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Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 28 de June de 2005 18:02

Noutro tópico o Tilleul lançou as seguintes questões:

«Até que ponto o formato das paróquias continua válido?»

«Será que o sistema de paróquias continua a ser o mais certo para a nossa sociedade deslocada, apressada e laicizada?»

Eis aqui um tema que me preocupa, cujo lançamento em tópico tenho vindo a adiar. Parece ser uma boa altura de reflectirmos sobre ele. As perguntas iniciais podem ser um bom ponto de partida. Ilustrarei essas perguntas com alguns dados, casos e inquietações.


1. Um caso: quando o Colégio «substitui» a paróquia

Numa determinada paróquia que bem conheço há uma igreja paroquial, onde trabalham três sacerdotes. Há três missas dominicais e duas nos dias de semana. Não sei exactamente quantos são os habitantes abrangidos pelo território da paróquia, mas serão uns milhares, pois trata-se de uma cidade.

Em menos de 100 metros de raio há dois colégios. [Pelo menos um dos Colégios, aquele de que vou falar a seguir, tem contrato de associação com o Estado, pelo que não se trata do mero caso que às vezes se aponta dos «colégios de elites».] Num deles há também missa dominical, à mesma hora de uma das missas dominicais da paróquia. Enquanto que na missa do Colégio há sempre umas centenas de pessoas (calculo que haja sempre entre as 300 e 500), na igreja da paróquia há muito menos pessoas (calculo que não chegue nunca às 200 pessoas e estou a dizer este número para ter a certeza que não apresento um número «por baixo».

Por altura da Solenidade do «Corpus Christi» houve Primeira Comunhão na paróquia: comungaram pela primeira vez CINCO crianças. Cinco, o números de dedos de uma mão. No mesmo colégio ao lado houve também primeiras comunhões, mas bastantes mais: quase DUZENTOS (não sei o número exacto, mas posso perguntar). No outro colégio também houve muitas Primeiras Comunhões.

Acresce que muitos desses alunos mais tarde são também preparados para o Crisma no colégio e aí são crismados.

•• Que significado tem a paróquia para a maior parte destas pessoas? Provavelmente terá um significado mínimo. Muitos daqueles que fazem o Crisma despedem-se do Colégio, vão para a Universidade. Que referente será o seu enquanto «pertencentes» à Igreja? Talvez muitos descubram a paróquia, mas outros não o farão. E se as paróquias que vêem são «mortas» como várias das que conheço, em contraste com a «vida religiosa» que viram no Colégio, dificilmente integrar-se-ão na Paróquia. Talvez casem e queiram ter os filhos no mesmo Colégio ou noutro parecido e aí «reintegram-se», mas longe da paróquia…

•• Talvez a tentação de muitos que preferem manter o «status quo» seja pensar que a «solução» está em proibir que os Colégios ou outras entidades preparem os miúdos para a Primeira Comunhão. Mas será realmente uma forma de tratar a questão? Será a paróquia o único modo de «pertença»?


2. Outros casos: «A minha “paróquia” é onde eu quiser»

Até há bem pouco tempo, nas nossas paróquias rurais toda a gente ia à missa da paróquia, com raras excepções. O pároco tinha o «exclusivo» da direcção espiritual (em sentido lato) de toda aquela gente. Podia preparar ou não a homilia e o resto da liturgia, que tinha sempre os mesmos paroquianos, com mais ou menos gosto…

Hoje muita gente tem carro e as pessoas sentem-se muito mais livres de escolherem a paróquia onde vão à missa. Muitas pessoas escolhem a paróquia aonde vão ou onde não vão, de acordo com o gosto ou proveito que vêem tirar da homilia e também de acordo com o gosto litúrgico (o tipo e qualidade dos cânticos podem influir bastante nas escolhas). E há pessoas que gostam de «borboletear»: variam constantemente de paróquia onde vão à missa. Conheço alguém que tem por costume fazer isso. Parece-me que já visitou mais paróquias que o bispo do lugar! :-)

• Isto mostra como para muitas pessoas a paróquia, enquanto unidade territorial onde nasceram ou vivem, lhes diz relativamente pouco.


3. E ainda: «A minha “paróquia” é o movimento X; os meus párocos são (só) os padres YZ»

Há também pessoas que foram educadas em contacto com um determinado movimento ou padres de um determinado Instituto Religioso e só vão à missa se for desse movimento e/ou presidida por «esses padres»… É claro que isto denota outro problema importante: a imaturidade de muitas pessoas, alimentada por certos movimentos «proselitistas» e fechados. Mas – simetricamente – não será que isto acontece também porque as paróquias oferecem por vezes um modelo demasiado formal e sem encanto?

• Que significado tem para estas pessoas a paróquia, enquanto unidade territorial? Certamente mínima. E não são raras as tensões…


4. Outras inquietações:

Retomo agora o que dizia o Tilleul, no que diz respeito à energia das paróquias, que ele atribui essencialmente aos movimentos. Eu não estabeleceria uma relação necessária, mas parece evidente que são os movimentos aqueles que realmente conseguem mobilizar as pessoas e que em geral muitas paróquias se remetem a um mero papel administrativo ou burocrático.

Claro que não temos que colocar disjuntivamente «ou paróquias ou movimentos», porque muitos movimentos se inserem perfeitamente nas paróquias, mas frequentemente as paróquias não conseguem ter grande papel mobilizador e, sobretudo, parecem ser impotentes em relação a certos movimentos que não são valorizam muito a vida paroquial… Estou a lembrar-me, por (mau) exemplo, do Movimento Neocatecumenal (vulgo «kikos»), que numa determinada paróquia celebravam a Vigília Pascal só para os membros do movimento, a hora diferente da Vigília Pascal da paróquia, mas na mesma igreja! Isto parece-me mais que problemático.

•• Portanto, há que perguntar: que se passa, que tantas paróquias parecem ter perdido a força centrípeta e parecem ter esmorecido enquanto «lugar de encontro»?

•• Volto então às perguntas do início: «O formato das paróquias continua válido?». Tem algum significado real a divisão territorial que persiste nas paróquias? Não parecem mostrar uma grande falta de entusiasmo?


5. Reconstruindo…

•• Mas também se pode colocar a questão de outro modo, porventura mais construtivo: que é preciso fazer para renovar as Paróquias, para que não se tornem uma mera estrutura burocrática a que todos têm que recorrer para casamentos e baptizados, por imposição do Direito Canónico?

Noutro tópico já apontei uma linha de renovação: a constituição de grupos bíblicos, grupos de oração e outros grupos (por exemplo, de casais). Não compreendo a relutância prática de tantos párocos em colocar isto em andamento… Eles não têm que estar em todas as reuniões, nem têm que «controlar»! Se a paróquia possuir estruturas dinâmicas onde os leigos encontrem a formação de que necessitam, estes não precisarão de andar a «esmolar» formação em movimentos às vezes pouco «eclesiais»...

Certamente muito fica por dizer. Não se pretende neste tópico o mero «falar mal» das paróquias ou o «falar mal» deste ou daquele movimento. Importa, sim, apontar linhas de solução, para algo que nos diz respeito a todos…

Alef



Editado 2 vezes. Última edição em 28/06/2005 23:25 por Alef.

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 29 de June de 2005 03:19

Não reflecti o suficiente sobre o assunto e a minha experiencia sobre ele também é muito limitada. No entanto deixo alguns pensamentos dispersos sobre o assunto.

Antigamente as pessoas moravam, trabalhavam e frequentavam a igreja da sua freguesia. Hoje vivem num lado, trabalham a 10 ou 20 kilometros de distancia e têm a sua vida social e religiosa predominante noutro local qualquer.

Nada disto me parece demasiado importante, afinal de contas a igreja é catolica, universal, deve procurar adaptar-se às pessoas e não exigir que as pessoas se adaptem a ela nestas questões quase burocraticas.

Claro que a paroquia não deve proibir ninguém de procurar que os seus filhos tenham a melhor catequese, se essa for num colegio que seja. Este pormenor lembra-me a passagem dos apostolos que quiseram proibir alguem de expulsar demonios em nome de Jesus.

Por outro lado eu sou de um local em que o paroquialismo, derivado do bairrismo, assume por vezes aspectos pouco cristãos, sendo frequente raiz de egoismo.

O padre diz para as pessoas se ajudarem mutuamente. E as paroquias? Ajudam-se mutuamente? Muito pouco. Lado a lado vêm-se paroquias em que abundam os meios e as pessoas e outras que estão em dificuldades em todos os aspectos. Uma cidade deve ser encarada como uma entidade unica. Aqui as paroquias assumem necessariamente pouca relevancia.

Por exemplo na actividade socio-caritativa é natural que numa zona da cidade estejam as pessoas com mais posses e noutra as pessoas com menos posses. Se ficarmos fechados na paroquialite isto dificulta a actividade socio-caritativa.

E a catequese. Muitas paroquias do norte são pequenas em area e pessoas. Dificilmente se consegue estruturar a catequese em 10 anos. Mas as paroquias não colaboram entre si.

Outra diferença grande em relação ao passado é a diversidade cultural da população. Antigamente a cultura das pessoas de determinado local era bastante uniforme. Actualmente não, existem pessoas de diferentes proveniencia, diferentes graus de instrução, as diferenças de idades provocam diferenças de sensibilidade maiores que antigamente.

Mas as eucaristias, e toda a paroquia, raramente têm em atenção essas diferentes culturas. Vá lá que fazem missas para crianças. Mas numa cidade porque não existir uma coordenação que tenham em conta estas diferenças culturais. No porto existe uma missa para a comunidade alemã. Muito bem. Mas porque não missas que se orientem claramente e intencionalmente para quem tiver um nivel de instrução maior e não se importem de demorar um pouco mais para terem uma homilia mais aprofundada, ou para os jovens, etc.

Em relação à diversidade cultural e de sensibilidades os movimentos têm um papel muito importante. Há certos grupos que podem ser mais facilmente mobilizados por esses movimentos que por uma paroquia.

Por vezes na minha região a falta de colaboração entre as paroquais leva-as a criar estruturas excessivas. Para quê criar um salão paroquial para meia duzia de reuniões anuais (ou nem isso) quando existem 2 ou 3 a menos de 3 kilometros daqui subutilizados? E o salão paroquial encarece uns centenas de milhares de euros por causa disso.

Parece-me que seria desejavel que de futuro os parocos vivessem em pequenas comunidades. 3, 4, 5 ou 6 padres cuidariam das mesmas paroquias que cuidam actualmente mas viveriam em comum. Assim teriam uma visão de conjunto de toda a area, a convivencia entre eles seria maior e creio que seria salutar. Também poderiam distribuir o serviço conforme as capacidades de cada um. Pode ser que um tenha mais jeito para acompanhar a catequese, outro para acompanhar os jovens e os casais, outro tenha mais sensibilidade para as actividades socio-caritativas, etc.

Também se poderiam poupar meios e ficarem com mais tempo para as actividades propriamente pastorais. Poderiam mais facilmente contratar quem fizesse o trabalho burocratico. Poderiam partilhar o material de apoio para a catequese.

Mais difilmente uma paroquia ficaria "seca", sem vida. Se não fosse o padre A seria o Padre B a anima-la nem que para isso algumas pessoas de fora da paroquia dessem alguma colaboração.

Antigamente justificava-se que os parocos ficassem muito perto das suas populações porque não existiam automoveis nem telemoveis. Actualmente se a comunidade paroquial ficasse a 5 ou 10 kilometros pouca diferença faria. Também me parece que seria mais dificil ocorrerem abusos por parte de alguns padres. Desleixos, prepotencias e outros abusos seriam objecto de advertencia dos outros sacerdotes.
O convivio permitir-lhes-ia tambem apoiarem-se mutuamente.

Isto não seria para amanhã, mas para ir fazendo e experimentando, principalmente com os sacerdotes mais novos que os mais antigos na sua maioria devem estar apegados aos seus habitos e dificilmente se adaptariam a uma vida comunitária.

Resumindo vejo nas paroquias actuais 4 problemas de origem interna:

1 - falta de colaboração mutua
2 - nas cidades falta uma visão da cidade como uma unidade que realmente é.
3 - falta de adaptação à nova realidade cultural, em particular à diversidade cultural
4 - parecem-me demasiado viradas para o seu interior, para os seus problemas internos e não para as problemas mais importantes das pessoas. (isto não referi anteriormente mas nas igrejas que frequento é o que sinto)

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 06 de July de 2005 14:34

Ao correr das teclas:
1. Um caso: quando o Colégio «substitui» a paróquia
Foi o caso dos meus filhos que fizeram no colégio a catequese e a 1ª comunhão. E onde igualmente começaram a ser acólitos.
No entanto esse facto, ao contrário das preocupações apontadas, fê-los integrar-se numa paróquia.
(Refira-se que eles - como praticamente a totalidade dos seus colegas- desenvolveram um muito bom relacionamento com o pároco da paróquia onde se situa o colégio).
Para tanto foi suficiente que na primeira vez que fomos a uma missa na Igreja Paroquial o pároco tivesse dito ao mais velho que também ali podia ser acólito.
Não foi necessário grande imaginação do pároco, bastou a sua generosidade e capacidade de acolhimento habituais.
Não se torna dificil de imaginar onde passámos a ir aos domingos... apesar de no caminho passar por uma boa quantidade de paróquias.
Claro que as mais novas, pouco tempo após a 1ª comunhão (e após terem sido acólitas no colégio) foram perguntar: padre ---, QUANDO começamos a ser acólitas aqui?

Se faltam jovens nas paróquias se calhar o problema é das paróquias e não dos jovens.

João (JMA)

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 06 de July de 2005 19:04

Alef


Se vivemos numa cidade grande onde há muita igreja, qual o problema de se visitar várias igrejas? Até podemos aprender a trabalhar na igreja de maneira diferente. Pelo menos aquí. Eu visito diferentes igrejas :) sou borboleta embora os nossos párocos não gostem. Conheci um padre já reformado que visitava diferentes igrejas!!!

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 07 de July de 2005 19:03

Continuando a resposta:
2. Outros casos: «A minha “paróquia” é onde eu quiser»
Acho esta postura completamente correcta.
Face à diversidade da Igreja é legítimo não me sentir obrigado a uma circunscrição territorial mas sim a um modo de ser Igreja.
Assim não vejo problema em existir uma escolha da espiritualidade que mais me interpela.
O que origina alguma migração inter-paroquial.
Basta que a liturgia numa dada paróquia tenha mais a ver com a sensibilidade própria de cada um e lhe confira um maior conforto espiritual para ser inteiramente explicável a migração de paróquia.

João (JMA)

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 08 de July de 2005 10:24

JMA:

É verdade o que dizes. Eu próprio "escolho" quando posso, a que missa assistir, levando em consideração quem a vai celebrar. Ao fim e ao cabo, no nosso dia-a-dia, também escolhemos com quem queremos partilhar uma refeição (se me é permitida a analogia...).
O que é curioso, é que tenho visto isso acontecer com pessoas de confissões não católicas, que aparecem a assistir à "nossa" celebração e que me explicam que ali, sentem uma maior espiritualidade, pela igreja/edíficio, pelo cerimonial e pela quantidade de pessoas juntas. Falo de anglicanos, evangelistas de diferentes tendências, episcopalistas (um deles dizia que na igreja dele em Inglaterra no Domingo anterior estavam 9 pessoas...), etc. Não sei se buscam uma espiritualidade diferente da que têm mas é mais uma prova de que o ambiente numa paróquia pode atrair ou afastar paroquianos e até mesmo provocar o afastamento ou aproximação à Igreja.
Sobre como os leigos poderão estar envolvidos na vida comunitária, é como em tudo: o que há de bom em muitas paróquias, é péssimo noutras. Quer queiramos quer não, o "poder" continua nas mãos do pároco. Da simpatia dele, depende o cativar ou não as pessoas para colaborar. Por isso concordo que a organização das paróquias deveria mudar, que deveriam dividir tarefas e partilhar organização.
Sobre isso tenho algumas idéias, mas não tenho tempo para as expor. E para além disso, não acho que a Igreja me levasse em conta...

Abraço Fraterno

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 12 de July de 2005 19:41

Caro VM

A Igreja, também Somos Nós! Ou melhor, nós somos Igreja e tenho a certeza de que uma boa parte de Nós gostaria ouvir algumas propostas. Cada vez mais o segredo do sucesso empresarial está na diversificação, inovação e empreendedorismo. Sejamos então ousados, pensemos diferente, tenhamos a coragem de fazer acontecer, mesmo tratando-se da Igreja. De resto, meu caro amigo, eu estou interessada. Nunca tinha reflectido muito sobre este assunto, mas o Camilo deixou aqui algumas ideias e gostaria de ouvir outras opiniões. É uma boa reflexão.




Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 13 de July de 2005 07:39

«Até que ponto o formato das paróquias continua válido?»
«Será que o sistema de paróquias continua a ser o mais certo para a nossa sociedade deslocada, apressada e laicizada?»

Depende do que entendermos por formato das paróquias.

Concordo com o VM quando refere que a organização das paróquias deveria mudar.

Os sacerdotes não se deveriam ocupar das questões financeiras e administrativas mas do acompanhamento pastoral das comunidades. Perdem tempo a fazer de directores administrativos e financeiros da paróquia, em vez de exercerem o sacerdócio.

Obviamente que lhes falta depois o tempo para o acompanhamento pastoral dos grupos e movimentos da sua paróquia, mais ainda para saírem a evangelizar.

Tornam assim a paróquia uma "quintinha" dividida em tantas parcelas quantos os "grupos" que lá existem.

Visto desta perspectiva, obviamente que o modelo está esgotado e só contribui para mais afastamento em relação à Igreja. Este formato não continua válido. Esgotou o prazo de validade.

Qual a solução?
As paróquias - instituição e instalações- deveriam estar ao cuidado exclusivo das comunidades.

A sua administração administrativa e financeira deveria estar ao cuidado de leigos preparados para o efeito e escolhidos pelas comunidades. O que não é novidade, bastaria aplicar os princípios do 2º Concílio do Vaticano.

Os sacerdotes deveriam ser missionários nas paróquias, presidir as celebrações, acompanhar os movimentos, evangelizar e estar disponíveis para quem deles necessitasse.

Numa palavra: cumprirem a sua vocação, em vez de serem os funcionários das paróquias.

João (JMA)



Editado 1 vezes. Última edição em 13/07/2005 07:42 por JMA.

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 13 de July de 2005 07:56

Ainda uma questão quanto à estrutura paroquial:
nas àreas urbanas a estrutura paroquial tenderá a desaparecer como unidade territorial.

O mais provável é a congregação de grupos de "paroquianos" nas paróquias que mais coincidam com a sua própria espiritualidade.

Não vejo nisso drama algum, se bem que enfraqueça algum espírito comunitário de bairro.

Aí as paróquias têm de agir como um todo, cobrindo as necessidades espirituais da população.

É neste modelo complementar que posso aceitar as "preferências" por determinados párocos ou espiritualidades.

Já dizer que «A minha “paróquia” é o movimento X; os meus párocos são (só) os padres YZ» parece-me muito grave, pois nega desde logo a catolicidade da Igreja. O que não é um factor negociável.

Se atentarem no Credo, temos aí uma profissão de Fé na Catolicidade da Igreja. Tal afirmação é contrária ao Credo.

E o que é contrário ao Credo será provavelmente uma heresia.

João (JMA)

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 14 de July de 2005 12:28

JMA:
Pegando no que escreveste - "O mais provável é a congregação de grupos de "paroquianos" nas paróquias que mais coincidam com a sua própria espiritualidade."-
julgo que isto já acontece na prática. Vamos onde queremos, e não precisamos dar satisfações a ninguém (também muitas vezes os párocos nem dão pela ausência dos paroquianos...:-). Juntamo-nos em grupos que criamos ou que nos aceitam.
Na parte "organização oficial", aí é que é mais difícil, senão impossível. Qual seria o ponto de referência, por exemplo, em termos de registos de baptismos, casamentos, etc?
Já num outro tópico, há uns tempos se falou destas coisas, da disponibilidade dos pastores para com as suas ovelhas. Inclusivé, imprimi as opiniões diversas e ofereci esse printing ao pároco. Bem, até hoje, não tive nenhum feed-back dessa minha acção. Tão ocupado anda, que não deve ter tido tempo para o ler...
Mas precisamente por isso, me preocupo. Não sendo um católico exemplar para ninguém, e rezando para que a minha Fé seja aumentada, não me estou a vêr no entanto, afastado de Deus por causa do mau funcionamento de uma paróquia Mas, outras pessoas reagem como eu? Será que a distância entre o pároco e a comunidade, não abre caminho aos iurd's, tj's e outros, que apanham as ovelhas perdidas e desorientadas? Que quando querem desabafar com alguém a quem reconhecem capacidade para "ouvir", esse alguém não está lá? Porque não são os sãos que precisam de médico, mas sim os doentes, não é verdade? E na falta do médico, quando se está doente, serve até bochechar com aguardente para curar um dente infectado...
O que me impressiona, a mim que procuro o médico porque preciso, é que a "administração" do hospital não veja isto! Ou pelo menos, parece não vêr...

Tony:
É lógico que a Igreja somos nós. Concordo contigo, e tento pôr isso em prática. Mas sendo-o, não somos os "donos" da Igreja. Quando muito, seremos pequenos "accionistas"...:-)
Certos "directores" é que não gostam muito de novas iniciativas.Porque não confiam em delegar funções? Porque julgam que ao aceitarem novas idéias, arranjam mais sarna para se coçarem? Talvez lhes recomendemos a leitura do "Quem mexeu no meu queijo?". Que achas?

Abraço Fraterno


Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 21 de July de 2005 01:10

Uma notícia mesmo a propósito.

Luis


Paróquias da Europa procuram novas respostas em contexto pluralista

Está a decorrer na Alemanha o “Colóquio Europeu de Paróquias”, que se realiza de 17 a 22 de Julho, juntando cerca de 300 pessoas de 18 países em volta do tema “Com alegria e esperança, rumo a um futuro pluralista”.

40 anos após a publicação da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, do II Concílio do Vaticano, sobre a Igreja presente no mundo contemporâneo, os participantes procuram novas respostas em contexto pluralista, defendendo que “a Igreja, em diálogo com o mundo, tem o dever de anunciar o Evangelho libertador, não à margem dos seus contemporâneos, mas precisamente com eles, para descobrirem os caminhos de um futuro novo, mais acolhedor e mais fraterno”.
Mais de uma dezena de representantes portugueses marcam presença no Colóquio Europeu. O Pe. José Manuel Pereira, responsável pela delegação do nosso país, refere à Agência ECCLESIA que “o objectivo é perceber qual é a alegria e a esperança que a Igreja tem para oferecer ao mundo em mudança”.
As paróquias, “o rosto eclesial mais visível e próximo das pessoas”, sentem que o mundo à sua volta “se afirma cada vez mais pluralista e multiforme”. Nesse sentido, irão “procurar encontrar caminhos novos que permitam à Igreja estar mais atenta à voz do Espírito e aos anseios humanos”.
A iniciativa decorre em Erfurt, uma cidade da antiga Alemanha de Leste, “com tudo aquilo que esta nação foi e ainda é como ressonância histórica recente do regime que a dominou”, refere o Pe. José Manuel.
Erfurt é ainda a terra de Martinho Lutero, pelo que a dinâmica do ecumenismo estará muito presente, com duas celebrações previstas, para além de um diálogo permanente com outros cristãos vindos dos vários países.
Esta é já a 23ª edição do Colóquio Europeu de Paróquias (a primeira foi em 1961, em Lausanne, Suíça), actualmente um espaço de reflexão sobre as diversas problemáticas que cruzam a vida das Comunidades Paroquiais.
Esta reflexão, realizada em comum por sacerdotes e leigos de diversos países europeus, permite confrontar as diversas faces dos problemas que se lhes colocam e as soluções propostas por cada um.
A iniciativa reúne pessoas de Portugal à Rússia, sendo o único requisito para a presença “o interesse pela vida da Igreja”.
O próximo Colóquio, em 2007, terá lugar no Porto.

Fonte: Ecclesia


Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de July de 2005 01:51

Sábado darei notícias em primeira mão das conclusões desse encontro.

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: Rita (IP registado)
Data: 03 de September de 2005 07:39

Um Conselho paroquial ou Conselho fianceiro não só pode ser escolhido pelos paroquianos, como pode ser escolhido pelo padre. O padre é quem manda numa igreja. A diocese o bispo dá o mandato ao padre.

Também concordo que sejam os paroquianos a tomar conta dos dinheiros da igreja. Mas gente capaz, às vezes fica lá cada zezinho:) Havia um padre que tirava dinheiro a mais no ordenado dele e um zezinho não era capaz de lhe dizer nada. Um outro senhor chamou o padre à atenção e disse-lhe: o senhor padre leva dinheiro a mais. O padre respondeu, ao fim de contas tudo dá certo!!!

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 19 de September de 2005 18:26


É bom e aprendemos muito visitar diferentes igrejas. Pelo menos ter ideias e leva-las para a nossa!
Gosto imenso que a comunhão seja dada acompanhada com o vinho. Muitas igrejas fazem isso. Porém uma vez dei a ideia ao pároco, ele disse que metia mais depesas à igreja. Mas em dias importantes como a Páscoa, Natal ficava bem servirem o vinho. Não ficaria uma missa mais completa?

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 20 de September de 2005 01:01

vejo mais dificuldades noutros aspectos tais como evitar contagios de doenças e possiveis abusos sacrilegeos.

Depois a demora que isso necessariamente implicaria poderia dissuadir algumas pessoas de ir à missa (mas este pormenor pode não ser inteiramente valido nem sequer o acho particularmente relevante)

no entanto creio que os ortodoxos fazem dessa forma.

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 23 de October de 2005 19:11

Caro VM

Só agora vi a tua mensagem... estive a folhear "Quem mexeu no meu queijo?"

Este livro fala-nos sobre processos de mudança e aponta como um dos principais inibidores para a mudança, o medo.

Como não sei se todos conhecem o livro

Eis umas passagens que sugerem uma leitura atenta. Talvez aprendamos todos um pouco com isso.

"Gaguinho olhou para um corredor escuro e teve consciência do seu medo. O que se encontraria lá? Estaria vazio? Ou pior haveria ali perigos ocultos? Começou a imaginar toda a espécie de coisas assustadoras que lhe podiam acontecer. Ele estava a aterrorizar-se de morte, a si próprio.

Depois riu-se para com os seus botões. Percebeu como os seus medos estavam a piorar as coisas. Então, fez o que faria se não estivesse com medo. Seguiu por uma nova direcção.

Assim que desatou a percorrer o escuro corredor, começou a sorrir. Gaguinho ainda não tinha percebido, mas estava a descobrir o que alimentava a sua alma. Ele estava a deixar-se levar e a confiar no que lhe restava reservado, mesmo que não soubesse exactamente aquilo que era.

Para sua própria surpresa, Gaguinho começou, cada vez mais, a gostar de si mesmo. - Porque me sinto tão bem? - Questionava ele. - Não tenho queijo, nem sei para onde vou. - Pouco depois, iria saber porque se sentia assim.

Parou e escreveu novamente na parede: Quando te moves para lá do teu medo sentes-te livre.

Gaguinho compreendeu que tinha sido prisioneiro do seu próprio medo. Mover-se numa nova direcção tinha-o libertado.

...não se sentia assim havia muito tempo...começou a desenhar uma nova imagem no seu cérebro...quanto mais claramente ele via a imagem dele próprio saboreando o novo queijo, mais real e verosímil ela se tornava. Ele conseguia sentir que iria encontrá-lo.
Gaguinho escreveu: Imaginar-me a provar o novo queijo, mesmo antes de o encontrar leva-me até ele.

...Ficou intrigado com o motivo pelo qual sempre fora levado a pensar que a mudança conduziria a algo pior...Porque não vi eu isto antes? - Questionou-se ele.

...Pouco depois avistou, uma estação de queijo e ficou entusiasmado quando reparou em pequenos pedaços de queijo novo perto da entrada. Eram tipos de queijo que nunca tinha visto antes, mas que lhe pareciam óptimos....Entrou na estação de queijo bastante agitado. Mas para seu desânimo, descobriu que estava vazia. Alguém já lá havia estado e tinha deixado somente uns restitos desse novo queijo.

Então compreendeu que se se tivesse mexido há mais tempo, provavelmente teria encontrado ali um excelente pedaço de novo queijo.

Gaguinho decidiu voltar atrás e ver se o Pigarro estava preparado para se juntar a ele. Assim que deu uns passos atrás, parou e escreveu na parede: Quanto mais cedo te libertares do queijo velho, mais depressa encontrarás um novo queijo.

...Pigarro apreciou o gesto do seu amigo e disse - Creio que não iria gostar do Novo Queijo. Não é aquilo a que estou habituado. Quero o meu próprio queijo de volta e não irei mudar até ter aquilo que pretendo.

Gaguinho...voltou a afastar-se sozinho. Enquanto caminhava sentia saudades do seu amigo, mas percebeu que estava a gostar do que ia descobrindo...Sentia que era somente uma questão de tempo até encontrar o que necessita. Na realidade ele sentiu que já tinha descoberto aquilo de que andava à procura.

Sorriu quando compreendeu: É mais seguro procurar no labirinto do que permanecer numa estação sem queijo

...Gaguinho voltou a compreender...aquilo de que se tem medo nunca é tão mau como se imagina. O medo que permitimos que se desenvolva nas nossas mentes é pior do que qualquer situação que possa ser vivida. Ele tinha tanto medo de nunca encontrar um novo queijo que nem sequer queria começar a procurá-lo. Mas desde que começou a sua jornada, Gaguinho ia encontrando queijo suficiente para se manter no caminho...Avançar e continuar na busca estava a tornar-se um desafio.

Os seus antigos pensamentos tinham sido toldados pelos seus medos e preocupações. Ele costumava pensar em não ter queijo suficiente, ou que não durasse tanto como seria desejado. Costumava pensar mais naquilo que poderia correr mal do que naquilo que poderia correr bem...Outrora ele acreditara que o seu pedaço de quijo nunca lhe deveria ser tirado, e que se isso acontecesse não estaria certo.

Agora compreendia que era natural que a mudança acontecesse constantemente, quer se esteja à espera ou não. A mudança só surpreenderá se não estiver à espera e se não andar à procura dela.

Quando percebeu isto, mudou as suas convicções, fez uma pausa e escreveu na parede: Velhas crenças não te conduzem ao novo queijo

Gaguinho não tinha ainda descoberto qualquer queijo, mas enquanto percorria o labirinto, reflectia sobre o que já tinha aprendido.

Ele agora compreendia que as novas crenças estavam a encorajá-lo a comportar-se de um novo modo. Ele estava a agir de forma diferente...

Sabia agora que quando se muda aquilo em que se acredita, muda-se aquilo que se faz.

Pode-se acreditar que uma mudança trará prejuízos e resistir a ela, ou então que a descoberta de novo queijo irá ajudar e, por isso, abraçar a mudança. Tudo depende daquilo em que se escolhe acreditar. E escreveu na parede: Quando vês que podes encontrar e apreciar o novo queijo mudas de rumo.

...cada vez que pensava no lugar de onde tinha vindo, Gaguinho ficava contente por ter escrito nas paredes. Ele acreditava que esses dizeres poderiam servir como um trilho marcado para Pigarro seguir o labirinto, caso ele decidisse deixar a estação Q de Queijo.

Gaguinho só esperava que o Pigarrro estivesse virado para a boa direcção. Pensou na possibilidade de ele poder ler as mensagens na parede e descobrir o seu caminho. Então escreveu na parede o que já andava a pensar há algum tempo:Reparar atempadamente em pequenas mudanças ajuda a preparares-te para as grandes mudanças vindouras."

É isto que alguns de nós fazemos aqui no fórum, deixamos mensagens, uns aos outros. Este tópico do Alef é um dos melhores exemplos, de alguém que já compreendeu pequenas mudanças e prepara os grandes processos de mudança vindouros...os quais serão muito mais interessantes, dinâmicos, profícuos e grandiosos se todos estivermos de mãos-dadas.

Quanto mais planificado, estruturado e sustentado for um processo de mudança, menores serão as suas resistências e mais rápidos os resultados, em linguagem técnica isto chama-se “efectuar processos de Mudança Organizacional”.

Naturalmente, há resistências à mudança, mas estas devem ser compreendidas e desmistificadas com carinho, amizade e dedicação.


Um beijinho para o Alef e bom resto de fim-de-semana a todos.

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 05 de February de 2006 23:37

Vou-vos contar a minha experiência.

Houve épocas em que frequentava a minha paróquia para ver se as pessoas, dessa zona, a frequentavam também. Não é que pense que as pessoas venham atrás de mim...., mas encontrarmo-nos lá, dá alegria.
Ver outros ajuda. Acho que, dado que há paróquias, é bom que essas Igrejas não estejam vazias.
Penso que qualquer um deve ir onde entende mas não devemos ser ingénuos: há pessoas que só vão à Missa se a Igreja for muito perto.
O facto dessa Igreja estar cheia motiva-as. Pelo contrário, se está vazia que boa desculpa têm para dizer: "sou católico não praticante. É uma seca"

Parece-me que há modas... que algumas pessoas acham que fica bem dizer "eu só vou à Missa a tal igreja". Está na moda ir aí.
Desculpem-me , mas parece-me que às vezes é como querer aparecer nas
revistas do " jet-set".

Hoje, como me apetecia ir à Missa a outro local...
Mas fui e procurei o encontro com Deus e com os irmãos.
Sabem até cumprimentei o padre que celebrou (era exactamente por eu saber que era ele que não me apetecia ir)
Acho que lhe dei uma alegria. As pessoas merecem ter alegrias (os padres são pessoas)


Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 06 de July de 2008 10:54

o apelo do Papa a uma maior participação dos leigos vai passar muito pela reestruturação funcional da igreja, nomeadamente ao nivel paroquial.
Acho eu.

Re: Paróquias e outras formas de pertença à Igreja
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 06 de July de 2008 15:31

Ou pelo menos deveria passar. Aguardo e rezo pela intenção do camilo.

Abraço fraterno,

Miguel



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