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Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 15 de July de 2006 23:22

Não sei o que é um dilema.

pontosvista

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 16 de July de 2006 02:12

Retirado de www.dn.pt




Religião e religiões: para onde vamos?



Anselmo Borges
Padre e professor de filosofia

Agora, quando for a Madrid, já não vou ter a alegria de beber um copo com o meu amigo José María Mardones. Foi-se embora deste mundo no final de Junho. De repente. Sem tempo para uma palavra de despedida. Aos 63 anos.

A última vez que nos encontrámos foi em Setembro, aqui em Portugal, aonde veio para participar, como especialista em filosofia e sociologia da religião, no Congresso sobre "Deus no século XXI e o futuro do cristianismo". A sua comunicação teve como tema: "Religião e religiões: donde vimos, onde estamos, para onde vamos?" Fica aqui, como homenagem, uma síntese pobre da sua análise.

Donde vimos?

Vimos de um cristianismo de cristandade, com pretensões hegemónicas sobre a cultura, a sociedade e a política, que se julgou detentor exclusivo da revelação de Deus e com o monopólio da salvação: "fora da Igreja não há salvação". Nesse cristianismo, aninhava-se uma concepção objectivista da verdade, que implicava a intolerância frente ao erro e a perseguição e liquidação das pessoas sob o pretexto de erradicar doutrinas falsas. Era um cristianismo de coloração fundamentalista e integrista.

Onde estamos?

Estamos a assistir ao "desmoronamento" do cristianismo de cristandade. A descristianização é um dado, a prática cristã é minoritária, a religião perdeu a sua evidência social para passar a ser um assunto pessoal e privado. Assistimos ao mesmo tempo ao "aparecimento de formas de integrismo religioso" no Islão e fora dele. Frente ao relativismo cultural, compreende-se a atracção exercida por "religiões fortes".

Ao mesmo tempo que perde o monopólio religioso - "a religiosidade deambula fora das Igrejas" -, a instituição eclesial cristã está a tornar-se verdadeiramente universal: nos princípios do século XX, mais de 70% dos cristãos encontravam-se no Norte desenvolvido; no início do século XXI, 70% estão no Sul. O que representará para o futuro do cristianismo o facto de a maioria dos seus membros serem africanos, latino-americanos e asiáticos?

Deparamos hoje com uma enorme sede de Mistério. O cristianismo de cristandade, ao colocar no centro o institucional, o jurídico, o doutrinal e dogmático, marginalizou o primado do experiencial, pessoal e místico. Por isso, a crítica à Igreja é acompanhada por apelos constantes a "penetrar dentro da experiência religiosa" e da vivência do Mistério do divino.

Para onde vamos?

É difícil fazer projecções, mas já se deixam pressentir alguns cenários enquanto tendências.

A globalização económica e cultural favorece uma visão pluralista do fenómeno religioso, de tal modo que o próprio cristianismo aparece como mais uma religião entre outras. Precisamente esta nova situação cria condições para o diálogo inter-religioso.

Não se trata, porém, de cair no uniformismo. Pelo contrário, o aprofundamento do fundo místico-experiencial das diferentes religiões pode e deve ser fonte de maior enriquecimento mútuo. Sem a atenção à riqueza própria de cada tradição religiosa, poderia surgir o medo de perder a identidade, de tal modo que, em vez do encontro, caminhássemos então para um choque ou confronto religioso.

Avançamos para "uma reforma ou revolução espiritual". O abandono da prática religiosa institucionalizada não significa abandono da preocupação espiritual. A desvalorização dos elementos institucionais e doutrinais deslocará o acento para o Mistério vivo, a interiorização e o sentido pessoal da vida. Não estamos já a assistir a novos movimentos religiosos e a novas formas de religião e espiritua- lidade?

Vamos para "um pluralismo religioso com uma maioria de formas experimentais e pouco sérias". Concretamente no âmbito da sociedade e da cultura do consumo, a religiosidade de muitos será um "experimentalismo de religiosidade difusa e sincrética" e o consumo de objectos e sensações. Mas esta entronização do materialismo consumista "só pode deixar o coração árido e gelado, incapaz de penetrar no humano e aí escutar o palpitar do divino".

J. M. Mardones era um intelectual prestigiado, um trabalhador incansável, um homem amável que rejubilava com a alegria de viver. Crente convicto e lúcido, sabia dialogar com os não crentes. Combateu toda a forma de religião exploradora do Homem, concretamente a "teologia do mercado". Para ele, crentes e não crentes têm uma causa comum: a defesa do Homem. Confidenciou-me: "Qualquer dia deixo a vida académica para dedicar-me exclusivamente aos pobres na América Latina."




Por vezes sonho com isso...

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 16 de July de 2006 12:26

Sonha que o Anselmo Borges deixe a vida académica para ir tratar dos pobres da América Latina???
Olhe que eu tambem.
Jesus ensinava com autoridade...
Só vejo gente a mandar bitaites, mas arregaçar as mangas e ir tratar dos pobres, confesso que vejo poucos. È muito simples escrever num Jornal.
Mais dificil é todos os domingos ver uma fila enorme de gente que vem buscar alimentos, medicamentos, produtos de higiene e rezar muito para que o milagre da multiplicação se dê, porque o que temos é pouco para tantos.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 16 de July de 2006 16:19

Não, não é com isso que por vezes sonho

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 01:53

Olhe que é pena Miguel... Porque isto é que é realmente importante... não demagogia teológica.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:04

Paulo

Citação:
Olhe que é pena Miguel... Porque isto é que é realmente importante... não demagogia teológica.

Há muitos carismas na Igreja.

Citação:
Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. Não pode o olho dizer à mão: «Não tenho necessidade de ti», nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: «Não tenho necessidade de vós.» (1 Cor 12,20-21)

pontosvista

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:10

Concordo CA...Totalmente
Apenas tenho pena que alguem diga que não é com uma igreja fraterna que as vezes sonha.
Eu sonho com uma Igreja assim. Onde não haja excluidos. Onde não haja fome. Onde todos partilhem.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:20

Paulo

Parece-me que o Miguel estava a responder a uma pergunta sua do post das 12:26

Citação:
Sonha que o Anselmo Borges deixe a vida académica para ir tratar dos pobres da América Latina???

Ora eu também não sonho com a vida do Anselmo. Mas sonho com uma Igreja fraterna. Não só nos meios materiais mas também no poder, nas decisões, etc.

pontosvista



Editado 1 vezes. Última edição em 17/07/2006 02:20 por pontosvista.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:24

A Igreja é serviço, não é poder.
As decisões sao tomadas depois de orar muito, do discernimento. Não por jogos de poder.
Depois do que vou lendo aqui.... meu Deus!
Que Igreja seria aquela em que cada um vinha dar uma achega sua... Seria uma seita. Nunca a Igreja de Jesus Cristo.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:30

Pois não é nada disso... é o que dá os julgamentos apressados dos outros. Eu sonho com, um dia, também abandonar o que aqui faço e partir definitivamente ao encontro dos que mais precisam algures. Leiam o que eu disse... e não julguem... por amor de Deus...

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:31

"As decisões sao tomadas depois de orar muito, do discernimento. Não por jogos de poder". Muitas serão, e eu acredito que sim... mas outras não: basta saber história.

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:39

É verdade. Basta ver as pressões das Industrias Farmaceuticas aquando da publicação da Humanae Vitae...ficaram desiludidas porque a Igreja não lhes deu de mão beijada os lucros imensos que tem com contraceptivos.
Basta saber historia.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:45

Uma vez mais, o exemplo não é o melhor... as divisões dentro da Igreja foram imensas. E essa foi uma das decisões que melhor expressam a falta de diálogo, de discernimento e de colegialidade dentro da Igreja.

Abraço fraterno,

Miguel

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:49

Claro que não é o melhor. Seria bem melhor usar a entrada da Inquisição em Portugal, por pressão de D. João II. Sempre humilha mais a Igreja não é?
O meu exemplo é um bom exemplo. Hoje de novo as pressoes do Lobbys Gay, que fizeram o Gay Pride em Valencia na vespera da chegada do Papa. As velhas tecnicas de sempre.
O Espirito Santo sempre vai soprando e mostrando o caminho a seguir.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:49

Talvez seja a altura de revelar (para quem não sabia) os protagonistas do caso que coloquei mais acima:

No país P (Estados Pontifícios, 1858), onde a religião oficial é a X (Católica), vive a família M (Mortara) que pratica a religião Y (Judaica). Apesar de ser proibido nesse país, em casa da família Mortara trabalha uma empregada cuja religião é a Católica. A polícia do país é informada que essa empregada terá iniciado (baptizado) o filho (Edgardo) da família Mortara, de 6 anos de idade, na religião Católica. Apesar dos pais negarem que essa iniciação tenha sido feita, a polícia do país tira a criança de 6 anos à família Mortara porque a lei do país assim o exige. Apesar dos protestos dos pais e dos sucessivos apelos estes perdem o direito a educar o seu próprio filho. O soberano, Papa Pio IX manteve a decisão apesar de todos os apelos dos pais e de organizações e governos estrangeiros, incluindo o imperador Napoleão III de França.

Mais detalhes na Wikipedia.

pontosvista

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:50

Acreditamos no mesmo ;-) (REsposta à última mensagem do Paulo)



Editado 1 vezes. Última edição em 17/07/2006 02:51 por rmcf.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 02:58

Mas o exemplo do pontosdevista mostra bem outro exemplo de uma decisão tomada pelo BEato Pio IX, "depois de orar muito", com discernimento. Deve ter sido. E com isto não estou a atacar a Igreja, que fique claro. Mas estou a dizer que a Igreja por vezes também erra. Nas decisões e nas doutrinas.

Abraço fraterno e boa noite.

Em Cristo,

Miguel



Editado 2 vezes. Última edição em 17/07/2006 02:59 por rmcf.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 03:03

Mas é evidente que sim Miguel.
Não podemos é querer que à 100 anos o Papa agisse com base naquilo que é hoje a percepção dos direitos humanos.
Anacronismos é que não, por favor.

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 03:08

Paulo

Citação:
Não podemos é querer que à 100 anos o Papa agisse com base naquilo que é hoje a percepção dos direitos humanos.
Anacronismos é que não, por favor.

Relativismos é que não, por favor!

pontosvista

Re: Cristianismo, verdade e relativismo
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 17 de July de 2006 03:17

Nao se trata de relativismo.
No sec XVI havia escravatura. No Sec XVIII os protestantes mataram "bruxas" em Salem nos EUA. Os direitos humanos evoluiram. EM 1900 as mulheres nao votavam.
Na Idade média nao havia esquentadores.
Cada tempo é o seu tempo, e deve ser analisado pela forma como se pensava e vivia então.Não segundo o pensamento de hoje.
E Agora desculpem... mas tenho de ir dormir... ja nao me aguento!

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