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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 11 de July de 2006 20:54

claro, claro, pelo menos mais proximos que ele que vive para alimentar o odio contra a igreja.

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 12 de July de 2006 11:32

Há uma coisa que os ateus, que o são no seu íntimo, não fazem.
Eles não coisificam Deus. E muito menos pretendem impor um Deus coisificado (de farinha ou do quer que seja) aos outros. Por outros lado, críticas não traduzem necessariamente ódio. Podem traduzir simplesmente rejeição de atitudes e comportamentos.

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 12 de July de 2006 15:02

para mim, o caso dele é um misto de ressabiamento e presunção.

Ele rejeita os comportamentos da enorme maioria da igreja, eu rejeito o comportamento e a atitude dele. Tenho eu tanto o direito a considerar que ele está errado como ele têm de julgar a igreja.

E quanto a impor ele usa uma linguagem muito agressiva que pretende claramente impor as suas ideias (fracas ideias na minha opinião)

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 12 de July de 2006 16:45

Camilo, sua resposta me deixou curiosa e dei uma passadinha no site do Sr. Macieira.
Não o achei comunista não , Camilo ...
Ele tem a mágoa de não ter mais sua paróquia,ninquém gosta de ser excluido , mas sua mensagem é Verdadeira e fala com Espírito sem dúvida,pelo menos no que eu li ...
Talvez os padres devam ser funcionários da instituição para ser duradoura, mas os leigos ...
Será que testemunhamos o Ressuscitado ?
Será que não nos acomodamos no nosso conforto e fechamos os olhos a pobreza do mundo?
Será que somos fiéis seguidores de Jesus?

Será que hoje não gritaríamos novamente: Crucifica-o!

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 12 de July de 2006 17:47

há muitos anos que nenhum bispo lhe atribui qualquer trabalho pastoral. E podes crer que não é por acaso nem apenas por ele criticar a igreja de forma muito agressiva.

Claro que por vezes gritamos crucifica-o. Por exemplo o padre mario de oliveira está permanentemente a gritar isso em relação a praticamente toda a hierarquia da igreja.

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 12 de July de 2006 18:10

Por exemplo:

[padremariodemacieira.com.sapo.pt]

Na parte final da tarde, ainda me desloquei para junto de outro stand, da ECL, onde se encontrava o meu outro livro EM NOME DE JESUS, editado pela Arca das Letras. Aqui a procura já foi mais comedida, mas ainda deu para entusiasmar. Aliás, houve um leitor que já tem comunicado comigo por telemóvel e que fez questão de aparecer na Feira. Para meu espanto, adquiriu todos os livros meus que encontrou, para que eu os autografasse. Quando partiu, depois de várias fotografias tiradas comigo, lá se foi para casa com as sacas cheias de livros, a dançar num pé só, de alegria. O mesmo sucedeu com uma senhora residente no Barreiro, esta já na idade de reformada como eu. Também só a conhecia por telefone. A alegria foi indescritível. Para ela e para mim. Creio que para ela, este terá sido o dia mais feliz da sua vida. É daquelas pessoas que parece beber as palavras que lê. E testemunha sem inibição alguma que as palavras que lê nos meus livros são o alimento que lhe faltava para poder viver com alegria e com sentido.

No meu entender dizer que para a outra mulher conhecê-lo deve ter sido o dia mais feliz da sua vida e que ela testemunha que as palavras dos livros dele são o alimento que faltava na vida dela para viver com alegria e sentido é uma soberba proxima da insanidade.

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 12 de July de 2006 19:01

Esse é o perigo e pecado original ...a soberba.
Não sabemos nada por nós mesmo ,mas o Espírito instrui quem quer, aonde quer, na hora que quer...
A Ira também gera agressividade ...
Concordo que em todo radicalismo há um desequilíbrio...e sem a Igreja fazendo a memória de Jesus e seus ensinamentos não o conheceríamos atualmente... será?
Sei apenas que não sei nada , que nada sei .
chris

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 12 de July de 2006 20:31

Manuel Pires Escreveu:
-------------------------------------------------------
> Eu não sei o que O Sr. Mário disse acerca de
> Fátima.
> Mas como já dei o meu testemunho, eu também não
> apoio o fenómeno Fátima.
> Eu, é porque o acho um embuste espiritual.
> Ele, talvez, porque Fátima escraviza os que já são
> os mais escravizados.
> Dois argumentos de peso: o meu é espirutual; o
> dele é material.



Olá Manuel. Diz-me uma coisa. Que embuste é que existe em Fátima? Não percebi bem. É que costumo lá ir e nunca vi nenhum embuste. Escravizados? Também não percebi.

Abraço

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 13 de July de 2006 09:21

Mas o Pe Mário também conta os dissabores. Num artigo de jornal refere, e resumindo, que uma senhora lhe disse:
-"Leve o livro que eu já estive para o queimar"
E ele retirou-se sem dizer palavra.

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 24 de July de 2006 04:13

Quando alguém pretende que religião igual a subserviência, e estão nesta circunstância os papistas (Papismo= Papa como única cabeça pensante da Igreja, quiça do Universo), tem de haver alguém que a propósito e despropósito levante a voz contra tão devassa tendência. O Pe Mário de Oliveira é uma das vozes do contra, contra o papismo e a respectiva cadeia de subserviência, que parece pretender recuperar o espaço perdido no pós Concílio Vaticano II.

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 25 de July de 2006 19:18

E enquanto pensava no que escrevera acima, chegou-me à caixa do correio esta mensagem que aqui deixo:

Porque GRITAMOS?

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta aos seus discípulos:

"Porque é que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?"

"Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.

"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?"

Questionou novamente o pensador.

"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retorquiu outro

discípulo.

E o mestre volta a perguntar:

"Então não é possível falar-lhe em voz baixa?" Várias outras respostas
surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu:

"Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?"

"O facto é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, os seus corações
afastam-se muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem
escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas
estiverem, mais forte terão que gritar para se ouvirem um ao outro, através
da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão
apaixonadas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque os seus
corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes os
seus corações estão tão próximos, que nem falam, somente sussurram. E
quando
o amor é mais intenso, não necessitam sequer de sussurrar, apenas se olham,
e basta. Os seus corações entendem-se. É isso que acontece quando duas
pessoas que se amam estão próximas."

Por fim, o pensador conclui, dizendo:

"Quando vocês discutirem, não deixem que os vossos corações se afastem, não
digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a
distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".

Mahatma Gandhi

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 26 de July de 2006 15:40

Albino

Não conhecia. Gostei muito.
Obrigada

Adeus
Mª José

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 26 de July de 2006 19:23

sim, ele é do contra. É uma virtude nova, ser do contra, dizer mal, julgar negativamente o Papa, julgar-se muito bom e à quase totalidade das pessoas da Igreja bastante más.

Ser do contra é o mais facil que há, embora fazer uma critica justa e lucida já não seja assim tão facil. Pois ele é do contra, aliás esse deve ser o desporto nacional prefrerido, ser do contra, dizer mal.

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 26 de July de 2006 22:09

Caro Camilo,
Ser do contra não me parece que seja fácil, pois é como remar contra a corrente.
E o Pe Mário é coerentemente do contra ou seja, mantem-se dentro apesar de fortemente marginalizado. Quanto à questão de Fátima acho que se dá demasiada importância a supostas visões de carácter físico, quando na verdade tudo se passa realmente no domínio da subjectividade ajustada à Fé de Lúcia, a principal vidente. Pessoalmente dou mais crédito às visões do tipo da de Luther King, quando proclama:
"I have a dream"... (tenho um sonho...)-
ou à visão de João XXIII quando decide convocar um concílio. E devo confessar que também acho interessantes as visões de Alexandra Solnado.
O Pe Mário de Oliveira tem a visão de uma Igreja que seja mais comunidade de comunidades e portanto mais apta a fazer política em sentido evangélico.

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 28 de July de 2006 12:32

E há outras maneiras de ver (compreender) as coisas. Por exemplo assim:

[mailx.fe.up.pt]

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 28 de July de 2006 17:41

Albino
Destruir é fácil. Construir exige trabalho...ser do contra por ser...é fácil , basta arranjar argumentos contrários aos que são afirmados...mais nada... e, que muitas vezes , nem argumentos são. Chamo-lhe "bocas" ou "chavões". Têm impacto e é o que interessa ...não a verdade.
Mas Cristo é a Verdade. A verdade é algo muito importante.
Como é que tu que apresentaste um artigo de Mahatma Gandhi que é de uma grande profundidade vais nessa do dito senhor deste tópico??? Não entendo...Tu lá sabes....

Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 27 de October de 2006 00:23

Hoje o Pe Mário de Oliveira está empenhado na construção de um centro cultural em Macieira da Lixa a que chama Barracão de Cultura, contando com o apoio de pessoas de perto e de longe e de outras que se deixaram envolver numa aventura poética de suporte à iniciativa. Eis um exemplo tirado da lista dos poemas que estão on-line.
[mailx.fe.up.pt]
Também acho que não é apenas pessoa do contra, mas que tem teses interessantes na defesa do Evangelho como Boa-Notícia.

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 19 de December de 2006 09:01

Aqui fica o voto de Natal que o Padre Mário de Oliveira enviou aos seus contactos com proposta de divulgação:

Companheiras/Companheiros

É este o meu voto teológico de Natal 2006:



1. Confesso que estou cansado do natal que o Templo e o Império em uníssono insistem em impor todos os anos às pessoas e aos povos em todo o mundo. Já não suporto mais estes natais. Enojam-me. Dão-me vómitos. São hipocrisia a rodos. São mentira que nos oprime e aliena. São natais que nos roubam a alma, a identidade, os afectos, a ternura, o tempo. São natais que nos exploram até ao osso. Inclusive, o pouco dinheiro que ainda conseguimos ganhar com o suor do próprio rosto é-nos extorquido nestes dias com requintes de fina selvajaria pelas blasfemas catedrais de consumo, plantadas em espaçosos e feéricos centros comerciais sem um pingo de humanidade, todos a abarrotar de coisas, a maior parte delas inúteis que compulsivamente adquirimos e carregamos para casa, como uma cruz sem redenção, numa desesperada e inconsciente tentativa de enchermos os buracos da alma que só afectos desinteressados e tecidos com os fios da Verdade e da Graça poderão preencher sem nos ficarem a pesar ainda mais. Temos fome de asas para voar e empanturram-nos com embrulhos de papéis coloridos e reluzentes fitinhas, para que nunca cheguemos a descobrir que é de Projecto e de Utopia que precisamos para ser/viver. Verdadeiramente, estes natais do Templo e do Império são o nosso pesadelo, a nossa desgraça, o nosso inferno. Ou nos livramos deles, já este ano e para o resto das nossas vidas, a fim de nos tornamos pessoas constitutivamente livres e festivas, humanas e sororais/fraternas, ou acabamos reduzidos, aos quarenta/cinquenta anos de idade, abaixo de embrulho, abandonado num qualquer lar de terceira idade, desses muitos que o actual Governo de José Sócrates, pelos vistos, está empenhado em espalhar por todo o país, como bidões de lixo à espera de Godot!



2. Confesso que já não percebo nada. Há dois mil anos, o Templo e o Império uniram-se para matar/crucificar o Homem Jesus de Nazaré que então os perturbava e enfurecia, devido às suas práticas políticas libertadoramente solidárias e fecundamente insurreccionais a favor das inúmeras vítimas que ambos produziam em nome de Deus , da Lei, da Religião, da Ordem. E não é que hoje, passado todo este tempo, o Templo e o Império continuam unidos, mas agora para nos fazer adorar como um deus mítico esse mesmo Homem Jesus que os dois furiosamente mataram/crucificaram? O facto, só por si, diz bem do Perverso que são o Templo e o Império e que nós, na ingenuidade e na superficialidade do nosso viver quotidiano, teimamos em reverenciar, na pessoa dos seus poderosos chefes, ao mesmo tempo que acatamos e cumprimos todos os seus decretos, como ordens do próprio Deus. Seremos assim tão cegos, que não vemos toda a marosca que a encenação democrática, em que nos obrigam a viver, habilmente esconde e que, hoje, o Templo e o Império juntos querem impor a todo o custo a todos os povos da terra, nem que seja à custa de criminosas e hediondas guerras como a que continua presentemente em curso no Iraque ? Será que já nem com o coração conseguimos ver? E se nem com o coração vemos, ainda somos humanos?



3. Com as coisas neste pé, eis o meu voto teológico de Natal 2006, em cinco alíneas: a) temos, como Humanidade, de resgatar Jesus, o de Nazaré, das garras mentirosas e assassinas do Templo e do Império; b) temos que aprofundar, com a inteligência e o coração porque é que o Templo e o Império juntos tiveram tanta necessidade de matar Jesus e daquela maneira; c) temos que aprofundar porque é que o Templo e o Império correram depois a fazer de Jesus um mítico deus que os seus sacerdotes e teólogos obrigam todos os anos a nascer e a morrer; d) veremos então erguer-se diante da nossa consciência o Homem Jesus em toda a sua originalidade e singularidade, assim como a sua Causa política, a única que, se for acolhida e praticada pelos povos, humanizará/salvará os seres humanos e a própria Natureza, nossa Casa comum; e) começaremos de imediato a ser mulheres, homens ao jeito do Homem Jesus e, em comunhão com o seu Espírito, prosseguimos a sua Causa política entre as vítimas do Templo e do Império, e com elas. Até que Deus, o de Jesus, nos ressuscite/dê razão, como ressuscitou/deu razão a Jesus!



Fiquem com a minha Paz e o meu Afecto.

Mário, presbítero da Igreja do Porto.

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 08 de February de 2007 12:27

CARTA ABERTA

ÀS MINHAS IRMÃS, AOS MEUS IRMÃOS DO NÃO

Mário, Presbítero da Igreja do Porto
Com o meu abraço Padre Mário de Oliveira

1. Se vão votar NÃO, porque pensam que a pergunta que vai a referendo dia 11 de Fevereiro 2007 é se somos a favor do aborto ou contra o aborto, então deverão reconhecer que estão enganados, porque a pergunta que vamos referendar, sim ou não, não é essa. Se fosse, também eu votaria NÃO. A pergunta é se concordamos com a despenalização das mulheres que porventura abortem nas primeiras dez semanas de gravidez. Por isso, eu voto SIM. Porque uma lei assim, que despenaliza as mulheres que abortem nas primeiras dez semanas de gravidez acaba de vez com a lei que está actualmente em vigor e que condena as mulheres que abortarem, mesmo naquelas condições, até três anos de prisão, depois de as ter humilhado publicamente num julgamento quase sempre mediatizado nos tribunais.

2. Mas vós, minhas irmãs, meus irmãos do NÃO, devereis ter em consideração um outro pormenor importante e, então, talvez passareis do NÃO ao SIM. É que com o vosso NÃO estais a dizer à Sociedade civil e ao Estado português que quereis que as mulheres que decidiram abortar nas primeiras dez semanas de gravidez continuem a poder fazê-lo apenas na clandestinidade; e, se são pobres e vivem em condições de degradação e no seio de famílias completamente desestruturadas, que continuem a fazê-lo apenas nas abortadeiras/habilidosas, com todos os riscos para a sua saúde e sempre com o medo de virem a ser denunciadas, presas e condenadas em tribunal. É isto que queremos para as mulheres pobres que decidirem abortar nas primeiras dez semanas de gravidez? Que elas o façam apenas nestas condições de desumanidade? Eu, por mim, não quero que semelhante situação de desumanidade se arraste por mais tempo e por isso voto SIM à lei que vai a referendo. Porque com a aprovação da nova lei, também as mulheres pobres que decidam abortar passam a poder fazê-lo (nunca serão obrigadas a fazê-lo e oxalá elas não queiram nunca fazê-lo!) nos estabelecimentos públicos de saúde ou noutros devidamente autorizados, o que é muito menos traumatizante para elas e muito menos perigoso para a sua saúde (ora, como sabem, as mulheres pobres também são pessoas, não apenas as mulheres ricas e com estudos para facilmente se desenrascarem em situações como esta de que estamos aqui a tratar, a duma gravidez indesejada e não assumida). Não quereis acompanhar-me neste voto SIM? Não vedes que o vosso voto NÃO acaba por ser cruel, já que condena as mulheres pobres que abortem (as ricas safam-se sempre, porque têm outros meios para isso) a fazê-lo apenas na mais abjecta clandestinidade e às mãos de abortadeiras/habilidosas?

3. Mas há outro pormenor que deveis ter em conta e que não posso calar por mais tempo. Com o vosso NÃO à lei de despenalização do aborto estais a impedir que as mulheres grávidas passem a estar no centro da decisão de levar por diante a gravidez, ou de a interromper, caso seja esta última hipótese a sua escolha, sempre dolorosa, indubitavelmente, e por demais difícil, mas a sua escolha. E porquê? Porque a lei que vai a referendo diz que só poderá haver aborto nas primeiras dez semanas de gravidez, nos hospitais ou outros estabelecimentos de saúde devidamente autorizados, por opção da mulher grávida. E este é, para mim, o aspecto mais importante da pergunta e da lei a referendar. Porque coloca as mulheres no centro da decisão. É por opção delas, não é por opção nem dos pais, nem do marido, nem do namorado, nem das amigas, nem da pressão social, nem do Estado, nem do pároco, nem do confessor ou director espiritual, nem do bispo, nem do papa. Apenas por opção das mulheres na condição de grávidas. É por isso que eu voto SIM. E gostava que todas as minhas irmãs católicas, todos os meus irmãos católicos me acompanhassem neste SIM.

4. E aqui tenho que fazer uma pausa e perguntar-vos: Sabeis porque a hierarquia da nossa Igreja católica – os bispos e os párocos – se mostra tão furiosamente contra a lei de despenalização do aborto? (eles preferem dizer que são furiosamente contra o aborto e evitam falar em despenalização do aborto, mas é a despenalização do aborto que vai a referendo, não a liberalização do aborto e muito menos a sua imposição; porque se fosse, também eu, como já disse, votaria NÃO, obviamente). Vou revelar-vos o segredo, nem que, por causa disso, os nossos bispos se zanguem comigo. A verdade é para se dizer e praticar, porque só a verdade, como diz Jesus, o do Evangelho de João, nos faz livres. Os nossos bispos, devido, sobretudo, à (de)formação clerical que receberam e da qual não querem abdicar, para não perderem o lugar nem os privilégios, não admitem, não podem admitir que alguma vez as mulheres estejam no centro de decisões tão importantes como esta que vai a referendo dia 11. Apenas eles, nunca elas! Como sabeis, sempre foi assim nos tempos da velha Cristandade Ocidental e na Idade Média. Mas não pode continuar a ser assim. Vede, por exemplo, o que eles – bispo de Lisboa, párocos de VN Ourém, confessores/directores espirituais – no início do século XX, fizeram com a pequenita Lúcia, de Fátima; como a meteram no Asilo de Vilar, no Porto, a levaram sequestrada para um convento na Galiza e, depois, não satisfeitos, ainda a meteram num convento de clausura, até ao fim dos seus dias, sem que a pobre alguma vez pudesse decidir sobre a sua vida e o seu futuro… É isto humano? É isto evangélico? É isto cristão jesuânico? Os bispos e os párocos acham que são os únicos que sabem o que as mulheres devem fazer ou deixar de fazer, em matérias tão delicadas como as da bioética. Como diz a nova novela das noites da RTP1, “Paixões Proibidas”, as mulheres não têm que pensar, saber, entender coisa nenhuma. Apenas têm que obedecer ao pai e, na sua ausência, ao irmão mais velho e, depois de casar, ao marido; finalmente, ao pároco, ao bispo, ao papa. Ora, é aqui que reside todo o valor evangélico e cristão jesuânico da pergunta e da Lei a referendar dia 11. “Por opção da mulher”. Os bispos e os párocos que estão em campanha pelo NÃO querem convencer-nos que isto é arbitrariedade, mas não é. Isto é Maioridade, é Liberdade, é Reponsabilidade. E só por esta via chegaremos a ter mulheres verdadeiramente adultas, livres, responsáveis. E só com mulheres assim, bem no centro das decisões que a elas dizem respeito, é que se dá glória a Deus e poderemos construir uma sociedade humana e sororal.

5. Finalmente, deixo-vos, irmãs católicas, irmãos católicos, mais uma revelação decisiva para mudardes o vosso voto do NÃO para o SIM. Já repastes (infelizmente, não temos procurado ser católicos bem informados e andamos quase sempre muito distraídos do essencial) que o Código de Direito Canónico (CDC), da Igreja, ainda é mais penalizador contra as mulheres católicas que abortarem do que a actual lei do Código Penal português? Vede só esta barbaridade canónica: as mulheres católicas que abortarem ficam automaticamente excomungadas, portanto, fora da comunhão da Igreja! Nem é preciso o Tribunal eclesiástico proferir a sentença. É automático! Porém, se as mulheres católicas grávidas, para não serem excomungadas, decidirem levar a gravidez ao fim e, logo após o parto, matarem o bebé, já não sofrem qualquer sanção canónica. Cometem, obviamente, um pecado mortal de infanticídio, mas não sofrem nenhuma sanção canónica. Estremeceram com o impacto desta revelação? Mas a realidade é esta. E porquê esta sanção canónica contra as mulheres que abortam e não contra as mulheres que matem o próprio bebé acabado de nascer? Porque decidir levar a gravidez ao final ou abortar é uma opção que só as mulheres grávidas podem protagonizar. Mais ninguém. E para que nunca as mulheres sejam sujeito de opções de tanta monta, é que a hierarquia católica recorre à excomunhão, o que, reconheça-se, em tempos de Cristandade como eram os da altura em que o CDC foi publicado, era praticamente o mesmo que matar as mulheres por apedrejamento. Mas digam-me uma coisa, irmãs, irmãos: Sem mulheres desta estatura moral, capazes de optar em matérias de tanta monta, ainda se pode falar em mulheres? Ou apenas em coisas, ou em simples barrigas de aluguer?

6. Pensem nisto e votem SIM, como eu, para que a nova lei que vai a referendo seja aprovada. Com este voto SIM estaremos, como católicas, como católicos, a dizer também à hierarquia da nossa Igreja católica que altere o CDC e deixe de excomungar as mulheres que abortem, tal como o Estado português irá deixar de as penalizar com prisão até três anos, se a lei for aprovada, como espero.

Percam os medos, irmãs, irmãos. Pensem pela vossa cabeça. E decidam segundo a vossa consciência pessoal. Deixem de pensar e de decidir pela cabeça e pela consciência funcional do clero. Façam como eu que penso pela minha cabeça e decido segundo a minha consciência pessoal. E por isso voto SIM no referendo do dia 11. Quem de vós me acompanha nesta liberdade/responsabilidade?

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Re: Padre Mário de Macieira
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 12 de February de 2007 16:23

Não cheguei a ler toda a página do Pe Mário, mas da parte que li não vi nada tão grave. Talvez por já estar acostumado a certos tipos de discursos, contra ou a favor da hierarquia, eu não tenha me escandalizado com nenhum dos textos do padre. A verdade é que o padre usa de uma linguagem muito direta e mesmo um tanto dura, mas até chega a ser elogiável em muitas das suas opções. Como no mais não conheço o referido padre, nada posso concluir da qualidade do testemunho que ele dá com a sua vida - e do modo como entendo é isso o que mais conta. Quem sabe o homem seja doido, quem sabe seja profeta, talvez um pouco dos dois.

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