Uma vez li alguém afirmar que para nos sentirmos incluídos, sentimos necessidade de excluir. Ou seja, não nos afirmamos sozinhos, mas muitas vezes fazendo a contraposição com os outros. Assim, se pertencemos a um grupo, temos muitas vezes o impulso de excluir os outros do nosso grupo: "tu não pertences".

Acontece muito isto com os católicos. Há quem tenha uma determinada visão do que deve ser o catolicismo e discorde que outros, com uma visão diferente, se digam também católicos.

É óbvio que deve haver limites, mas... quem é católico? É apenas quem concorda com as posições oficiais todas da Igreja? É quem acredita nos dogmas e recita convictamente o Credo? É quem é baptizado e se afirma católico? É quem o Papa disser?

Eu acredito numa Igreja que acolhe, que aceita a diversidade. E, apesar de achar que tem de haver limites (naturais, aliás), acredito que temos de acolher, e não de excluir.

Finalmente, aproveito para colocar aqui um excerto de um artigo do Frei Bento Domingues, sobre crer com dúvidas. Penso que esclarece sobre a abertura de espírito que creio que devemos todos ter.

Dois leitores destas crónicas, embora em dias diferentes, abordaram-me, em plena praia. Um declarava-se católico, apostólico, romano e não queria ser outra coisa, mas também se considerava um agnóstico. Perguntava-me se isto era aceitável na Igreja. Ri-me com ele e lembrei-lhe que, desde o século II da era cristã até ao recente reencontro com o apócrifo "Evangelho de Judas", a hierarquia da Igreja não foi com os agnósticos que teve mais problemas, mas com os "gnósticos", aqueles que pretendem saber, sem tirar nem pôr, porque razão andamos perdidos e julgam conhecer o caminho exacto para a salvação fora do corpo e deste mundo.

A conversa não se resumiu a isto. Foi uma manhã muito teológica, observando-lhe que se não queria ser um agnóstico preguiçoso, ainda teria muito que andar e pesquisar para nascer de novo. Ao pôr do sol, a questão de outro leitor não andava longe da precedente: «sou católico praticante e devoto de Nossa Senhora. Acabo mesmo de entrar na capelinha da Senhora dos Navegantes para rezar. Mas tenho muitas dúvidas acerca de vários pontos do Credo». Esta declaração também abriu um longo diálogo e que não iria ficar por ali. Mas comecei por dizer que estaria mais preocupado se fosse um católico fervoroso, como ele de facto era, e que não tivesse dúvidas. Nós só podemos crer interpretando. O terminal da fé não são as afirmações do Credo, mas o Deus inabarcável por qualquer conceito, um princípio interminável de viagem, uma peregrinação sem fim à vista, um aprofundar infinito do desejo de infinito. São os fundamentalistas e os fanáticos de qualquer religião ou irreligião que me irritam. E os ateus também sabem de mais, até sabem que Deus não existe!

Chamamos católicos aos baptizados e aos que cumprem os preceitos da igreja...

Desde logo quem for baptizado e se assumir como pertencente à Igreja.

Pode não concordar com as posições oficiais todas da Igreja;
Mas convém aceitar os dogmas, pelo menos na generalidade;
Assim como o Credo;

O que não significa não ter dúvidas e tentar esclarecê-las. Pelo contrário.

João (JMA)

Concordo com o João.

“Bom Mestre que hei-de fazer

para alcançar a Vida Eterna” ?



A Liturgia da Palavra deste 28º Domingo Comum – B, coloca-nos perante dois conceitos aparentemente contraditórios, o da riqueza e da disponibilidade de bens, em favor dos pobres num gesto de comprometimento e partilha.

Deus não tem preferências.

Todos os homens, independentemente da sua posição social, riqueza, religião ou cultura, são pertença do Seu Reino.

E são-no já aqui na terra.

Pelo que, sendo os pobres muitas vezes abandonados e esquecidos da sociedade, Ele se identificou com eles.

Aos ricos impôs-lhes uma justa distribuição de bens ; aos pobres, em espírito, chamou-os Bem-aventurados.

O caminho da salvação é o sofrimento e a cruz, a confiança inabalável em que os homens, tocados pelo Espírito de Deus, descobrirão para cada dia, o rumo certo da salvação comunitária, individual e universal.

A 1ª Leitura do Livro da Sabedoria, diz-nos que a verdadeira sabedoria, consiste na arte de se conduzir e governar os outros, e Salomão coloca-a acima de todas as riquezas.

Por exemplo, quem for um socialista não pode ser um bom católico. Se não estou enganado temos de aceitar todos os Dogmas. E o credo convém aceitar todo. Porque se for só metade, pouca é a nossa fé na Igreja. Ou acreditamos na Igreja, ou não acreditamos.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Hilariante!

C.P., às vezes tem cada uma :D
Bem, um católico é, sem dúvida, uma pessoa que quer uma igreja universal. Pois é daí que vem a palavra "catolicismo", universalismo. Todos os que se queiram denominar católicos devem fazê-lo conscientes do compromisso que acarreta a escolha. Acima de tudo, uma católico é um cristão, que aceita a universalidade de credos cristaos.
Agora, um Católico, pessoa pertencente à Igreja Católica (embora também exista a Russa, e a Alta) deve também saber ser católico (com o c minúsculo) e, mais ainda, crer que a sua Fé é transmitida pelos Apóstolos, ao longo das consagrações sucessivas dos Bispos (Igreja Católica APOSTÓLICA Romana) e que o pilar da sua Igreja (diga-se, comunidade universal) acenta no Romano Pontífice (Igreja Católica Apostólica ROMANA).
Existem assim duas variantes do que é ser católico, embora a segunda dependa SEMPRE da primeira.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.



Editado 1 vezes. Última edição em 15/10/2006 12:35 por Diogo Taveira.

As pessoas podem-se rir à vontade. Mas se muita gente parar de rir e pensar qual é o nível do seu credo na Igreja, verá que não é assim tão profundo. Voltamos ao supermercado. Tira-se aquilo que se quer e deixa-se o resto.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho



Editado 1 vezes. Última edição em 15/10/2006 12:28 por s7v7n.

Cada um fala por si, não é verdade?

Penso que antes de perguntar "Quem se pode chamar católico" devíamos perguntar "Quem se pode chamar cristão".
Cristo nunca excluiu ninguém porque é que nós, os cristãos, os seguidores de Cristo, excluirmos alguém? Ele disse "amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam" só que muitas vezes não conseguimos sequer amar os nossos amigos e fazer bem aos que nos amam. Somos rápidos a condenar mas lentos a perdoar. Será que quando rezamos o Pai Nosso, estamos a orar de coração ou apenas estamos a "deitar cá para fora" as palavras? Será que perdoamos mesmo a quem nos tenha ofendido? Se não conseguimos seguir o que Jesus nos ensinou pouco valerá dizer se cremos ou não na Igreja que Ele fundou.

Dinis

Dinis,

O tópico é sobre quem se pode chamar católico e não sobre quem se pode chamar cristão.

Cristão será todo o baptizado, sem mais.

Católico exige umas quantas coisas a mais.

João (JMA)

João

Será que o que o catolicismo tem a mais do que o cristianismo é de Cristo? Será o catolicismo romano uma espécie de sub-clube com regras próprias que não se submetem às do próprio Cristo?

pontosvista

A propósito dessa matéria - O que é ser Cristão - chamo a atenção para o Ciclo de Conferências anunciado neste tópico.

A próxima é já na 4ª feira, dia 18.

João (JMA)

Uma boa pergunta para colocares na Conferência.

O que respondi acima é o critério básico pelo qual é aferido de uma forma, por assim dizer prática, quem é Cristão e aceite como tal no Conselho Mundial das Igrejas.

A Igreja é também construção humana. Como tal, pode ter elementos que não estejam correctos e não correspondam à Verdade. Ou seja, nessa medida, existe sempre a possibilidade de ter elementos que na tua expressão "não sejam de Cristo".

Já a tua segunda questão tem resposta negativa. Quaisquer regras que a Igreja Católica tenha submetem-se sempre às de Cristo. Se se opusessem teriam de ser rejeitadas.

João (JMA)

João,

Eu sei que o tema é "Quem se pode chamar católico", no entanto como é que se pode responder a esta questão se muitos provavelmente nem sabem responder à questão "Quem se pode chamar cristão" ou mesmo "o que é que ser cristão".
Há muitas pessoas que afirmam a pé juntos que são católicos no entanto só vão 3 vezes à igreja durante a sua vida: no seu baptismo, no seu casamento e no seu funeral.

Dinis

Pontosvista,

Citação:

pontosvista
João
Será que o que o catolicismo tem a mais do que o cristianismo é de Cristo? Será o catolicismo romano uma espécie de sub-clube com regras próprias que não se submetem às do próprio Cristo?

Não consegues encontrar diferenças por exemplo entre católicos e protestantes? Dou-te uma pista. Sacramento da reconciliação, Sacramento do casamento e por aí...Existem diferenças.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

s7v7n,

Pergunta que tendência política recomendas tu ao bom católico?

Sabes quantos sacramentos existem na Igreja Anglicana? Não são eles também protestantes?

Em comunhão