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Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 03 de October de 2008 21:18

Já mudou, o Papa e alguns cardeais é que ainda não deram pela mudança...

Quantos leigos na Igreja aceitam a Humanae Vitae? Um minoria...

Obrigado,
Luís Gonzaga

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 03 de October de 2008 21:51

O povo anda a frente da igreja. Inverteram-se os termos!

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 03 de October de 2008 22:09

Ana

O povo é Igreja.

pontosvista

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 03 de October de 2008 23:43

Luis

Achas que se deve fundamentar o valor de algo, pelo facto de ser ou não vivido?

Então: Viva o divórcio e os filhos que aguentem...Ainda hoje tive oportunidade de verificar os problemas que se levantam pelo facto de os filhos, ao fim de semana irem estar na casa do pai ou da mãe (a pessoa com quem não estão habitualmente)e dá pena os jovens sem fim de semana...para eles é apenas uma mudança de casa...isto notou-se em intervenções feitas numa reunião de pais, numa escola. O fim de semana não existe para esses jovens.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 03 de October de 2008 23:44

Luis

Achas que se deve fundamentar o valor de algo, pelo facto de ser ou não vivido?

Então: Viva o divórcio e os filhos que aguentem...ainda hoje tive oportunidade de verificar os problemas que se levantam pelo facto de os filhos, ao fim de semana irem estar na casa do pai ou da mãe (a pessoa com quem não estão habitualmente)e dá pena os jovens sem fim de semana...para eles é apenas uma mudança de casa...isto notou-se em intervenções feitas numa reunião de pais, numa escola. O fim de semana não existe para esses jovens.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Onac (IP registado)
Data: 04 de October de 2008 14:05

A este respeito: "O pior que pode acontecer a uma norma moral não é ser recusada, mas ser ignorada" (Jorge Teixeira da Cunha, Director-Adjunto Faculdade de Teologia).

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 04 de October de 2008 14:16

Caro Onac:

Parece-me que no caso da «Humanae Vitae» acontecem as duas coisas. Muitos ignoram por desconhecimento, outros ignoram por considerá-la irrelevante (recusam-na).

Queiramos ou não, a «recepção» deste documento pelo Povo de Deus constitui um grave problema teológico. A vida da Igreja não se mede por percentagens, mas não podemos querer tapar o sol com uma peneira.

Alef

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 04 de October de 2008 14:22

Há algum dogma associado à contracepção/sexualidade?

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 04 de October de 2008 14:25

Que eu saiba, não, Lena.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 04 de October de 2008 14:32

Alef

Porque essa gravidade toda para esta questão em particular?

Com certeza há mais orientações morais da Igreja (leia-se dos líderes) que não são seguidas por muitos fiéis...

Cassima

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 04 de October de 2008 15:45

Cara Cassima:

Claro que há muitas normas que não são seguidas. Mas creio que em nenhum caso existe tanta disparidade entre a «solenidade» e «veemência» de afirmação de uma «doutrina» e uma esmagadora rejeição, em grande por «questões de consciência». Nesta perspectiva, o problema da receptividade da «Humanae Vitae» é muito mais grave que o problema da admissão dos recasados à comunhão eucarística, mesmo tendo em conta que este é também um caso muito doloroso. A ver se me explico, com alguns exemplos, meros exemplos:

a) a Igreja diz que se deve ir à missa ao domingo e considera ser um pecado grave faltar à missa dominical sem uma razão justa. Ora, sabemos que a prática dos que vão à missa dominical é baixíssima, mas muitos dos que não vão reconhecem que ir à missa é importante. Aceitam a doutrina, embora não a pratiquem integralmente, por uma ou outra razão...

b) A Igreja diz que se devem pagar os impostos e sabemos que muitos católicos não pagam os impostos devidos... Mas de um modo geral todos reconhecem a razoabilidade dessa norma...


No caso da proibição absoluta da contracepção, o problema é muito mais sério, porque, por um lado, enfatiza-se muito na Igreja a moral sexual e familiar (ou seja, o 6º e 9º mandamentos parecem ter prevalência sobre os outros); por outro, a esmagadora maioria das pessoas a quem esta doutrina afecta directamente ignora ou recusa aspectos centrais desta doutrina.

Quanto ao primeiro aspecto, basta lembrar aquele velho «princípio» que em matéria de moral sexual não há «matéria leve» (isto é, todos os pecados neste campo são graves ou mortais). Há problemas muito sérios: por exemplo, uma pessoa que tenha assassinado outra poderá receber a absolvição, desde de que manifeste arrependimento; uma mulher que tenha um DIU implantado (e que o disser) não pode receber a absolvição enquanto não o retirar...; mas se uma mulher, em vez de usar um DIU, tiver feito uma laqueação de trompas, já poderá receber a absolvição, porque é irreversível...

Assim, aliado ao problema da enfatização do discurso, vem o problema da rejeição teórica. Desta forma, enquanto que muitos dos que faltam à missa ao domingo reconhecem a razoabilidade da norma, já no caso da proibição absoluta da contracepção um número muito assinalável de pessoas, incluindo teólogos, rejeitam a razoabilidade da norma. Pior, podemos dizer com muita segurança que o número de casais que levam a peito a «Humanae Vitae» é reduzidíssimo, certamente numa percentagem à qual sobram os dedos de uma mão. Ou seja, neste caso parece que temos uma doutrina que «de facto» não foi «recebida» (esta é uma categoria teológica) pelo Povo de Deus. Poderemos aqui falar de um «sensus fidelium» (aquilo em que o povo cristão realmente acredita) contrario ao «sensus episcoporum»? Ora, isto é muito grave, porque nem se trata de uma mera norma disciplinar, mas de Magistério da Igreja.

Entre as divergências profundas está o problema de se interpretar unilateralmente a «lei natural», aproximando (indevidamente, segundo muitos) a «lei natural» das «leis da natureza» (um problema presente sobretudo no Magistério de João Paulo II). Outro problema está no «fenomenalismo atomista» de cada acto, esquecendo que a moral não se «mede» simplesmente por actos isolados, mas por opções fundamentais, atitudes e actos. Este problema existe (parcialmente) na condenação da Inseminação Artificial e da Fertilização in vitro. Há ainda outros problemas, que são os mais badalados: as questões sócio-económicas, as dificuldades próprias dos chamados «métodos naturais», etc., etc.

Claro que há aqui muitos problemas ligados a esta «não receptividade». Há, certamente, mal-entendidos por parte de muitos «fiéis», talvez também egoísmo, enfim, tudo o que costumamos ouvir nas queixas de alguns bispos... Mas será tudo?

Evidentemente, com tudo isto impera outro problema: nem todos os cristãos com representatividade na Igreja podem dizer abertamente o que pensam. Isto inclui os bispos. Os que se atrevem a tal -- sobretudo os teólogos do campo da moral -- têm sido punidos de várias formas. E isto é também um problema grave. É claro que as pessoas com cargos de ensino na Igreja não podem fazê-lo meramente em nome pessoal, mas...

É frequente o caso de pessoas importantes na hierarquia da Igreja dizerem que não podem dizer certas coisas em público... Quase todas têm a ver com estas áreas... Assim vamos... Aonde?

Há tanto a pensar e a converter... Penso muitas vezes em Mateus 23:2-4:

Citação:
«Os doutores da Lei e os fariseus instalaram-se na cátedra de Moisés. Fazei, pois, e observai tudo o que eles disserem, mas não imiteis as suas obras, pois eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar.

É claro que isto não se resolve com «soluções de manga larga», mas sem um maior espaço de abertura ao «sensus fidelium» não se vai a lado nenhum...

Alef

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 04 de October de 2008 18:36

A doutrina da Humanae Vitae (HV) sobre a contracepção é apenas a doutrina de três papas e uns quantos bispos. Muitos bispos e até conferências episcopais não aceitam a HV e só não o dizem por causa da perseguição que se move a partir do Vaticano a quem se desvie do que diz o Papa. Ratzinger era mesmo o chefe do aparelho de repressão ao serviço de João Paulo II.

Tudo junto, creio que a HV sobre a contracepção tem muito pouco peso em termos de Igreja. A menos que a Igreja seja o Papa e os outros sejam apenas material de enchimento.

pontosvista

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 05 de October de 2008 14:38

A Igreja é o povo de Deus.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 05 de October de 2008 14:49

Exactamente, Maria José. Logo o Vaticano deve parar de perseguir bispos e teólogos apenas porque discordam do Papa em assuntos que não são dogma e deve ouvir todo o povo de Deus, incluindo obviamente os leigos.

Curiosamente, antes da Humanae Vitae, existia uma comissão alargada, que incluía casais, que estudou o assunto e propôs a Paulo VI que a contracepção era aceitável. Teria bastado que Paulo VI tivesse ouvido o Povo de Deus, em vez de se ouvir só a si e aos minoritários da comissão, para poupar muitas décadas de sofrimento a milhões de católicos e para evitar o maior motivo de perda de autoridade da Igreja no mundo contemporâneo.

pontosvista

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 05 de October de 2008 22:12

Caro Alef,

Eu iria mais longe e diria mesmo que a Humanae Vitae foi rejeitada pela maioria dos Bispos. Não é apenas a maioria dos leigos que a rejeita (outros apenas a ignora), a maioria das conferências episcopais, em número de Bispos, rejeitaram a Humanae Vitae.

Repito o que referi no passado "Quanto à Humanae Vitae, talvez valesse a pena ler a reacção dos bispos norte-americanos quando a mesma foi publicada. Se tiverem tempo, pode-se também ler a reacção dos bispos dos seguintes países: Austria, Belgica, Canada, América Latina, França, Indonésia, Malta, Holanda, Países Escandinávios, África do Sul, Suíça e Alemanha (para além da E.U.A.).

Todas estas conferências episcopais rejeitaram clara e frontalmente a Humanae Vitae. Somados os bispos de todos estes países que a rejeitaram, perfazem cerca de 56% de todos os bispos dessa altura. Em suma, a maioria dos bispos rejeitou claramente a Humanae Vitae. Mais números: apenas 17% dos bispos aceitaram e concordaram com a Humanae Vitae e 27% não se pronunciaram de forma clara.
"

Se a isto acrescentarmos que os bispos presentes no Concílio Vaticano II pretendiam que este assunto fosse discutido durante o concílio, e que, Paulo VI preferiu decidir ele próprio em encíclica em vez de deixar o concílio decidir, compreende-se porque é que a Humanae Vitae é o documento mais polémico de todo o Magistério da Igreja, e sobre aquele que mais artigos se escreveram. Dá que pensar...

Um abraço,
Luís Gonzaga

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 05 de October de 2008 23:16

Uma Encíclica pode ser anulada, revogada, considerada oficialmente um erro técnico-histórico? Pode ser reformulada?
Ou ficou o mundo católico irremediavelmente preso a esta Encícliaca?

Quem pode fazer a alteração? Só o papa?

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 06 de October de 2008 14:18

Caro Alef

Creio que só agora me apercebi bem das implicações reais dessa encíclica.

Não me tinha apercebido bem dessa questão da não absolvição. Quase que dá vontade de dizer: Ainda bem que a maioria das pessoas ignora por desconhecimento... Mas como o importante é a consciência, parece-me que o que acontece é o seguinte: uns não confessam por ignorância e outros porque não consideram ter agido mal.

Fico ainda mais convencida que tem que haver mudanças. Não são os contraceptivos que impedem o amor e a intimidade do casal, pelo contrário, podem proporcionar-lhes uma vida em comum bem mais equilibrada. A família é constituída porque desejada e não porque acontece, e pode ser planeada de acordo com os meios existentes.

No fundo, fundinho quem acaba por se "lixar" mesmo são as mulheres. Porque no sexo sem precauções (excluindo, por ora, as DST) as consequências acabam por recair sobre a mulher.

Quando entramos na questão das DST, então o problema é ainda maior. Não seria preferível permitir o uso de contraceptivos (mesmo que considerados um mal) do que permitir o alastramento e contágio dessas doenças?!...

Suponho (espero!), contudo, que haja excepções para quem tem de usar pílula, por exemplo, por questões de saúde, sem contar com o planeamento familiar.

Abraços

Cassima

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 06 de October de 2008 14:22

Também estou curiosa para saber a resposta às tuas perguntas, Lena.

Abraços

Cassima

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 06 de October de 2008 14:38

Vendo pela perspectiva da Igreja (cúpula), qual o mal de usar contraceptivos?

*) Não se devem usar para ter sexo fora do casamento.

Mas neste caso o sexo é considerado pecado, portanto o uso de contraceptivos não faz diferença nenhuma.


*) Não se devem usar para ter sexo dentro do casamento, porque impedem a geração de vida.

Mas a vida pode impedir-se por outros meios (talvez não tão seguros). Porque é que os contraceptivos são especialmente maus? Porque são artificiais? É preferível uma família ter crianças sem meios de as sustentar do que um casal planear o número de filhos que desejam de acordo com os meios que possuem?

No ritual do casamento que está aqui no Paróquias diz:

Citação:
"Estais dispostos a receber amorosamente os filhos
como dom de Deus
e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?"

Não vejo nada aqui nada que contrarie o planeamento familiar. Todos os filhos nascidos são uma oferta de Deus, têm de ser amados (são o fruto desse amor) e educados na fé.

Cassima

Re: A Igreja e a contracepção
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 09 de January de 2009 02:36

A «Humanae Vitae» continua(rá) a ser «sinal de contradição». No dia passado dia 4 de Janeiro o presidente da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos publicou um artigo no «Osservatore Romano», que tem dado bastante que falar: «L'Humanae vitae. Una profezia scientifica» (uma tradução espanhola, não oficial, aqui). Entretanto, a agência «Zenit» entrevistou o autor, havendo agora tradução portuguesa. Aqui fica a dita entrevista.

Alef





«Humanae Vitae»: profecia científica



O presidente dos médicos(*) católicos denuncia os perigos da pílula anticoncepcional

Por Antonio Gaspari

ROMA, quinta-feira, 8 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- Apesar de ter sido publicada há 40 anos, a encíclica Humanae Vitae ainda suscita um forte debate. Para alguns, inclusive dentro da Igreja Católica, trata-se de um texto inadequado aos tempos e insuficiente nas respostas, enquanto outros sustentam que se trata de uma encíclica «profética».

Para estes últimos, o Papa Paulo VI fez bem em advertir contra o uso de anticoncepcionais, já que estes são perigosos para a saúde da mulher e para a relação dentro do casal.

Neste contexto, o doutor espanhol José María Simón Castellví, presidente da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos (FIAMC), anunciou um texto em 4 de janeiro passado, com o título «40 anos depois da Encíclica Humanae Vitae, do ponto de vista médico», no qual se ilustram todos os problemas relativos à saúde da mulher, à contaminação ambiental e ao enfraquecimento e banalização das relações de casal que a pílula contraceptiva provocou.

Sobre esta questão, o dr. Simón Castellví concedeu esta entrevista à Zenit.

Os críticos da Humanae Vitae sustentam que os anticoncepcionais trouxeram a emancipação feminina, progresso, saúde médica e ambiental. Mas segundo o informe da FIAMC, isso não é verdade. Pode explicar-nos por quê?

– Simón Castellví: Os anticoncepcionais não são um verdadeiro progresso nem para as mulheres nem para o planeta. Compreendo e sou solidário com as mulheres que deram a vida a muitos filhos, mas a solução não está na contracepção, e sim na regulação natural da fertilidade. Esta respeita os homens e as mulheres. O estudo que apresentamos é científico e nos diz que a pílula é contaminadora e em muitos casos anti-implantatória, ou seja, abortiva.

O estudo sustenta de fato que a pílula denominada anovulatória, a mais utilizada, que tem como base doses de hormônios de estrogênio e progesterona, funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório. É verdade?

– Simón Castellví: É verdade. Atualmente, a pílula anticoncepcional denominada anovulatória funciona em muitos casos com um verdadeiro efeito anti-implantatório, ou seja, abortivo, porque expele um pequeno embrião humano. E o embrião, inclusive em seus primeiros dias, é um pouco diferente de um óvulo ou célula germinal feminina. Sem essa expulsão, o embrião chegaria a ser um menino ou menina.

O efeito anti-implantatório destas pílulas está reconhecido na literatura científica. Os investigadores o conhecem, está presente nos prospectos dos produtos farmacêuticos dirigidos a evitar uma gravidez, mas a informação não chega ao grande público.

O estudo em questão sustenta que a grande quantidade de hormônios no ambiente tem um efeito grave de contaminação meio-ambiental que influi na infertilidade masculina. Você poderia nos explicar por quê?

– Simón Castellví: Os hormônios têm um efeito nocivo sobre o fígado, e depois se dispersam no ambiente, contaminando-o. Durante anos de utilização das pílulas anticoncepcionais se verteram toneladas de hormônios no ambiente. Diversos estudos científicos indicam que isso poderia ser um dos motivos do aumento da infertilidade masculina. Pedimos que se façam pesquisas mais precisas sobre os efeitos contaminadores desses hormônios.

O estudo elaborado pela FIAMC retoma as preocupações expressas em 29 de julho de 2005 pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (International Agency for Research on Cancer), a agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual os preparados orais de combinados de estrogênio e progesterona podem ter efeitos cancerígenos. Você poderia ilustrar-nos a gravidade destas implicações?

– Simón Castellví: É grave que se esteja distribuindo um produto não indispensável para a saúde e que poderia ser cancerígeno. Esta não é uma opinião dos médicos católicos, mas da Agência da OMS que luta contra a difusão do câncer. Nós só citamos suas preocupações ao respeito.

Você e a associação que você representa sustentam que a Humanae Vitae foi profética ao propor os métodos naturais de regulação da fertilidade. Pode explicar-nos por quê?

– Simón Castellví: O Papa Paulo VI foi profético também do ponto de vista científico. Com essa encíclica, ale alertou sobre os perigos da pílula anticoncepcional, como o câncer, a infertilidade, a violação dos direitos humanos, etc. O Papa tinha razão e muitos não quiseram reconhecer isso. Quando se trata de regular a fertilidade, são muito melhores os métodos naturais, que são eficazes e respeitam a natureza da pessoa.

Em um artigo publicado pelo L'Osservatore Romano («L'Humanae vitae. Una profezia scientifica», 4 de janeiro de 2009), você sustenta que os métodos anticoncepcionais violam os direitos humanos. Pode precisar-nos por quê?

– Simón Castellví: No 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem se pode demonstrar que os meios anticoncepcionais violam pelo menos cinco importantes direitos:

O direito à vida, porque em muitos casos se trata de pílulas abortivas, e cada vez se elimina um pequeno embrião.

O direito à saúde, porque a pílula não serve para curar e tem efeitos secundários importantes sobre a saúde de quem a utiliza.

O direito à informação, porque ninguém informa sobre os efeitos reais da pílula. Em particular, não se adverte sobre os riscos para a saúde e a contaminação ambiental.

O direito à educação, porque poucos explicam como se praticam os métodos naturais.

O direito à igualdade entre os sexos, porque o peso e os problemas das práticas anticoncepcionais recaem quase sempre sobre a mulher.

A Humanae vitae sustenta que os anticoncepcionais influenciam negativamente na relação do casal, separando o ato de amor da procriação. Você poderia explicar-nos, como homem de ciência, esta afirmação?

– Simón Castellví: A relação entre os esposos deve ser de total confiança e amor. Excluir com meios impróprios a possibilidade da procriação prejudica a relação de casal. O doar-se um ao outro deveria ser total e enriquecer-se pela capacidade da transmissão da vida.

Substancialmente, a Humanae vitae é um documento que une e reforça os casais; por que então tantas críticas?

– Simón Castellví: Muitas das críticas foram sugeridas pelos interesses econômicos que estão por trás da venda da pílula. Outras críticas surgem daqueles que querem reduzir e selecionar a fertilidade e o crescimento demográfico. Finalmente, as críticas procedem também daqueles que querem limitar a autoridade moral da Igreja Católica.

O que teria acontecido se a Igreja não tivesse se oposto à difusão da pílula?

– Simón Castellví: Não quero sequer pensar nisso. Só considerando o efeito abortivo das pílulas, a própria Igreja Católica seria hoje menos numerosa. Posso compreender o pensamento de milhões de mulheres que usam a pílula, mas quero sugerir que existe uma antropologia melhor para elas, a que a Igreja Católica propõe.

Fonte: ZENIT.ORG
______
Nota:
(*) No original português, Zenit escreve «métodos», mas trata-se, obviamente, de um lapso.







Editado 1 vezes. Última edição em 09/01/2009 10:41 por Alef.

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