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Importação do clero
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 13 de July de 2006 09:33

[www.alem-mar.org]

Por: MANUEL AUGUSTO LOPES FERREIRA, Missionário Comboniano

Há países, como a Itália, onde os sacerdotes diocesanos originários de África são mais de 1000.



Com o aceno, no texto do mês passado, à importação de sacerdotes por parte de alguns bispos europeus para fazer frente à falta de sacerdotes na Europa, fiquei a dever aos leitores uma palavra mais sobre o assunto. Para muitos terá sido uma surpresa saber do facto. Mas há países, como a Itália, onde os sacerdotes diocesanos originários de África são mais de 1000.

Estes sacerdotes foram ordenados pelos seus bispos para servirem as comunidades cristãs das suas dioceses. Ficaram incardinados numa diocese local e num presbitério diocesano de que são parte a todos os títulos e onde fazem falta. Mas acabaram ao serviço de outras dioceses. Uns vieram para estudar e nunca mais regressaram. Outros vieram expressamente à procura de oportunidades para exercerem o sacerdócio na Europa e obterem uma compensação financeira vantajosa para si próprios, as suas dioceses e as suas famílias. Não vieram para anunciar o Evangelho e fundar comunidades onde as não há – seriam missionários nesse caso. Vieram para cuidar pastoralmente de comunidades estabelecidas. Esta situação carece de sentido, sob muitos pontos de vista. Tanto assim que o prefeito de uma Congregação Romana sentiu a necessidade de estabelecer regras e princípios para regular o estranho fenómeno. Situações semelhantes à italiana existem em Espanha e noutros países da Europa, nos Estados Unidos. Em Portugal também há casos de recurso a sacerdotes oriundos de Angola, de países do Leste, do Brasil para obviar a falta de sacerdotes diocesanos.

Sempre existiu partilha de clero entre bispos e não é essa que está em causa. O que está em causa é recorrer a ela para se resolver um problema de fundo, a falta de sacerdotes em comunidades cristãs há muitos anos estabelecidas. Por um lado, o normal é que a comunidade suscite, escolha e prepare os ministros de que precisa para a sua vida; neste sentido as comunidades e as Igrejas locais têm de ser responsabilizadas neste processo, sob pena de se lhes passar certidão de menoridade ministerial. Por outro, o bispo como cabeça da Igreja diocesana ordena sempre e só sacerdotes para presidirem às suas comunidades; não os ordena para o serviço da Igreja universal ou para o serviço das dioceses de outros bispos!

Quem conhece a Igreja na África, por exemplo, sabe que há bispos africanos que nem sempre exercem o ministério da imposição das mãos com responsabilidade. Ordenam sem exercerem o devido discernimento e, sobretudo, ordenam sacerdotes sem se preocuparem com o problema da sua sobrevivência económica, sem definirem o estatuto económico do clero nas suas dioceses. Isso explica o facto de os sacerdotes procurarem oportunidades para saírem das suas dioceses, fugindo ao serviço das comunidades para que foram ordenados em primeiro lugar.

Sabemos que é delicado falar – e escrever – sobre este problema. Mas não podemos deixar de o fazer, no respeito pelas partes envolvidas e em espírito construtivo que procura soluções. A solução, teológica e eclesialmente adequada, virá naturalmente das Igrejas locais com os seus bispos à cabeça, que se deverão empenhar em caminhos de reforma para que nelas surjam, suscitados pelo Espírito e reconhecidos pela autoridade, os ministros (em número e modelo) de que elas precisam.

O recurso a sacerdotes oriundos de outras dioceses, e de outros continentes, vai aparentemente em sentido contrário… O futuro dirá se esta importação é solução para os problemas que afligem as comunidades cristãs no Norte, ou se é um recurso que atrasa a solução e mantém as igrejas locais europeias numa (indesejável) dependência e insuficiência ministerial.




Editado 3 vezes. Última edição em 13/07/2006 09:34 por camilo.

Re: Importação do clero
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 13 de July de 2006 09:40

Excepcionalmente transcrevi o texto completo.
Considero que este um problema crescente não muito diferente da fuga de cerebros que afecta os paises em vias de desenvolvimento.

O pais mais rico usa os seus recursos financeiros para captar as pessoas mais qualificadas de paises pobres.
Será que neste ponto na Igreja estamos a reproduzir os erros cometidos no economia mundial?

Re: Importação do clero
Escrito por: RMO (IP registado)
Data: 13 de July de 2006 11:56

Pela leitura do texto depreendo que não existe falta de sacerdotes africanos mas que estes preferem trabalhar na Europa onde têm melhores condições de vida (quiçá a certeza de uma refeição)! Simultaneamente partem todos os anos padres de origem europeia para missionar em África..

Não sei se será apenas um problema de gestão: gestão de recursos humanos e também materiais. Os sacerdotes africanos não deveriam ser colocados nas missões das suas terras, a trabalhar com as suas gentes? Este fluxo simultâneo de padres para cá e para lá não constitui uma perda de tempo e de dinheiro?

Quando no texto é dito que há sacerdotes africanos que vêm para a Europa estudar e já não regressam não estaremos perante uma utilização do sacerdócio com vista a conseguir sair da miséria que grassa em África? E temos nós alguma moral para criticar tal prática? Ainda há poucas dezenas de anos acontecia o mesmo no nosso país: jovens que eram empurrados para os seminários pelas famílias para que pudessem ter estudos e para que não lhes faltasse o que comer...

Desculpem tantas perguntas..mas na verdade não tenho respostas :)

Re: Importação do clero
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 15 de July de 2006 00:16

Conheci um padre africano que estava em Portugal por razões de saúde.
Acham que os padres não podem estar doentes? Veio para Portugal para se tratar.

Que haja em Itália muitos sacerdotes africanos acho muito lógico... vêm aprofundar conhecimentos de Teologia, de pastoral e que sei eu...vêm estudar...para melhor poderem servir...

Desculpem mas isto cheira-me a racismo...

Eu acho que o próximo Papa será africano, quem me dera...a Igreja Católica é, realmente, universal.

Não há importação nem exportação...isso não se faz com pessoas... importa-se e exporta-se diamantes, roupa, sapatos, software...etc. nunca pessoas..., a não ser no tráfico humano...na escravatura...

Ver como importação é considerar as pessoas como "coisas". Aqui está mais um exemplo do TER em vez do SER...

Re: Importação do clero
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 15 de July de 2006 01:08

Há um cardeal considerado um dos principais candidatos a papa, o cardeal arinze.

Mas se Bento XVI viver mais uns 5 a 10 anos ficará demasidado velho para lhe suceder.

O autor do texto é o missionário comboniano Manuel Augusto Ferreira, se há alguem que não é racista é ele. Além disso é um homem inteligente, já foi o superior geral de todos os combonianos do mundo. Conhece muito bem a situação.

Muitos vêm para a europa e para a américa do norte por razões economicas. Há nos paises do 3º mundo o risco de muitos jovens quererem ir para padres para escaparem a situações de pobreza extrema. O mesmo que se passava em Portugal até uns 50 anos atrás. O discernimento vocacional tem de ser bastante cuidadoso.

Chamemos o nome que quisermos um dos principais problemas dos paises do 3º mundo é a dificuldade que têm em segurar o seu pessoal qualificado. O Togo tem mais medicos formados a trabalhar em França que no proprio pais.

A paroquia da Ana contrata regularmente sacerdotes do Brasil para colmatar a falta de sacerdotes portugueses e canadianos. Oferece-lhes comodidades e condições financeiras que obviamente as paroquias brasileiras não podem oferecer. Será bom para a paroquia da Ana mas imaginemos isso multiplicado por todo o canadá, por todos os USA e por toda a europa. Representa uma sangria de sacerdotes no 3º mundo.

Re: Importação do clero
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 15 de July de 2006 23:04

Camilo

Eu não acredito nisso de candidatos a Papa...
Quando foi a eleição de Ratzinger ia a conduzir e ouvi a notícia na TSF. Aguardava-se o nome do eleito. O comentador disse algumas coisas: uma que afirmou é que não era, de certo, o Ratzinger devido aos seus problemas de saúde, etc... e, depois apareceu o tal José que não era Martins, nem Policarpo...era José Ratzinger...

Quando disse que era africano , o próximo, é por ter ouvido dizer que a Igreja Africana tem muitas vocações sacerdotais.

Eu não chamo vocações aos interesseiros.
Mas não vejo que uma escola, neste caso um seminário abra as portas a pessoas que vivem na miséria...em Portugal foi um modo que a Igreja teve para educar os portugueses pobres, quando foram expulsas as ordens religiosas e não se podia ensinar... só nos seminários...e a Igreja deu a possibilidade a muitas pessoas de serem formadas, de serem escritores... políticos... não os obrigou a serem padres.

Há, de certo, casos em que a pessoa ao estar no seminário vê claramente que Deus o chama ao sacerdócio... se estivesse com armas na mão ao serviço de outros era mais difícil descobrir...embora eu acredite que Deus tem os seus caminhos e se esse era o caminho essa pessoa Vê-lo-ia...e diria que sim ou que não..Deus não violenta.

Re: Importação do clero
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 27 de November de 2006 23:14

Citação:
RMO
...
Quando no texto é dito que há sacerdotes africanos que vêm para a Europa estudar e já não regressam não estaremos perante uma utilização do sacerdócio com vista a conseguir sair da miséria que grassa em África?

Claro que sim. Muitos não tem verdadeira vocação. O fim do celibato dos padres agrava este serio problema.

Re: Importação do clero
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 28 de November de 2006 00:52

Admiro a certeza dessa afirmação: Claro que sim.
Gostaria Camilo que apresentasses casos concretos desta situação, de padres africanos sem vocação, infelizes, que não edificam as comunidades.



Editado 1 vezes. Última edição em 28/11/2006 01:13 por Paulo.

Re: Importação do clero
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 28 de November de 2006 05:56

Camilo

Em resposta ao que escreveste no dia 15 de Julho: os padres vêm aqui todos os anos, mas praticamente vêm em Missão e passeio. Vêm conhecer o Canadá. Mas padres Brasileiros aqui não nos faltam, é verdade! E portugueses já cá vieram muitos também.
É assim; Temos o grupo da Senhora de Fátima quer um padre de Lisboa. Temos a festa do Senhor Santo Cristo, o grupo quer um padre dos Açores. A festa do Sagrado Coração de Jesus, não interessa, seja dos Açores, Brasil ou Lisboa. Assim dão oportunidade aos padres de virem visitar o Canadá. E o povo gosta que venham padres todos os anos! Vêm com viagens e estadia tudo pago e ainda lhes dão $1.000 dólares, fora o que recebem do povo. O padre que agora temos, tem uma boa ideia; convida os padres mas numa condição; vêm fazem a festa e dão catequese a adultos! Acho muito bem:) aprendemos mais!!!
Foi o que fez o padre José Alem, mas esse tem talento para isso...O povo nem queria sair das aulas de catequese, pedia por mais tempo!

É verdade que os países mais pobres, são os que dão mais padres...O México tem muitos padres, assim como o Brasil. Mas do Brasil saem bons padres e são padres bem formados.



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