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Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: VMTH (IP registado)
Data: 01 de April de 2004 10:17

Carissimos,

Não posso deixar de participar para refutar o argumento non-sense que aqui o JMA refere, como louvável, como explicação para a não existência em Portugal de Missas no rito Tridentino.
Refere ele (o JMA) "Porque considero que tal facto demonstra que Portugal foi o único País europeu onde a Igreja do país recebeu plenamente o Concílio Vaticano II."

Bem, uma justificação destas só nos pode causar salutáveis gargalhadas, caro JMA! Apesar de acima, o Pedro B, já ter desmontado esta falácia, deixa-me dizer-te que tal expressão, a ser verdade, só revela como sintoma, uma Igreja acrítica, uma Igreja seguidista, uma Igreja que não olha para aos seus fiéis de sensibilidade Tradicional, e que os marginaliza, e não lhes oferece alternativas , empurrando-os para a "iligalidade" da FSSPX! Isso sim, é o que revela essa "Igreja modelo" que defendes!

Sm dúvida que o Bem aventurado D. Marcel Lefèbvre foi um Santo da nossa época, "trucidado" pelo arrogante poder da Cúria Romana! O Arcebispo NUNCA pretendeu criar uma outra Igreja, ou cisma como pretendem esses modernistas o rotular. Apenas quis ser católico como sempre o foi.

O Arcebispo D. Marcel Lefèbvre foi sem dúvida alguma uma das mais luminosas figuras da nossa Igreja do passado século, só equiparado às figuras de outros grandes bispos como Eugeni Pacceli (futro Pio XII) ou o grande Papa Pio X (o Papa mais anti-modernista, mais anti-maçonaria, mais anti-socialista na História da Igreja) e curiosamente o último Papa a ser canonizado pela nossa Santa Madre Igreja! S. Pio X é um Santo! Respeitem-no! Vão ler as suas encíclicas!

O Arcebispo D. Marcel Lefèbvre, o seu único "pecado" foi ser sempre fiél às palavras do Apóstolo S. PAULO: "Tradidi vobis quod et accepi" - Eu vos transmiti, o que recebi!

O que aconece aqui nestes foruns, e nas palavras do JMA em particular é uma tentativa infame e abjecta de querer FOÇAR à "excomunhão" aqueles que se sentem dentro da Igreja, embora tenham sensibilidades diferentes da sua!
Olhe, o Concílio Vaticano II ensina-o certamente a ser ecuménico. Desafio-o a começar com essa tentativa ecuménica em primeiro lugar, para com esses seus irmãos CATÓLICOS tradicionalistas!

Um abraço a todos do,

VMTH

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 02 de April de 2004 23:19

Caro PedroB,

Desconhecia que aqueles que apontei eram ainda outros. Como dizem mais ou menos a mesma coisa que vi aqui escrito pelos auto-intitulados Tradicionalistas e reconhecem como último papa o Pio XII pensei que tinham a ver com a fraternidade Pio X. As minhas desculpas a alguém que se tenha ofendido.

Tinham ficado algumas questões por comentar. Dizes que "O Concílio foi importante mas não criou uma nova Igreja. A Igreja é a mesma, os dogmas são os mesmos, a verdade é a mesma."
Sim e Não.

Se queres dizer que a Igreja é na sua essência a mesma, que as verdades da Fé são as mesmas, estou de acordo. Aliás as verdades da Fé têm sido perenes ao longo da história.

Já no que diz respeito à visibilização da Igreja e a sua actuação no mundo, aí temos uma nova Igreja.
Mais correctamente diremos uma Igreja renovada, revitalizada, refontizada.

E não me parece de modo algum que o Concílio passe uma esponja sobre o que quer que seja: pelo contrário parece-me que vai precisamente realimentar-se na Bíblia e na Sagrada Tradição - a mesma Tradição que foi esquecida sempre que era "conveniente"pelos que ora se auto-denominam de "tradicionalistas".

João (JMA)

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 02 de April de 2004 23:59

VMTH,

Grande Portugal este, que assim se comportou. Resultado de uma Igreja adulta, como já disse, com a consciência do mundo em que vive, e muito ciente da Sagrada Tradição. Tão ciente dela, que não se auto-intitula Tradicionalista. Intitula-se Católica. Una, Santa, Católica e Apostólica, mais precisamente.

Falas na marginalização da tua fraternidade, mas ela é uma auto-marginalização. Ninguém vos fechou as portas. Nem a Igreja pode alguma vez fazê-lo. O mandato que recebeu foi de evangelizar, não de fechar as portas. Se houve alturas em que o fez, foi precisamente antes do 2º Concílio do Vaticano.

Espero não me enganar agora com outro movimento semelhante (como me enganei com os sedevacantistas, que pensei serem a mesma organização) mas há poucos anos em Santos, no Brasil um movimento que se encontrava auto-marginalizado reintegrou-se na Igreja. E penso que tinha precisamente a ver com a tua fraternidade.

Quanto ao teu "santo bispo", tem uma particularidade curiosa: é o único santo excomungado. Um passo original para a canonização... :o))

O teu último parágrafo é um total disparate. Hás-de dizer onde e quando me viste defender a excomunhão, para o teu caso ou para outro, que eu gostava de ver.

Quanto ao ecumenismo, não sou grande modelo. Mas tenho todo o prazer em tentar uma iniciativa ecuménica com os irmãos tradicionalistas.
Desde que não seja assistir a uma missa em latim. Aí há outros mais vocacionados para o efeito.

João (JMA)

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 03 de April de 2004 00:22

Aliás, para ser Tradicionalista a sério a missa deveria ser em aramaico, não em latim

João (JMA)

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 03 de April de 2004 06:34

Caro VMTH:

Escreveste: «O que acontece aqui nestes foruns, e nas palavras do JMA em particular é uma tentativa infame e abjecta de querer FOÇAR à "excomunhão" aqueles que se sentem dentro da Igreja, embora tenham sensibilidades diferentes da sua!»

O Avlis parece dizer o mesmo. Ora, peço-vos, a ti e ao Avlis, que materializem as acusações. Quem, neste fórum, disse que tu estás excomungado pelo facto de assistires às missas da FSSPX?

Peço uma resposta directa aos dois, sem rodeios, de preferência com citações.

Alef

PS.: 1. Estranho que não tenhas respondido à minha primeira mensagem neste mesmo tópico, de 09/03/2004, às 01:33 ([www.paroquias.org]), em resposta à tua primeira mensagem neste mesmo tópico. Será assim tão desprezível?

2. E espero que tenhas lido também a mensagem de 29/03/2004, às 14:34 ([www.paroquias.org].

3. Já agora, uma discordância em relação a uma ideia não significa necessariamente um ataque à pessoa que a proferiu... Aqui discutem-se ideias, não pessoas.

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: PedroB (IP registado)
Data: 05 de April de 2004 22:52

Caro JMA

Parece que estamos de acordo em alguns pontos.

Qualquer Concílio serve para revitalizar a Igreja. Com o Concílio Vaticano II passou-se a mesma coisa. O perigo está em sobre-valorizar o concílio como se uma nova Igreja tivesse sido criada nos anos 60.

Não a Igreja é a mesma, as suas verdade de fé e os seus fundamentos são os mesmos. As suas grandes fontes continuam a ser as Sagradas Escrituras e a Santa Tradição. O Ecumenismo não pode ser visto como contraia à vocação missionária da Igreja.

Quanto à FSSPX creio que de facto acabará por se reaproximar a Roma ao exemplo do que aconteceu com os Padres da Diocese de Campos (não se Santos como por lapso afirmas).

Finalmente quanto à Missa em Latim, que aliás é a "lingua oficial" da Igreja, nem eu (e penso que nem o VMTH) pretendemos exigir o fim das Missas como as conhecemos.

O que se pretende é que haja a possibilidade de se assistir às Missas no Rito. Aliás, para além do rito ser incomparavelmente mais rico do ponto de vista espeiritual a utilização do Latim tem grandes vantagens. Independete do rito, é de facto triste que o povo de Deus não saiba já responder a uma Missa em latim seja no rito Tridentino seja no rito do Concílio.

Caro VMTH

É de facto com bastante esperança que se constata que quer o ALEF quer o JMA te consideram como fazendo parte da sua Igreja, e não consideram os frequentadores da FSSPX como excomungados. Bom sinal é igualmente o facto do ana aparentemente te considerar fora da sua Igreja Católica.

Um abraço

Pedro B

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 05 de April de 2004 23:21

PedroB,

O Concílio não criou uma nova Igreja, a Igreja é a mesma, mas como o título deste tópico diz, deu-lhe uma grande lufada de ar fresco. Mesmo assim, penso que houve quem tivesse medo de um resfriado, e poder-se-ia ter ido mais além. Mas decerto que outros Concílios haverá e "Roma não foi feita num único dia...".

Já coloquei aqui a questão, mas é provável que tenha passado despercebida que tem a ver com a missa no rito Tridentino. Aquilo que pergunto é o "porquê" do Rito Tridentino e não outro rito anterior? Será por apenas esse ser mais recente e um pouco mais conhecido que outros mais antigos e pré-Trento?

Não considero que seja "triste", como dizes, que as pessoas não saiba participar activamente numa missa em Latim. Afinal, quantos portugueses tiveram aulas de Latim, para poderem compreender aquilo que estão a dizer? O Latim tornou-se a língua oficial da Igreja, porque a Igreja passou a ser a Igreja Oficial do Império Romano. Ora, isso já não acontece há muitos séculos. Daí que talvez seja de considerar o abandono do Latim como "língua oficial".

Penso que seria muito útil e positivo substituir a língua oficial - Latim - por um conjunto de línguas mais faladas em todo o mundo: italiano, inglês, espanhol, português, francês, alemão e russo, por exemplo. Qual é a vossa opinião?

Quanto às excomunhões, acho que neste fórum usa-se o termo com tanta frequência que pode dar a sensação que a excomunhão é uma coisa muito frequente na Igreja. Por tudo e por nada, está-se excomungado!?! O que não corresponde à verdade. Muito típico da chamada "evangelização pelo medo". Ora, sou defensor do modelo de "evangelização pelo amor".

Luis

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 05 de April de 2004 23:21

PedroB:

Dizes que «As suas [da Igreja Católica] grandes fontes continuam a ser as Sagradas Escrituras e a Santa Tradição».

Esta formulação é bastante conhecida mas é incorrecta e foi rejeitada pelo Concílio Vaticano na discussão da Constituição Dogmática "Dei Verbum". Os documentos preparatórios tinham essa formulação, mas os "periti" mostraram que essa formulação é incorrecta e não corresponde sequer ao que afirma o Concílio de Trento, mas sim a formulações neoescolásticas pós-Trento. Correcto é dizer, como afirma a "Dei Verbum", que a fonte de Revelação é uma só, Jesus Cristo, que nos chega através da Bíblia e da Tradição. As consequências das duas formulações são bastante importantes e diferentes.

Alef

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: PedroB (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 10:20

Caro Luis

De facto o Latim tem grandes vantagens em relação às outras linguas que citaste.

Em primeiro lugar há toda a conveniencia que a Igreja tenha uma "lingua" (independentemente de se rezar Missas em vernáculo). Numa altura em que a globalização é evidente a universalidade da Igreja manifesta-se d eforma mais evidente com uma uníca lingua.

Quem já não passou pela experiencia de assistir a Missas no estrangeiro. De facto, seria importante que para os Católicos tivessem em cada lugar, oportunidade de assistirem a Missas em Latim, iguais em todo o mundo.
É verdade que que nem toda a Missa é em Latim mas em virtude do costume dos fieis levarem missais bilingue para as Missas esse problema estaria resolvido.

Outro grande conveniencia do Latim é que é uma "lingua morta". Qualquer linguista sabe que o significado das palavras nas linguas vivas altera-se com o passar das décadas. Muitas das pelavras portuguesas têm hoje um significado diferente do que significavam 100 anos atrás. O mesmo acontece com todas as linguas vivas. Nas linguas mortas isso não acontece. Daí a necessidade de conservar o "depósito" da Igreja em Latim, lingua morta. Passar esse "depósito" de conhecimento e verdade para Inglês, Espanhol ou Português seria uma autentica desgraça.
Evidencia disso está nas autenticas vergonhas que resultaram de algumas traduções inclusive da reforma liturgica. Hoje em dia temos orações diferentes, com sentido diferente graças às comissões de tradução e à propria evolição do sentido de algumas palabras das linguas vivas.
Sobre este ponto das traduções haveria muito a dizer, talvez um dia um tópico neste forum se possa suscitar um debate construtivo sobre o que bem e de mal se fez no que respeita às traduções.

Finalmente, mas mais importante de tudo o Latim é uma lingua Sagrada.

No que se refere ao rito tridentino perguntas por que não um rito aramaico ou outro. Desconheço os ritos em causa mas, repito, nada me move contra outros ritos da Igreja, se algum movimento quiser recuperar algum rito antigo não tenho nada contra. O que se pretende não é impor o rito tridentino a todas as pessoas nem proibir o novo rito ou qualquer outro seja aramaico, bizantino etc. O que se pretende é, somente, ver reconhecido o direito de de celebrar a Missa no rito Latino chamado Tridentino sem excluir o novo ou qualquer outro que católicos entendam legitimamente recuperar. Táo simples como isso.

Saudações

Pedro B

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: PedroB (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 10:25

Caro Alef

Desconhecia, confesso, a formulação do "Dei Verbum".

A formulação em causa será então a correcta "A fonte de revelação é só uma Jesus Cristo que nos chega através da Biblia e da Tradição".

Saudações

Pedro B

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 12:27


PedroB,

Embora compreenda que possa haver algumas vantagens no facto da Igreja ter uma "língua oficial", não vejo que isso aconteça se a língua oficial for o Latim. Por exemplo, o Novo Testamento foi escrito em Grego porque era a língua mais "internacional" da época. Um pouco como o Inglês é hoje. Mesmo sendo o Latim a língua oficial do Império, os autores bíblicos optaram pelo Grego por ser muito mais conhecido. O caminho que a Igreja de hoje deveria seguir. Por exemplo, se uma das línguas que o Papa tem que saber é o Italiano pois ele é o Bispo de Roma, porque não adoptar o Italiano como língua oficial?

A vantagem que apontas para o facto do Latim ser uma língua morta, eu penso que é uma desvantagem: a sociedade evolui e o mesmo acontece com a sua linguagem. Pergunto: se o Latim é uma língua morta e não evolui, como se consegue expressar determinados conceitos novos em Latim?

Quanto às traduções, não podemos esquecer que a própria Vulgata é uma tradução, e tem os seus erros!

Para terminar, não estou de acordo contigo quando dizes que o Latim é uma língua sagrada. Não vejo qualquer razão para tal: o Latim não é sequer utilizado nos originais bíblicos (embora não seja por isso que o hebraico, aramaico ou grego fosse sagrado). Foi apenas utilizado como língua oficial do Império Romano, mas isso não a torna "Sagrada", pelo menos, para os cristãos. A ter que haver uma língua sagrada seria o hebraico (ou aramaico) porque terá sido nessa língua que os mandamentos foram escritos, e que Jesus Cristo terá utilizado para pregar. Mas pergunto, Jesus Cristo não se revelou para todos os homens e mulheres à face da Terra, independentemente da língua em que eles comuniquem?

Luis

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: TZM (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 14:37

Eu tenho alguma experiência de actividades internacionais, designamente com a metodologia que a comunidade de Taizé adoptou na utlização das línguas ...

O Latim é muito utilizado em cânticos, mas procurando sempre que sejam cânticos curtos e repetitivos para que seja fáceis de aprender. Astraduções estão disponíveis.

Depois há muitos cânticos em várias línguas, com as mesmas característcas. É interessante ver milhares de pessoas cantar também em polaco, russo, alemão, espanhol ou português. Ou ver cânticos em Latim serem acompanhados por solos em mais diversas línguas.

As leituras bíblicas nas orações e na eucaristia são lidas em Francês e Inglês (sempre) e em mais uma ou duas línguas, dependendo dos países mais representados nessa semana .

A missa é celebrada em francês. Mas há uma pequena capela na cripta onde os grupos de cada país podem celebrar na sua língua. Não sei como fazem os ortodoxos, na capelinha onde celebram ...

Quanto às introduções bíblicas, normalmente os irmãos falam em inglês ou francês e depois, as pessoas de cada país agrupam-se de forma a permitir que um delez traduza. Às vezes é uma autêntica babael.


Nas reflexões em grupo (10 a 12 pessoas) procura-se que haja pelo menos duas línguas comuns. É normal alguem falar em polaco, ser traduzido para inglês e depois para partuguês, e vice versa. Parece confuso mas permite uma partilha muitas vezes menos dispersa e mais concisa.

Nunca ouvi dizer que ninguém tivesse tido dificuldade em rezar com os outros ou em reflectir em conjunto por questões de língua. E já estive lá com pessoas modestas, com poucos estudos, e que mal se exprimiam em português...

vamos ter oportunidade de ver tudo isto funcionar em Dezembro

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: PedroB (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 17:24

Caro TZM

Parece-me de facto uma solução interessante e funcional que consegue compatibilizar bem a existencia das várias comunicades sem que uma lingua acabe por ofuscar as outras e com isso se consiga uma participação de todas as comunidades nos vossos encontros.

A questão da Missa ser celebrada em Francês prende-se com o facto dos encontros serem em França, ou mesmo em Portugal as Missas serão celebradas em francês?

Pedro B

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 18:02

Caro Pedro B:

Dizes que «Outro grande conveniencia do Latim é que é uma "lingua morta". Qualquer linguista sabe que o significado das palavras nas linguas vivas altera-se com o passar das décadas. Muitas das pelavras portuguesas têm hoje um significado diferente do que significavam 100 anos atrás. O mesmo acontece com todas as linguas vivas. Nas linguas mortas isso não acontece. Daí a necessidade de conservar o "depósito" da Igreja em Latim, lingua morta. Passar esse "depósito" de conhecimento e verdade para Inglês, Espanhol ou Português seria uma autentica desgraça.»

Aparentemente o que dizes está correcto, mas envolve uma falácia e creio que uma grande incorrecção. É preciso ter em conta que o simples manter de uma palavra latina não significa que a entendamos exactamente como o entendiam os cristãos so século IV. E a nossa religião não é uma religião de magia, onde as palavras valem por si, sem referência ao sujeito que as pronuncia.

Em vez de teorizar demasiado, vejamos um exemplo prático. Um dos problemas difíceis que se relaciona com a evolução do significado das palavras tem a ver com a palavra “pessoa”, que é fundamental na teologia trinitária. A palavra grega “prósopon” foi traduzida por “persona”. Acontece que desde então o conceito de pessoa mudou, sobretudo desde o início da Idade Moderna, adquirindo este conceito a conotação de indivíduo. Isto significa que se entendermos hoje as “Três Pessoas Divinas” da Santíssima Trindade como “três indivíduos” no sentido que a palavra tem hoje, estamos muito longe da definição dogmática e certamente em “heresia”. Pergunto: é mantendo a palavra latina “persona” que evitamos isso? De modo nenhum (!), porque nenhum de nós pensa em latim, mas lemos “persona” como “pessoa” e querendo ou não, atribuímo-lhe a conotação presente. Neste sentido, seria muito mais defensável manter o conceito grego, porque esse conceito não corresponde exactamente a “Pessoa”, obrigando-nos a manter a viva a certeza da imprecisão da tradução. A manutenção do termo “prósopon” é algo que já defendi e discuti neste fórum em [www.paroquias.org]. Como isto é pouco “prático” e à falta de melhor tradução, digo também que usemos o termo “pessoa”, mas com a consciência de que o termo hoje está algo desajustado. Mas não é usando “persona” em vez de “pessoa” que o problema se resolve.

Alef

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: PedroB (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 18:28

Caro Alef

Concordo basicamente com o que diz. No entanto, no fundo o que diz acaba por confirmar quer a utilizade de utilização de linguas mortas para o depósito das verdades de fé, quer o especial cuidado que tem de se ter nas traduções. Quanto a este aspecto muito disparate se fez e se continua a fazer.

Vejamos um exemplo prático. A "oração" mais repetida numa Eucaristia

Varsão latima
Dominum Vobiscum
Et cum spiritu tuo

Versão Portuguesa
O senhor esteja convosco
Ela está no meio de nós

Será a mesma coisa? Se então se fizer uma comparação com outras linguas parece que muitas vezes rezamos de forma diferente.

Não quero com isto defender que se abandone as Missas em vernáculo, longe de mim tal intenção, mas parece-me de facto que tanta comissão e acabou por de fazer disparates em muitas das traduções perceptíveis por qualquer comum. Temo que se se abandonasse o latim como lingua oficial da Igreja que a prazo muito mais dificuldades surgiriam.

Saudações

Pedro B

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 18:55

PedroB,

Na minha opinião, o exemplo que citaste vem reforçar a necessidade de boas traduções e não a utilização do Latim per si. Para ser sincero contigo, talvez por ignorância minha (aceito isso), mas não faço a mínima ideia do que possa significar as expressões que escreveste em Latim (talvez exceptuando o 'Dominum' e o 'spiritu'). Caso um dia aprendesse a "responder" numa missa em latim, correria o risco de participar num ritual com frases feitas mas sem meditar no seu sentido. Aliás, isso já acontece por vezes e trata-se de línguas vernáculas, quanto mais se for uma língua que não se domina.

Defendo o progressivo abandono do Latim como língua oficial da Igreja, não só na missa, como já acontece, mas também na elaboração de documentos, como meio de comunicação, etc. Talvez aconteça de forma inconsciente, mas a preservação do Latim como língua oficial é sinal da manutenção da Igreja absolutista-monárquica à semelhança do que acontecia com o Império Romano. A Igreja tem de ser comunhão, tal como nas comunidades primitivas, e essas, comunicavam nas suas próprias línguas. A Igreja hoje tem de saber adaptar-se ao novo mundo, e utilizar os meios mais adequados, onde se inclui a língua com que se comunica.

Além disso, parece-me que o uso do Latim corre o risco de ser um factor de discriminação dentro do próprio colégio dos bispos: terá um bispo africano, asiático ou americano a mesma capacidade e fluência no Latim como um bispo europeu, ou melhor ainda, um bispo italiano? Não será também por causa do Latim que existe uma desproporção no número de cardeais e bispos italianos comparativamento com as outras nacionalidades, já para não falar dos bispos da Cúria?

Luis

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 19:17

Caro Pedro B:

Tanto quanto sei (um importante liturgista contou-me isto há uns anos), o problema da tradução para português do "Et cum spiritu tuo" não é um problema de tradução propriamente dito, mas uma objecção importante por parte dos bispos brasileiros (ou da sua comissão litúrgica) para a tradução literal "E com o teu espírito", por causa da forte influência do espiritismo no Brasil, que se prestaria a equívocos e a sincretimos.

Será que mantendo a expressão latina o problema deixa de existir? Não é isto apenas a confirmação subreptícia de que é bom que as pessoas não entendam o que dizem? Bom, não tenho entrado muito nestas questões, que em alguns aspectos me parecem bizantinas e contraditórias...

Contudo, vale a pena ver este pormenor que invocaste. Se na liturgia tridentina há lugar para as leituras e homilia em latim (para que se entenda), tem sentido que num aspecto tão simples como uma saudação ao "povo", este responda mecanicamente numa língua que não é a sua?

De qualquer forma, concordo que a tradução portuguesa para o "Et cum spiritu tuo" é pouco feliz. A forma inglesa "And also with you" ("E contigo também") não traz os problemas apontados pelos bispos brasileiros e corresponde mais ao original latino.

Só que usar estes exemplos, por válidos que sejam, não validam a tua tese da necessidade de manter os textos em latim para evitar problemas. Além dos textos doutrinais, também os textos litúrgicos latinos trazem problemas, mesmo quando mantidos em latim.

Dou um exemplo importante na cultura anglo-saxónica, sobretudo nos EUA. Como é sabido, as palavras do inglês actual não têm género gramatical e actualmente nos EUA são muitas as faculdades de teologia que proíbem os seus alunos de atribuir a Deus os pessoais ou possessivos masculinos: a chamada linguagem inclusiva. Por exemplo, não se pode dizer "God reveals himself", mas "God reveals God's self". Será que usar a língua latina neste contexto não faz mais do que criar mal-entendidos teológicos? Por exemplo, que "mensagem subliminar" se transmite (querendo ou não) para uma cultura que não conhece os géneros gramaticais (e tende a confundi-los com a distinção sexual) a insistência no masculino "Spiritus" ou "Deus"? Já pude verificar estes problemas por muitas vezes. Não estou com isto a construir nenhuma tese, mas simplesmente a dar conta de que a questão dos mal-entendidos das traduções não são "A RAZÃO" para manter o latim. Eles permanecem com o latim.

De resto, reduzir a questão da passagem do rito tridentino ao Novus Ordo para a mudança do latim ao vernáculo é um erro. Se essa fosse "A QUESTÃO", não teríamos um novo rito, mas uma simples tradução. A questão é muito mais profunda. O "Novus Ordo" recuperou elementos da Tradição que o rito tridentino tinha esquecido. Não inventou nada. O "Novus Ordo" é mais tradicional que o rito tridentino! De resto, as primeiras Eucaristias foram em vernáculo, não em latim! ;-)

Alef

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 19:23

Oops, uma gralha uma gralha importante.

Onde se lê: «Contudo, vale a pena ver este pormenor que invocaste. Se na liturgia tridentina há lugar para as leituras e homilia em latim (para que se entenda)...»

leia-se: «Contudo, vale a pena ver este pormenor que invocaste. Se na liturgia tridentina há lugar para as leituras e homilia em LÍNGUA VERNÁCULA (para que se entenda)...»

Alef

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: PedroB (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 19:29

Caro Alef

Essa discussão dava de facto pano para mangas. Mas não é a minha discussão.

Como já te referi não tenho nada contra o Novus Ordu e para mim pouco releva qual o mais tradicional. O que defendo e pretendo ver autorizado por quem de direito é a possibilidade de se assistir à Missa Tridentina em Lisboa. Independentemente da bondade dos novos ritos, apenas pretendo ver reconhecido a possibilidade de, para os que como eu preferem o rito tridentino, terem a possibilidade de todos os Domingos assistirem a uma Missa em que se sintam melhor.

Saudações

Pedro B

Re: Vaticano II: uma lufada de ar fresco na Igreja, há exactamente 40 anos!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de April de 2004 19:39

Pedro B:

Diz-me uma coisa: qual é para ti o mais importante: que a missa seja em latim ou que seja celebrada no rito tridentino? É que o Novus Ordo também é latino! Aceitarias de bom grado que o "Novus Ordo" fosse celebrado em latim ou preferes o rito tridentino, tal qual?

Alef

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