar,
porventura, dramas...

Às vezes poderá ter sido uma palavra; uma palavra que foi mais do
que um conceito, porque nela reconhecemos a força calorosa do amor e a luz
poderosa duma revelação.

O que talvez nem semnpre soubemos reconhecer foi o que estaria por
detrás desses encontros e as razões por que eles se realizaram no tempo e no
lugar mais oportuno.

Tal como aconteceu com os discípulos de Jesus, que perguntaram
quem teria pecado para que aquele homem nascesse cego...

As coisas acontecem quando têm que acontecer, isto é, quando as
circunstâncias ocorrem nesse sentido, como as nuvens que podem dar chuva, e não
temos que perguntar as razões, mas aceitar as suas boas ou más consequências.

Não percebemos que as nossas obscuridades são a expressão das
nossas certezas ilusórias...

Não percebemos que a fé não é mais do que a aceitação duma verdade
que nos ilumina, ainda que invisivelmente, e que nos leva ao encontro com Deus.

Todos nós éramos como Bartimeu, e, numa das encruzilhada da
história fizémos uma paragem, à beira do caminho, sem qualquer razão aparente e
deu-se aquele encontro que deu rumo novo à nossa vida.

Cada um de nós é que sabe quais foram esses nossos encontros que
foram na verdade uma grande revelação.

O Bartimeu do Evangelho é para nós um paradigma de que podemos
tirar muitas conclusões no caminho da fé.

Bastam uns momentos de concentração e de reflexão para
encontrarmos algum facto ou oportunidade ou até possivelmente uma razão, que
nos possa explicar, num caminho de fé, o que é que se passou na nossa vida, para
que hoje sejamos o que somos e não o que poderíamos ter sido, no campo dos
futuríveis...

Bartimeu teve a sua experiência.

Como muitos de nós, estava sentado à beira do caminho, porque não
tinha luz que lhe apontasse metas e lhe iluminasse os passos.

Somos uma civilização de consumidores passivos, que já confundimos
as imagens com a realidade e não vemos mais nada para lá do imediato.

O cego de nascença fazia parte daquele grupo de pessoas que
achavam que os nossos males são castigos de Deus por causa dos nossos pecados.

Através daquele encontro ele começou a perceber coisas mais
importantes.

Aprendeu que aquele "homem", Jesus de Nazaré, era mais do que um
rabi ou um profeta, era o próprio Messias de Deus, e isso "iluminou" o seu
espítrito.

Daí que Bartimeu, o cego, ainda teve descernimento para gritar por
aquele Jesus que passava.

A sua fé o salvou, tal como salvará todos aqueles que creditam
hoje que Jesus Cristo é o futuro do homem, Aquele que veio para dar cumprimento
ao plano da História da Salvação.

Aprenda a fazer o silencio interior. Se você cala , Deus fala. Se você sai, Deus entra.
A paz esteja contigo.
chris



Editado 1 vezes. Última edição em 27/10/2006 22:43 por Chris Luz BR.

Esse é que é o problema principal, Chris Luz BR. Quando tento fazer silêncio não consigo, ocorrem-me logo um turbilhão de pensamentos, alguns até inapropriados, lembro-me dos compromissos que tenho, do que vou fazer dali a bocado, etc., etc., mas peca por não dar o tal espaço, o tal silêncio em que Deus nos fala. É um paradoxo, quando me disponho a orar, parece que é quando oro menos! Sei que o silêncio interior é fundamental, mas como consegui-lo?
Cunha

Olá Cunha

Escreveste-me: "pode dar-me mais algumas dicas sobre como se coloca uma pessoa em atitude de escuta?"

Acho que é bom procurar fazer silêncio dentro de nós.
E como consegui-lo? Nem sempre é fácil. Às vezes estamos tão desorientados que eu diria que é impossível. Mas como para Deus tudo é possível pede-Lhe ajuda.

Procura estar consciente de que Deus está contigo. É a verdade. Ele escuta-te e tu pede-Lhe ajuda.

É mais fácil haver silêncio interior nuns sítios do que noutros.
Quantas vezes junto à vastidão do oceano é fácil ouvir Deus. É muitas vezes, um estar, sem palavras mas olhando para o Senhor.

A mim ajuda-me, também, o estar numa igreja, silenciosa, diante do sacrário e olhar. Estar...e procurar falar...ou simplesmente olhar...e os problemas passam-nos pela cabeça e, que bom, quando vimos as coisas claras. É Deus que nos fala.

A dispersão não facilita o encontro e a escuta.

Eu, não te sei explicar, também gostava de escutar mais...mas Nosso Senhor compensa sempre.

Em resumo: procura um lugar...o teu quarto é, muitas vezes, óptimo e não te preocupes muito se estás ou não numa atitude de escuta, se a tua oração é boa ou mais ou menos ou correu pessimamente. Tem uma atitude desportiva. Tu fizeste o que fizeste...

Deus é que sabe. Pode-te acontecer que aches que afinal não rezaste mas não és tu que te julgas. Deus é que sabe. Se procuraste estar a sós com Deus e saiu o que tu classificas como uma desgraça é porque gostas de fazer as coisas bem, a teus olhos (e quem não gosta?) mas a atitude de desprendimento do que fizeste é o que realmente conta.
Vi que lês vida de santos...a vida não foi fácil... penso que mesmo neste campo.

Tenho consciência de que te falei numa atitude de escuta e que no fim não te sei dizer quase nada...
Quando te falo na atitude de escuta é porque é fácil ir cheio de coisas na cabeça e sermos nós a "conduzir" (este entre aspas é porque não estamos a conduzir nada) a oração. Deixa-te levar por Deus.

Deixa que o Senhor tome conta de ti.

Que mais te posso dizer?

Vamos rezar uns pelos outros.

Continuo a sugerir-te que medites no catecismo sobre o tema da oração. Provavelmente vais descobrir muita coisa. Todos nós somos diferentes.

A Rita falava-te de fazeres retiro. Acho óptima ideia. Mas, às vezes, mesmo num retiro estamos metidos connosco e Deus não cabe. Também aí há que se esvaziar de si próprio.

Muitas vezes a posição em que estamos ajuda. Não é igual para todos, nem sempre do mesmo modo.

Não sei se viste João Paulo II, de joelhos, rezar na capelinha em Fátima. Via-se que estava metido em Deus.
Tu sabes que ele, muitas vezes, rezava prostrado? Isto quando novo e já como Papa. Nos últimos anos não devia ser assim, imagino, pelo seu estado físico mas de certo falava com Deus.
Falar é dialogar. O diálogo exige que se oiça. É destas verdades... de Monsieur... mas que, às vezes, esquecemos.

comece pelo site jesuíta : www. lugar sagrado , lá existem exercícios de escuta, respiratórios ,etc.para iniciantes.
Acho que o endereço é www. lugar sagrado.org, tem um link aqui no paróquias.( Capela Sto Isidoro, veja no lado esquerdo ), lá procure lugar sagrado.
obs: pode repetir várias vezes MARANATÁ ( que significa : vem Senhor Jesus) até sua mente acalmar e use sua imaginação, colocando Ele á sua frente.

A gente aprende a caminhar, caminhando...



Editado 1 vezes. Última edição em 30/10/2006 12:56 por Chris Luz BR.

Uma notícia da Ecclesia de 3/11/06


> Que diferenças entre a oração de um judeu, uma muçulmana e um cristão?
O ecumenismo e a oração unem os congressistas no início do sexto dia do Congresso para a Nova Evangelização, que decorre até Domingo em Bruxelas. A oração é o tema em destaque na conferência da manhã, com a particularidade de ser proferida por pessoas de diferentes religiões.
A Basílica do Sagrado Coração, nesta solarenga manhã em Bruxelas, começou por receber Albert Guigui, Grande Rabino de Bruxelas, que sublinhou a importância da oração como um «momento de graça, de abandono, de aceitação, um acto de humildade perante o seu Criador». Em hebreu «oração» diz-se «tefila» que significa também «julgamento». Segundo o rabino «a verdadeira oração consiste em despertar o homem para as suas responsabilidades. A oração é fonte de paz». E recordou os judeus que durante a Segunda Guerra Mundial «cantavam baixinho as suas orações», sendo esta a única forma de resistir «contra a tirania dos nazis».
Seguidamente Hacer Duzgun, pertencente à comunidade muçulmana na Bélgica, veio partilhar a sua experiência de oração como muçulmana.
Uma mulher de cabeça coberta, como tantas que se vêem nos transportes ou nas ruas de Bruxelas começou a sua intervenção com uma saudação: «Salaam», paz!. Hacer disse que todas as orações do ritual islâmico terminam obrigatoriamente com palavra «Salaam». Para Hacer Duzgun «todos os homens e mulheres são iguais na oração» e ambos conduzem a sua oração livremente. Esta muçulmana acredita que a oração «é uma viagem de paz. Cinco vezes por dia, todos os muçulmanos do mundo se voltam para Meca e rezam». Todos os cristãos são iguais nesta «atitude de oração, tanto Árabes e não Árabes, Marroquinos e Turcos, Europeus e Africanos», referiu. E manifestou a sua crença de que na «viagem que fazemos, há pontos comuns com as orações cristãs». Terminou a sua intervenção, não com a «paz», mas com o desejo de que «a paz esteja convosco».
Segui-se Enzo Bianchi, conhecido especialista na « lectio divina». Juntou-se ao Congresso para sublinhar e partilhar a sua experiência na oração. «Não sou mestre na oração mas simples eco da palavra de Deus». Começou por dizer aos congressistas que todos os dias tenta «compreender o que é a oração». Para este sacerdote, fundador de uma comunidade ecuménica em Bose, na região de Turim, a oração requer «em primeiro lugar uma atitude de escuta, pois a oração não é uma procura de Deus, é antes uma resposta a Ele», sublinhando que « temos sempre muito para lhe dizer, mas escutá--Lo é mais difícil». A oração significa «acolher a nossa mais profunda verdade», sublinha Enzo Bianchi questionando «quantas vezes na oração se sentem ateus?» A oração requer abertura para haver comunhão e para isso «temos de assumir as nossas fraquezas, mas perceber que somos queridos por Deus». E só quem ora verdadeiramente e percebe «a riqueza da oração pode ser um evangelizador », pois é na « oração que o cristão louva a Deus e leva a acção de graças para a evangelização», assegura o sacerdote ecuménico. E finaliza dizendo que «quem evangeliza não leva nada de próprio aos outros, mas sim a experiência da oração».
As palavras da conferência são acolhidas com grande entusiasmo. Uma congressista, polaca, veio ao Congresso a convite de um amigo que há dois anos esteve em Paris. «Estou muito feliz por estar aqui e depois quero ir para a minha terra levar as experiências que aqui vivi», diz confessando que gostaria de acolher o Congresso na sua cidade. Para esta polaca a oração «em todas as formas que a possas sentir é muito importante, assim como perceber outras maneiras de rezar».
Outro participante, belga, afirma que a oração «é a base dos cristãos» e que, na sua vida, a oração tem uma presença importante. Para este congressista o Congresso está a ser «um sucesso e uma boa experiência». E sublinha a grande participação e oferta de actividades que se passam na cidade.
Durante o dia os ateliers e acções de rua vão continuar a exprimir a Nova Evangelização na cidade de Bruxelas. De tarde D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa vai encontrar-se com todos os participantes portugueses no Congresso.

Penso que este texto nos ajuda a todos.
Os sublinhados e negritos são meus. Como falamos da escuta e está aqui no texto...e o que foi dito é importante eu resolvi destacar.

Sem silenciar a mente e o coração, a alma, o espírito não é possível nem sequer perceber Deus.