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Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 12 de January de 2006 23:45

Há umas décadas era habitual rezar o terço em família, sobretudo nos meios rurais. Era parte integrante do serão. A introdução da televisão e (agora) da Net e a crescente secularização alteraram muito estes hábitos. Com a excepção de algumas famílias de idosos, a esmagadora maioria das famílias católicas deixaram esta prática. Enquanto isto, ainda se vai ouvindo nalguns sermões e homilias a insistência no terço em família. Mas provavelmente a maioria dos padres não fale disso, talvez porque entende que faria melhor pregar tal coisa aos peixinhos…

Entretanto, vale a pena recordar algo importante: da mesma forma que nos tornamos mais unidos quando somos capazes de conversar, trabalhar ou de jogar (modos bastante diferentes de crescer na união), assim também a oração em conjunto tem um papel humanamente muito rico: na oração em conjunto sentimo-nos irmãos de um modo especial e não é nenhum pietismo lamecha dizer que uma família que é capaz de fazer oração em comum «se reforça por dentro». Não será uma grande perda o deixar escapar estas oportunidades tão especiais?

Falando do terço, o Papa João Paulo II disse uma vez algo que me impressionou (cito de memória): «Toda a família que se mantiver fiel à oração conjunta do Terço não conhecerá a desunião».

Não se trata propriamente de «instrumentalizar» a oração, mas parece-me que nisto tudo há uma sabedoria que talvez esteja a ser desperdiçada.

Gostaria de lançar este tópico com algumas despretensiosas sugestões de reflexão e /ou partilha. Todas as participações construtivas são bem-vindas!

[li] Que percepção temos desta problemática da prática da oração em família? É uma prática moribunda ou simplesmente se substituiu o terço por outras formas?

[li] Que importância atribuímos à necessidade de os membros das famílias cristãs rezarem em conjunto?

[li] É de «recuperar» o terço? Como «recuperar» tal prática face à «concorrência» da TV, da Net, dos jogos, etc.?

[li] Preferível substituir a «velha fórmula» do terço por outras formas de oração? Que alternativas concretas? Sugestões?... Dicas?...

Alef

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de January de 2006 00:52

O meu avõ tinha essa mania da oração em família - mais concretamente o terço diário.
Como patriaaca que era, não havia serão em casa dele em que não obrigasse a família toda ( netos incluidos) a perorar o terço.

Pobres de nós, crianças, que tinhamos de papaguear as orações o mais depressa possível, mortinhos de sono e de fastio...Ganhava quem conseguisse rezar com a maior rapidez possível para escapar áquela enormíssima seca, ainda por cima obrigatória...

Um dia o meu irmão, pequenito, enganou-se na lenga lenga da salvé rainha de que não percebímaos mais de metade das palavras ... E disse com um ar sério , pra escãndalo do meu avõ:Salvé Rainha, Mãe dos Micróbios...

Pobre avõ, que julgava que assim não só nos protegia de todo o mal, como nos tornaríamos uns santos beatinhos como a jacinta ou o francisco, iguazinhos, no gosto do sofrimento e na obediência.

Mais tarde, num colégio de freiras, a mesma prática diária - o tercinho obrigatório antes de dormir...

A Experiência infantil foi suficiente para não sujeitar os meus filhos a tal prática.

Quando muito, partilhar com os meus filhos mais pequenitos uma pequenina oração antes de dormir:

"Menino Jesus, do meu coração, dá-me um soninho bom e muita saúde para mim, para a.... e o... e o....e o......ea......" ( O problema é que eles passavam pelo menos meia hora porque querem dizer o nome de toda a família, dos amigos, do cão, etc, etc....)

Quando crescem a oração não pode ser forçada ou "orquestrada pels pais.
Deus sabe melhor que eu os caminhos com que chega ao coração dos meus filhos.
E as conversas que têm a eles pertencem.


Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 13 de January de 2006 01:02

Só uma nota - esta oração pequenina antes de dormir, dos pais com os seus meninos , tem obrigatoriamente de ser sempre acompanhada com muitos beijinhos, cócegas, abraços, risos, gargalhadas e gestos de aconchego.

Só assim tem sentido, falar a um Jesus que também é pequenino ou na doçura materna da sua mãe.

Boa noite.

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 13 de January de 2006 09:39

Parabéns Alef pelo novo Tópico, muito interessante.


Em relação ao que já foi dito o que eu acho é que a oração em família é importante, por todas as razões que o Alef mencionou, mas penso também que cada família deve encontrar a "sua oração".

Pode ser o terço, uma leitura/reflexão biblica, etc. Deve de ser um momento especial e partilhado por todos os membros e não ser a "seca" que a catolicapraticante teve de passar em criança com o avô e que até podia ter tido consequências mt negativas.

Conheço uma família que quando as meninas cresceram(eram 3) todos os meses tinham um momento de oração e rodava por toda a família. Um mês era o Pai no outro mês a filha mais nova depois a mais velha e por ai. Lembro-me de um dia a mais nova me pedir um CD de música gregoriana porque queria "passar" essa música no momento que estava a preparar.

Susete


Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 13 de January de 2006 15:00

Alef

Quem juntos reza juntos permanecem! É a frase de um padre.

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 13 de January de 2006 16:58

Eu nunca gostei de rezar muito:)

O meu pai tinha umas orações tão compridas, que quando era pequena aquilo, era muito para mim. Eu rezo pouco e orações curtas.
Quando a minha filha era pequena, comprei um quadro com uma oração e uma menina ajoelhada. Ela fazia o mesmo. Ajoelhava-se olhava para o quadro e dizia a oração e deitava-se:)

Sempre que estamos todos juntos às refeições rezamos sempre e quando há visitas, também. Entreguei as orações antes das refeições aos meus filhos, na casa dos meus pais era o meu pai quem rezava sempre.
Na minha casa, quem ensinou a pôr as mãozinhas dos meus filhos para Deus, fui eu...

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 05 de February de 2006 23:50

Família???

Oração???

Oração em família. Como é difícil que isso aconteça.

Mas o difícil, não é o impossível.

Tal como tantos gostam dos desportos radicais, aqui temos mais um: O desporto radical, por excelência, é rezar em família.

Susete gostei muito daquilo que contavas da tal família.

Era giro, útil, ter pistas dos pais e dos filhos que conseguem essa proeza. Que nos contem o que fazem e como o fazem.

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 12 de February de 2007 19:41

Parece-me uma excelente prática, a da oração em família numa base diária.

No meu caso, há um momento em particular que se adequa à oração da família, que é o jantar.

Diariamente, um qualquer dos membros da família faz a oração no início da refeição.

É um momento de comunhão familiar.

Como tal tem todo o sentido.

João (JMA)

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 13 de February de 2007 11:03

Como estou sem tempo para grandes textos limito-me aquia deixar apenas 5 ideias que me parecem importantes:

1 - a oração em familia é importantissima. As relações entre as pessoas têm qualidade em grande parte em função daquilo que as fundamenta e daquilo que partilham. A oração, falar com Deus, é por excelencia a expressão do amor a Deus. É importantissimo partilhar a fé e o amor a Deus, verdadeiro fundamento de todo o amor.

Sendo assim porque há tão pouca oração em familia?

2 - É cada vez mais propagada a ideia da religião intimista, sem direito a expressão comunitária, ou sendo esta reduzida à igreja-edificio. Esta ideia penetra até mesmo ao seio as familias. Temos visto varias restrições ou tentativas restrição da liberdade de expressão religiosa. Em França com a famosa lei do véu, vimos mesmo neste site catolicos que defendiam que no caso do aborto a igreja não devia ter o direito de se pronunciar como e aonde entendesse.
São expressões do individualismo cada vez mais dominante mas tambem expressões de uma mentalidade que tende a reduzir a fé à vivencia pessoal, a fé vivida em solidão. Riparius copyright.

3 - Muitas vezes há diferenças de fé dentro das familias. Não quero com isto dizer que existam muitas familias de catolicos casados com não catolicos. O que há é familias de catolicos praticantes de facto e catolicos não praticantes (mesmo que alguns destes vão à missa acompanhar os catolicos praticantes de facto).

5- O ponto indicado inicialmente pelo Alef, a falta de um ritual de orações comunitario globalmente aceite.

4 - A mesma pressa que me leva a escrever este texto de forma descuidada leva muitas familias a descurar o convivio entre os seus membros e a qualidade desse convivio. Impede que existam tempos pré-determinados para a oração. O Homem é um animal de habitos. Não existindo ritual da oração, não existindo o momento reconhecidamente consagrado à oração comunitária (neste caso da comunidade familia) muito dificilmente esta surge espontaneamente. Associando esta dificuldade ao ambiente cultural que referi no ponto 2 creio que encontramos a explicação porque hoje é tão dificil criar momentos de oração mesmo entre familias catolicas praticantes.


Feito um diagnostico rapido das possiveis causas da ausencia da oração em familia interessaria agora reflectir sobre como agir pastoralmente para reimplementar a oração familiar.

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: (IP registado)
Data: 14 de February de 2007 12:03

Camilo, um acrescento ao teu ponto 3. Também há famílias com católicos praticantes com visões diferentes da Fé. E o rezar o terço pode simbolizar para uns um lado obscuro de uma igreja (com "i" minúsculo) ignorante, que (às vezes até mais inconscientemente) rejeitam, e que se contrapõe à IGREJA verdadeira que todos pretendemos.

Quanto ao terço em si, acho relaxante, um acto de humildade e recolhimento do mundo. Parece-me contraproducente para crianças (15 minutos para uma criança ou para um adulto não são a mesma coisa...). Mas num mundo cada vez mais acelerado, acredito que tenha bons efeitos nas pessoas que o rezam, o que é um excelente começo. Do ponto de vista religioso, permite um afastamento do ritmo frenético da vida, que permite encarar tudo com mais calma. Permite um tempo em que se está com os outros sem pressas. E acho que é um bom começo para uma comunhão mais profunda. Predispõe as pessoas a falarem com maior espiritualidade.

Mas claro, cada um é como cada qual, e o terço poderá não ser para todos (até pelo tal aspecto psicológico de poder para alguns representar uma igreja - não A Igreja, note-se - que rejeitam). Poderá fazer melhor efeito, por exemplo, uma discussão de textos bíblicos. Há muitos caminhos para Deus. :)

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 15 de February de 2007 09:27

Concordo com o Zé.

Não é minha prática rezar o terço. Não é um tipo de oração que responda às minhas necessidades espirituais. Mas concordo que para muitos é uma maneira de pertença à Igreja que é insubstituível. E ainda bem.

Mas toda e qualquer oração tem um efeito benéfico de encontro com Deus.

Cada qual terá de encontrar o seu caminho, de acordo com a sua própria espiritualidade.

E considero muito relevante um espaço familiar de comunhão nessa matéria.

João (JMA)

Re: Oração em família, nos nossos dias?
Escrito por: huguenote (IP registado)
Data: 15 de February de 2007 09:39

Há mt tempo q tenho andado ausente...Peço desculpa pelo sucedido! Sobre este tema...não importa a maneira como se reza...por terço...pela liturgia das horas...por outra coisa qualquer...o importante é encontrar um momento de de reunião entre a familia e orarem...O grande problema é criar hábito e compreender que é fundamental para um relação familiar...Porque nunca há tempo!

Algumas paroquias tem a sagrada familia que quando a recebem em casa. Normalmente se reune em familia para orarem.

Acho que os jovens que se casam e são ambos praticantes...tendem a preservar a oração em família. É de louvar quem toma este tipo de harmonia interior, mas também acho que não se deve criticar quem não o faz. Cada um busca a sua própria relação com Deus.



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