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«Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Aristarco (IP registado)
Data: 25 de January de 2006 19:58

Foi hoje publicada a primeira encíclica de Bento XVI, «Deus Caritas Est - Deus é Amor», 9 meses depois de ter sido eleito sucessor de Pedro. O tema é o amor cristão.
Que comentário vos merece este documento? O tema parece-vos pertinente?
Venham de lá esses comentários ;-)

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 25 de January de 2006 20:20

Dei uma vista de olhos...achei só li a primeira parte do eros e agape...gostei da frontalidade com que aborda o assunto.

esta é a minha parte preferida:

Citação:
« et nos cedamus amori — rendamo-nos também nós ao amor ». [2] Nas religiões, esta posição traduziu-se nos cultos da fertilidade, aos quais pertence a prostituição « sagrada » que prosperava em muitos templos. O eros foi, pois, celebrado como força divina, como comunhão com o Divino.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 00:44

Amigos: Seria mesmo muito interessante debatermos / partilharmos este tema . (Obrigada aristarco)

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 00:45

Para começar, apenas uma confirmação: a da tradução - muito feliz e uma valente aposta no que caritas aqui quer dizer: não 'caridade' como em português tantos querem traduzir, mal, mas "amor" em todo o seu pleno sentido, como em tempos defendi neste forum. Ainda estou a ler a encíclica e estou francamente a gostar imenso...

Abraço fraterno,

Miguel

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 09:52

PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - SOCIEDADE

Director: José Manuel Fernandes
Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
POL nº 5783 | Quinta, 26 de Janeiro de 2006

Tradução, traição?

Não é a primeira vez que os documentos oficiais do Vaticano incluem, na sua versão portuguesa, palavras e expressões mal traduzidas ou outras que soam a adaptações do castelhano ou do brasileiro. Situação normal em qualquer livro, dir-se-á, menos habitual nas coisas do Vaticano, conhecida que é a exigência colocada nesse tipo de textos. Não sendo dos casos mais graves, a encíclica Deus Caritas Est, do Papa Bento XVI, volta a ter esses problemas. Alguns exemplos, retirados da versão oficial (igual à disponível na Internet): "A aparição" (p. 47 e 57), em vez de aparecimento ou surgimento; "desceram em campo" (p. 48) no lugar de "desceram a terreiro" ou equivalente; "todos aqueles que se preocupam seriamente do homem e do seu mundo" (p. 49) em vez de "com o homem..."; um bando ficou "uma grande banda de ladrões" (p. 49); "a fé consente à razão de realizar", tem um "de" a mais (p. 51); "a começar das paróquias" em lugar de "nas paróquias" (p. 63) e o uso repetido da expressão "do/no Oitocentos" em vez de "de/em" Oitocentos, para designar o século XIX. Pormenores que uma boa revisão do texto resolveria. A.M.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 09:54

PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - SOCIEDADE
Director: José Manuel Fernandes
Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho
POL nº 5783 | Quinta, 26 de Janeiro de 2006

Uma encíclica para o nosso tempo

"Deus Caritas est" ("Deus é Amor") constitui uma agradável surpresa. Estamos perante uma encíclica que trata de um tema central no mundo contemporâneo - o lugar do outro e a relação entre as pessoas. E é muito interessante que Bento XVI tenha escolhido um tema transversal e susceptível de mobilizar vontades e energias.
Assim, com um aparato teológico e filosófico bastante rico, fazendo jus a um percurso intelectual fecundo, o Papa põe no centro da reflexão da Igreja Católica o tema crucial da mensagem cristã - susceptível de lançar pontes de encontro e de diálogo, designadamente entre as várias religiões e todas as pessoas de boa vontade.
"O amor é possível, e nós somos capazes de o praticar porque criados à imagem de Deus. Viver o amor é (...) fazer entrar a luz de Deus no mundo..." E que método preconiza Bento XVI nesta encíclica? O método simples e ancestral do exemplo, dos sinais concretos sobre "o amor com que Deus nos cumula e que deve ser comunicado aos outros por nós".

Num tempo em que tanto se fala de comunicação, torna-se indispensável ir aos fundamentos da relação entre as pessoas e tirar consequências em termos de responsabilidade para com os outros. Trata-se de assumir e de preparar o "face a face", de que fala S. Paulo, e que transforma a terceira virtude teologal, a caridade, em primeira, de que a fé e a esperança são subsidiárias.
Eros, philia e agape são formas diferentes da relação humana. E eros tem de ser compreendido como equilíbrio na relação com o corpo, em lugar de esquecido o suprimido ("o eros quer-nos elevar "em êxtase" para o Divino, conduzir-nos para além de nós próprios, mas por isso mesmo requer um caminho de ascese, renúncias, purificações e saneamentos"). E aqui há pistas muito importantes e inovadoras que lançam sinais de esperança. Bento XVI analisa cada uma das formas da relação humana e fá-lo citando não apenas (como era tradicional nas encíclicas) os livros sagrados e os padres da Igreja, mas também grandes autores, como Virgílio, Descartes, Kant, Nietzsche, a propósito do amor como "cuidado do outro e pelo outro".
Não se trata de cultivar uma abstracção, mas de partir e chegar às situações concretas. "Se na minha vida negligencio completamente a atenção do outro, importando-me apenas com ser "piedoso" e cumprir os meus "deveres religiosos", então definha também a relação com Deus." No fundo, mais do que a felicidade, o que está em causa é o bem do outro - a partir da concepção de Deus como "fonte originária de todo o ser". Mas, como construir uma "comunidade de amor"? Como assumir a "caridade como dever da Igreja"? Como ligar caridade e justiça? Eis o que está em causa.

Guilherme d"Oliveira Martins
Presidente do Centro de Reflexão Cristã
Recentrar no amor a fé e o modo de ser cristão

Nesta sua primeira encíclica, o Papa Bento XVI apela aos cristãos e suas comunidades a que recentrem, no amor, a sua fé e a exprimam na sua opção fundamental de vida de amor ao próximo. Retoma, assim, a tradição joânica e a síntese maravilhosa de S. João, com que principia a encíclica: "Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele."
É desejo do Papa que os cristãos suscitem "um renovado dinamismo de empenhamento na resposta humana ao amor divino". Como sucedeu com os primeiros cristãos, será pelo amor tornado operativo em gestos de partilha fraterna que serão reconhecidos os discípulos e discípulas de Cristo.
Pese embora a transcendência da palavra amor, o que significa para o poeta ou evoca na tradição bíblica, sucede que, na cultura corrente, o vocábulo apresenta conotações muito diferentes. Quem experimentou falar de amor a uma turma de adolescentes cedo percebe que deve fazer um longo percurso até poder comunicar com seriedade mínima, tal a visão deturpada do termo.
Não só na linguagem a palavra carece reabilitação. Em nome do amor se cometeram, e cometem, as maiores barbaridades. Em nome do amor se humilharam pessoas, se alimentaram dicotomias entre corpo e alma, carne e espírito, que bloquearam e bloqueiam uma verdadeira humanização.

A encíclica abre o debate nesta matéria e não deixará de suscitar posturas filosóficas distintas. Não há que temê-las; também já passaram os tempos dos anátemas. Serão bem-vindas todas as reflexões. Que se anime, pois, o debate filosófico e teológico, que se afirmem os fundamentos da "civilização do amor".
Na parte mais pastoral da encíclica, Bento XVI quer encorajar as comunidades cristãs a que revitalizem o seu empenhamento na acção social e caritativa, tornando adequadas as respostas aos novos desafios e tendo como horizonte não menos do que erradicar a pobreza nas respectivas áreas de influência. "No seio das comunidades dos crentes não deve haver uma forma de pobreza tal que sejam negados a alguém os bens necessários para uma vida condigna."
O Papa não inova nesta matéria, actualiza apenas a tradição apostólica. Pessoalmente, esperaria maior inovação neste domínio, pois hoje dispomos de conhecimento científico e experiência sociopolítica que nos permitem compreender que o amor cristão se deve estender também à intervenção sobre as estruturas e os modelos económicos e sociopolíticos, pugnando pela justiça, a solidariedade, a ecologia e a salvaguarda de direitos humanos universais. Esta é de resto uma doutrina consolidada em documentos similares, pelo menos desde o Concílio Vaticano II.

Manuela Silva
Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica Programa de pontificado

Nesta sua primeira encíclica, Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI, mantém-se igual a si mesmo, ao mesmo tempo que se mostra fiel à sua nova responsabilidade de pastor universal da Igreja. Continua a ser o professor que ensina com a preocupação de ser claro e acessível, sem deixar de fundamentar com rigor as suas afirmações. Prefere, como sempre, recorrer às fontes da fé cristã, analisando e interpretando o texto bíblico no Antigo e Novo Testamentos, citando a doutrina já presente na tradição cristã mais antiga, e fazendo um uso dos escritos dos Papas anteriores mais sóbrio do que era usual nas encíclicas.
As citações são apenas as necessárias para fundar as afirmações, e não se nota uma grande preocupação em mostrar como o seu ensino está em concordância com o feito anteriormente. Também não se esconde uma predilecção pela cultura clássica e pelas lições da história mais antiga. Daqui brota uma sabedoria que é aplicada, com uma surpreendente actualidade, a questões da humanidade de hoje. A preocupação de procurar a verdade leva-o a não esconder falhas na actuação dos cristãos, a que contrapõe uma mais adequada maneira de agir.

O tema central da encíclica, o amor de caridade, foi sempre um "princípio" fundamental na reflexão teológica de J. Ratzinger. Sem dúvida, como também fica claro com as suas reflexões, é este o verdadeiro centro da fé cristã. Mas o facto de ser assim sublinhado deve muito à renovação teológica do sec. XX, em que foi posto em evidência de modo transversal a várias correntes, quer se inspirassem mais directamente nas fontes antigas (caso de Henri de Lubac, Yves Congar, Hans Urs von Balthasar e do próprio Ratzinger) quer fossem mais especulativas, como a de Karl Rahner que preconizou a "viragem antropológica" na teologia. Existe, aliás, uma consonância clara com o contexto cultural da altura, nomeadamente com o cultivo do personalismo de inspiração cristã de que, entre nós, o "círculo da Morais" foi expoente.

Mas, deste modo, o novo Papa traça também o programa do seu pontificado, recapitulando linhas de acção que se têm mantido vivas desde o concílio Vaticano II. Tudo se desenvolve a partir da concepção dos três múnus que constituem a missão da Igreja e se traduzem no ensino, na oração litúrgica e na acção sócio-caritativa, sem esquecer a importância da doutrina social da Igreja. Reconduzindo-os à sua fonte em que o eros é purificado e conduzido à perfeição pela ágape, Bento XVI dá forma a uma sabedoria da fé que abre os horizontes da esperança, na certeza de que "Deus é amor".
Henrique Noronha Galvão
Professor de Teologia na Universidade Católica Portuguesa; foi aluno de Joseph Ratzinger e membro da Comissão Teológica Internacional entre 1986 e 2002

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 10:22

1 João 4,8.16

«(I São João 4,8)
Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.
«8. qui non diligit non novit Deum quoniam Deus caritas est »

(I São João 4,16)
Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus nele
«16. et nos cognovimus et credidimus caritati quam habet Deus in nobis Deus caritas est et qui manet in caritate in Deo manet et Deus in eo »



Deus é amor.

Eu só conhecia o significado de «caridade» em português, (não percebo nada de latim) que pelos vistos está bem corrompido em relação ao seu significado original.

Portanto a «caridade» seria o «amor» (em latim).

Se consultarmos o texto grego de 1 João 1,8.16 vemos que correponde ao grego «agape».

Mas em João 21, «agape» corresponde em «diligis»

O «amor» agape é voluntário e racional.

O «amor» «filo» João 21,15.16.17


«15. Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.
16. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.
17. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. »


escrito em vermelho é um amor «sentimental», bem diferente do amor «agape» escrito a «preto», que depende como já disse da vontade e do esforço pessoal.

Por fim existe o amor «eros» bem proclamado pelas divindades «eróticas» (como a deusa EROS) e que se praticava publicamente nos templos.
Este «amor» depende essencialmente dos instintos.

Perante estas 3 formas de «amor» nós podemos elevar-nos acima dos animais e aproximar-nos de Deus YHWH doseando o nosso carácter com uma boa percentagem do amor «agape» que brota directamente de Deus, e assim todas as outras formas de amor ficarão sublimadas e engrandecidas.











Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.




Editado 1 vezes. Última edição em 26/01/2006 10:34 por Manuel Pires.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 10:42

Gostei acima de tudo do tema central da Encíclica, o Amor.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 11:13

vai ser a minha leitura de fim-de-semana.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 11:59

In correio da manhã

[www.correiodamanha.pt]

Citação:
Citação:
O ‘Papa teólogo’ resolveu surpreender e apresentar ao mundo um texto curto, numa linguagem rica mas simples e com uma mensagem menos dogmática e doutrinal do que a habitual e centralizada no amor.
Precisamente oito meses depois de ter ocupado a Cadeira de S. Pedro, Bento XVI apresentou, na sua primeira Encíclica, o amor ao próximo como a “verdadeira essência” do cristianismo.

Estruturada em duas partes, uma mais teórica e outra de pendor pragmático, a carta começa por unificar os conceitos de “eros” (amor entre homem e mulher) e “agapé” (o amor que se doa ao outro) e centra-se depois na acção caritativa da Igreja, que apresenta como “uma parte essencial da sua natureza”.

Muita aguardada pelo mundo católico, já que a primeira é quase sempre entendida como uma espécie de programa do pontificado, esta Encíclica diz claramente que a Igreja tem de ser activa na defesa de Deus e do Homem e na prática da caridade.

Em vez de ditar regras e ordenar conceitos doutrinais mais ou menos dogmáticos, Bento XVI procura responder às perguntas mais profundas da humanidade sobre a sua existência e o seu destino, lembrando que, no final dos tempos, será o amor o critério para decidir “o valor ou a inutilidade de uma vida”.

Bento XVI fala de Deus “Criador do Céu e da Terra”, “fonte originária de todo o ser” e de “Deus amor, que perdoa e se apaixona pelo seu povo”. Mas sublinha a importância do amor pelo próximo: “Quem negligenciar a atenção ao outro, importando-se apenas em ser piedoso e cumprir os deveres religiosos, está a definhar a relação com Deus”.

Neste documento fundamental, o Papa apresenta a relação entre homem e mulher como o “arquétipo” do amor, frisando que “à imagem do Deus monoteísta corresponde o matrimónio monogâmico” e que “só na comunhão com o outro sexo” o homem poderá tornar-se “completo”.

294 ENCÍCLICAS EM 250 ANOS

A Encíclica ‘Deus Caritas est’ (Deus é amor), ontem publicada, foi a circular papal n.º 294 da História da Igreja Católica. Convém, no entanto, sublinhar que este hábito de escrever ao mundo católico não vem dos primórdios da Igreja fundada por Jesus Cristo há dois mil anos. Esta forma de magistério nasceu, curiosamente, com Bento XIV, o Papa que pontificou entre 1740 e 1758. Segundo os dados fornecidos pelo Vaticano, o Papa mais prolífico neste tipo de cartas foi Leão XIII, (1878-1903) com 86 encíclicas. À luz dos nossos dias, muitos desses textos seriam classificados como Mensagens ou Cartas Apostólicas. João Paulo II escreveu, ao longo dos seus quase 27 anos de pontificado, 14 encíclicas, a primeira das quais, denominada ‘Redemptor Hominis’, a 4 de Março de 1979, cinco meses depois de eleito.

'O PAPA FOI DIRECTO AO ASSUNTO' (D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa)

Correio da Manhã – Era esta a Encíclica que esperava?


D. Carlos Azevedo – Não. Confesso que fiquei muito surpreendido, positivamente surpreendido, tanto pelo conteúdo como pela forma. Não esperava, sinceramente, que, dada a sua formação teológica, apresentasse um documento, apesar de baseado em princípios filosófico-teológicos, numa linguagem tão simples e apelativa.

– E quanto ao conteúdo?

– Notável. Penso que, de uma forma muito clara, o Papa foi directo ao assunto: o amor é o cerne do cristianismo e a caridade tem um lugar central na acção da Igreja. Penso que as comunidades têm de reflectir muito sobre este texto e retirar dele as importantes lições.

– Acha que esta Encíclica vai ter efeitos práticos?

– Não tenho dúvidas. O Papa recorda-nos o ‘Mandamento Novo’ e diz claramente que a Igreja, ou seja, os cristãos, têm de contribuir para o bem-estar social. Diz também, numa leitura mais atenta, que a Igreja tem de resistir à tentação da caridade-negócio e de fazer o bem apenas por amor ao próximo e por amor a Deus.
Secundino Cunha


Citação:
» Comentários
Quinta-feira, 26 Janeiro



- Luisa Baião
Lá vem este falar do que não sabe e do que não faz. Amor: coisa que dizem que não fazem. Caridade: dão um chouriço a quem dá um porco inteiro. Cristo e Pedro não tinham trono dourado. São muito parecidos com os governantes que temos. Cambada de hipócritas!

- Miguel
E já agora, qual é a novidade? A Igreja continua a defender que o sexo é pecado a não ser que seja para o acto de procriação. A Igreja Católica parou na Idade Média.

- Miguel
Pois pois. O amor é muito bonito e a compaixão também, mas se for entre homem e homem ou mulher e mulher, esquece-se logo do tão-falado "amor pelo próximo" e manda-os arder no inferno. Este Papa não me engana!



Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 22:01

Caro Aristarco,

Parece-me uma excelente ideia! Ainda não tive oportunidade de ler o documento. Espero fazê-lo em breve. Posso partilhar já convosco que o título da encíclica surpreendeu-me muito pela positiva, porque a Evangelização tem que começar pelo princípio, pela essência e nada melhor para começar o pontificado de Bento XVI que começar pelo princípio: «Deus é Amor».

Um abraço,
Luís

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Onac (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 22:08

Posso repetir aqui a minha opinião, que já publiquei:

Um programa para a Igreja do terceiro milénio
A publicação da primeira encíclica de Bento XVI parece ter desiludido quem estava à espera de uma agenda ou um programa político, mas não deve criar a ilusão de abordar uma questão demasiado genérica para ser “mediática” ou decisiva para a vida da Igreja.
“Deus é amor” tem, efectivamente, um impacto relativamente reduzido se comparado com outras temáticas em voga nos meios de comunicação social, sempre atentos às questões “fracturantes” no seio da Igreja. Ora, ao partir do núcleo da fé cristã, o amor a Deus e ao próximo, o Papa mostra, desde logo, que quer falar a todos os católicos e ao mundo de hoje.
O homem e a mulher, observados na sua força vital, no seu eros, na sua busca da felicidade e da justiça, são os destinatários desta carta, a quem se mostra que o amor de Deus, que une as dimensões do eros e do agapé, diz respeito ao amor humano e ao seu anseio pela plenitude e a eternidade.
Esta encíclica não pode ser entendida, de facto, como o programa de um pontificado, mas como o programa da Igreja, sobretudo num terceiro milénio que nasce sob as sombras do terrorismo e do ódio religioso.
O Papa não esquece que a globalização da economia continua a criar massas inumeráveis de pobres, mesmo no seio da Igreja, e pede mudanças concretas, porque quem tem fome não pode esperar. “Aqui e agora” são as indicações precisas para a acção caritativa da Igreja.
É o amor de Deus que se apresenta como “remédio” para os males do mundo, não se deixando sufocar por interesses económicos ou de poder. A universalidade da caridade é o maior dom que a Igreja, respondendo a Deus Amor, pode oferecer à humanidade.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 26 de January de 2006 22:24

"A parábola do bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37) leva a dois esclarecimentos importantes. Enquanto o conceito de « próximo », até então, se referia essencialmente aos concidadãos e aos estrangeiros que se tinham estabelecido na terra de Israel, ou seja, à comunidade solidária de um país e de um povo, agora este limite é abolido. Qualquer um que necessite de mim e eu possa ajudá-lo, é o meu próximo. O conceito de próximo fica universalizado, sem deixar todavia de ser concreto. Apesar da sua extensão a todos os homens, não se reduz à expressão de um amor genérico e abstracto, em si mesmo pouco comprometedor, mas requer o meu empenho prático aqui e agora."

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 27 de January de 2006 13:15

Quando ouvi cantar:
"Deus, Deus é amor..." (de Frei Acílio Mendes)
Pensei-
lá vêem estes com a horizontalidade da Fé...
Mas quando li a passagem da 1ª Carta de S. João (que não me lembro de ter ouvido nas leituras dominicais), converti-me.
Amor e Caridade serão a mesma coisa? Se amor e caridade forem a mesma coisa, o amor fica sacralizado, na dimensão que S. Paulo lhe dá na 1ª carta aos Coríntios, 13.
Se Deus é amor o problema das vocações está resolvido.


*=?.0



Editado 1 vezes. Última edição em 27/01/2006 13:15 por Albino O M Soares.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de February de 2006 20:56

Sobre a Encíclica:

"Se já admirava muitíssimo Ratzinger enquanto teólogo, fiquei ainda mais convencida de que uma certa intuição pode vir aconfirmar-se: talvez estejamos perante alguém que tem muito a fazer como "desconstrutor da desconstrução"(coisa que requer lucidez de contemplativo, aliada a uma inteligência e cultura excepcionais). Em suma,a encíclica encheu-me as medidas...

Já li o texto há alguns dias, e acho que se vai tornar leitura de cabeceira para largos anos... Para já, o que me ficou da primeira leitura, foram várias"intuições" fortes, e aquela sensação que se tem de alívio quando se encontra um amigo que "nos compreende", que consegue compreender as nossas inquietações mais profundas e dar-lhes "respostas" por que esperávamos há muito.

Há já algum tempo que me parece que o amor, na sua dimensão de amor conjugal, designadamente, é a grande utopia do nosso tempo(sempre o terá sido, mas algo me
diz que estamos a desaprender muita coisa...): quem, deste ponto de vista, ousar sonhar com um amor humano centrado em Cristo, onde o eros é vivido de tal modo
que se funde com a ágape ...:)
A encíclica parece ir neste sentido: ao reflectir sobre a essência do amor identifica a raiz núcleo do problema valorizando a novidade do amor cristão como resposta a um
auto-didatismo auto-convencido que nos faz crer que não precisamos de redescobrir uma forma de amar mais próxima do amor com que Deus-Amor ama.

Um diagnóstico certeiro e uma proposta de "revolução de costumes" (no modo como nos acostumámos a amar) que nada tem a ver com muitas das propostas
"revolucionárias" em curso.

Ao longo de toda a encíclica tudo se encadeia como que ao ritmo de um olhar extraordinariamente lúcido e impregnado de humildade (!)sobre a Criação, que é bem
o olhar contemplativo de alguém apaixonado por Deus, de um artista-filósofo que é antes de mais, simplesmente, cristão."

A ler em Muralidades um novo Blogue recém nascido.

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 02 de February de 2006 04:32

Revolução de Bento XVI



Muito se fala da primeira Encíclica de Bento XVI. Eu também desejo
colaborar para que seja conhecida. Inclusive reservo a 2º parte para um
próximo comentário.

Antes disso: O que é uma “Encíclica”? Uma encíclica ou Carta Encíclica é um
documento pontifício dirigido a todos os fiéis católicos: leigos,
presbíteros, diáconos, pessoas consagradas e todos os fiéis leigos. Às
vezes os destinatários são todas as pessoas de boa vontade, como foi a
Encíclica de João XXIII sobre a paz (Pacem in Terris). Podemos dizer que
uma encíclica é uma “carta circular” do Papa à humanidade.

O nome da encíclica costuma tirar-se das primeiras palavras: “Deus Caritas
Est”, Deus é Amor. Vem escrita em latim e daí traduzida para vários idiomas
do mundo, mesmo que o Romano Pontífice tivesse escrito na língua materna
dele (alemão, polonês, etc).

Por quê a Encíclica “Deus é amor” é revolucionaria? Primeiro, porque muitos
ecuministas e teólogos ficaram temerosos de retrocesso por causa das
funções de Josef Ratzinger na Cúria Romana antes de sua eleição ao supremo
pontificado.

Agora com sua encíclica sobre o amor, Bento XVI retoma o ideal do Concilio
Vaticano II e de João XXIII sobre a reforma da Igreja: Primeiro, fazer a
luz de Cristo brilhar sobre a face da Igreja para que sua vida e seu
testemunho evangélico iluminem o mundo. Assim os cristãos unidos a Cristo
podem unir-se entre si para um testemunho comum.

Segundo, é mentalidade comum que a essência da missão da Igreja é pregar a
Palavra de Deus e celebrar os Sacramentos. A caridade faz parte integrante
da missão da Igreja, mas não pertence à sua essência.

Diz textualmente a encíclica: “Para a Igreja, a caridade não é uma espécie
de atividade de assistência social que se poderia mesmo deixar a outros,
mas pertence à sua natureza, é expressão irrenunciável da sua própria
essência” (nº 25, a).

Negativamente o Papa alemão argumenta: “Se na minha vida negligencio
completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser “piedoso” e
cumprir os meus “deveres religiosos”, então definha também a relação com
Deus. Neste caso, trata-se duma relação “correta”, mas sem amor”(nº 18).

Passando já para a 2º parte da encíclica, Bento XVI desafia não só os
indivíduos, mas a própria comunidade cristã: “A Igreja também enquanto
comunidade deve praticar o amor” (nº 20). Talvez as comunidades possam
incluir um item na contabilidade: “Serviço da caridade” ou “Cuidado de
outrem”.

Tudo culmina na Eucaristia, pois a Eucaristia arrasta-nos no ato oblativo
de Jesus (nº13). A união com Cristo é, ao mesmo tempo, união com todos os
outros aos quais Ele se entrega ( nº 14).

É o que Paulo dizia: “Embora sendo muitos formamos um só corpo, porque
todos participamos do mesmo pão” (1 Cor 10,12).

Num mundo de ódio, de violência, de guerra e de tantas discriminações, a
encíclica sobre o amor lembra a ternura de Deus para com a humanidade e a
prioridade do amor na missão da Igreja.


ZP06012915
Dom Sinésio Bohn
Bispo de Santa Cruz do Sul (Brasil)



Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Briteiros de Guimarães (IP registado)
Data: 03 de March de 2006 17:08

Gosto muito deste Papa.
Finalmente um que fala linguagem de gente.
Até estou a conseguir ler a enciclica.


Briteiros de Guimarães, M I R C
"Mostra-me o que Maomé trouxe de novo. Encontrarás só coisas más e desumanas, como a prescrição de difundir por meio da espada a fé que pregava." Manuel II Paleólogo

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 04 de March de 2006 21:17

A encíclica ajuda-nos a reflectir. Mas não chega reflectir... Temos que passar à acção.

Fico muito admirada quando alguém, com alguma instrução, diz que não consegue ler alguma encíclica..., ou outro documento.
Fico surpreendida quando alguém afirma, a respeito de outra, que essa pessoa é que fala linguagem de gente. Quando se afirma isso parece que quem o afirma é que sabe o que é a linguagem de gente.
Não compreendo. Tenho lido as outras encíclicas e cartas e exortações e, para mim, têm sido muito proveitosas. João Paulo II ajudou-nos tanto. Temas tão variados e com tanta profundidade. Bento XVI parece que enveredou pelo mesmo caminho.


Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Briteiros de Guimarães (IP registado)
Data: 08 de March de 2006 16:11

1º eu não tenho nenhuma instrução, sou analfabeto.
2º só consigo ler os textos do JPII com recurso a alka-seltzer (e como penitência da Quaresma).
3º até gosto do que o Bento escreve.
4º não são nada iguais: é uma grave ofensa ao Bento. Que Deus o conserve por muitos anos.

Briteiros de Guimarães, M I R C
"Mostra-me o que Maomé trouxe de novo. Encontrarás só coisas más e desumanas, como a prescrição de difundir por meio da espada a fé que pregava." Manuel II Paleólogo

Re: «Deus Caritas Est»: a primeira encíclica de Bento XVI
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 13 de March de 2006 13:36

Me emocionei muito ao ler a Enciclíca que o Aristarco nos disponibilizou aqui.
Tentamos tanto debater esta questão do eros e agape aqui no fórum, que o diga o Zé , e com que grandeza e sabedoria nosso Papa fechou e esclareceu esta questão... e outras como a participação leiga na política .
Realmente o Espírito age através dele e sempre está presente na Igreja.


Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

chris

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