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Re: RMA
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 18:20

Bispos aprovam nota sobre ao PMA e apela ao «Não» no referendo sobre o aborto
.
A assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reunida em Fátima até amanhã, vai publicar uma Nota Pastoral sobre a Procriação Medicamente Assistida. Mesmo com uma nova Lei aprovada no Parlamento, os Bispos publicam o documento para “orientar” os fiéis católicos.

O documento afirma, segundo o Secretário da CEP, que “a lei não está de acordo com as exigências morais do Cristianismo e, por isso, aplicámos a Doutrina da Igreja à realidade portuguesa”.

D. Carlos Azevedo explica que “a fecundação heteróloga e a doação de embriões”, previstos na nova Lei, vão “contra a moral católica” e os fiéis não deverão recorrer a elas.

Na nota pastoral que vai ser divulgada esta quinta-feira sobre a Lei da PMA, poderá ler-se também que “não é moralmente legítima a utilização de embriões excedentários para investigação científica”.

Sobre a ajuda aos casais que não conseguem ter filhos biológicos D. Carlos Azevedo assinala que “a esterilidade física não é um mal absoluto e há casais que encontram formas de realização da sua vida conjugal com outros métodos, conformes ao que é recomendado e que garantem a dignidade da pessoa humana”.

Sobre o próximo referendo ao aborto, D. Carlos Azevedo, Secretário da CEP, disse aos jornalistas que os Bispos esperam que os portugueses possam “amadurecer serenamente a sua consciência” nesta matéria e deixou um apelo aos que “estão convictos do Não” para que não deixem de votar.

Os trabalhos da assembleia, iniciados na passada segunda-feira, abordaram ainda algumas questões da relação entre a Igreja e o Estado. A CEP lamenta o atraso do Governo na nomeação dos seus representantes na Comissão bilateral, prevista na Concordata para o desenvolvimento dos bens da Igreja que integrem o património cultural português. O Ministério da Cultura ainda não terá indicado o nome do vogal escolhido.

“Não compreendemos a razão deste atraso”, lamentou D. Carlos Azevedo, frisando que “o Património é algo que todos valorizamos”.

Outro tema é a questão das novas percentagens dos descontos que o Clero passará a fazer para a Segurança Social, com os Bispos a manifestarem disponibilidade para negociar. A assistência espiritual nos Hospitais e as aulas de EMRC no 1º ciclo são assuntos em que é preciso um acordo entre Igreja e Estado.

D. Carlos Azevedo lamentou ainda a ausência de uma representação da Igreja no Conselho Consultivo das Famílias, um órgão de natureza consultiva composto por representantes de entidades não governamentais, criado este Verão.

Seguindo o plano de reflexão sobre a transmissão da fé, os Bispos abordaram o papel da família, da escola e da universidade neste processo. O Secretário da CEP salientou “a crise da família na transmissão da fé” e salientou a importância de a Igreja apresentar “intensificar e renovar pedagogias”, criando métodos e técnicas eficazes.

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 18:29

A doação de embriões contra a moral católica? Então se são pessoas porque é que não podem ser adoptados?

Eu esperava era que incentivassem os casais católicos a adoptarem os embriões excedentários: isso sim, era um exemplo de amor cristão pelo "irmão embrião congelado". É que não basta apregoar que o zigoto é pessoa. Uma religião de amor pelo irmão deve demonstrar esse amor com actos.

pontosvista

Re: RMA
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 18:52

Caro pontosvista:

A notícia não fala em adopção, mas sim em doação. Há uma certa diferença, como sabes...

Alef

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 19:46

Alef

Doação inclui doação de embriões congelados excedentários.

pontosvista

Re: RMA
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 20:02

Pois sim.

Não sei se em algum lado o Magistério condena a adopção de embriões excedentários. O que tem sido clara é a condenação de qualquer técnica que leve á existência de embriões excedentários. Sobre a adopção encontrei uma referência curiosa no «Comunicado Final da X Assembleia Geral da Pontifícia Academia para a Vida», de 16 de Março de 2004. Diz assim no número 8 (destaque meu):

Citação:
8. Além destas razões de princípio, existem depois algumas circunstâncias concretas na aplicação das ART, à luz das actuais possibilidades técnicas, que agravam o juízo ético negativo sobre elas. Entre elas, desejamos recordar sobretudo o grande número de embriões humanos perdidos ou destruídos depois deste procedimento, um verdadeiro "massacre dos inocentes" dos nossos dias: nenhuma guerra nem catástrofe jamais causou tantas vítimas. Paralelamente, existem também os embriões que, por várias razões, acabam por ser crioconservados; eles, se forem recusados pelos comitentes, "são expostos a um destino absurdo, sem possibilidade de lhes oferecer meios certos de sobrevivência licitamente perseguíveis" (CDF, Donum Vitae, II, 5). Qualquer ulterior reflexão sobre este ponto, e em particular sobre a questão da possibilidade (teórica e real) de uma eventual adopção pré-natal destes embriões "supranumerários", exigiria entre outras coisas, a análise aprofundada de dados científicos e estatísticos pertinentes, realmente ainda não disponíveis na literatura. Por conseguinte, a PAV considerou ser prematuro, durante esta Assembleia, enfrentar directamente a questão.

Alef

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 20:46

"Massacre dos inocentes"

O grande número de embriões humanos perdidos ou destruídos no processo de procriação natural é um verdadeiro "massacre dos inocentes" ( ???) querido por Deus, o criador do Processo.

A tecnologia da reprodução imita a Natureza mas infelizmente ainda não conseguiu ultrapassar esta barreira natural imposta pelo Criador, que em último caso, é o único responsável do tal hipotético massacre dos inocentes.


Um dia, quando toda a reprodução humana for resultado da biotecnologia através de técnicas de PMA, pode ser que as taxas de implantação possam chegar aos 100%, pode ser que consigamos reduzir este massacre de inocentes que Deus , Himself, inventou.

A esperança está na Ciência e não na Divindade - pelo menos nesta área.



Editado 2 vezes. Última edição em 15/11/2006 20:50 por catolicapraticante.

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 20:59

Numa caixa de comentários deum blogue do não surgiu este pungente Testemunho:

"Estou a escrever estas linhas com a lágrimas a cair sobre o teclado, uma vez que o meu maior desejo era ser MÂE. Mas a vida pregou-me uma partida, pois não consigo. Para mim é uma facada que me dão quando ouço noticias de abandono de crianças ou de abortos, pois o meu maior desejo é ser Mãe. Depois de muito lutar ao fim de 5 anos fiquei grávida nem queria acreditar quando me levantei e fiz o teste ao fim de 60 dias de atraso do período, uma amiga obrigou-me a fazer o teste pois eu nem acreditava, fiz o teste num domingo de manhã, quase que nem dormi com a ansiedade que sentia, deu positivo, foi o dia mais feliz da minha vida e do meu marido, choramos os dois agarrados sem parar, demos a notícia a toda a familia e fizeram uma grande festa.
Fiz a 1ª ecografia, tinha um presentimento que eram dois e eram os seus corações batiam com tanta força que era a mulher mais feliz do mundo. Tudo estava a correr bem até que aos três meses comecei a sentir muitas dores e o Dr. coloco-me de repouso absoluto, sem poder sair da cama, mas eis que no dia da Mãe no dia 5 de Maio de 2002 o pior aconteceu perdi os meus filhos, aquilo que mais desejei,e que ainda hoje sinto a sua falta, pois dia 5 de dezembro fariam 4 anos, foi doloroso ver os meus bébés já tão grandes e olhar para tudo o que tinha em casa para eles, foi uma revolta que ainda hoje sinto.

À 3 meses atrás tentei novamente mas por ISCI(microinjecção)para a qual todos os dias tomei injeções de hormonas na barriga e fazia de 2 em 2 dias ecografias para ver como estavam os óvulos, mas o sonho em 15 dias estava a acontecer novamente, pois um teste de gravidez já dava positivo. Fui internada para me tirarem os óvulos através de anestesia geral para me tirarem os óvulos, quando acordei o médico disse-me que tinha oito óvulos e o meu marido já tinha dado o esperma. A seguir esperamos seis dias e eis que uma nova desilusão aconteceu o sonho voltou a morrer.
Pois os 5 embriões que estavam bem tinham deficiências profundas após os seis dias de biopsia.
Se Deus quiser eu ainda hei-de ser Mâe. Pois esta dor está no meu coração nestes dez anos de tentativas.
Obrigado por me escutarem, pois tenho dias que me apetece morrer e fugir do mundo. "

Infelizmente há quem queira proibir esta mulher de ter filhos. E dizem-se Pró-vida.
Como escreveu o CA, é desumano.



Editado 1 vezes. Última edição em 15/11/2006 21:23 por catolicapraticante.

Re: RMA
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 21:51

Citação:
catolicapraticante
Pois os 5 embriões que estavam bem tinham deficiências profundas após os seis dias de biopsia.
A solução como se vê não está naas FIV. Está no "Se Deus quiser"

Quando Deus quer acontece. E há tanto milagre por aí.

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 22:00

Citação:
Quando Deus quer acontece. E há tanto milagre por aí.

Realmente Deus tem feito muitos milagres quando usamos a RMA.

Infelizmente há quem queira tentar a Deus, ignorando o que a medicina oferece e esperando um milagre, sem fazer da sua parte o que pode fazer por isso.

pontosvista

Re: RMA
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 22:15

E assim acontecem os verdadeiros milagres caro Pontos. Sem intervenção de Deus.
São esses que importam.

Re: RMA
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 22:20

Cara catolicapraticante.

Infelizmente, tu cais sempre (tal como o pontosvista já caiu) numa espécie de falácia naturalista. O facto de todos os seres humanos se destinarem à morte não te dá o direito de provocar a sua morte. O facto de muitos pré-embrões morrerem naturalmente no interior do corpo da mulher não nos dá o direito de produzir pré-embriões excedentários, muito provavelmente destinados à destruição. Do «é» não se pode passar sem mais ao «deve ser». Isto é um princípio elementar.

E não deixa de ser curioso que a tua peculiar e errada interpretação da lei natural (aproximando-a a uma qualquer «lei da natureza») te «serve» para falar contra a «Humanae Vitae», mas aqui de alguma forma invocas uma espécie de «lei da natureza» para justificares o teu ponto de vista. O pontosvista tem argumentado na mesma linha. Acho este ponto de vista eticamente insustentável.

Deixa a Deus a responsabilidade pelos embriões que morrem naturalmente, mas não queiras a responsabilidade de banalizar a vida humana, tornando-a descartável, podendo tu dispor como te aprouver de uma vida que não te pertence.

Parece-me excessivo o medo de parte da hierarquia católica no que diz respeito à RMA (porque nem tudo se deve meter no mesmo saco, a meu ver), mas algumas das reservas são perfeitamente legítimas, quanto mais não seja pela necessidade de prudência. Não se pode lidar com os embriões humanos como se fossem mero material biológico disponível para os mais variados fins, mesmo que aparentemente bons. Um bom fim não justifica um mau meio.

Eu compreendo muito bem o testemunho que deixaste aqui, conheço bem um caso relativamente próximo, mas parece-me muito problemático que para se resolver um problema se crie outro. Os embriões excedentários são um problema muito sério. E tanto quanto sei, de modo nenhum o diminuto número de pessoas disponíveis para adoptar um embrião excedentário resolve o problema. O que acontece é que quase todos serão destruídos.

Não se trata de proibir esta mulher de ter filhos. Trata-se, antes, de tentar evitar que para ter um filho se destruam outras vidas humanas. O que há a fazer é tentar resolver o seu drama sem que isso signifique a perda de vidas humanas. O que se passa é que a Igreja leva muito a sério esse princípio de que não é legítimo eliminar uma vida humana para salvar outra. Mas aqui nem se trata de salvar uma vida humana. Trata-se de satisfazer um desejo legítimo e são, mas que nem sequer é um direito, como bem sabes.

Quanto ao teu repetitivo chavão de dizer que é uma contradição da Igreja que seja pró-Vida e se descarte a RMA, parece-me importante dizer o seguinte. No caso das técnicas de RMA que impliquem embriões excedentários, a posição da Igreja é totalmente coerente, porque ser «pró-Vida» não significa simplesmente «privilegiar» uma vida sobre outras, mas significa antes preservar a total dignidade da vida humana. Não se é pró-Vida por ser pró-Vida com critérios quantitativos, mas sim com uma perspectiva que toda a vida humana é digna de total respeito, não sendo descartável. A perspectiva pró-vida não signifa simplesmente «quantas mais vidas melhor», mas que toda a vida humana é radicalmente indisponível e, numa perspectiva mais elevada, sagrada.

Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 15/11/2006 22:24 por Alef.

Re: RMA
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 22:25

Citação:
Alef
No caso das técnicas de RMA que impliquem embriões excedentários, a posição da Igreja é totalmente coerente, porque ser «pró-Vida» não significa simplesmente «privilegiar» uma vida sobre outras, mas significa antes preservar a total dignidade da vida humana. Não se é pró-Vida por ser pró-Vida com critérios quantitativos, mas sim com uma perspectiva que toda a vida humana é digna de total respeito, não sendo descartável. A perspectiva pró-vida não signifa simplesmente «quantas mais vidas melhor», mas que toda a vida humana é radicalmente indisponível e, numa perspectiva mais elevada, sagrada.

Alef

Excelente síntese.
Subscrevo inteiramente.

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 22:30

Alef

Não se trata de dizer que podemos matar porque na natureza muitos morrem naturalmente. Isto é não perceber o que eu digo.

O que eu digo é: se queremos ter filhos vão morrer de certeza muitos embriões. Vamos pela via tradicional? Vamos criar embriões que morrerão. Vamos pela RMA? Vamos criar embriões que morrerão. Não há hoje volta a dar. E no futuro será a RMA a permitir a procriação com muito baixo risco de morte de embriões. Quem defende os embriões por si próprios nessa altura não terá opção ética que não seja condenar a procriação não assistida. No meio disto como é possível condenar a RMA sem condenar a procriação não assistida?

Citação:
Trata-se, antes, de tentar evitar que para ter um filho se destruam outras vidas humanas. O que há a fazer é tentar resolver o seu drama sem que isso signifique a perda de vidas humanas.

Com este critério qualquer forma de procriação é imoral.

Quanto à adopção, não se trata de uma solução para os embriões excedentários mas um teste à coerência de quem afirma que o embrião é pessoa humana. Se os pró-vida amassem os embriões como pessoas humanas, teriam que os ver, à luz de Cristo, como irmãos. O normal seria que tentassem salvar alguns. Nas ruas de Calcutá a Madre Teresa dizia: não abortem, dêm-me as crianças que eu trato delas. Quando alguns casais católicos começarem a dizer: "dêem-nos um ou dois embriões que nós adoptamo-los porque são pessoas" então começarei a considerar mais a sério a possibilidade de serem realmente pessoas. Agora não entendo que sejam pessoas para se falar em "massacre dos inocentes" e se hesite na questão da adopção. Em termos de coerência isto parece-me muitíssimo pobre.

pontosvista



Editado 1 vezes. Última edição em 15/11/2006 22:38 por pontosvista.

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 22:36

Quanto à lei natural e à Humanae Vitae, não confundo lei natural com lei da natureza. Mas ainda ninguém foi capaz de explicar como é que se sabe se um dado preceito é legítimo segundo a lei natural.

Um critério possível teria a ver com a origem da noção de lei natural: uma lei no coração de todos os homens, mesmo os não crentes. Ora no caso da contracepção esta "lei natural" não está sequer no coração da maioria dos católicos, quanto mais na natureza do homem ou no coração de todos os homens de boa vontade. Tirando isto a "lei natural" é um conceito que apenas serve para a hierarquia interferir em assuntos em que não tem qualquer apoio da revelação.

Se quiseres esclarecer melhor como é que se sabe se um dado preceito é lei natural ou não, agradeço.

pontosvista



Editado 1 vezes. Última edição em 15/11/2006 22:36 por pontosvista.

Re: RMA
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 23:01

Caro pontosvista:

1. A meu ver negas antes o que a seguir voltas a afirmar, porque voltas a usar indevidamente o paralelismo das mortes naturais com as mortes «in vitro», como se tratasse da mesma situação ética. Ora, isto é um falso paralelismo e uma falácia de tipo naturalista. Ao contrário do que dizes, o que se passa na via tradicional não se trata simplesmente de criar «embriões que morrerão». Há aqui uma diferença enorme. Porque na via natural, tu não te fazes em «dono e senhor» de uma vida que seleccionas em desfavor de outras. Na via da RMA tu produzes e seleccionas de acordo com critérios TEUS.

Só no segundo caso há uma intencionalidade selectiva. E aqui há uma diferença enorme em termos antropológicos e éticos.

Não nos esqueçamos que aqui «seleccionar» significa também «descartar». E o que se descarta são vidas humanas.

No primeiro caso, as vidas humanas não são descartadas e as que morrem não morrem por minha decisão. Não depende da minha vontade nem intenção. E aqui está uma das fontes de moralidade.


2. No que diz respeito ao segundo aspecto da tua mensagem, sobre a adopção, parece-me que este é um argumento demasiado fácil para ridicularizar a posição alheia.

Mas vejamos. Ao nível dos princípios, está bastante claro que os embriões excedentários são portadores de dignidade humana. E o que a Igreja tem dito é que é necessário evitar que existam estas situações.

Naturalmente, nem a Igreja nem ninguém pode pressionar a que se adoptem embriões humanos. Há aqui uma questão ética muito importante que é a da proporcionalidade.

Mas, seguindo a lógica que tenho visto nos documentos da Igreja, de modo nenhum vejo que se considere mau que alguém adopte um embrião humano. Pelo contrário. A questão é que, como se viu no documento que citei antes, se considera que esta é uma questão consequente. Antes de mais é necessário, considera o Magistério, que se acabem estas situações, precisamente porque se considera que não há embriões mais dignos que outros ou que alguns sejam descartáveis, segundo critérios eugenistas, técnicos ou de conveniência.

E, já agora, da mesma forma que a Igreja se manifesta contra o uso das RMA, de modo nenhum mostra desprezo ou menos respeito pelas pessoas que nascem segundo essas técnicas. Bem pelo contrário. Analogamente, a Igreja manifesta-se contra as relações fora do casamento, mas não considera as pessoas nascidas fora do casamento como de segunda categoria. Algumas até estão nos altares.

Alef

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 23:25

Citação:
Alef
Não nos esqueçamos que aqui «seleccionar» significa também «descartar». E o que se descarta são vidas humanas.
No primeiro caso, as vidas humanas não são descartadas e as que morrem não morrem por minha decisão. Não depende da minha vontade nem intenção. E aqui está uma das fontes de moralidade.

Só a questão da intenção ou da selecção parece-me insuficiente para tornar um procedimento imoral. Os critérios de selecção têm a ver com possibilidades intrínsecas de desenvolvimento dos próprios embriões. São escolhidos aqueles que apresentam maiores possibilidades de sobrevivência. Num mundo em que o homem toma permanentemente decisões de vida ou morte sobre outros homens não percebo bem os pruridos com os embriões. Muitos médicos têm diariamente que optar entre doentes, baseados em critérios clínicos discutíveis. Seria preferível deixar morrer toda a gente em vez de ter que escolher alguns e descartar outros?

Na RMA normal todos os embriões são criados para chegarem a ser humanos adultos. Quando se cria um embrião não se diz: este é para deitar fora. O que se sabe é que nem todos lá chegarão. Sabe-se que, para alguns deles, não se terá hipótese de os transferir para o útero. Mas se um pai numa zona de fome tem vários filhos mas sabe à priori que não poderá dar a todos as mesmas hipóteses de sobrevivência, deve optar por não ter nenhum filho? E que no caso da RMA a alternativa é criar vários embriões sabendo que nem todos terão as mesmas hipóteses ou não criar nenhum e aí não há mortes porque não há vida.

Francamente já tive que enfrentar esta situação. E não a enfrentei com critérios de descartar vidas mas de pensar: mesmo que cada embrião seja um filho meu, arrisco que alguns se percam ou prefiro não ter nenhum? Não tive qualquer dúvida em arriscar, mesmo admitindo a hipótese de serem filhos meus os embriões que se iriam perder.

Foi precisamente aí que ponderei: será que devo amar cada embrião como um filho? Será que faz sentido prezar cada embrião como prezo uma criança (ser pessoas é isso, não é para mim um conceito filosófico abstracto). E foi aí que percebi o que era a "roleta russa" da nidação. Se os embriões são pessoas todo o nosso empenho deve estar em acabar com o tal "massacre dos inocentes" que, ao contrário do que diz a douta academia, não está na RMA mas sim nas mortes naturais na procriação não assistida.

E não me remetam o assunto apenas para a vontade de Deus. Se os embriões são pessoas, as mortes por fome (tão naturais como estas) são uma brincadeira ao pé deste massacre. Há que aperfeiçoar a RMA e acabar com a procriação não assistida o mais depressa possível.

O que me parece profundamente desligado da realidade é afirmar a digniade do embrião e admitir calmamente a morte de mais embriões do que crianças alguma svez nascidas. É mover céus e terra por causa dos embriões da RMA e encolher placidamente os ombros perante os outros embriões mortos.

Por isso reafirmo: quando vir os defensores dos embriões a amarem os embriões com a sua própria vida, então levarei as suas posições um pouco mais a sério. Até lá respeito as posições mas apenas como posições intelectuais e filosóficas bastante desligadas da realidade.

pontosvista

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 23:26

brCaro Alef:

Cais com demasiada facilidade em "chavões" básicos, provavelmente porque desconheces as técnicas de PMA.

Na PMA ninguém "provoca amorte de seres humanos", ao contrário do que escreveste.

O que acontece é precisamente o contrário - CRIA-SE inetencionalmente a possibilidade de virem a existir seres humanos, que sem essa intervenção tecnológica NUNCA poderiam existir.

Ou seja criam-se em laboratório embriões que nunca existiriam de outra forma.

Portanto ao contrário do que escreveste, as técnicas de PMA não destroem embriões - pelo contrário, produzem-nos!
Os embriões excedentários são uma condição de eficácia do processo reprodutivo, tal como na natureza - faz parte do processo normal de reprodução .
Nunca são produzidos intencionalmente com outar finalidade que não a de originarem seres humanos.

Quando se cria um embrião não se diz: este é para deitar fora.


De forma alguma. Todos os embriões obtidos são sagrados - são um pequeno êxito. Deixa-se que eles se desenvolvam normalmente atá á fase implantatória.
Infelizmente, tal como acontece na reprodução normal, uma percentagem destes embriões não é viável - por múltiplas razões.
Acabam por se autodestruir - ninguém os elimina intencionalmente. Á partida sabe-se que alguns embriões produzidos por Técnicas de PMA nunca terão condições de serem transfreidos para o útero, tal como sucede que sucede em qualquer processo de reprodução natural.

São as leis da natureza, criadas por deus, que a pesquisa procura continuamente ultrapassar.

O dilema ético neste caso é qualitativamente igual ao dilema ético de quem tenta engravidar por meios naturais e sabe que mais de 75% dos zigotos assim produzidos são excedentários e vão ser eliminados...

Com a stécnicas de PMA tal não acontece.
SE por acaso houver embriões viáveis a mais após um ciclo de tratamentos, é uama legria - podem ser congelados e guardados para uma futura gravidez. O que é excelente - evita-se que o casal ( e particularmente a mulher) tenha de passar por um outro ciclo de tratamentos violentos,
.



Editado 1 vezes. Última edição em 15/11/2006 23:37 por catolicapraticante.

Re: RMA
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 23:31

Caro pontosvista:

No que diz respeito à lei (moral) natural, interrompi a minha linha de exposição porque me irritou a forma indigna (etc.!) com que a catolicapraticante tratou o que escrevi. Ponderei mesmo não vir cá tão cedo, mas, enfim, reconsiderei. Estaria a dar demasiada importância às gratuitas tentativas de boicote.

Como escrevi antes, gostaria de ler os documentos da Igreja («Humanae Vitae» e outros) sob esta perspectiva da «lei natural», mas ainda não o fiz e não o farei tão cedo. Seria bom fazê-lo para identificar as linhas condutoras mais «evocadoras» da lei natural.

Contudo, importa dizer que ao invocar a lei (moral) natural para o caso da contracepção (como em outros casos) não se trata de dizer que esta «norma contrária à contracepção» esteja no coração de todos os homens enquanto norma concreta. Não se trata disso. Trata-se, antes, de uma interpretação que a Igreja faz da lei natural neste caso concreto. Trata-se de dizer, por interpretação própria, que a contracepção é contrária à lei moral natural que existe no coração do homem, lei moral essa que, existindo no coraçãod e cada homem, tem de ser interpretada. A lei moral natural não é nenhum preceito concreto (por isso a pergunta sobre um exemplo de uma lei natural é um disparate). «Traduz-se» de muitas formas, enquanto ela é uma espécie de «Carta Constitucional» essencial do homem. Uma das «traduções» mais evidentes é a norma que diz «Faz o bem e evita o mal». A lei natural é o que nos garante que é possível racionalmente chegarmos á noção de que é algo é bom ou mal. Naturalmente, precisa muitas vezes de ser interpretada. O que para uns parece bem, para outros ou noutras circunstâncias parece mal. O que acontece é que a Igreja interpreta que a contracepção vai contra a dignidade de uma vida verdadeira humana, enquanto se pretende dispor dela, manipular, determinar, etc.

Onde está o problema? Está precisamente na precisão ou não desta interpretação. Como citei há dias, o Papa Paulo VI «reclamava» para si a autoridade para fazer a interpretação contida no documento. Há quem diga que outra leitura é possível. O Papa aqui usa um argumento final de autoridade. O que acontece é que a larga maioria dos católicos não acatou esta norma. Ou seja, temos um problema teológico, o da falta de recepção de uma doutrina. Há quem aponte isto como elemento fundamental para a genuinidade de uma doutrina. Aqui os teólogos dividem-se. E os pastores também, porque, enquanto muitos pastores consideram que a contracepção é aceitável nalguns casos, outros não admitem excepções.

E la nave va

Alef

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 23:40

"
Citação:
Alef
Trata-se, antes, de uma interpretação que a Igreja faz da lei natural neste caso concreto."


MAs a qual Lei natural? A que lei natural te referes ?

ESta pergunta está relacionada com outars igualmente pertinentes a que te recusas a responder e optas por entrar em argumentações dirigidas ás pessoas e não ás ideias.
O que tem a acontracepção aver com a PMA??

Porque se misturam sempre os temas todos numa confusão de conceitos caótica e irracional?

Não é tratar a infertilidade fazer o Bem?
Não é fazer nascer crinaças fazer o Bem?



Editado 2 vezes. Última edição em 15/11/2006 23:46 por catolicapraticante.

Re: RMA
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 15 de November de 2006 23:58

Citação:
catolicapraticante
Na PMA ninguém "provoca amorte de seres humanos" […]
as técnicas de PMA não destroem embriões - pelo contrário, produzem-nos!
Os embriões excedentários são uma condição de eficácia do processo reprodutivo, tal como na natureza - faz parte do processo normal de reprodução.

1. Isto não é verdade. Se fosse verdade, o problema ético seria bem menor. Embora as PMA se apresentem com a intencionalidade «boa» de criar embriões humanos, não se limitam a criar. No processo total das PMA também se destroem embriões, e isto não acontece por um mero «princípio de duplo efeito», nem por um «imponderável». Não vale a pena tentar dar a volta a este facto com eufemismos. Eu não teria qualquer objecção às técnicas de PMA se elas não levassem à destruição intencionada de embriões humanos. Que não seja a «primeira intenção», certamente não o é, mas a destruição dos embriões deve-se a uma decisão humana de os destruir ou usar experimentalmente.

Deve ser recordado que se eliminam muitos embriões humanos resultantes das técnicas de PMA na investigação. Sabendo que tal e tal técnica de investigação implica a morte do embrião.


2. E mais uma vez. Do ponto de vista ético, morte dos embriões excedentários «in vitro» não é comparável às mortes naturais, porque a intenção (uma das fontes da moralidade) é completamente diferente, tal como já expliquei. No processo natural eu não selecciono quem deve ou não viver/morrer, ao contrário do que acontece nas técnicas de PMA.

Já mostrei há bastante tempo que o uso desta falácia de tipo naturalista não tem justificação neste caso e que, aplicada a outras situações, leva a monstruosidades.

Alef

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