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Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 04:30

Oh...Camilo!!!

As mulheres são sempre bem comportadas:) Também pode ser o contrário, ser a mulher e os filhos bem comportados.
Outra coisa que discordo. Só casavam os padres casados e os padres que já são padres, não? Alguns ficavam tristes:)
Escrevam mais que eu vou mandar este tema a padres meus conhecidos:) ele vão rir, rir....

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 08:28

"Há o problema economico. Se actualmente muitos padres são criticados, nem sempre injustamente, por apreciarem demasiado o dinheiro se forem casados e com filhos podem estar seguros que ficarão muito mais preocupados com aquilo que ganham ou deixam de ganhar"


Historicamente foi esta a razão essencial para a proibição do casamento dos

Padres.

Ou seja, resultou de uma grande preocupação - os padres com famílias numerosas, mulheres e concubinas tandiam a esbanjar os bens da Igreja. SEm falar nas questões sucessórias....

Parece que continua hoje a ser argumento.

Mas acho esta discussão pouco importante.

Afinal, mesmo em *Portugal, os PAdres sempre tiveram fihos e "companheiras" oficiais. A figura da "mulher do padre ", ou da "Governanta do Padre", assim como dos "afilhados" sempre foram culturalmente aceites na sociedade portuguesa, sobretudo nos meios rurais.
Há muitos padres com amantes, mas que são tacitamente aceites. Desde que sejam discretos.

Os padres de rito grego SÃO casados e com filhos. Há Padres ortodoxos casados e com filhos.
A situação em si tem vantagens e desvantagens.


Mas a Ogrigatoriedae do celibato - o celibato compulsivo é de facto uma violência.

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 11:05

Há um ponto que acho importante discutir, que é o das vocações.

Ter vocação para padre implica automaticamente não ter vocação para casar?

Cada qual dará a sua resposta, mas eu acho que uma pessoa pode ter as duas vocações: sacerdotal e matrimonial. Seguir a nossa vocação não é a forma de nos fazer verdadeiramente felizes e de agradar a Deus? Aceitando a minha premissa, ninguém tem o direito (digo eu) de colocar travões ao cumprimento de uma vocação, visto que a mesma é uma chamada de Deus.

Não recomendo que se abandone a cautela, mas acho que este assunto necessita de muita reflexão e até de bom senso.

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 13:28

Não sabia que as minhas mensagens eram tão polémicas mas pelos vistos estão a ser... Se calhar se as pessoas me lessem com mais atenção não haveria espaço a tanta confusão...

Aristarco

«Miguel D, também acha que Jesus e S. Paulo eram «emocionalmente castrados»?» (citação)

Esta sua pergunta só pode ser retorica... Como tal obteve uma resposta retórica: «Quanto a Jesus Cristo e a S. Paulo, não me posso referir directamente pois não os conheci pessoalmente e não quero incorrer em imprecisões.» (citação)

Agora posso lhe garantir que Jesus não era uma pessoa emocionalmente castrada. Quanto a Paulo, não lhe posso garantir nada... Mas se quiser a minha opinião sobre S. Paulo lanço-lhe o mesmo desafio que noutras alturas já lancei ao Camilo... Crie um tópico em que esse seja o tema e depois terei todo o prazer em o discutir lá consigo... Não creio que este tópico seja o indicado...

«De qualquer forma a minha pergunta segue um raciocínio que a mim me parece lógico, decorrente da sua afirmação.» (citação)

não, não segue de nenhum raciocinio logico... Porque eu não disse que todos os celibatarios tem problemas emocionais, mas alguns. Ora o uso de um artigo indefenido neste contexto significa que não são todos, mas só uma parte, que como não tenho nenhum “estudo cientifico” em que me apoiar é uma parte do todo que não pode ser quantificada.

Refere-se a “violência” como sendo uma palavra minha ou que leu no meu texto... Desculpe, mas releia o que eu escrevi com mais calma.

E quanto ao castrado emocionalmente devo-lhes dizer o seguinte:

Um voto de castidade não implica somente não ter relações sexuais. Implica que o único sentimento de amor que podemos ter é o do amor fraterno e a amizade... Não sei se o Camilo e o Aristarco são casados... Mas por ventura ama a vossa mulher da mesma forma que a vossa mãe ou do que aquela amiga dos tempos de escola...? expressam o vosso amor pela vossa esposa/namorada da mesma forma que o expressam à vossa mãe ou filhas...? Não se trata de quantificar o grau de amor, mas sim de que o Amor pode ser exprimido de formas diferentes consuante o tipo de relação que o alimenta.

Assim sendo, logo à partida um padre encontra-se limitado, pois nunca poderá amar uma mulher (ou homem) da mesma forma que vocês amam as vossas esposas / namoradas. Por isso é que se usa o termo castrado emocionalmente, que não é meu, mas sim um termo clínico da psicologia!!


Camilo

«1 - Creio não ser correcto dizer que o celibato foi introduzido obrigatoriamente no seculo IV.» (citação)

É correcto sim Camilo! Pode ler uma história da Igreja ou a correspondencia trocada entre Bispos do norte de Africa e da Peninsula Iberica nessa altura. Se quiser terei todo o gosto em lhe dar as referencias bibliograficas desses documentos.

O Camilo continua a não ler com atenção aquilo que eu escrevo. Porque senão não dizia o que diz quanto escreve o seu ponto 2. Porque o que eu disse foi: «Portanto a mensagem de Jesus torna-se mais "revolucionária" se olharmos para o contexto social em que Ele a fez. Ao dizer que os que seguissem o caminho de não ter filhos e de não seguir o matrimónio, tambem se encontravam no caminho para Deus.»

E também: «Assim não descontextualizando esta citação e lendo o que a antecede e o que a segue podemos interpretar que Jesus nos está a apresentar mais um caminho para chegarmos ao reino. Se hoje depois de 1600 anos de tradição celibataria o celibato ainda nos faz confusão, como não terá sido no tempo de Jesus, onde este era inclusivamente mal visto... Mas repito, mais um caminho e não o único caminho...» (citação)

Como o Camilo deve saber Jesus fala muitas vezes por parabolas e por metaforas. O que acontece neste caso é o uso de uma metafora, para que quem o ouvisse, melhor entendesse o que ele queria dizer... No tempo de Jesus o celibato era mal visto. Jesus mostra metaforicamente que até um eunuco teria entrada no reino dos ceus, dizendo dessa forma que aquele que seguir a castidade entra no reino dos ceus e não só, friso e não só, o que seguisse a via do casamento. Porque a noção que chegou aos nossos dias de castidade, não existia no tempo de Jesus, estando mal vista socialmente e so sendo usada pelos ermitas e profetas quando deambulavam pelo “deserto” da sociedade...

Ainda ontem estive a ver um documentario no canal historia sobre o cardeal Ratzinger, actual Bento XVI. O na altura perfeito para a congregação da fé (pois o documentario foi feito antes de este ser papa) dizia que não se pode interpretar a biblia por frases... Quer o Novo Testamento, quer o Antigo Testamento não são um conjunto de frases soltas que se podem citar livremente. A Biblia só faz sentido se entendida como um todo e não como um conjunto de citações soltas. A proposito, ele dizia isto sobre a multiplicação de religiões e seitas por simples discordancias interpretativas do Novo Testamento...

Novamente o celibato de Cristo. Este é um tema que pouco ou mesmo nada influencia a minha fé, mas Camilo volto a dizer-lhe que não existem provas. Não existem provas que Jesus fosse ou que não fosse celibatário. Os Evangelhos são omissos a este respeito, pois são omissos a quase toda a vida pessoal de Jesus. Os Evangelhos não são omissos porque tenham algo a esconder, mas porque o que é importante em Jesus é a sua mensagem e a nova aliança que Ele nos traz. Porque se isso fosse relevante por certo que falavam. Portanto, discutir se Jesus era ou não celibatario é o mesmo que discutir o sexo dos anjos...

Quanto às afirmações de S. Paulo é preciso cautela. S. Paulo foi um homem que escreveu umas cartas. Tem o seu valor ao nível interpretativo, mas S. Paulo não é, nem deverá ser central no cristianismo. Central é a mensagem que Jesus nos deixou. Mas S. Paulo não defende o celibato per si. Releia lá o que S. Paulo diz sobre o assunto....


Um abraço a todos

Miguel Dias

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 14:30

È hoje aceite pela comunidade científica, depois de milhares de estudos, que existe uma clara relação entre o estado civil e a incidência de doenças mentais, como as psicoses, alcoolismo, depressão e o suicídio.

Ou seja, as pessoas sem vínculo conjugal ( celibatários – solteiros, viúvos e divorciados) apresentam taxas de morbilidade psiquiátrica amis elevadas, isto é mais doenças psiquiátricas.
O risco de suicídio, sobretudo para os homens está particularmente aumentado nestes grupos.
[www.who.int] [www.who.int]

Ou seja, em termos de Saúde mental ( e não só) , é hoje um dado adquirido que o casamento, a existência d e um vínculo afectivo estável é um factor protector.

Pelo que o Celibato será sempre um factor de risco.

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 15:30

CP

Tenho de discordar contigo...conheci padres na minha aldeia/vila que tinham irmãs solteironas e sobrinhas que iam viver com eles. Conheço pelo menos 3 padres e filhos da terra. Lá que os sobrinhos se formaram professores, doutores, advogados, etc. à custa dos padres e do dinheiro do povo, isso é verdade.

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 23:06

Hum!

Querida Ana,

Eu sou um bocado desconfiada, e sempre que alguém fala das primas, das sobrinhas, dos afilhados e afilhadas, fico sempre a achar que não me soa bem.

Queres ver a diferença. Na minha terra natal o padre tem lá em casa 2 irmãs, suas primas, vieram há quase 15 anos para cá. Mas trouxeram os maridos e os filhos, enfim é uma grande família. Cada um tem as suas funções, outros trabalham fora da paróquia.

Mas o ponto é este, trouxeram os maridos!!!!!!

Quando se fala das sobrinhas solteironas, afilhados e afilhadas, cara amiga, acho sempre duvidoso. Como deves compreender, a imaginação é fértil e as coincidências são muitas. Apesar disso, como bons Cristãos, somos capazes de aceitar as relações amorosas dos padres, porque compreendemos a sua humanidade, certo?! E isso faz com que o respeitemos menos? Não creio. O que todos pensamos é: “pronto, é homem, ser padre não é fácil…prefiro não saber e viver na ignorância”.

Nunca pensaram isto? Eu já.

Dou-vos mais um caso, aqui onde resido, havia um padre que tinha um afilhado e uma senhora lá em casa a morar, que lhe arrumava a casa.

Corria pela cidade que o rapaz era filho dele e que a tal senhora vivia maritalmente com o dito padre. Mas sabem porque é que este padre é tão conhecido?! Não por esta situação, mas por ser mal-educado e rude durante a missa com as pessoas. O homem viveu nesta cidade quase metade da sua vida, recentemente, foi transferido para uma paróquia mais conservadora, no meio da serra, num concelho vizinho.

(quem sabe onde eu resido, sabe de que serra falo!)

Na realidade incomoda mais, a estupidez mental de um padre, para com os seus paroquianos, do que o facto de este ter mulher e filho já na escola. Eu fui uma dessas pessoas, que deixou de ir àquela igreja. Recuso-me a ir à missa e sair de lá irritada com as coisas que o padre diz. Se calhar a sua mentalidade retrógrada, autoritária e pouco cristã, faz sentido numa população mais idosa e com outras características culturais. Ao que parece dá-se lá bem.

Para terem uma ideia do fenómeno, quando se soube que o referido padre, iria para outro sitio, as pessoas dessa terra, trataram de acelerar datas de casamentos e baptizados, nunca se fez tantos casórios lá naquelas bandas em tão pouco espaço de tempo, tudo porque a sua fama é temerosa!!!!!!!!

Agora vejam só isto, mesmo sabendo que é teimoso, obstinado, rigoroso ao ponto de roçar a má educação na missa, mesmo sabendo que tem mulher e filho, uma população mais conservadora, aceita-o. Isto é que é de bom Cristão.

Enfim, sou optimista em relação aos processos de mudança!

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 20 de October de 2005 23:43

Cara Tony

Em relacao a tua primeira pergunta devo dizer-te que nao e` a mesma coisa. Um padre diocesano na altura da sua ordenacao toma como votos perpetuos, ou como se diz na giria seminarista "quando casa com a perpetua", ser casto (conselho evangelico para observar a castidade) e assume o voto da obediencia. Por seu lado, quem segue a vida consagrada deve observar 3 conselhos evangelicos: o voto da castidade, o voto da obediencia e o voto de pobreza, para alem de se comprometer a viver fraternamente em comunidade. Por isso os presbiteros nao sao obrigados a observar o voto de pobreza. Este so esta reservado para os consagrados. Esta e` a principal diferenca entre presbiteros (ou padres diocesanos) e os religiosos consagrados (por ex: salesianos, franciscanos, etc).

A respeito disso gostaria de te contar um episodio curioso que se passou comigo. Uma vez em Fatima conversava com um padre diocesano. Durante a nossa conversa chegou a minha boleia que era um padre religioso. Em jeito de brincadeira o padre diocesano disse: quer dizer, voces que tem voto de pobreza vao de passat (era a minha boleia) e eu que nao tenho voto de pobreza vou no autocarro da rede expresso... ;o)

Um abraco

Miguel Dias

(ps: desculpem a falta de acentos e a falta de cedilhas mas o teclado hoje nao anda bom... ;o)

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 00:29

Varias coisas:

1 - Eu sei que começaram a existir decisões no sentido de implementar o celibato no sec IV mas creio que este só foi realmente instaurado em toda a igreja já muito tardiamente. Creio que durante o concilio de trento existiam regiões aonde os padres estavam casados, reconhecidamente casados. Só assim faz sentido que o Beato Frei Bartolomeu dos Martires quisesse que os padres do barroso podessem continuar a casar.

2 - Eu acho que os padres não deviam vivere sós mas sim em pequenas comunidades com 4, 5 ou mais padres. Essas comunidades cuidariam fraternalmente de varias paroquias, distribuindo as tarefas entre si e entreajudando-se.

3 - Se hoje muitos padres são criticados pela sua avidez, por descuidarem da paroquias para serem professores de historia, filosofia, matematica, etc. se forem casados e com a mulher a pressiona-lo para ter um melhor nivel de vida, para garantir o futuro dos filhos essa tendencia de muitos para a avidez aumentará inevitavelmente.

4 - As taxas de suicidios são elevadas entre as pessoas que vivem isoladas em grande parte porque essa não é uma situação desejada pela enorme maioria dessas pessoas. Nunca ouvi dizer que o suicidio fosse um problema que afecte os religioso de forma significativa. Pelo contrario tenho lido que a pratica religiosa costuma andar de mãos dadas com baixas taxas de suicidio.

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 21 de October de 2005 01:12

Caro Miguel

Uma das coisas mais terríveis de se ouvir sobre alguém é que determinada pessoa é hipócrita. Infelizmente ouvimos muitas vezes que os padres são hipócritas ou então que a própria Igreja o é.
Normalmente não argumentos para defender nem a Igreja nem os padres durante muito tempo. É de reconhecer que é uma tarefa difícil.

E pronto é por coisas dessas como a que tu contaste que ainda se torna mais difícil.

Mas pegando nas palavras do Camilo, será que a aparente “avidez”, como lhe chamas, não será também reflexo de que os padres não têm, na maioria dos casos com quem gastar o dinheiro, canalizando-o para coisas materiais como carros, um bom vinho ou outros pequenos luxos!

De resto, há uma pergunta subentendida no meu tópico e na qual o Camilo tropeçou sem querer.

Relaciona-se com a função da esposa do padre. Procurando casos concretos, nos anglicanos e ortodoxos, as esposas dos padres podem /devem ou não ter uma profissão fora da paróquia para além das funções que desempenham junto do marido!?

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 25 de October de 2005 17:36


Tony

Eu diria que a esposa do padre, devia trabalhar fora e muito pouco na paróquia. A paróquia deve pertencer aos paroquianos e ao padre. Se a esposa do padre se envolve muito, vai ser.... "family business"! :)

Quando será, em que século o padre vai ter uma Dama?

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 28 de October de 2005 13:00

«ABBÉ PIERRE DEFENDE SACERDÓCIO DAS MULHERES E CONFESSA RELAÇÕES SEXUAIS.

Num livro desassombrado, o fundador da comunidade de Emmaus advoga ainda o fim do celibato dos padres.»


Um das personalidades mais marcantes do cristianismo contemporâneo, o padre Pierre, confessa-se... O fundador da comunidade de Emmaus conta a sua vida, defende o fim do celibato, a ordenação feminina e a adopção pelos homossexuais.

A notícia vem publicada na edição de hoje (28.10.2005) do Publico (p. 26), mas não encontrei um link para a noticia.

podem ler neste link uma noticia mais abreviada sobre o assunto, mas em tudo semelhante à do Publico de hoje. http://permanent.nouvelobs.com/people/20051026.OBS3386.html

Um abraço a todos

Miguel Dias

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 28 de October de 2005 13:59

O «link» só é válido para assinantes. Aí se pode ler o que se sugue.

Alef

Citação:
Abbé Pierre defende o sacerdócio das mulheres e confessa relações sexuais


Num livro desassombrado, o fundador da comunidade de Emmaüs advoga ainda o fim do celibato dos padres

Ano após ano, Abbé (padre) Pierre tem sido eleito a personalidade mais popular e mais apreciada pelos franceses. Insubmisso defensor dos mais pobres e dos mais indefesos, o abade aborda sem tabus, aos 93 anos, num livro publicado ontem, Mon Dieu... pourquoi? (Meu Deus... porquê?), pela Plon, as questões mais polémicas da Igreja Católica, como o celibato dos padres ou o sacerdócio das mulheres, e confessa ter tido relações sexuais com mulheres de "maneira passageira".

"Mas nunca tive uma ligação regular porque não deixei enraizar-se o desejo sexual", explica a seguir: "Conheci a experiência do desejo sexual e da sua muito rara satisfação, mas essa satisfação foi uma verdadeira fonte de insatisfação porque sentia que eu não estava na verdade."

Esta confissão das suas tentações passageiras não ocupa mais do que umas linhas no livro, escrito em colaboração com Frédéric Lenoir, sociólogo e director do Monde des Réligions, e vem a propósito da tese de Abbé Pierre a favor do casamento dos sacerdotes: "Conheço padres que vivem em concubinagem com mulheres que amam há muitos anos e que aceitam esta situação. Eles continuam a ser bons padres."

Padres casados contra crise de vocações

O fundador da comunidade de Emmaüs recorda a seguir que Roma autoriza há séculos os "padres casados" ordenados nos ritos católicos do Oriente (maronitas ou coptas), acrescentando: "Não vejo por que razão João Paulo II pôde afirmar recentemente que estava fora de questão abrir [a questão do] celibato para o resto da Igreja Católica." Levando o seu raciocínio até ao fim, o padre Pierre sugere que a autorização do casamento "permitiria resolver, parcialmente, a crise das vocações e da penúria de padres", dizendo-se embora "certo de que continuaria a haver as mesmas vocações ao celibato".

No plano teológico, Abbé Pierre diz não ver "nenhum argumento de monta que proibiria a Jesus, o Verbo personificado, de conhecer uma experiência sexual", em especial com a prostituta mais célebre do mundo, "a mulher que foi mais chegada, à excepção da mãe". Que uma tal experiência tenha ocorrido, ou não, "não muda nada ao essencial da fé cristã".

Homossexuais devem poder adoptar

O padre Pierre manifesta a mesma liberdade de espírito na questão da recusa da ordenação das mulheres pelo Vaticano. "Sejam quais forem as eminentes funções que ocupam, aqueles que tomam tais posições nunca avançaram um único argumento teológico decisivo que demonstre que o acesso das mulheres ao sacerdócio seria contrário à fé." A escolha de apóstolos homens por Jesus é inerente à mentalidade da época, argumenta o sacerdote, e "não de uma necessidade teológica".

Paralelamente, o abade Pierre reconhece o direito dos casais homossexuais de adoptarem crianças e de "provarem o seu amor à sociedade", mas prefere que usem o termo "aliança" para qualificarem a sua união, em vez de "casamento", que criaria "um traumatismo e uma desestabilização social forte".

As reacções oficiais tardavam ontem, mas nos fóruns das rádios francesas os auditores reagiam com interesse, mas sem escândalo, às confissões do padre Pierre. "Se ele toma riscos, não é por polémica, é para demonstrar que o mundo católico não é uniforme e alinhado atrás de Benedito XVI", conclui Frédéric Lenoir.

Ana Navarro Pedro, Paris
«Público», 2005-10-28


Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 28 de October de 2005 14:09

Obrigado Alef por disponibilizares o texto integral


Um abraço

Miguel Dias

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 28 de October de 2005 22:26

Bem!

Foi preciso ter coragem para dizer todas estas coisas.

Gosto particularmente desta ultima frase:"para demonstrar que o mundo católico não é uniforme e alinhado atrás de Benedito XVI"

As verdades devem ser ditas!

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 28 de October de 2005 23:28

E também devem ser bem traduzidas. Quem é o "Benedito" XVI citado no artigo?

João (JMA)

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 28 de October de 2005 23:46

Este não foi o mesmo padre que foi polemico uns anos atrás por causa de negar a dimensão do genocidio nazi?

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 29 de October de 2005 14:03

Não sei... foi Camilo...?

se sim podes indicar-nos onde isso se encontra escrito...?

UM abraço

Miguel Dias

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 30 de October de 2005 01:07

foi, está escrito nos jornais da epoca em que ele fez essas polemicas declarações.
Foi em apoio de um amigo seu que tinha publicado um livro aonde defendia essas teses.

se pesquisar na net por "abbe pierre" e "genocidio" ainda se encontram ecos dessa polemica.

Re: “A primeira-dama da paróquia”
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 18 de October de 2006 04:28

Escrito por Universo Católico
28-Jun-2006
Muito se tem discutido sobre este assunto e parece que não são os padres os mais empenhados nessa discussão, mas outras pessoas empenhadas em dar destaque ao tema.


O Cardeal Basil Hume, primaz católico de Inglaterra, a 17 de Setembro de 2005, declarou aos microfones da BBC, que a lei do celibato não é divina, mas eclesiástica e portanto passível de ser mudada. Acrescentou algo, de muito controverso: que as vocações aumentariam, se bem que a Igreja está a perder pessoas muito válidas porque não querem ser sacerdotes celibatários. Acrescentou também que o celibato conserva o seu valor na sociedade actual “obcecada pelo sexo”: “É bom haver gente que possa dar testemunho do amor sem sexo”.


Estas palavras foram interpretadas, pela imprensa, como uma proposta que o Cardeal fazia para rever a lei do celibato. Logo a seguir o próprio Cardeal no Daily Telegraph, declarou: “Não proponho mudar a lei. Creio que o celibato é a solução adequada para a Igreja. (...) É um valor que devemos preservar”.


Muitos acenam com o que se passa nas igrejas protestantes, onde os pastores não assumem o celibato. Será que isso resolve tudo?


O então Cardeal Ratzinger no seu livro O Sal da Terra, afirma a dado passo: (...) “Quanto mais pobre é uma época no que respeita à fé, mais frequentes se tornam as quedas. Desse modo, o celibato perde credibilidade, e o que significa realmente não se manifesta. Mas é preciso perceber que épocas de crise do celibato são também épocas de crise do casamento. Porque hoje não observamos apenas rupturas do celibato, o próprio casamento torna-se cada vez mais frágil como fundamento da nossa sociedade. Para o celibato a escolha tem de ser livre. Antes da ordenação, até tem de se fazer uma promessa solene, confirmando que é o que se quer e que se faz livremente. Por isso, não me agrada muito que depois se diga que se tratou de um celibato obrigatório, e que foi imposto. Isso contradiz a palavra dada no início. (...) Para dizer de uma forma linear: depois da abolição do celibato só teríamos outro tipo de problemática com os padres divorciados”.


O Cardeal Hume referiu que é difícil o celibato, “mas seria ingênuo crer que a vida matrimonial é mais fácil. Atualmente 40 % dos matrimônios desfazem-se - uma proporção muito mais elevada que a do abandono do sacerdócio”.


Mas para avaliar as vantagens de suprimir a lei do celibato, ninguém melhor do que uma pessoa que conhece pessoalmente o assunto - Pamela Nightingale, casada com um sacerdote católico que antes fora ministro anglicano. Também ela hoje é católica.


“33 anos de vida matrimonial fizeram-me compreender bem o heroísmo que pedimos aos nossos sacerdotes para que vivam, geralmente, sós, sem ninguém com quem compartilhar intimamente as necessidades físicas, mentais e espirituais; (...) também é fácil esquecer a lealdade e a dedicação de tempo que o matrimônio exige a um homem. Qualquer pai ou mãe sabe os cuidados e as preocupações que os filhos dão, o esforço econômico que exige a sua educação. (...) Como poderia um bispo católico atender as numerosas paróquias da sua diocese, se os sacerdotes tivessem de colocar em primeiro lugar as necessidades das suas famílias? (...) O celibato sacerdotal é uma jóia da Igreja católica que só se tem posto em causa desde que começamos a ficar obcecados com a realização sexual, em vez de pensar na outra forma de realização que oferece o sacerdócio. Olhemos para o Papa João Paulo II e nele vemos uma pessoa totalmente íntegra na qual os dons intelectuais e os dotes físicos se combinam com uma profunda piedade e simpatia”.


A tudo o que foi escrito queria contrapor algo dito por Pamela Nightingale, acerca da falta de disponibilidade dos padres casados, com palavras do então Cardeal Ratzinger: “(...) Não se trata simplesmente de poupar tempo, porque, como não sou pai de família, até disponho de um pouco mais de tempo; isto seria demasiado primitivo e ingénuo. Trata-se, realmente, de uma existência que aposta inteiramente em Deus e que omite aquilo que normalmente torna uma existência humana adulta e auspiciosa”.


E para terminar cito uma frase que ouvi de um sacerdote católico, acerca deste assunto, e dita de uma forma jocosa: “Por que será que tanta gente quer que nós (os padres) tenhamos sogra?”.

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