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Re: Perdão
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 03 de July de 2006 13:44

Ora aí está, Ana. Na mouche. Tão poucas palavras e têm tanto para dizer.

Re: Perdão
Escrito por: Cunha (IP registado)
Data: 27 de July de 2006 12:55

Perdão… Que belo seria o mundo se todos conhecessem o significado desta palavra, conhecer com o intelecto e com o mais profundo do ser. Jesus teve uma palavra amiga com todos, a todos chamou a Si, ao Caminho, mas nem todos O ouviram. À mulher adúltera perdoou (e disse-lhe para não pecar mais), ao Zaqueu arrependido e do alto da Cruz, ouvimos, num desafio à lógica humana, perdoar o Bom Ladrão, fazê-lo filho de direito, por uma lágrima, por um coração contrito: «Hoje estarás comigo no paraíso». E a Pedro quando O negou, lançou-lhe um olhar… Um choro amargo, de dor, de arrependimento… Mas Pedro acolheu o perdão de Jesus, ao contrário de Judas, que desesperou, não conseguiu perceber o alcance do perdão do Senhor e enforcou-se. 70x7 é quantas vezes deves perdoar, sempre, nunca negues esse perdão! E se te obrigarem a percorrer uma milha, vai com ele duas. O perdão é a medida do amor, Deus é amor. Ele, Jesus Cristo, o Senhor, que Se aniquilou a Si próprio, fez-Se um de nós, foi espezinhado por corações egoístas, incapazes de amar, mas disse do mais profundo do Seu ser: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. É fácil dizer: perdoo-te, ou estás perdoado, mas é difícil acolher o outro, novamente, de pleno direito, como o fez o pai dos dois filhos, que abraçou numa corrente de amor, o filho que tudo desbaratou, mas que se arrependeu: Levantar-me-ei e irei ter com o meu pai. O perdão deve ser dado, mas também deve ser pedido, quando dele necessitamos. Caso contrário, como poderemos orar: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tem ofendido»? O perdão leva sempre à conversão de vida, a um conformar da vida com o Mestre do Perdão. E podemos pedir sempre, em oração, o dom de perdoar sempre, o dom de saber pedir o perdão, para que um dia possamos estar com Ele.

Re: Perdão
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 01 de August de 2006 23:26

Nas notícias da Agência Ecclesia de !/8/06 vem a reacção da Santa Sé ao indulto aos presos italianos .

Não sabia que tal tinha acontecido. Vocês estão a par disso?

Aqui vai a notícia sobre a reacção da Santa Sé:

"O presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, Cardeal Renato Martino, saudou o indulto que vai devolver a liberdade a cerca de 12 mil detidos na Itália, com o objectivo de descongestionar as abarrotadas prisões do país. A medida contempla uma redução de pena de três anos para certo tipo de delitos, com a qual se pretende aliviar a situação em cerca de 200 penitenciárias transalpinas, que albergam mais de 60 mil presos, quando têm capacidade para pouco mais de 40 mil.

D. Renato Martino referiu à Rádio Vaticano que este é "um passo positivo" e uma decisão de "natureza humanitária". Há 4 anos, no Parlamento italiano, João Paulo II tinha pedido um "gesto de clemência" em relação aos presos e a Santa Sé não tem escondido a sua preocupação pela situação dos presos nas cadeias italianas.

Sublinhando que "a justiça deve ser acompanhada pelo perdão", o membro da Cúria Romana apelou ao bom acolhimento daqueles que serão libertados.

"É evidente que, para as famílias das vítimas, isto é algo quase sobre-humano, mas devemos abraçar, como cristãos o mandamento do amor, do perdão", indicou.

Clemente Mastella, ministro italiano da Justiça, dedicou este indulto à memória de João Paulo II. "

Nota: os sublinhados e o negrito são meus)

Um aspecto do perdão. Que acham?

Como vão ser acolhidos os ex-prisioneiros? Serão aceites pela sociedade?
A sociedade perdoa?

Re: Perdão
Escrito por: (IP registado)
Data: 02 de August de 2006 17:35

Acrescento ainda mais uma questão: a justiça serve para castigar ou para regenerar? E deve servir para quê?

Re: Perdão
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 08 de August de 2006 02:53

Acho que vale a pena...

[dn.sapo.pt]

Não resisto a transcrever o final do artigo:

"O mundo acusa justamente Zaqueu e o Bom Ladrão de serem aquilo que são. Ao fazê-lo, passa ao lado da novidade espantosa de Cristo, o perdão. O perdão que aceita e ama esses horríveis pecadores, e chega a conduzi-los à glória, logo que se convertam. O drama do mundo é não perceber que, com Cristo, a verdadeira distinção entre os homens não é o grau de santidade, mas a sinceridade da súplica e arrependimento."

Comentários...venham daí..., se quiserem,... A Ana já tentou acordar-nos...deve ser do calor...o fórum está a passo de caracol...

Re: Perdão
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 17 de August de 2006 18:21

Um texto com interesse, em minha opinião.
Ter em conta a época em que foi escrita.

Aqui vai

" João Crisóstomo (c.345-407), bispo de Antioquia depois de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre S. Mateus, nº 61

«Tem paciência para comigo»

Cristo pede-nos portanto duas coisas: condenar os nossos pecados e perdoar os dos outros, fazer a primeira coisa por causa da segunda, que será então mais fácil, pois aquele que pensa nos seus pecados será menos severo para com o seu companheiro de miséria. E perdoar não só de boca, mas do fundo do coração, para não virar contra nós próprios o ferro com que julgamos atingir os outros. Que mal pode fazer-te o teu inimigo, que seja comparável ao que tu fazes a ti próprio com a tua aspereza?

Considera pois quantas vantagens retiras duma injúria humildemente sofrida e com doçura. Tu mereces assim, em primeiro lugar - e é o mais importante – o perdão dos teus pecados. Exercitas-te, depois, na paciência e na coragem. Em terceiro lugar, adquires a doçura e a caridade, pois aquele que é incapaz de se zangar com os que lhe causaram desgosto, será ainda muito mais caridoso para com aqueles que o amam. Em quarto lugar, desenraízas inteiramente a cólera do teu coração, o que é um bem sem igual. Aquele que liberta a sua alma da cólera, desembaraça-a também, evidentemente, da triteza: não gastará a sua vida em desgostos e vãs inquietudes. Assim, punimo-nos a nós mesmos ao odiarmos os outros; fazemos bem a nós mesmos ao amá-los. Desse modo todos te venerarão, mesmo os teus inimigos, ainda que sejam demónios. Melhor ainda, não terás mais inimigos, comportando-te assim."

Re: Perdão
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 31 de August de 2006 20:19

A Sogra

Duas distintas senhoras encontram-se após um bom tempo sem se ver.
Uma pergunta à outra:
- Como vão seus dois filhos... A Rosa e o Francisco?
- Ah querida... a Rosa minha filha, casou-se muito bem. Tem um marido
maravilhoso. Acredita que ele levanta de madrugada para trocar as fraldas do
meu neto, faz o café da manhã, lava as louças e ajuda na faxina, só depois
então vai para o emprego.
Benza Deus aquele meu genro.
- Ah amiga... que ótimo! E o seu filho, o Francisco? Casou também?
- Casou sim, querida. Mas tadinho deu muito azar. Casou-se muito mal...
Acredita que ele tem que levantar de madrugada para trocar as fraldas do meu
neto, fazer o café da manhã, ainda tem que lavar a louça e ainda ajuda na
faxina. E depois de tudo isso ainda sai para trabalhar, para sustentar a
preguiçosa da minha nora - aquela porca!

Será que em nossas vidas não estamos nos comportando com sogras, pois
criamos regras distintas para pessoas diferentes, ou seja criamos regras
convenientemente com a situacao que queremos beneficiar, porque nao criar
uma regra geral que valha para todas as pessoas indistintamente.
E nao como as verdades abaixo

Quando o outro não faz é preguiçoso.
Quando você não faz ... está muito ocupado.

Quando o outro fala é intrigante.
Quando você o fala ... é crítica construtiva.

Quando o outro se decide a favor de um ponto, é "cabeça dura".
Quando você o faz... está sendo firme.

Quando o outro não cumprimenta, é mascarado.
Quando você passa sem cumprimentar ... é apenas distração.

Quando o outro fala de si mesmo, é egoísta.
Quando você fala ... é porque precisa desabafar.

Quando o outro se esforça para ser agradável, tem uma segunda intenção.
Quando você age assim ... é gentil.

Quando o outro encara os dois lados do problema, está sendo fraco.
Quando você o faz ... está sendo compreensivo.

Quando o outro faz alguma coisa sem ordem, está se excedendo.
Quando você faz ... é iniciativa.

Quando o outro progride, teve oportunidade.
Quando você progride ...é fruto do seu trabalho.

Quando o outro luta por seus direitos, é teimoso.
Quando você o faz ... é proa de caráter.

Quando você manda um e-mail desses é porque gosta dos amigos.
Quando o outro manda ... é um desocupado.


Autor desconhecido:)

Re: Perdão
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 01 de September de 2006 01:54

Óptimo.
Diverti-me ao ler...
O pior é que muitas das coisas são mesmo verdade.

Faz-me lembrar daquilo que se diz: "há 2 pesos e 2 medidas".

O perdão funciona assim: os outros devem-me perdoar...foi sem querer...nem tinha intenção...e não sei quantas desculpas inventadas...
Eu perdoar mas se o outro ofendeu ?....Aí o caso fia mais fino...

Claro que não devia ser assim mas, quantas vezes, isso nos acontece...Convosco passa-se isso? Ou é só comigo?

Re: Perdão
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 01 de September de 2006 02:27

Maria José

Eu também ri quando li:) E há gente mesmo assim!

Re: Perdão
Escrito por: Maria João Piedade (IP registado)
Data: 01 de September de 2006 17:00

Já fui assim, não sei se é da idade (35) ou de ter deixado finalmente Deus entrar no meu coração (só me baptizei este ano), mas agora acho que tenho grande facilidade em perdoar tudo e todos.

Maria João Piedade

Re: Perdão
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 01 de September de 2006 17:12

Ainda voltando ao texto do João césar das Neves, citado, em boa hora, pela Maria José Ribeiro:

Que texto magnífico! Dos melhores que ele já escreveu. Mesmo os que acusam o JCN de ser retrógrado, conservador, fundamentalista, etc. (e refiro-me só aos católicos, que os há, e muitos, e no seu pleníssimo direito, pois a crítica, a opinião e a asneira são livres e acessíveis a todos...), não podem deixar de reconhecer a propriedade e inspiração das suas palavras.

Já tinha lido uma pequena citação deste artigo, num sítio qualquer, feita por alguém que, treslendo, por má fé ou simplesmente por pura ignorância, o ridicularizava por ter afirmado que a Igreja era o refúgio dos maus. Agora, que tive acesso ao artigo completo, só me resta agradecer à Maria José Ribeiro por inserir o link respectivo.

Re: Perdão
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 01 de September de 2006 17:38

Neste artigo César das Neves faz uma estranha distinção entre santos e pecadores que não tem qualquer fundamentação na doutrina católica.

Todos precisamos da infinita misericórdia de Cristo, desde S. Francisco de Assis, até à Madre Teresa de Calcutá, desde João Paulo II até Adolf Hitler. E às vezes na mesma pessoa existem coisas muito boas e outras muito más.

pontosvista

Re: Perdão
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de September de 2006 22:38

parece-me que o refrido artigo ( pungente ecaricato, quantoa a mim) distorce completamente o sentido deste tópico.

Re: Perdão
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 04 de September de 2006 11:55

Também concordo com o pontos de vista. Todos precisamos da Misericórdia de Deus.

Aliás, quando lemos sobre a vida dos santos, vemos que eles próprios se consideravam grandes pecadores.

Maria João Garcia

Re: Perdão
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 04 de September de 2006 16:50

Mas quem duvida que precisamos da misericórdia de DEus?

Choca-me é que pontosvista tenha escrito o que passo a citar : "desde S. Francisco de Assis, até à Madre Teresa de Calcutá, desde João Paulo II até Adolf Hitler".

Qual a razão desta associação com Hitler? Dos outros três: um foi canonizado, outra foi beatificada e o terceiro morreu com fama de santidade.

A vida que levaram os primeiros três teve alguma semelhança com o que fez Hitler? Como é evidente não estou a dizer que Hitler esteja no inferno.

Re: Perdão
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 04 de September de 2006 22:01

Maria José

Citação:
Choca-me é que pontosvista tenha escrito o que passo a citar : "desde S. Francisco de Assis, até à Madre Teresa de Calcutá, desde João Paulo II até Adolf Hitler".

Às vezes achamos as nossas "santidades" humanas uma grande coisa. A verdade é que diante de Deus somos primeiro do que tudo irmãos. Somos igualmente pecadores, mas aí Jesus deixou muitíssimo claro que os critérios de Deus não são os nossos:

Citação:
Por isso, o Reino do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. Logo ao princípio, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos os seus bens, a fim de pagar a dívida. O servo lançou-se, então, aos seus pés, dizendo: 'Concede-me um prazo e tudo te pagarei.' Levado pela compaixão, o senhor daquele servo mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: 'Paga o que me deves!' O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: 'Concede-me um prazo que eu te pagarei.' Mas ele não concordou e mandou-o prender, até que pagasse tudo quanto lhe devia. Ao verem o que tinha acontecido, os outros companheiros, contristados, foram contá-lo ao seu senhor. O senhor mandou-o, então, chamar e disse-lhe: 'Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque assim mo suplicaste; não devias também ter piedade do teu companheiro, como eu tive de ti?' E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos até que pagasse tudo o que devia. (Mt 18, 23-34)

pontosvista

Re: Perdão
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de September de 2006 00:16

Nos antípodas sobre as bizarras reflexões de JCN , o conceito do Irmão roger sobre o perdão:

"
Se o irmão Roger insistiu muito sobre a bondade profunda do ser humano, isso deve ser visto na mesma perspectiva. Ele não tinha ilusões sobre o mal. Por natureza, era tendencionalmente vulnerável. Mas tinha a certeza de que, se Deus ama e perdoa, então recusa recordar o mal.

Todo o verdadeiro perdão desperta o que há de mais profundo no coração humano, esse fundo que é feito para a bondade.

Paul Ricoeur foi tocado por esta insistência na bondade.
Disse-nos um dia em Taizé que via aí o sentido da religião: «Libertar o fundo de bondade dos homens, ir procurá-lo aonde estiver completamente enterrado

No passado, houve uma certa prédica cristã que insistia continuamente na natureza humana essencialmente má.

Fazia isso para salientar a gratuidade pura do perdão.

Mas afastou muita gente da fé; mesmo se ouviam falar do amor, tinham a impressão de que esse amor mantinha reservas e de que o perdão anunciado não era total.

O que há de mais precioso na herança que nos deixou o irmão Roger encontra-se talvez nisso: esse sentido do amor e do perdão, duas realidades que tinham para ele uma evidência e que ele compreendia com uma instantaneidade que muitas vezes nos escapava."

Re: Perdão
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de September de 2006 04:53

"afinal, os santos são apenas pecadores a quem Jesus decidiu salvar de forma preventiva. Como os próprios admitem, sem a Força do Alto também eles seriam miseráveis criminosos
JCN


Face a esta visão miserabilista, catastrofista e pietista do amor e perdão de deus, basta um olhar sereno sobre a realidade que nos cerca e a complexidade do ser humano que é também utopia de saber que as escolhas de deus não podem ser o pecado e a perversão…

Dito de outra forma, se deus nos fez livres e para o amor , a verdade e a plenitude, é porque essa busca está no cerne da natureza humana. A não ser que deus nos quisesse fazer para a abjecção e o pecado com a finalidade exclusiva de nos tornar dependentes dele ( do seu perdão ouda sua juda)

Ora esta visão um pouquinho maquiavélica de deus parece-me pouco convincente.
- é construída em pressupostos ideológicos muito específicos, mas não passa pelos relatos evangélicos.

A afirmação de JCN de que os santos foram alvo de uma “salvação selectiva e preventiva” , resultante um acto arbitrário de deus que assim excluiu desta categoria a restante humanidade, numa espécie de roleta salvífica arbitrária e sem sentido, retira ao ser humano o esforço consciente e construtivo da busca do bem , da beleza, da perfeição, da plenitude.

Esta visaõ “selectiva” da salvação divina tem algo de profundamente injusto e ambíguo, como se deus se limitasse a escolher apenas alguns e a sua “SALVAÇÃO PREVENTIVA” não se estendesse absolutamente a todas as criaturas criadas por um amor infinito. Se deus é salvador no amor, não pode ,por definição excluir ninguém, nem mesmo preventivamente.

Depois JCN fala da santidade como algo de absolutamente extraordinário e invulgar, com a marca da “sublimidade”.

Ora a santidade não é nada de extraordinário. A bondade, a compaixão no seu sentido mais autêntico, o altruísmo, a beleza, a serenidade interior, o amor gratuito , são experiências humanas essenciais e comuns, sem as quais não conseguimos sequer sobreviver e crescer.


Eu pessoalmente conheço ( conheci) muitos santos. Muitos e muitas. A minha amiga que morreu aos quarenta anos de cancro da mama foi uma santa. Afirmo isto em qualquer lugar. O homem que cuida com ternura e de uma forma contínua durante anos e anos o seu filho deficiente mental profundo é um santo. O casal que vive no amor e fazem o seu projecto de vida, são santos….Conheço tantos santos! E alguns deles não são nada místicos, e outros são mesmo ateus ou com crises de fé.
Pessoas que vivem para os outros, pessoas que vivem a vida como uma dádiva, que transfiguram o mundo. Pessoas comuns, sem rasgos místicos ou discursos teológicos ou colunas no DN.

Re: Perdão
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 05 de September de 2006 08:56

O ser humano tem muito a mania de achar que sabe quem vai ser salvo. POis é, mas só DEus sabe quem é que até ao último segundo se arrepende e é salvo ou quem é que até ao último segundo se pode perder.

Mesmo as acções que parecem ser as melhores, podem ter por detrás uma intenção egoísta. Lá está, só Deus sabe o que se passa no nosso interior. O melhor é não apontarmos o dedo a ninguém.

Quantos aos santos, também acho que andam por aí muitos desconhecidos e que já morreram muitos sem serem conhecidos. Não podemos lembrar-nos apenas dos que são reconhecidos pela Igreja. As acções de santidade, ou seja de Amor, podem vir das mais variadas pessoas.


Maria João Garcia

Re: Perdão
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 07 de September de 2006 19:55

à propósito de santidade e do texto do JCN:

Certo chefe perguntou-lhe, então: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?» Respondeu-lhe Jesus: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.» (Lucas 18-18)

Nesta perspectiva, se tomada à letra e sem a consideração de outras passagens do Evangelho, seríamos tentados a dizer, absurdamente, que nem Jesus foi santo...

É claro que no Homem, como bem diz a catolicapraticante, há uma aspiração natural
pelo bem, pela santidade, pela beleza, pelo amor, pela verdade - ou não tivesse Deus, seu criador, imprimido nele a imagem de si próprio. Mas há também, todos o sentimos, uma inclinação poderosa para o mal, que ninguém sabe exactamente donde veio (Cristo, em parábola, explicou que esse impulso para o mal veio de "o maligno", que semeou, durante a noite, joio no campo de trigo...).

Eis, pois, duas forças conflituantes que fazem da alma humana um verdadeiro campo de batalha. Enquanto pudermos comandar as operações, que é como quem diz, agir de modo livre e consciente, somos chamados a procurar a perfeição, a fazer o bem e a dar uma luta sem tréguas ao mal. "Aspirai às coisas do alto". "Sede santos como o vosso Pai do Céu é Santo".

O problema é que, às vezes, o mal exerce, no fundo do coração humano e com reflexos na nossa história colectiva, um poder dos "diabos", parecendo mesmo levar a melhor sobre o bem. "Faço o mal, que detesto, e omito o bem que desejo" desabafa S. Paulo, (citação livre), ele que foi santo. E "os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz", diz-nos o Evangelho.

Que a santidade não é nada fácil constatou-o Cristo, com a advertência: "é larga a estrada que conduz à perdição e estreito o caminho que leva à salvação... esforçai-vos por entrar pela porta estreita" (citação livre). Mas quando alguns, noutro contexto, comentaram, em tom derrotista "mas então, se é assim, quem poderá salvar-se", Cristo tranquilizou-os: ao homem não é possível, mas a Deus nada é impossível. Pois se até das pedras Deus pode suscitar filhos de Abraão...

A nossa condição natural é a de pecadores em busca da santidade. Se nesse projecto estivéssemos sozinhos, se contássemos só com as nossas parcas forças, estávamos bem tramados! Mas Cristo redimiu-nos, devolveu-nos a esperança e, antes de partir, deixou-nos, precisamente a nós, os pecadores, um refúgio de esperança, um maravilhoso instrumento visível e indestrutível de santificação - a Igreja, "nossa mãe e mestra".

É essa definição da Igreja enquanto porto de abrigo dos maus, e não como clube dos bons, que eu mais destaco no texto de JCN. E lembro-me sempre da anedota daquela piedosa velhinha, frequentadora assídua da Igreja e mui esforçada, de modo sério e genuíno (mas, pelos vistos, sem grande êxito) na luta contra os seus muitos defeitos, que respondia aos que a acusavam de ser "beata falsa" de ter muito "mau feitio", de ser "má como as cobras" e pior do que os que não iam à igreja: sou, realmente, muito má como dizem; mas nem imaginam a fera que seria, se não fosse a Igreja.

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