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Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: JoseDias (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 17:08

"Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos." Mc 6,7
Marcos começa por deixar claro que a iniciativa do chamamento dos discípulos é de Jesus: Ele “chamou-os” Não há qualquer explicação sobre os critérios que levaram a essa escolha: falar de vocação e de eleição é falar de um mistério insondável, que depende de Deus e que o homem nem sempre consegue compreender e explicar.Depois, Marcos aponta o número dos discípulos que são enviados (“doze”). Porquê exactamente “doze”? Trata-se de um número simbólico, que lembra as doze tribos que formavam o antigo Povo de Deus. Estes “doze” discípulos representam simbolicamente a totalidade do Povo de Deus, do novo Povo de Deus. É a totalidade do Povo de Deus que é enviada em missão.
Mas sente-se realmente a totalidade do povo de Deus enviada em missão? Não haverá ainda muitos católicos que pensam que "isso de missão" é lá para os padres e para as freiras?
O laicado é um gigante adormecido. Não tenho dados estatísticos, mas penso que não erro ao afirmar que mais de 99% dos baptizados são leigos.
Mas a ideia é esta: quando se fala de Igreja (mormente na comunicação social) a referência é só a hierarquia (Papa, Bispos e Padres). Mas a Igreja é a comunidade dos que acreditam em Jesus Cristo e n'Ele foram baptizados.
A Igreja, na feliz expressão de João Paulo II, é "a casa e a escola da COMUNHÃO", onde há uma igualdade fundamental(todos somos em Cristo Salvador filhos do mesmo Pai) e uma diferença funcional- leia-se 1Cor. 12, 11-30.

Sobre o apostolado dos leigos, diz o Concílio Ecuménico Vaticano II, no Decreto sobre o Apostolado dos Leigos, Cap. I, nº 3:
"O dever e o direito ao apostolado advêm aos leigos da sua mesma união com Cristo cabeça. Com efeito, inseridos pelo Baptismo no Corpo místico de Cristo, e robustecidos pela Confirmação com a força do Espírito Santo, é pelo Senhor mesmo que são destinados ao apostolado. São consagrados em ordem a um sacerdócio real e um povo santo (cfr. 1 Ped. 2, 4-10) para que todas as suas actividades sejam oblações espirituais e por toda a terra dêem testemunho de Cristo. E os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam neles aquele amor que é a alma de todo o apostolado."
E o nº 2 do mesmo capítulo afirma: "E sendo próprio do estado dos leigos viver no meio do mundo e das ocupações seculares, eles são chamados por Deus para, cheios de fervor cristão, exercerem como fermento o seu apostolado no meio do mundo."
- Não andaremos todos muito entretidos com "questões internas", que nos estorvam de olharmos para o fundamental? Os nossos grupo, os nossos movimentos, as nossas críticas mútuas, as nossas discussões... Isto tb pode ser importante mas não é o essencial.

Ser "sal", ser "fermento", ser "luz" para o mundo é a missão da Igreja, ou como dizia João Paulo II, o caminho da Igreja é o homem. A Igreja não existe para si mesma, mas por causa de Cristo, para o levar ao mundo.

Onde estão os leigos a exercerem "...como fermento o seu apostolado no meio do mundo"? Onde se notam eles na política, nas estruturas sindicais ou empresariais,na cultura, no divertimento, na comunicação social, na intervenção cívica?
Penso que é muito importante que a hierarquia se preocupe em formar, consciencializar e motivar os leigos para a sua missão. Sem os clericalizar!
Penso que é mais importante que os leigos se queiram formar, queiram intervir como crentes no mundo, do que passar a vida a queixar-se, a criticar os padres, a discutir (sem ofensa, amigos) o "sexo dos anjos"!

Vamos ao fundamental, CRISTO! Vamos à missão, o HOMEM do nosso tempo!
Um abraço
José

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 01:40

Muitos dos nossos leigos clericalizaram-se. Estão nas sacristias. Estão a discutir coisas sem geito. Muitos precupam-se com o poder. Ter poder.
A igreja é serviço...
Concordo contigo José

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 02:04

Não vejo problemas no facto dos leigos frequentarem as sacristias e discutirem temas ligados à religião. O inconveniente é que existem, nas paróquias, as senhoras que querem sempre pertencer a isto e aquilo porque lhes dá "prestígio" na comunidade.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 04:11

eheheheeh

Na minha igreja também há disso, até homens, nem só senhoras, mas este apdre já pôs essa gente fora, o que eu concordei! :)

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: JoseDias (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 04:45

Desculpem, mas posso fazer uma provocaçãozita?
Será que os leigos que, felizmente, por aqui andam têm a noção correcta do papel dos leigos na Igreja?!!
Sabem certamente do papel do padre... Mas saberão assim tão bem o seu?
Aproveito para sugerir que leiam o decreto conciliar sobre o Apostolado dos Leigos - Apostolicam Actuositatem.
Se não tiverem o Concílio em casa, basta procurar na internet "concílio vaticano II". Depois é só ler...
A iGreja não deve viver para si, em concha, deve viver para o mundo.
E aqui o papel dos leigos é FUNDAMENTAL!
"E sendo próprio do estado dos LEIGOS viver no meio do mundo e das ocupações seculares, eles são chamados por Deus para, cheios de fervor cristão, exercerem como fermento o SEU APOSTOLADO NO MEIO DO MUNDO." - Decreto sobre o Apostolado dos Leigos

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 09:25

Pessoalmente, acho que a grande maioria dos leigos católicos só frequenta a missa e não associa a Eucaristia à preparação para a missão. Vai-se à missa e pronto. Já se cumpriu o que se tinha para cumprir.

Mas também há muitas pessoas que trabalham na paróquia a pensar no próximo.´Exemplo disso são os grupos de voluntários, os catequistas, os encontros onde se transmite a Palavra de DEus, entre outros. Por exemplo, na minha paróquia os padres trouxeram o COR (um encontro de evangelização) do Brasil e neste momento já estamos a percorrer o país.

Mas, infelizmente, a maioria não sabe ou não quer saber que deve exercer o seu apostalado no mundo. E uma das maiores causas deste problema, na minha opinião, é que as pessoas têm vergonha de mostrar que são cristãs. Já para não falar de que a Igreja só serve para se lá ir de vez em quando e nem se percebe muito bem o que é que o padre diz nas homilias. Aliás, como ouvi no outro dia, mais de dez minutos de homilia fazem-me dormir. POis,ainda por cima é nessa altura que os padres mais apelam a esse apostalado.

Dez minutos de homilia é muito, mas nalgumas seitas está-se, se for preciso, uma hora a ouvir alguém a falar sobre Deus. E muitas destas pessoas eram católicas...

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 10:21

"E sendo próprio do estado dos LEIGOS viver no meio do mundo e das ocupações seculares, eles são chamados por Deus para, cheios de fervor cristão, exercerem como fermento o SEU APOSTOLADO NO MEIO DO MUNDO."

É precisamente quando se exerce este apostolado no meio do mundo, no meio dos que não têm fé, que se percebe o que tem andado errado nas posturas da hierarquia. É que a quem não tem fé uma posição do género: "é pecado porque o Papa diz" soa tão tola que as coisas têm que ser justificadas. E quando se procura a justificação profunda de certas posições morais é que se percebe até que ponto a hierarquia anda por vezes afastada da realidade.

pontosvista

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 10:39

Muito rapidamente,

1. Há que formar os leigos. È sobretudo por falta de formação que os leigos acham que "basta ir à missa". E não há que ter medo de leigos muito formados, até com mais conhecimentos que o padre. Isso, se for bem aproveitado, só pode beneficiar a comunidade.

2. Há que ensinar o leigo a pensar por si: concordo com o que o pontosdevista aqui disse - não podemos evangelizar os outros se apenas utilizamos a linguagem da autoridade e do 'porque o Papa ou o catecismo dizem'. Isso deve dizer-se mas depois tem de vir, com muita clareza o porquê. De outro modo, será infrutífero. A minha experiência ao nível bíblico, com leigos de paróquias tem sido sempre gratificante - mostrar as pessoas o que a Bíblia diz e por que razão o diz. Mostrar que a Bíblia não é um código de leis, mas um conjunto de textos sobre a descoberta de Deus, que se revela aos poucos, ao homem.

3. Há que incluir os leigos. Os padres devem incluir os leigos na propria paróquia e, julgo eu, nos próprios processos de tomada de decisão, de aconselhamento e de organizaçao da vida paroquial. Para mim, o padre será mais moderador e orientador numa paróquia motivada e activa do que dirigente e decisor.

4. Há que responsabilizar os leigos: leigos responsabilizados, são leigos mais empenhados e mais conscientes do seu papel.

5. Há que "desbeatizar" os leigos: refiro-me sobretudo a uma questão de imagem - a imagem do 'beato' acaba por desincentivar muitos... sei que é difícil, mas há que dar ao leigo uma visão saudável da vida na Igreja;

6. Há que desenvolver uma prática de oração, que me parece faltar muito à maioria dos cristãos leigos (e não só). Há que fazê-losdescobrir a beleza e a necessidade do encontro quotidiano com o Pai...

7. Há que perceber que a Igreja é, antes de mais, uma Igreja de leigos, mais do que de padres e freiras. Há que, por isso, dar uma visão de tal modo que, quando se fale em Igreja não apareça de imediato na nossa cabeça a imagem da cúpula da Basílica de S. Pedro e os purpurados (que também são, como nós, Igreja), mas se calhar a imagem dos meus irmãos que comigo trabalham na paróquia. Há que desclericalizar muito a imagem da Igreja entre os próprios leigos.

8. Há que fazê-los perceber que os leigos são o futuro de uma Igreja, em queda profunda sobretudo na Europa (não me consigo livrar deste pessimismo pouco cristão :-s)

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 13:03

Acho que para se valorizar o papel dos Leigos há também que se reorganizar o territorio das paróquias e das suas estruturas. A mobilidade das pessoas modificou o conceito de comunidade.

Muitos jovens que vão para as universidades perdem o contacto com a Igreja porque simplesmente não há uma verdadeira pastoral dos deslocados.

Quantos dos jovens casais quando se casam se integram na nova paróquia?

Quantas pessoas frequentam a missa da própria paróquia ou procuram um padre que lhe agrade mais?

Sim, os leigos estão adormecidos mas também estão dispersos e sem uma comunidade que os ajude.

Infelizmente hoje em dia as paróquias já não são lugares centrais na vida de um crente.

Uma colher de fermento faz levedar muita farinha, mas um grão sozinho perde-se e dilui-se.

Em comunhão

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 18:27

Atenção: há um novo dogma (desculpem a brincadeira).

O dogma é da autoria do pontosvista (CA)

Aqui vai:
"É precisamente quando se exerce este apostolado no meio do mundo, no meio dos que não têm fé, que se percebe o que tem andado errado nas posturas da hierarquia. É que a quem não tem fé uma posição do género: "é pecado porque o Papa diz" soa tão tola que as coisas têm que ser justificadas. E quando se procura a justificação profunda de certas posições morais é que se percebe até que ponto a hierarquia anda por vezes afastada da realidade."

Repararam? O PontosVista no texto que escreve não manifesta empenhamento em melhorar o que as pessoas, com defeitos, fazem... nota-se uma atitude negativa...e critica-se os outros. Critica negativa como é usual.... mas isso não se justifica... Os outros, aqueles que não pensam como ele, coitados dizem coisas que lhe soam a tolas.E a hierarquia é a má da fita: "anda afastada da realidade" e ele o bom cristão dá-se conta que tem todo o direito em avançar com essa afirmação.

Pontosvista:
não estou a falar nas tuas costas, estou no fórum e se quiseres podes responder-me...Tu acusas outros de tomarem uma posição irraciona!!! (Tu não afirmas, mas não será essa a palavra que gostarias de utilizar?) .
A dialéctica está ultrapassada...mas tu estás ainda nessa, não é verdade?

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 18:36

Maria José

O tema do debate não sou eu mas o papel dos leigos na Igreja. Porque não constestas antes o que escrevi, dizendo porque estás em desacordo?

pontosvista

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 20:39

José Dias :
E com imensa alegria que o encontro neste Forum. ;))

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 21:28

Pontosvista

Queria falar do tema do tópico mas ...meteram-se outras coisas. Acho que amanhã à noite já escrevo algumas coisas, alguns aspectos relacionados com os leigos. Tinha o texto quase pronto mas...a vida é bela e...
Adeus

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 18 de July de 2006 23:44

Pontosvista

A razão foi esta: por achar gratuita a tua afirmação e de muito mau gosto...não dares um contributo positivo. Parecia que querias denegrir a imagem de alguns..dos que não pensam como tu...

Tens razão: o tema não é este...

Penso que se fala muito dos leigos numa perspectiva de ajudantes da hierarquia...quem trabalha na paróquia é um "bom" leigo...quem não trabalha...enfim...suporta-se. Há quem diga: deveria trabalhar. É nessa perspectiva que eu vejo intervenções do estilo: "quem disse isto foi o padre fulano de tal, ou foi um padre, ou as mulheres querem ser padres..., ainda bem que chegou um padre..." , claro que não são palavras textuais.
Considero muito importante que os leigos desempenhem tarefas juntamente com a hierarquia mas o ser leigo não se reduz a isso. Nem é o que forçosamente tem de acontecer.
Na Igreja, comunidade de fiéis, dos quais a maior parte são leigos, cada qual tem a sua missão a desempenhar. Falavas no outro dia dos carismas e concordo contigo sobre a existência de vários modos de ser Igreja.
Não olho para os leigos, que deve ser o caso de nós os dois, como Igreja de 2ª.

Sabes utilizo documentos do magistério da Igreja por me identificar com eles e estarem já escritos...para quê fazer um texto novo que diga o que já está escrito? E, na maior parte dos casos dito de uma forma mais completa..., mais simples: não tenho que descobrir a pólvora..se já está descoberta...(isto em sentido figurado)...é possível aprofundar sempre mais e uma coisa importante do Concílio Vaticano II foi a descoberta do papel dos leigos...mas é daquelas coisas que nem toda a gente entende... não te parece?
Vê-se ainda nas afirmações feitas por várias pessoas, em diversos locais, como já escrevi no princípio da intervenção.

A todos

Aqui vai uma parte ínfima do documento de João Paulo II no seguimento do sínodo sobre os leigos: Christifidelis Laici (desculpem se o latim não está bem)...com a qual me identifico e que lancei no tópico para aprofundar aspectos dessa actuação

É parte do ponto 59 e do 62

59. Ao descobrir e viver a própria vocação e missão, os fiéis leigos devem ser formados para aquela unidade, de que está assinalada a sua própria situação de membros da Igreja e de cidadãos da sociedade humana.
Não pode haver na sua existência duas vidas paralelas: por um lado, a vida chamada « espiritual », com os seus valores e exigências; e, por outro, a chamada vida « secular », ou seja, a vida da família, do trabalho, das relações sociais, do empenhamento politico e da cultura. A vide, incorporada na videira que é Cristo, dá os seus frutos em todos os ramos da actividade e da existência. Pois, os vários campos da vida laical entram todos no desígnio de Deus, que os quer como o « lugar histórico », em que se revela e se realiza a caridade de Jesus Cristo para glória do Pai e ao serviço dos irmãos. Toda a actividade, toda a situação, todo o empenho concreto — como, por exemplo, a competência e a solidariedade no trabalho, o amor e a dedicação na família e na educação dos filhos, o serviço social e político, a proposta da verdade na esfera da cultura — são ocasiões providenciais de um « contínuo exercício da fé, da esperança e da caridade ».(211)
O Concílio Vaticano II convidou todos os fiéis leigos a viver esta unidade de vida, ao denunciar com energia a gravidade da ruptura entre fé e vida, entre Evangelho e cultura: « O Concílio exorta os cristãos, cidadãos de ambas as cidades, a que procurem cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Erram os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um ... O divórcio que se nota em muitos entre a fé que professam e a sua vida quotidiana, deve ser tido entre os mais graves erros do nosso tempo ».(212) Por isso, afirmei que uma fé que não se torne cultura é uma fé « não plenamente recebida, não inteiramente pensada, nem fielmente vivida ».(213)

62. (...)

Os Padres sinodais tiveram palavras de estima e de encorajamento para com todos os fiéis leigos, homens e mulheres, que com espírito cívico e cristão desenvolvem uma acção educativa na escola e nos institutos de formação. Realçaram, além disso, a necessidade urgente de que os fiéis leigos, mestres e professores nas várias escolas, católicas ou não, sejam verdadeiras testemunhas do Evangelho, com o exemplo da vida, a competência e a rectidão profissional, a inspiração cristã do ensino, salvaguardada sempre — como é evidente — a autonomia das várias ciências e disciplinas. É de singular importancia que a investigação científica e técnica, levada a cabo pelos fiéis leigos, seja orientada pelo critério do serviço ao homem na totalidade dos seus valores e das suas exigências: a esses fiéis leigos a Igreja confia a missão de tornar a todos mais compreensível a íntima relação entre fé e ciência, entre Evangelho e cultura humana.(221)
(...)

Nota: o negrito e sublinhado são meus
Penso que dá para reflectir....

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: JoseDias (IP registado)
Data: 19 de July de 2006 03:03

Tenho um sonho!
Sentir e viver o momento em que os leigos - mais de 99% da Igreja que somos - peguem nesta Igreja a sério, com paixão, com entusiasmo, com alegria. Então o rosto desta Igreja será diferente! Porque o ESpírito sopra em todos e ninguém tem o exclusivo do ESpírito.
Na minha comunidade, por exemplo, são os cristãos de cada povoação que elegem por voto secreto os seus representantes ao Conselho Pastoral. Sempre num espírito de comunhão, de serenidade, de alegria. Sem tráfego de influências. É uma das mais belas provas de comunhão que me enchem o coração de alegria.
Porque gastam os leigos tanta energia na crítica pela crítica à hierarquia, nas lutinhas fúteis entre grupos, na "sacristianização", na indiferença?
Perdemo-nos no acidental, e não vamos ao essencial.
Leigos que rezam, que fazem uma forte experiência de Cristo, e que depois o testemunham com alegria na família, no trabalho, na política, nas associações, no desporto... no mundo...É preciso levar a Igreja para fora das igrejas. E esta é a "soberania dos leigos"!
E aqui entra o apostolado em grupo, organizado, que valorizando o apostolando individual, vai além...
Onde estão os leigos no desporto, na política, no assossiativismo, nos sindicatos, na família?
Como se compreende que num país maioritariamente católico, não se note essa percentagem, por exemplo, na política, na comunicação social, etc? Porque o peso oculto, mas esmagador, de ideais minoritários, como a maçonaria e outros?
Se houvesse esta garra dos leigos, certamente teriam menos tempo para "gastar tempo" em questões importantes, mas menores, como as que vejo por aqui discutidas neste forum...
É PRÓPRIO DOS JEIGOS A SECULARIDADE. Ou Cristo chega pelos leigos ao mundo concreto onde se tece a história humana, ou não chega.
Isto de encarar a Igreja "como supermercado de sacramentos" onde se vai apenas baptizar, casar e ter funeral religioso, não é nada!
Uma Igreja que apenas é "decoração"para certos actos da vida das pessoas, não é, segundo sinto, a Igreja de Jesus Cristo.
A Igreja carrega consigo a exigência evangélica, de um Deus que morre por amor, sem transexigências ao facilitismo, para a alegria da ressurreição. Este é o caminho.
Abraço
José

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 19 de July de 2006 05:22

José Dias

Concordo contigo...mas pareces padre pelo que escreves! lolololo

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de July de 2006 10:43

Duas notas:
1) "Há que "desbeatizar" os leigos", frase do miguel que queria realçar

2)A questão dos "leigos apaixonados", de que falava o José Dias.Eles vão aparecendo e dando nas vistas."Como se compreende que num país maioritariamente católico, não se note essa percentagem, por exemplo, na política, na comunicação social". Mas quando aparecem nestas áreas e se afirma publicamente é exclusivamente para fazer um certo tipo de discurso ideológico/ económico estritamente conservador e liberal. Aparecem apenas colados ás tais "questões menores" e não modelos de felicidae, dádiva e altruísmo.


Por exemplo, nos debates sobre questões políticas ou ideiológicas os "leigos católico" aparecem sempre com as mesmas frases esterotipadas, muitas vezes mais fundamentalistas e anacrónicas que a posição doutrinária oficial do vaticano.


Ou então aparecem ligados a "movimentos" minoritários e ocultos, que não são a maçonaria mas outras formas de maçonaria católica....

3)Entre a "beatagem " e "sacritiazação" ( gostei da palavra!) como modelo estereotipado de intervenção dos Ligos
e o neoconservadorismo monolítico da maior parte dos movimentos católicos (formas concretas e organizadas de controlo da consciência dos Leigos, é absolutamente normal que os leigos se seintam desmotivados de ser proactivos na vida da Igreja.
Não é por acaso que o meu nick name de leiga provoca tantas urticárias.
Colide os tais estereótipos de "leigas apaixonadas".

4) por último, para que os leigos participem integralmente na vida comunitária das suas paróquias, há que mudar alguns aspectos aflorados pelo Tilleul e, sobretudo, a amentalidade de tantos padres.

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 19 de July de 2006 18:12

José

Concordo com o início e com o fim da tua mensagem. Pelo meio é que surgem as dificuldades. Vejamos.

Citação:
Porque gastam os leigos tanta energia na crítica pela crítica à hierarquia, nas lutinhas fúteis entre grupos, na "sacristianização", na indiferença?
Perdemo-nos no acidental, e não vamos ao essencial.

A crítica pela crítica nunca é útil. Espero que não te estejas a referir a muitas das críticas que têm sido feitas à hierarquia nestes fóruns: muitas destas críticas são perfeitamente pertinentes e não são feitas apenas para criticar.

Citação:
Leigos que rezam, que fazem uma forte experiência de Cristo, e que depois o testemunham com alegria na família, no trabalho, na política, nas associações, no desporto... no mundo...É preciso levar a Igreja para fora das igrejas. E esta é a "soberania dos leigos"!

Não me parece. Esta de os leigos serem soberanos fora de portas é como aquela frase machista: lá em casa manda ela mas quem manda nela sou eu!

Citação:
E aqui entra o apostolado em grupo, organizado, que valorizando o apostolando individual, vai além...

Aqui já começa a surgir a questão de saber quem é que decide o quê. Que opções se fazem no apostolado? Quem as decide? Os leigos servem aqui apenas para obedecer?

Citação:
Onde estão os leigos no desporto, na política, no assossiativismo, nos sindicatos, na família?

Na política estão aos milhares, a todos os níveis. Às vezes até demais, no sentido em que querem copiar o que ouvem na Igreja sem pensarem pela própria cabeça. Nas outras áreas também estão.

Citação:
Como se compreende que num país maioritariamente católico, não se note essa percentagem, por exemplo, na política, na comunicação social, etc? Porque o peso oculto, mas esmagador, de ideais minoritários, como a maçonaria e outros?

Esta frase demonstra uma enorme distracção. Nem sei por onde começar.

Citação:
Se houvesse esta garra dos leigos, certamente teriam menos tempo para "gastar tempo" em questões importantes, mas menores, como as que vejo por aqui discutidas neste forum...

Com esta frase fizeste-me lembrar Ex 5,8-9:

Citação:
É por isso que clamam, dizendo: 'Vamos oferecer sacrifícios ao nosso Deus'. Que se torne pesada a servidão sobre esses homens, para que se ocupem nela, e não dêem ouvidos a palavras mentirosas.

Alguns dos assuntos aqui debatidos não têm nada de "menores" (cidadania, laicado, Vaticano, ciência e fé, por exemplo). Outro não seriam tão importantes se a hierarquia não andasse a dizer tanto, às vezes com tão pouco tino (homossexualidade e RMA, por exemplo).

Em resumo eu diria. O modelo do laicado dependente do clero está em vigor e dá os resultados que se vêm. Há muitos leigos activos mas os resultados são muitas vezes tristes. Não falta garra nenhuma. Alguns leigos têm até garra demais: são mais papistas que o Papa. Com um modelo de relação leigos/hierarquia diferente penso que a Igreja poderia ser muito diferente. Os leigos mais activos seriam talvez outros, menos controláveis pela hierarquia, que teria que fazer algo que não está de todo habituada a fazer: confiar no Espírito de Deus.

pontosvista

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 19 de July de 2006 20:29

Clap, clap, clap.

Re: Laicado, "gigante adormecido"?
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 19 de July de 2006 23:28

Pontosvista
Concordo contigo quando afirmas

"Alguns dos assuntos aqui debatidos não têm nada de "menores" (cidadania, laicado, Vaticano, ciência e fé, por exemplo).
Considero serem temas pertinentes. Mas esqueceste de dizer que:

"Cidadania"foi lançado a 24/1/06 e obteve 69 (não tenho a certeza se são 68 , 69, 70..) mas não chegou às 75 mensagens até 19/7/06 às 23h ( em 6 meses...)

"Laicado" não chega à vintena mas foi lançado esta semana (acho que vai ser debatido a sério...)

"Vaticano" obteve muitas mensagens.

"Ciência e Fé" interessou pouco..."foi lançado a 29/4/06 às 00h 29m e até hoje ( 19/7/06) e já passa das 22h apareceram apenas 26 mensagens... (quase 3 meses)

Se fizeres uma comparação com certos temas que apareceram...até tens vergonha de dizer que temas tão importantes mereceram tão pouco interesse

Pontosvista
Agradeço-te por considerares nesses temas não menores:a "Cidadania" e "Ciência e Fé" lançados pela Mª josé Ribeiro ( que coitada...tu lá sabes... ) que sou eu.
Ainda bem que achas estes 4 tópicos, que dás como exemplo, tópicos pertinentes...

Acho que chamar "gigante adormecido" se adequa perfeitamente ao laicado...porque...às vezes parece existir uma não consciência do papel dos leigos.

Não dizem nada sobre a minha intervenção 18/7/06 às 23h...?
Não há nada para dizer... e eu que andei à procura em vatican.va e me deu tanto trabalho fazer a citação... e aquilo das pessoas darem demasiada importância aos padres, como se nós os leigos, fôssemos de 2ª? Concordam? Em quê e porquê?Discordam? Em quê? Porquê? E aqui vai o boneco que me ensinaram: é como eu sinto a falta de resposta :-(


Miguel: retirei do texto da Maria José o que ela pediu na mensagem imediatamente posterior a esta



Editado 1 vezes. Última edição em 20/07/2006 00:25 por rmcf.

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