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Haja bom senso!
Escrito por: SomosIgreja (IP registado)
Data: 17 de September de 2006 19:14

Agitou o mundo islâmico um segmento discursivo em que o Papa terá aparentemente condenado o Islão. Ora, atentando bem no texto do discurso académico proferido por Bento XVI, que não merece menor atenção e eventual menor reparo por se tratar de um discurso académico (talvez antes pelo contrário) não se vislumbra qualquer dado objectivo que possa significar qualquer intento de proscrição do maometismo da parte do Sumo Pontífice. A citação feita do diálogo do imperador bizantino Manuel II com um persa culto no século XIV bem pode ser equiparada a algumas citações bíblicas do Antigo Testamento ou do Talmud, que, se retiradas do seu contexto, poderiam ofender os judeus e outros crentes, nomeadamente os cristãos.

Não haja dúvida de que a fé como justificativa da exploração, da violência e da guerra infringe o mandamento da invocação do santo nome de Deus em vão. Pouco falta para que atinja a blasfémia ou o sacrilégio. Significa querer pôr Deus contra o homem, o que seria de todo absurdo. Se, em algum tempo, se entendeu que a guerra por motivos religiosos era legítima, esse tempo foi banido, queríamos que o tivesse sido em definitivo, graças ao aprofundamento da leitura bíblica e corâmica e por virtude do intenso fluxo civilizacional.

Ora, sendo as três religiões monoteístas – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – religiões históricas, é natural, embora indesejável, que muitos dos sequazes e mesmo alguns dos líderes não sintonizem com o espírito dos textos e com o carisma daqueles que são tidos como os respectivos fundadores – Moisés, Jesus e Maomé – ou com as figuras que servem de especial referência. Qualquer uma das religiões históricas deu azo a que surgissem facções, algumas das quais de efeitos nefastos. É do conhecimento comum que hoje, como ao longo de toda a História, surgem com facilidade os pretextos para a guerra, ocultando, por vezes, intenções inconfessáveis. A diplomacia esgota os seus recursos com muita frequência. E apesar das releituras dos textos do LIVRO, do avanço da civilização, das diversas declarações universais e de muitos pactos internacionais, a guerra acontece – e algumas vezes em nome de Deus ou desta ou daquela expressão da fé. Bush não se coíbe de fazer as suas misturas de interesses, a Irlanda tarde se calou, os israelitas continuam a viver da convicção de que são o povo eleito e uma grande parte dos países islâmicos não desiste da guerra por interesses, mas com a confessada motivação haurida nos temas religiosos.

O mundo, mesmo o do Ocidente, precisa do recado do Papa. E, se o Papa tivesse criticado os países islâmicos, na sua qualidade de líder político, como referem alguns, ou na sua qualidade de Chefe espiritual, como foi o caso, ficou demonstrado pelas reacções destemperadas e intolerantes, que teria tido razão.

Também ele tem o direito de se manifestar, mesmo que não agrade. E, ainda que o seu discurso tivesse sido inoportuno, olhando ao caminho ecuménico encetado e ao acentuado diálogo inter-religioso, nem por isso se justificariam as manifestações e ameaças tão duras e desproporcionadas. Pares que dialogam não têm que renunciar às suas convicções e crenças. Diálogo não implica unanimidade nas questões fundamentais, muito menos em todos os pontos de vista. Se todos pensam e sentem da mesma forma, para quê a afirmação da tolerância?

Que o sensato comunicado da comunidade islâmica de Lisboa sirva de exemplo positivo para todos!



Louro de Carvalho

Re: Haja bom senso!
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 07:37

SomosIgreja,
Será que se pode arranjar esse sensato comunicado?

*=?.0

Re: Haja bom senso!
Escrito por: (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 08:51

E o discurso académico do Papa?

Re: Haja bom senso!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 09:36


Re: Haja bom senso!
Escrito por: (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 11:10

Palavras do Papa:

"As far as understanding of God and thus the concrete practice of religion is concerned, we find ourselves faced with a dilemma which nowadays challenges us directly. Is the conviction that acting unreasonably contradicts God's nature merely a Greek idea, or is it always and intrinsically true?

I believe that here we can see the profound harmony between what is Greek in the best sense of the word and the biblical understanding of faith in God. Modifying the first verse of the Book of Genesis, John began the prologue of his Gospel with the words: "In the beginning was the 'logos.'"

This is the very word used by the emperor: God acts with logos. Logos means both reason and word -- a reason which is creative and capable of self-communication, precisely as reason. John thus spoke the final word on the biblical concept of God, and in this word all the often toilsome and tortuous threads of biblical faith find their culmination and synthesis. In the beginning was the logos, and the logos is God, says the Evangelist. The encounter between the biblical message and Greek thought did not happen by chance. "

"Today we know that the Greek translation of the Old Testament produced at Alexandria -- the Septuagint -- is more than a simple (and in that sense perhaps less than satisfactory) translation of the Hebrew text: It is an independent textual witness and a distinct and important step in the history of Revelation, one which brought about this encounter in a way that was decisive for the birth and spread of Christianity. A profound encounter of faith and reason is taking place here, an encounter between genuine enlightenment and religion. From the very heart of Christian faith and, at the same time, the heart of Greek thought now joined to faith, Manuel II was able to say: Not to act "with logos" is contrary to God's nature. "

Isto apenas vem ao encontro da importância da racionalidade na religião. Para quem tem medo de discutir, para quem gosta de se encostar à autoridade da Igreja, é certamente um desafio complicado. Mas é-o também para todos nós.

A razão não pode contradizer Deus, pelo contrário, esta leva a Deus. Abdicar da mesma é prescindir de um caminho para encontrar a Deus.



Editado 1 vezes. Última edição em 18/09/2006 11:12 por Zé.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 11:13

A importância que o Papa dá ao racional, de uma forma humilde, é reveladora.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 11:14

Perdão, tenho de citar mais (estou fascinado, embora reconheça que não tenho nem de perto nem de longe background filosófico para captar tudo o que o Papa disse):

"As opposed to this, the faith of the Church has always insisted that between God and us, between his eternal Creator Spirit and our created reason there exists a real analogy, in which unlikeness remains infinitely greater than likeness, yet not to the point of abolishing analogy and its language (cf. Lateran IV).

God does not become more divine when we push him away from us in a sheer, impenetrable voluntarism; rather, the truly divine God is the God who has revealed himself as logos and, as logos, has acted and continues to act lovingly on our behalf. Certainly, love "transcends" knowledge and is thereby capable of perceiving more than thought alone (cf. Ephesians 3:19); nonetheless it continues to be love of the God who is logos. Consequently, Christian worship is "logic latreía" -- worship in harmony with the eternal Word and with our reason (cf. Romans 12:1). "



Editado 1 vezes. Última edição em 18/09/2006 11:22 por Zé.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 11:48

Zé:

O discurso do Papa é brilhante porque parte do pressuposto da defesa da Racionalidade .

"A ideia contra a violência, contida nesta conversa, é a seguinte:
"não agir de acordo com a Razão é contrário à natureza de Deus."

afirmou Bento XVI no discurso que originou reacções violentas de fundamentalistas islãmicos. A irracionalidade é a base do fundamentalismo religioso e da violência inaceitável.
Ora a irracionalidade religiosa não é típica do islamismo. Em muitos movimentos cristãos actuais, mesmo alguns que se dizem católicos, a irracionalidade da Fé é proclamada, contra a racionalidade da Ciência, dos valores do Laicidade, da Democracia, da Liberdade da Expressão, dos direitos humanos, do pacifismo. As recentes “discussões” sobre o criacionismo, sobre os limites do conhecimento científico, ou sobre os limites da liberdade de imprensa ou sobre os limites da expressão artística em contextos religiosos é uma face do fundamentalismo religioso. Nada disto é novo. Bento XVI move-se em terrenos pantanosos porque a própria igreja católica foi, em muitos momentos da sua história, e continua a ser, por parte de alguns sectores, de um proselitismo violento, de uma irracionalidade atroz, exercendo um ataque às Luzes da Razão . Mais ainda, Bento XVI "prova do seu próprio veneno", pois tem defendido que o excessivo laicismo e o afastamento de Deus na vida pública, nas sociedades ocidentais "justifica" ou seja, torna compreensíveis, as reacções violentas dos fundamentalistas islâmicos. A Igreja tem de afirmar publicamente e com maior vigor que a liberdade religiosa se funda na laicidade do Estado e que fora desta, não há liberdade, nem tolerância religiosa, nem paz. A Igreja deve proclamar que a "racionalidade" da Fé não se pode afirmar pondo em causa a racionalidade da Ciência, sob pena de cairmos na barbárie.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 12:31

Os fundamentalistas têm sempre de ter um pretexto para matar.

Gostava de saber o que é que a freira que morreu tinha a haver com o que o Papa disse.


De facto, é preciso mesmo utilizar a razão e o bom-senso. A Bíblia fala disso vezes sem conta quando fala da importância da sabedoria.

O fundamentalismo não leva a lado nenhum, seja ele islamista (prefiro utilizar esta palavra, porque os muçulmanos não são violentos), cristão, hindú, judeu, etc.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 14:35

Maria João,

Citação:
Gostava de saber o que é que a freira que morreu tinha a haver com o que o Papa disse.

Penso que terá sido por vingança.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Haja bom senso!
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 14:50

Claro! Mas não faz sentido. Ela não tem culpa que o Papa tenha escolhido aquela citação. Só me estava a referir à injustiça. Lá está, todos os pretextos servem para matar quando falamos de fundamentalismo.

Já agora, não têm sido bombardeados por causa das afirmações do Papa? Aqui no meu trabalho tem sido demais. E eu não falei do assunto. Eles é que começaram.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 14:52

Sim mas experimenta perguntar se eles sabem o que é Papa disse.

Em comunhão

Re: Haja bom senso!
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 15:05

Experimentei, mas fui bombardeada. Às vezes não é fácil.

Depois ainda começaram a falar do CPM de uma colega nossa, que não acredita em nada mas casou pela IGreja. Gozaram à força toda, principalmente com o Espírito Santo. Para além de afirmarem que a "organização" Igreja já esgotou a mensagem.

Já não é a primeira vez. Às vezes dá para conversar, outras vezes é melhor calar-me. Não é nada fácil. E, lá está, eles é que começam a conversa.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 15:32

Faz o que o Tilleul disse. Deixa-os bombardear. Pergunta-lhes se perceberam a mensagem do Papa. Vais ver que não perceberam nada, e que ficam caladinhos num instante.

E podes-lhes perguntar com que base é que dizem que a Igreja já esgotou a sua mensagem. Se isso fosse verdade, não estariam 200.000 pessoas a acompanhar o Papa na Alemanha. Talvez tenha esgotado a mensagem para quem tem ouvidos moucos e não quer ouvir. Mas para quem não quer, não se pode obrigar. Mas ve la se arranjas problemas no trabalho :P. Sabes que um dos temas favoritos que se pode debater é sempre mal da Igreja. Coragem!

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Haja bom senso!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 15:40

Só 200.000? Parece-me pouco. Na alemanha, as Igrejas estão vazias , não vale a pena recusar a realidade.

Maria João: Acho sinceramente que todos devimaos ler o que disse o Papa. E falar uns com os outros sobre o texto, incluindo com os colegas de trabalho...
A ideia não é "deixar os outros caladinhos", pelo contrário.

De certeza que eles concordam que a religião não se pode afirmar ou impor aos outros através da violência e foi isso que o Papa dise.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 15:42

Obrigado. É mesmo preciso coragem. Não é nada fácil. Fico feliz, porque lembro-me logo do que Jesus disse: felizes os que forem perseguidos por causa de Mim.


Mas, tenho alturas, como hoje, que me custa muito. Então quando falam do Espírito Santo... Acham que o Papa não deve mencionar Maomé por uma questão de respeito, mas não sabem respeitar a nossa Fé... É caso para dizer: Perdoia-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem.


É uma faca de dois gumes: divulgar a Palavra de DEus, que é essencialmente Amor, e evitar problemas, para não mancharmos a Sua mensagem.

Haja bom-senso! Que DEus nos dê forças!

Re: Haja bom senso!
Escrito por: (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 15:43

Exactamente. Recomendo a todos que leiam o que disse o Papa.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 16:04

Eu li a mensagem. Aliás, li logo, porque defendo muito que devemos estar informados para podermos falar de DEus. O problema é que eles não leram e só lhes interessa saberem das questões polémicas, principalmente as que se relacionam com sexo.

Já tentei dar a entender que a mensagem é essencialmente amais-vos uns aos outros, mas não entra. Para eles a mensagem são as proibições.

DE facto, aqui temos de admitir que durante anos foi esta a ideia que a IGreja transmitiu. Mas as coisas mudam e este Papa já chamou também a atenção para esta questão. Só que lá está a ideia prevalecente é que a cultura geral não deve incluir religião.

Re: Haja bom senso!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 17:58

Maria João:

Disseste que "O problema é que só lhes interessa saberem das questões polémicas, principalmente as que se relacionam com sexo. (...)Para eles a mensagem são as proibições"

O mesma afirmação se pode fazer relativamente ás estruturas da Igreja e dos seus "REPRESENTANTES" nos midia...

Ou seja, escribas como João César das Neves, Jónatas Machado, ou certos moviemntos que por aí andam, quando saem ao terreiro e se afirmam publicamente como católicos, de que falam eles???

SExo, proibições, aborto, casamento dos homossexuais, e não passam disto.Parece que a Igreja católica etá reduzida a estes temas.

A culpa não é dos outros - porque os outros somos nós.

Não desanimes. Afinal, a fé pouco interessa sem obras. E mais do que grandes "discursos evangelizadores" ou sinais de beatagem no nosso local de trabalho ( o que é uma seca contraproducente), acho que uma postura cristâ face aos outros é que nos identifica e pode ser testemunho e algo mais.
Jinhos


Di

Re: Haja bom senso!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de September de 2006 18:01

Nota - Lapso meu - Jónatas Machado não é católico, mas diz-se cristão convicto. E justifica assim a defesa do criacionismo.
O que corrobora o meu ponto d evista anterior.
Ainda se admiram que a religião seja ridiculrizada...

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