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Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de October de 2006 12:09

Cara catolicapraticante:

Não é por voltares a afirmar que os «métodos naturais» são contraceptivos que eles passarão a ser contraceptivos. Não passam, porque não são.

Podemos concordar ou não com eles, mas não podemos dizer que são contraceptivos. A tua afirmação é incorrecta desde logo do ponto de vista etimológico. «Contra» implica uma oposição material e a abstinência não é uma oposição material, como o são todos os métodos que não os ditos «naturais». A abstinência é apenas isso, abstinência. Não é um acto «contra-», mas um abster-se de um determinado acto.

É verdade que este é um erro frequente, concretamente nos manuais de Biologia do 12º ano em vigor, mas o uso não justifica o abuso.

Possivelmente tens razão em quase todo o resto, mas não na denominação. Os «métodos naturais» são certamente métodos de «planeamento familiar» (normalmente a hierarquia prefere falar de paternidade/maternidade responsável), mas não são métodos «contra-ceptivos».

E quanto a esse «resto», parece-me importante dizer o seguinte:

- Possivelmente pode haver alguma mentalidade «contraceptiva» (em sentido muito amplo) também no uso dos chamados «métodos naturais». A argumentação de alguns dando tantas loas à sua eficácia pode dar essa impressão. De qualquer modo, parece haver uma atitude básica de fundo diferente nos casais que usam os «métodos naturais» (muito poucos) e em muitos dos casais que recorrem a outros métodos de planeamento familiar. Mas, claro, nisto são possíveis milhentas excepções, para todos os gostos.

- Se bem me lembro, já escrevi bastante sobre alguns pontos «obscuros» dos «métodos naturais» no tópico «Moral católica esquizofrénica?», pelo que me fico pelo seguinte: chamar «naturais» a ditos métodos parece-me problemático. São, de facto, bastante «artificiais», dependem de muita «cultura», que é sempre «artificial». Tal denominação, juntamente com a anatematização de outros métodos como «intrinsecamente maus» (cfr. o famoso número 2370 do Catecismo) incorre também, a meu ver, num certo «fenomenologismo» de certas posições da hierarquia que me parecem não muito bem fundamentadas do ponto de vista ético (porque se sobrevaloriza uma fonte de moralidade em detrimento de outras). [Estou a lembrar-me do argumento usado com alguma frequência contra a FIV de que é imoral porque implica que a obtenção do esperma se tenha que fazer mediante a masturbação, portanto, um acto mau…]

- Também já falei por cá na necessidade de uma «hermenêutica benevolente» em relação aos documentos da Igreja sobre o assunto, naquilo que eles têm de dar «moral», de apontar para aquilo por que vale a pena lutar. Numa tal linha positiva, a Igreja aponta para valores muito elevados. De facto, tudo seria bem mais simples e certamente mais conforme o Evangelho se funcionássemos numa linha «positiva», se os casais conseguissem viver em sã convivência com o ideal de viver uma vida de plena comunhão de amor sem necessidade de «instrumentalizar» a vida própria e dos «filhos-a-vir». O problema é que não somos anjos (e diz-se que nem todos os anjos se portaram bem…) e se a Igreja mostra muita condescendência noutros campos (como o da justiça social), no campo da moral sexual e familiar mostra-se intransigente. Ou, como dizia um certo preceito antigo, em questões contra o sexto e nono mandamentos não há «matéria leve»… Não estaremos mais uma vez sob o jugo da lei contra o qual tanto fala S. Paulo e o próprio Jesus?

De qualquer forma, a Igreja nunca esqueceu a importância da consciência moral. Que deve ser bem formada, é certo, mas formada não significa necessariamente formatada. Pode uma consciência bem formada colocar no seu horizonte a possibilidade de usar os métodos contraceptivos habituais quando os métodos naturais se tornem problemáticos? Eu creio que sim, mas nem toda a gente concorda comigo. Sobre isto já discuti longamente com o João Oliveira, creio.

O que me parece muito problemático do ponto de vista teológico é essa imensa «mole humana católica» de facto des-sintonizada com a hierarquia no que diz respeito ao uso dos métodos «não naturais», métodos classificados de intrinsecamente maus. Karl Rahner coloca muito bem o problema num texto sobre a «Humanae Vitae». Estaremos diante de uma «apostasia silenciosa» ou do caso de uma doutrina não recebida? Ora, a receptividade de uma doutrina é uma categoria teológica muito importante. Não estaremos aqui num caso de claro fosso «doutrinal» entre alguma hierarquia e a maioria dos leigos? E não é verdade que muitos padres e bispos não dizem abertamente o que pensam por medo?

Alef

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de October de 2006 13:46

Exsitem algumas dificuldades com a terminologia. Por exemplo, é um erro comum confundir PLaneamento Familiar com Contracepção, quando planear uma família pode ter precisamente o significado oposto.

Quanto ás tuas "obeservaçãoes" sobre a pretensa inexactidão do termo contracepção relativamente aos métodos ditos naturais, não colhe.

Os Métodos ditos "naturais", são contraceptivos no sentido em que se destinam a evitar a concepção - isto é, a possibilidade de uma gravidez que decorre de uma relação sexual.

Há vários métodos anticoncepcionais - de barreira, físicos, químicos e os comportamentais. Os métodos ditos naturais incluem-se neste último grupo.
E não estamos a falar de abstinêcia. ( Embora a abstinência, no período fértil da mulher, seja absolutamente contranatura, pois vai contra a própria biologia do desejo e os mecanismos da reprodução.)

EStamos a falar de actos sexuais praticados conscientemente sem a dimensão reprodutiva. Que é o que fazem os casais que usam os métodos ditos naturais, que, tal como os casais que usam a pílula anovulatória, só têm relaçõe sexuais na ausência da ovulação da mulher.

Ou seja, só têm , sexo porque sabem que a probabilidade de engravidar é diminuta.

Não descortino aí qualquer diferença de atitude atitude básica de fundo diferente nos casais que usam os «métodos naturais» (muito poucos) e em muitos dos casais que recorrem a outros métodos de planeamento familiar.

Tanto mais que estes argumentam que os referidos métodos são altamente eficazes e é por isso que os escolhem.

Obavimente, que esse é um doscritérios de escolha do casal - a eficácia, fiabilidade e simplicidade dos métodos utilizados.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 08 de October de 2006 14:47

Alef

Em primeiro lugar penso que dizes muito bem o essencial do que havia a dizer sobre o tema.

Quanto à questão terminológica, ela parece-me pouco relevante para a questão de fundo. Cada autor pode definir uma classificação como muito bem entender.

Estou de acordo com a CP quando diz que quem usa os métodos de auto-observação está a fazer essencialmente o mesmo que quem usa qualquer outro método: tem relações sexuais apenas quando sabe que a probabilidade de engravidar é baixa. Só teria sentido valorizar o facto de se fazer alguma coisa para baixar a probabilidade de engravidar num determinado período se atribuíssemos um qualquer significado mágico à própria fertilidade. Tratar-se-ia então de algo que o homem nunca deveria manipular. Não penso que esta perspetiva seja cristã.

pontosvista

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 09 de October de 2006 01:54

Por que razão o prefixo 'contra' implica uma oposição material?

Abraço fraterno,

Miguel

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 09 de October de 2006 13:32

Não sei a razão por que significa isso, mas «contra» denota, de facto, neste caso concreto e em muitos outros uma oposição e contrariedade de uma coisa com outra. No caso de contracepção usei a palavra «material», para vincar que a abstinência não é uma acção «contra», mas simplesmente abstenção (diferente de omissão). Contudo, pelo menos noutros casos, a oposição denotada no «contra» também pode ser de outro tipo, como moral.

O «contra» implica, pois, algum tipo de «intenção» colocada num dado acto. Por isso, do ponto de vista terminológico é incorrecto dizer que os «métodos naturais» são «contra-»ceptivos.

Alef

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 09 de October de 2006 14:32

EStás enganado, mas pronto.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 11:10

A pedido do pontosvista aqui vai a minha opinião.

A minha opinião neste tema é muito simples.

Eu não sou casado, por isso não tenho relações sexuais.

Não sou a melhor pessoa para vos falar dos métodos contraceptivos.

Apenas vos sei dizer que os meus pais tiveram 4 filhos, e sempre usaram os métodos naturais. E como os acidentes acontecem sempre, o 4 filho apareceu quando já não era esperado. Claro que muitas pessoas aconselharam a abortar. Se tivesse sido essa a escolha, hoje não teria a minha irmã. O aborto não é solução para pobreza. E fico-me por aqui sobre o aborto.


E quem diz os meus pais, diz uma série de amigos meus que utilizam os mesmos métodos.

Apenas posso falar sobre o preservativo e as doenças como a sida. E digo-vos que nunca iria ser capaz de o utilizar, sabendo que poderia infectar a minha mulher com uma doença que não tem cura. Se vocês eram, é convosco. Eu não era.

É só.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 17:55

Seven: desculpa mas não percebi nada.

"Apenas posso falar sobre o preservativo e as doenças como a sida. E digo-vos que nunca iria ser capaz de o utilizar, sabendo que poderia infectar a minha mulher com uma doença que não tem cura. "



Achas que se usasses o preservativo infectavas a tua mulher???

Estás convencido que o uso do preservativo propaga a Sida?

Valha-me Deus E ainda dizem que a Educação SExual não é necessária nas escolas!

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 18:38

Citação:
pontosvista
Esta discussão está a esquecer o aspecto que levou à criação deste tópico: qual é a fundamentação para que a Igreja apresente como intrinsecamente mau qualquer uso de métodos contraceptivos, mesmo quando se trata de um casal estável que tem razões muito fortes para não ter filhos naquele momento?

Qual o documento em que leste a Igreja referir qualquer uso de métodos contraceptivos como intrinsecamente mau?

João (JMA)

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 18:56

Caro João (JMA):

Essa expressão aparece por várias vezes, em vários sítios. Um dos mais significativos é o próprio Catecismo da Igreja Católica, que diz assim no nº 2370 (o destaque é meu):
Citação:
2370 La continencia periódica, los métodos de regulación de nacimientos fundados en la autoobservación y el recurso a los períodos infecundos (HV 16) son conformes a los criterios objetivos de la moralidad. Estos métodos respetan el cuerpo de los esposos, fomentan el afecto entre ellos y favorecen la educación de una libertad auténtica. Por el contrario, es intrínsecamente mala ‘toda acción que, o en previsión del acto conyugal, o en su realización, o en el desarrollo de sus consecuencias naturales, se proponga como fin o como medio, hacer imposible la procreación’ (HV 14):
‘Al lenguaje natural que expresa la recíproca donación total de los esposos, el anticoncepcionismo impone un lenguaje objetivamente contradictorio, es decir, el de no darse al otro totalmente: se produce no sólo el rechazo positivo de la apertura a la vida, sino también una falsificación de la verdad interior del amor conyugal, llamado a entregarse en plenitud personal’. Esta diferencia antropológica y moral entre la anticoncepción y el recurso a los ritmos periódicos ‘implica... dos concepciones de la persona y de la sexualidad humana irreconciliables entre sí’ (FC 32).
Alef

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 20:11

Pronto, já tenho outra discordância com o Catecismo (para além do desrespeito deste pela vida, ao permitr a pena de morte).

Faltavam os actos intrinsecamente maus...

João (JMA)

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 20:16

Se o uso do contraceptivo é intrinsecamente mau, como diz o Catecismo, temos de dar um penitência àqueles que dizem que, no caso de um dos elementos do casal saber que tem uma doença contagiosa é um imperativo de consciência a utilização do preservativo.

Sugestões???

João (JMA)



Editado 1 vezes. Última edição em 10/10/2006 20:16 por JMA.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 20:50

Pois, não resisto a uma pequena «farpa»...

Nem o uso de pistolas, facas, bombas, etc., parece ter um estatuto tão definido como os contraceptivos...

Se as minhas contas estão certas, o Catecismo da Igreja Católica fala de três «coisas» intrinsecamente más: o uso de contraceptivos, os «actos de homossexualidade» e a violação. Sexto mandamento.

Parece-me que estas «manifestações de força» (vocabulares) têm como efeito principal o aumento do fosso entre parte da hierarquia e a esmagadora dos leigos, que também são Igreja... Disto já muito se falou no tópico «Moral católica esquizofrénica?».

Alef

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 20:53

CP,

Se tenho o azar de furar o preservativo, como é? O preservativo não é 100% seguro. Tu fazes se quiseres. Eu não faço. Deixa-te de coisas. O que eu disse está bastante claro. Se estavas disposta a ser infectada com o virus da sida é lá contigo.

Valha-me Deus sim!

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 20:59

Queres dizer que pensas que estás mais protegido de uma Doença Sexual transmissível se não usares preservativO??
Nota - eu não estava nada disposta. tanto que não esytava que nunca me infectei.

Mas há muitos jovens ignorantes e mal informados que correm esse risco.

Basta terem uma relação sexual sem preservativo. Uma vez basta.



Editado 1 vezes. Última edição em 10/10/2006 21:05 por catolicapraticante.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 21:04

Não deves ter percebido bem. Culpa minha. Se eu não uso porque posso infectar a minha parceira, é claro que não o faço com ou sem porque o não poderia aceitar o facto de infectar a minha mulher com uma doença sem cura. Portanto para não terem dúvidas, eu não teria relações sexuais. Assim está mais explicito. Mas isto sou eu. Tu, se preferisses correr esse risto, era contigo.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 21:11

Pelo que percebi, dizes que não uss preservativo porque não praticas sexo. Acho bem, porque ainda és muito jovem e é um disparate iniciar uma vida sexual sem maturidade.

A ideia é - quando tiveres contactos sexuais um dia, quando fores mais maduro e tivereres um relacionamento amoroso o importante é seres responsável e usares sempre e correctamente preservativo.
Tanto mais que de certeza absoluta que não vais ter uma única namorada toda a vida, mas várias.

Só assim te proteges e as proteges a elas.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 21:49

Eu não disse isso. Eu disse é que não me manifestava muito sobre o assunto sem estar dentro dele. E não pretendo ter muitas namoradas. Tenho uma e chega-me. Não penso deixar esta. E quando chegar à altura é que posso dizer que consigo ou não guiar-me pelos métodos naturais. Não é preciso andar no truca truca para perceber que é muito melhor sem do que com. E como eu confio 100% na minha parceira, e conto fazer testes(porque nunca se sabe por onde se apanha esse virus), se puder e conseguir, não usarei preservativo.

Já agora, sabem como agir caso sejam picados por um objecto cortante infectado? Há um método usado nos laboratórios de análises clínicas.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 22:47

Já agora, não consegui resistir:
seven, e se a tua mulher estiver constantemente a engravidar e tu não estiveres a ganhar muito dinheiro?

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 23:02

Diogo,

Eu quero fazer as coisas com cabeça. Como vos disse, não estou para aí virado agora. Quando chegar à altura logo me informo de tudo. Mas como vos disse, os meus pais, e alguns amigos meus, guiaram-se por esses métodos. Não vale a pena estar a especular.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

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