Fóruns Paroquias.org
paroquias.org

  A participação no Fórum Paroquias.org está condicionada à aceitação das Regras de Funcionamento.
Inteligência Espiritual
Fóruns Paroquias.org : Geral

 

Ir para tópico de discussão: AnteriorPróximo
Ir para: Lista de fórunsLista de mensagensNovo tópicoPesquisarEntrar
Página actual: 10 de 19
Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 01:50

O padre Gabriele Amorth é sacerdote da Pia Sociedade de São Paulo. É exorcista da Diocese de Roma. Foi Nomeado pelo Papa. Não se trata de um zé quintolas qualquer.
Paralelamente a este tema, podemos usara Congregação para a Causa dos Santos. Esta congregação, dedica-se a estudar a vida daqueles que são propostos pelas dioceses para serem beatificados ou canonizados. Para que tal aconteça, é necessário um milagre. Isto é, algo que a ciencia não consegue explicar. Habitualmente trata-se de curas devidas à intervenção junto de Deus daquela pessoa. Para tal, na dita congregação, ha uma equipa de médicos que se dedicam a estudar os casos. E O milagre é proclamdo quando a ciencia não encontra explicação.
Conforme a Catolicapraticante afirma,os livros devem ser censurados primeiro. Passarem pelo crivo cientifico, teologico. O Padre Amorth sendo Exorcista em ROma com nomeação papal, certamente que o crivo teologico passa. Aliás deve ter mais competencia ele no campo teologico do que a Catolicapraticante.
A questão da ciencia, nesta área, é precisamente a antitese. É que não estamos no ambito da fisica, mas da metafisca. Por consequencia, o metodo dito cientifico, experimental, não tem qualquer validade.
Sendo esta questão delicada, o Padre Amorth tem-na procurado tratar com sabedoria nos seus livros.
É lamentavel alguem poder criticar um autor que não leu. Apenas folheou na Fnac. Não se leem livros de 200 paginas numa tarde na Fnac.
A critica é ligeira, de quem não conhece a àrea, o que é natural,
A Canonização é pois a confirmação de que há coisas que a ciencia não pode explicar. Por intervenção divina. Por limitação da nossa inteligencia.
A possessão demoniaca é algo real e verdadeira, está na escritura e na tradição da Igreja.
Não é aceite pela Igreja a falsidade de que todos os casos de possessão são patologias psiquiatricas. É preciso destinguir uma da outra. E o Padre Amorth fa-lo e bem. Primeiro procura averiguar se se trata de alguma patologia do foro psiquiatrico, o que segundo ele acontece na maioria dos casos. Mas em 100 casos, 15 são reais.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Gustavo Pinto (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 02:59

Caro Paulo,
Não podia estar mais de acordo consigo! Como é que se pode se pode ler e criticar um livro de 220 páginas, cheias de conhecimento! Se a Cp tivesse lido o livro "Exorcistas e psiquiatras"(recomendo-o que o faça) concluirá que não é ficcção. O próprio Padre Amorth conta que um psiquiatra, de renome internacional, não crente, solicitou a colaboração dele! Mais, o autor conta como é feita a abordagem do exorcismo - pede primeiro toda a informaçaõ médica daqueles que vão ter com ele!

Sinceramente gostava q me dissessem como é que se pode negar a existencia de Santos, milagres, curas, libertações.... Jesus permanece entre nós, o Espírito Santo continua actuante, a soprar os seus dons.... Isto é seguro que a ciência nunca o mostrará! Para acreditarmos no que acabo de dizer temos que ver com os "olhos da fé"! A fé não se vive com os "olhos do mundo".

pergunto: só houve milagres no tempo de Jesus? A oração não cura? O exorcismo não será uma oração, ainda que especial? Por favor... quem diz que , muito resumidamente, a cura não surte qualquer efeito será verdadeiro cristão? Gostava de saber o que pensam...

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: luis (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 07:09

Alguns links:

Igreja Católica recruta novos estudantes exorcistas:
Um trabalho dos diabos mas alguém tem que o fazer.


Novo ritual do exorcismo: a Igreja Católica reafirma a existência do demónio.


Entrevista com o padre Gabriel Amorth:
Como a igreja hesita entre o Não o Sim e o Nim. E como o desconhecimento sobre o trabalho dos exorcistas existe mesmo entre as mais altas esferas da hierarquia.

Como não consegui estabelecer correctamente o link para o site:
TheCatholicLibrary.org deixo aqui o texto na integra:

The Reform of the Rite of Exorcism

[This interview was originally published in the June 2000 issue of 30 Days, a popular Catholic magazine based in Italy.]
The Smoke of Satan in the House of the Lord

30 Days: Father Amorth, the Italian translation of the new Ritual for Exorcists is finally ready.

Father Gabriel Amorth: Yes, it is ready. Last year the CEI didn't want to approve it because it contained errors in the translation from Latin to Italian. And we exorcists, the ones who would have to use it, we took the opportunity to point out that, on a number of points, we were in disagreement with the New Ritual. But the underlying Latin text has remained the same in this revised translation. This long-awaited Ritual has turned into a farce. An incredible obstacle that is likely to prevent us acting against the demon.

30 Days: A heavy accusation. What is it that you are thinking of?

Fr. Amorth: I will give you but two examples. Two spectacular examples. Point 15 treats of evil spells and how one should behave when dealing with them. An evil spell is an evil brought about on a person by means of recourse to the devil. It can be accomplished under a variety of forms like spells, curses, the evil eye, voodoo and macumba. The Roman Ritual used to explain how one should confront it. The New Ritual on the other hand categorically declares that it is absolutely forbidden to perform exorcisms in such cases. Absurd. Evil spells are by far the most frequent causes of possessions and evil procured through the demon: at least 90% of cases. It is as good as telling exorcists they can no longer perform exorcisms. Then Point 16 solemnly declares that one should not carry out exorcisms if one is not certain of the presence of the devil. This is a masterstroke of incompetence: the certainty that the devil is present in someone can only be obtained by carrying out an exorcism. What is more, the authors of the Ritual failed to notice that on two points they were contradicting the Catechism of the Catholic Church. For this points out that exorcism should be practiced in cases of diabolical possession and in those of evil caused by the demon. And it also recommends that it be performed on people as well as on things. And in things, there is never the presence of the demon, there is only his influence.

The declarations contained in the New Ritual are very serious and very damaging. They are the fruit of ignorance and inexperience.

30 Days: But wasn't the New Ritual put together by specialists?

Fr. Amorth: Not at all! During these last ten years, two commissions worked on the Ritual; one which was made up of cardinals and which was responsible for the Praenotanda, that is to say the initial provisions, and the other which was responsible for the prayers. I can affirm with certainty that none of the members of these commissions had ever performed an exorcism, had ever been present at an exorcism and ever possessed the slightest idea of what an exorcism is. Here lies the error, the original sin of this Ritual. Not one of those who collaborated on it was an exorcism specialist.

30 Days: How is that possible?

Fr. Amorth: It is not me you should be asking. At the Vatican II Ecumenical Council, each commission was aided by a group of experts who assisted the bishops in their work. And this custom was kept up after the Council, every time that parts of the Ritual were redrafted. But not this time. And yet, if there were ever a subject that demanded the participation of specialists, it was truly this.

30 Days: And yet?

Fr. Amorth: And yet we exorcists were never consulted. And what is more, any suggestions that we were able to make were unfavorably received by the commissions. It is a paradoxical history. Do you want me to tell you what happened?

30 Days: Of course.

Fr. Amorth: As Vatican Council II had requested, the various parts of the Roman Ritual were gradually revised. We exorcists were waiting for title 12 to be addressed, that is to say the Exorcism Ritual. But apparently this Ritual was not considered an important subject, for the years went by and nothing happened. Then, quite unexpectedly, on 4 June 1990, there was published a Ritual ad interim, that is a trial Ritual. This was a real surprise for us, as we had not been consulted beforehand. And yet we had prepared a whole series of requests in view of the Ritual's revision. We were asking, among other things, that the prayers might be amended so that invocations to the Virgin, which were completely absent, might be incorporated, and that the number of prayers specifically relating to exorcism might be augmented. But we were not given the chance to make any kind of contribution. However, we were not discouraged: after all the text had been drawn up for us. And as in his letter of presentation, the Prefect of the Congregation for Divine Worship at the time, Cardinal Eduardo Martinez Somalo, had asked the Episcopal Conferences to send in, over the following two years, "any advice and suggestions made by priests who would make use of it", we got down to work. I brought together eighteen exorcists, chosen from among the most expert on the planet. We examined the text with great attention. We used it. We immediately commended the first part in which the evangelical foundations of exorcism were summarized. This part deals with the biblical and theological aspect of the question, and on this head no lack of competence was apparent. It is a new section not found in the Ritual of 1614, which was composed under Pope Paul V; besides, at that time, there was no need to recall these principles, since the whole world knew them and accepted them. Today, on the contrary, this is indispensable.

But when we came to examine the practical part that demands a specific knowledge of the subject, the total inexperience of the writers really showed through. We made numerous observations, article by article, and we sent these on to all interested parties: the Congregation for Divine Worship, the Congregation for the Doctrine of the Faith, end the Episcopal Conferences. One copy was handed directly to the Pope.

30 Days: How were your observations received?

Fr. Amorth: Badly, and they achieved nothing. We had taken our inspiration from the dogmatic constitution Lumen gentium in which the Church is described as the "People of God". In number 28, it speaks of priests collaborating with bishops, and in number 37 it is clearly stated - and this applies to the laity also - that "by reason of the knowledge, competence and preeminence they enjoy, they are empowered, indeed sometimes obliged, to manifest their opinion on things that pertain to the good of the Church." This is exactly what we did. And we were ingenuous enough to think that the directives of Vatican II had found their way into the Roman Congregations. But instead we found ourselves up against a wall of rejection and derision.

The Secretary of the Congregation for Divine Worship gave a report to the Commission of Cardinals in which he said that those who had contacted him were bishops and not priests and exorcists. And with regard to our own humble attempt to help them by giving our advice as specialists, he added - and I quote verbatim - "One should also take note of the fact that a group of exorcists and "demonologues", who subsequently formed themselves into an international Association, were busy orchestrating a campaign against the rite." An indecent accusation: we have never orchestrated a campaign! The Ritual was intended for us, and yet not one competent person had been called upon by the commissions; so it was only to be expected that we should seek to make our contribution.

30 Days: Does this mean then that, for you, the New Rite is unusable in the struggle against the demon?

Fr. Amorth: Yes. They were looking to give us a blunt weapon. Efficacious prayers, prayers that had been in existence for twelve centuries, were suppressed and replaced by new ineffective prayers. But, as luck would have it, they threw us a lifeline at the last moment.

30 Days: What was that?

Fr. Amorth: The new Prefect of the Congregation for Divine Worship, Cardinal Jorge Medina, attached to the Ritual a Notification in which he specified that exorcists were not obliged to use this Ritual and that, if they wished, they could ask their bishop for authorization to use the old one. The bishops must in their turn ask for authorization from the Congregation which, as the Cardinal writes, "willingly accords it".

30 Days: "Willingly accords it"? That is a very strange concession...

Fr. Amorth: Do you want to know where it comes from? It comes from an attempt made by Cardinal Ratzinger, the Prefect of the Congregation for the Doctrine of the Faith, and by Cardinal Medina to introduce into the Ritual an article - it was article 38 at that time - which would authorize exorcists to use the previous Ritual. It was undoubtedly a maneuver in extremis to fend off on our behalf the grave errors found in the definitive Ritual. But the two cardinals failed in their attempt. Then Cardinal Medina, who had understood what was at stake in this matter, decided to grant us this lifeline anyway and he added a separate note.

30 Days: How do you exorcists see your position within the Church?

Fr. Amorth: We are very badly treated. Our brother priests who are charged with this delicate task are treated as though they are crazy, as fanatics. Generally speaking they are scarcely even tolerated by the bishops who have appointed them.

30 Days: And the most striking manifestation of this hostility?

Fr. Amorth: We organized an international congress of exorcists near Rome. We asked to be received by the Pope. To avoid pressurizing him and adding yet another audience to those he had already granted, we simply asked to be received in a public audience, that of Wednesday in Saint Peter's. We were not even asking him to address us his personal greetings. We made our request for an audience in the proper manner, as will be perfectly recalled by Mgr. Paolo de Nicolo of the Prefecture of the Pontifical House, who received our request very warmly. But on the day before the audience, Mgr Nicolo told us - to tell the truth, he was very embarrassed and it was very apparent that the decision did not depend on him - not to present ourselves at the audience, and that we had not been admitted. Unbelievable: 150 exorcists from five continents, men appointed by their bishops in accordance with the rules of canon law which requires that they be men of prayer, knowledge and good reputation - and thus in some way the cream of the clergy - ask to take part in a public audience with the Pope and are shown the door! Mgr Nicolo told me, "I promise to immediately send you a letter explaining the situation." Five years have passed and I am still waiting for this letter. It [was] certainly not John Paul II who excluded us. But the fact that 150 priests should be forbidden to take part in a public audience with the Pope in Saint Peter's shows what kind of obstacles exorcists encounter even within their own Church and to what extent they are frowned upon by a great number of ecclesiastical authorities.

30 Days: You fight against the demon every day. What is Satan's greatest success?

Fr. Amorth: To succeed in making people believe that he doesn't exist. And in this he has almost succeeded. Even within the Church. We have a clergy and an episcopate who no longer believe in the devil, in exorcisms, in the extraordinary evil that the devil can cause, nor in the power that Jesus has given us to drive out demons.

For three centuries, the Latin Church - in contrast with the Orthodox Church and various Protestant confessions - has almost entirely abandoned the ministry of exorcism. As the clergy no longer practice exorcisms, as they no longer study them and have never seen them, they no longer believe in them. And nor do they believe in the devil either. We have entire episcopates who are hostile to exorcisms. There are countries in which there is not a single exorcist, as for example Germany, Switzerland, Spain and Portugal. A terrifying deficiency.

30 Days: You did not mention France. Is the situation any different there?

Fr. Amorth: There is a book written by Isidore Froc, the best known French exorcist, entitled: Exorcists, who are they and what do they do? This work, translated into Italian, was written at the request of the French Episcopal Conference. Nowhere in this book is it stated that exorcists, in certain cases, perform exorcisms. And the author has several times stated on French television that he has never performed an exorcism and that he would never do so. Out of a hundred French exorcists, there are but five who believe in the devil and carry out exorcisms. All the rest send those who contact them to the psychiatrist. And the bishops are the main victims of this situation of the Catholic Church in which belief in the existence of the demon is in the process of disappearing.

Before this new manual appeared, the German episcopate sent a letter to Cardinal Ratzinger in which they declared that there was no need to create a new Ritual because exorcisms should no longer be performed.

30 Days: Is it down to the bishop to appoint exorcists?

Fr. Amorth: Yes. When a priest is appointed bishop, he is faced with an article in the Code of Canon Law which gives him absolute authority to appoint exorcists. The minimum one can ask of a bishop is that he has taken part in at least one exorcism, given that he has to make such an important decision. Unfortunately, this is almost never the case. But if a bishop finds himself before a serious request for an exorcism - that is to say one that has not been made by someone deranged - and he does nothing, he commits a mortal sin. And he is then responsible for the terrible sufferings endured by this person. Sufferings which sometimes last for years or even an entire lifetime, and which he could have prevented.

30 Days: Do you mean to say that the majority of the bishops in the Catholic Church are in a state of mortal sin?

Fr. Amorth: When I was a child, my old parish priest taught me that there are eight sacraments: the eighth is ignorance. And the eighth saves more than all the others together. To commit a mortal sin, there must exist grave matter, but also full awareness and deliberate consent. To fail to give one's aid is, for bishops, a grave matter. But these bishops are ignorant: there is therefore no deliberate consent and full awareness.

30 Days: But if one does not believe in the existence of Satan, does one's faith remain intact, is it still the Catholic faith?

Fr. Amorth: No. I will tell you a story. When I met Don Pellegrino Ernetti for the first time, a celebrated exorcist who had practiced in Venice for forty years, I said to him, "If I could speak to the Pope, I would tell him that I meet too many bishops who do not believe in the devil." The following afternoon, Father Ernetti came back to see me to tell me that that same morning he had been received by John Paul II. "Holiness," he had said to him, "there is an exorcist here in Rome, Father Amorth who, if he met you, would tell you that he knows too many bishops who do not believe in the devil." The Pope answered him briefly: "He who does not believe in the devil does not believe in the Gospel." That is the reply which was given to him and which I repeat.

30 Days: Explain to me if you would: does this mean that there are many bishops and priests who are no longer Catholic?

Fr. Amorth: Let us say that they do not believe in a Gospel truth. Therefore, I would possibly accuse them of propagating a heresy. But let us understand: someone is only formally heretical if he is accused of committing an error and he persists in it. But because of the situation in the Church today, no one would ever accuse a bishop of not believing in the devil or in demonic possession and of not appointing exorcists because he has no belief in these things. I could mention a great number of bishops and cardinals who, as soon as they had been appointed to a diocese, withdrew from all exorcists the faculty of exercising their powers. Or of bishops who openly maintain: "For myself, I do not believe in these things. They are beliefs of the past." Why is this? Because unfortunately there has been an extremely pernicious influence exerted by certain biblical experts, and I could mention the names of some very well-known people. We who every day come into close contact with the world beyond, we know that this influence has had a hand in many of the liturgical reforms.

30 Days: For example?

Fr. Amorth: Vatican Council II had asked for certain texts to be revised. But this order was disobeyed, as there was a desire to rewrite them all from scratch. No thought was given to the possibility of making things worse rather than better. And many rites were spoiled by this mania for jettisoning everything from the past and of rebuilding everything from top to bottom, as though the Church had, until today, hoodwinked and misled us, and as though there had now finally arrived a time of great geniuses, of super-theologians, of super-biblicists, of super-liturgists, who knew how to give the Church what was sound. It is all a lie: the last Council simply asked for these texts to be revised, not to be destroyed. The Exorcism Ritual, for example, was to be revised, not rewritten. There were prayers in it which had been in use for twelve centuries. Before suppressing these ancient prayers which had proved so efficacious, one should have thought long and hard. But no! We exorcists have all tried out the new prayers in the New Ritual ad interim and we have come to realize that they are absolutely ineffectual. But the rite of baptism for children has also been spoiled. It has been so drastically overhauled that the exorcism against Satan has virtually been eliminated. This had always held a very great importance for the Church, so much so that it is called the minor exorcism. Paul VI himself publicly protested against this new rite.

We find the same degeneration of the rite in the new benedictionary. I have read its 1200 pages minutely. Well! any reference to the fact the Lord must protect us against Satan, that the angels protect us from the attacks of the demon, has been systematically suppressed. All the prayers for the blessing of homes and schools have been suppressed. Everything should be blessed and protected, but today there is no longer any protection against the demon. There no longer exists any defense or any prayers against him. This same Jesus had taught us a prayer for liberation in the Our Father: "Deliver us from the Evil One. Deliver us from the Person of Satan." This prayer has been mistranslated and today people pray saying, "Deliver us from evil." One speaks of a general evil whose origin is essentially unknown. But the evil against which Our Lord Jesus taught us to fight is, on the contrary, a concrete person: it is Satan.

30 Days: You are in a privileged observation position: is it your impression that Satanism is spreading?

Fr. Amorth: Yes. Enormously. When the faith retreats, superstition makes progress. In biblical terms, I can say that people are abandoning God to give themselves up to occultism. The terrible retreat of the faith throughout the whole of Catholic Europe makes people throw themselves into the arms of magicians and fortunetellers, and satanic sects prosper. Devil worship is the object of great publicity among the masses through satanic rock and celebrities like Marilyn Manson. Children are also under attack: there are magazines and comic strips that teach magic and Satanism.

Spiritualist seances in which the dead are called up to answer certain questions are very widespread. People are now being taught to perform spiritualist seances through the computer, the telephone, the television, the video recorder, but above all through automatic writing. No longer is there a need for a medium: this is a spiritualism that each can practice by himself. According to polls, 37% of students have on at least one occasion played the game with letters and a glass, which is a veritable spiritualist seance. In a school where I had been invited to speak, the students told me that they used to play this game during the religion lesson, under the obliging eyes of the teacher.

30 Days: And does this work?

Fr. Amorth: There is no difference between white magic and black magic. When magic works, it is always the work of the demon. Every form of occultism, like this widespread resort to the religions of the East with their esoteric suggestions, are open gateways to the demon. And the devil enters. At once.

In the case of the Sister who was killed at Chiavenna and in that of Erika and Omar, the two adolescents from Novi Ligure who killed Erika's mother and little brother, I had no hesitation in stating immediately that diabolical intervention was involved, because these children had given themselves up to Satanism. The police inquiry subsequently showed that they were following Satan, that they had satanic books.

30 Days: How does the demon set about seducing people?

Fr. Amorth: His strategy is always along the same lines. I have told him this and he admits it.. He makes people believe that hell does not exist, that sin does not exist, and that he is nothing but one more experience to try out. Concupiscence, success and power are the three great passions on which Satan relies.

30 Days: How many cases of demonic possession have you encountered?

Fr. Amorth: About a hundred. I have stopped counting.

30 Days: A hundred? But that is an enormous number. In your book you say that cases of possession are rare.

Fr. Amorth: And indeed they are. Many exorcists have encountered nothing but cases of diabolical harm. But I have inherited the "clientele" of a famous exorcist, Father Candido, and therefore cases which he had not as yet resolved. Moreover, exorcists send me their more resistant cases.

30 Days: What is the most difficult case you have ever met?

Fr. Amorth: It is one I am "treating" at this moment, and that for two years now. It is the young girl who was blessed - it was not a true exorcism - by the Pope in October, at the Vatican, and whose case caused a great stir in the press. She is buffeted twenty-four hours a day and is the victim of unspeakable torments. The doctors and psychiatrists can make nothing of this. She is completely lucid and very intelligent. A truly sad case.

30 Days: How does one become a victim of the demon?

Fr. Amorth: One can be subjected to the attacks of the demon in four cases. Either because it constitutes a blessing for the person and such is the case with many of the saints, or because of irreversible persistence in sin, or because one is the victim of a curse uttered in the name of the demon, or else when one gives oneself up to practices of occultism.

30 Days: During the exorcism of possessed persons, what kind of phenomena occur?

Fr. Amorth: I recall an illiterate peasant who, during an exorcism, spoke to me only in English and I had to have an interpreter. There are people who manifest a superhuman strength, others who completely levitate from the ground and whom it is impossible even for several men to keep seated in their armchair. But it is only the context in which these phenomena occur which makes us speak of demonic possession.

30 Days: Has the devil ever harmed you personally?

Fr. Amorth: When Cardinal Poletti asked me to take on this role of exorcist, I recommended myself to the Virgin: "Envelop me in Thy mantle and I will be in total security." The demon has often threatened me, but he has never harmed me.

30 Days: Don't you ever feel afraid of the demon?

Fr. Amorth: Me, for that animal? It is he who should be afraid of me; I act in the name of the Lord of the world. But as for him, he is nothing but God's monkey.

30 Days: Father Amorth, Satanism is spreading more and more widely. The New Ritual, in practice, prevents the carrying out of exorcisms. Exorcists are prevented from taking part in an audience with the Pope in Saint Peter's. Tell me frankly: what is going on?

Fr. Amorth: The smoke of Satan has entered everywhere. Everywhere! Perhaps we were excluded from the audience with the Pope because they were afraid that such a large number of exorcists might succeed in chasing out the legions of demons that have installed themselves in the Vatican.

30 Days: You are joking, aren't you?

Fr. Amorth: It may seem like a joke, but I do not believe it is. I have no doubt about the fact that the demon tempts the authorities of the Church especially, just as he tempts every authority, those of politics and industry.

30 Days: Are you saying then that here as well, as in all wars, Satan wishes to conquer the enemy's stronghold in order to take the enemy generals prisoner?

Fr. Amorth: It is a winning strategy. It is one that is always applied. Especially when the adversary's defenses are weak. Satan is also attempting it. But, thank Heaven, it is the Holy Spirit who directs the Church: "The gates of hell will never prevail." Despite the defections. And despite the betrayals, about which one should not be surprised. The first betrayal was the work of one of the closest Apostles of Jesus: Judas Iscariot.

Yet, despite this, the Church continues on her way. The Holy Spirit keeps her going and that is why Satan's attacks can only be partially successful. Admittedly, the demon may win battles, and even important battles. But never the war.



Editado 2 vezes. Última edição em 26/01/2007 07:21 por luis.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 09:41

Fico muito espantada com o que aqui leio, a sério.

Já em tempos tinha ficado assim quando um amigo meu, Baptista tradicional, afirmou que acreditava no diabo. Da altura lembro-me do alivio que a racionalidade demonstrada por católicos me trouxe. Mas pelo que aqui li, há ainda muito católico que leva à letra as passagens Bíblicas.

Só falta voltarem ao mito da criação em 6 dias e afirmarem que a Terra tem 6 mil anos e que o dilúvio foi real com arca e tudo.


Citação:
Paulo
A possessão demoniaca é algo real e verdadeira, está na escritura e na tradição da Igreja.

Devo estar posuida por um demónio, por favor acendam a fogueira.

Citação:
Fr. Amorth
The smoke of Satan has entered everywhere. Everywhere! Perhaps we were excluded from the audience with the Pope because they were afraid that such a large number of exorcists might succeed in chasing out the legions of demons that have installed themselves in the Vatican.

Os bons velhos tempos estão de volta.

Afinal no que ficamos?
O Amorth, que tanto elogiam, estará certo? Nesse caso o Vaticano deverá ser posto em causa.
O Amorth está a delirar e o Vaticano é a santidade total? Nesse caso as 220 páginas cheias de conhecimento (sic) não são mais que um volume de alucinações dedicadas a um público medievo e acrítico.
Proponho o Keanu Reaves no papel de um Amorth sexy.

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.



Editado 3 vezes. Última edição em 26/01/2007 09:43 por Lena.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 12:36

CAra lena, a doutrina da Igreja catolica sobre o demonio nunca mudou. Foi sempre a mesma. Muitos catolicos deixaram de acreditar no diabo, procurando encontrar respostas racionais para tudo.
O proprio Concilio VAticano II referiu-se algumas vezes à sua existencia. A Lumen Gentium 16 refere "que muitas vezes, os homens enganados pelo demonio, desorientaram-se em seus pensamentos e trocaram a verdade pela mentira".
A Gaudium et Spes no seu nº 13 diz " Estabelecidos por Deus num estado de santidade, o homem, seduzido pelo maligno logo no começo da sua história, abusou da propria liberdade.
Não se tratam de historias medievais como sabemos. O facto de a Lena nao acreditar nele, não faz com que ele nao exista. O facto de ridicularizar e gozar com um padre, bom que não a conhece a si de lado nenhum e a respeita, nao altera em nada a realidade.
Talvez devesse ouvir mais o seu amigo Baptista.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 12:39

Lena,

a isto tudo chama-se fé. Cada um tem a sua. E estarmos a dizer que os outros são malucos por não partilharem da nossa crença não me parece correcto.

É natural que penses assim. Pois pelo que percebi és ateia. Ok. E não é por isso que vou dizer que és maluquinha por não acreditares no mesmo que nós. Qual é o estudo de teologia que tens para decidir prontamente que tudo é uma farsa? A ciência não prova tudo. Nem Deus a ciência consegue provar que não existe quanto mais.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho



Editado 1 vezes. Última edição em 26/01/2007 12:40 por s7v7n.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 13:04

Bom, mas a Lena tem razão numa coisa:

ou Gabriel Amorth tem razão e o demónio anda infiltrado no Vaticano ao ponto de afectar o trabalho dos exorcistas, e os nossos bispos andam quase todos a dormir e têm graves falhas de Fé, ou então Gabriel Amorth não tem credibilidade nenhuma e a entrevista que o Luís aqui colocou não pode ser levada a sério.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 13:09

Os nossos bispos nao andam a dormir.... ha exorcistas em varias dioceses.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 13:12

O problema é que Gabriel Amorth afirma que não existem exorcistas em Portugal e faz graves acusações tanto a bispos como ao Vaticano. Não se pode defender os bispos e Gabriel Amorth ao mesmo tempo; a razão não pode estar dos dois lados. Não faço ideia quem seja esse senhor (Gabriel Amorth), mas a Lena tem razão quando diz que é incoerente defender-se essa pessoa e os bispos ao mesmo tempo.

De facto, veja-se algumas coisas que o homem afirma:

Father Gabriel Amorth: Yes, it is ready. Last year the CEI didn't want to approve it because it contained errors in the translation from Latin to Italian. And we exorcists, the ones who would have to use it, we took the opportunity to point out that, on a number of points, we were in disagreement with the New Ritual. But the underlying Latin text has remained the same in this revised translation. This long-awaited Ritual has turned into a farce. An incredible obstacle that is likely to prevent us acting against the demon.


--------------


30 Days: Do you mean to say that the majority of the bishops in the Catholic Church are in a state of mortal sin?

Fr. Amorth: When I was a child, my old parish priest taught me that there are eight sacraments: the eighth is ignorance. And the eighth saves more than all the others together. To commit a mortal sin, there must exist grave matter, but also full awareness and deliberate consent. To fail to give one's aid is, for bishops, a grave matter. But these bishops are ignorant: there is therefore no deliberate consent and full awareness.


--------------

30 Days: How do you exorcists see your position within the Church?

Fr. Amorth: We are very badly treated. Our brother priests who are charged with this delicate task are treated as though they are crazy, as fanatics. Generally speaking they are scarcely even tolerated by the bishops who have appointed them.

--------------

30 Days: Explain to me if you would: does this mean that there are many bishops and priests who are no longer Catholic?

Fr. Amorth: Let us say that they do not believe in a Gospel truth. Therefore, I would possibly accuse them of propagating a heresy. But let us understand: someone is only formally heretical if he is accused of committing an error and he persists in it. But because of the situation in the Church today, no one would ever accuse a bishop of not believing in the devil or in demonic possession and of not appointing exorcists because he has no belief in these things. I could mention a great number of bishops and cardinals who, as soon as they had been appointed to a diocese, withdrew from all exorcists the faculty of exercising their powers. Or of bishops who openly maintain: "For myself, I do not believe in these things. They are beliefs of the past." Why is this? Because unfortunately there has been an extremely pernicious influence exerted by certain biblical experts, and I could mention the names of some very well-known people. We who every day come into close contact with the world beyond, we know that this influence has had a hand in many of the liturgical reforms.




Editado 2 vezes. Última edição em 26/01/2007 13:16 por Zé.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Gustavo Pinto (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 13:38

É claro que as passagens Bíblicas devem ser interpretadas à luz de uma determinada época, de uma determinada mentalidade, de um determinado contexto social. Mas não é menos verdade que o mal que existe tem que ter alguma origem... Digam-me então como é que a ciência explica o mal! Chamem-lhe diabo, demónio, o que quiserem!

Nós neste forum não nos encontramos todos no mesmo plano! Quem estudou um pouco de teologia sabe que existem dois planos: o do mundo físico e o mundo da fé! Para discutirmos estes tópicos deviamos estar todos no plano da fé pois a ciência nunca conseguirá explicar fenómenos desta ordem! Fala-se muito em possessão... esta é a forma mais grave da presença do mal numa pessoa! As pessoa não devem ter medo de reconhecer que a ciência é limitada! Afinal todos temos limites... Deus é que não!

O racionalismo tem limites!

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 13:56

Alef.

Não tenho manifestamente tempo para responder por estas semanas ao teu texto sobre epistemologia da fenomenologia...

Um pequena provocação:

1 - Eu falei de possessão demoníaca enquanto fenómeno e não do "diabo" enquanto categoria fenomenológica.
O salto concpetual foi dado por ti, o que subverte a logicidade do discurso.

No entanto, o diabo também pode ser alvo de investigação científica, obviamente, - a antropologia, a etnografia, a sociologia, a psiquiatria transcultural, a história, a psicanálise, são alguns ramos científicos onde "o diabo " ( quem diz o diabo e diz os espíritos malignos, o mal personificado, os vampiros, as bruxas, os lobismomens e a fadas más) e a suas "manifestações físicas" têm sido estudados pela Ciência.

2 - "
Citação:
Se o diabo existir, a ciência, se não o puder «ver», pelo menos sabe reconhecer a sua presença/acção. Ou seja, a ciência pode abarcar domínios extra-físicos."

Queres dizer que a acção do diabo, se existir é extra- física?

Mas o conceito de possesão demoníca não implica forçosa e necessariamente a ideia de que a acção do diabo é física, material???????


Se não for determinada tal presença/acção, é porque a possessão demoníaca não existe.

Obviamente.

católica praticante



Editado 1 vezes. Última edição em 26/01/2007 13:57 por catolicapraticante.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 15:20

Cara catolicapraticante:

Pois, fico então à espera que respondas às questões que te coloquei, pois elas são importantes e vão directamente ao encontro de muitos dos teus pressupostos básicos, pelo que será importante conhecer uma resposta detalhada da tua parte.

Começo por dizer que o que escrevi antes nada tem a ver com «epistemologia da fenomenologia» (expressão sem grande sentido), mas sim com as limitações epistemológicas das tuas afirmações, pretensamente ancoradas em dados científicos. São, sim, questões epistemológicas (epistemologia das ciências). Em todo o caso, «fenomenologia» é uma palavra que tem um sentido muito rigoroso («escola» filosófica iniciada por Husserl), onde «fenómeno» tem um sentido bastante diferente do termo «fenómeno» na ciência moderna. Portanto, o estudo dos fenómenos na ciência não é, sem mais, «fenomenologia»!

É curioso que dizes que eu dei o salto conceptual de possessão demoníaca enquanto fenómeno para o «diabo» enquanto categoria fenomenológica, mas depois dizes que o diabo também pode ser alvo de investigação científica, dando vários exemplos de ciências sociais e humanas que alegadamente o estudam. Ora, corroboras um salto que já antes deste (e acusas-me de o fazer), porque a tua afirmação implica que tais ciências estudam o diabo «qua tale», o que é, um absurdo. O «diabo», enquanto «categoria» cultural que tais ciências estudam, não é o diabo de que aqui se fala. Nenhuma dessas ciências pode pronunciar-se sobre a consistência ontológica ou real do diabo. Por outro lado, ao contrário do que dizes, eu nunca falei do diabo «qua tale» enquanto «categoria fenomenológica» propriamente dita, mas, negativamente, sobre a impossibilidade de a ciência se pronunciar ontologicamente sobre o assunto.

De outra forma: pretendi desmontar a falsa ideia de que com umas «tintas» de «ciência» se descarta o discurso teológico sobre a existência e/ou influência do diabo, concretamente na possibilidade da possessão diabólica. Ficou claro que um tal discurso não tem legitimidade científica, é pretensioso e cientificamente absurdo. É, sob a capa de ciência, uma crença como outra qualquer.

O problema de as possessões diabólicas serem determinadas ou não pela ciência não tem a ver primariamente com a possível actividade do diabo ser física ou extra-física, mas tem antes a ver com a possibilidade de a ciência poder determinar que tal acção seja «do» diabo. No «do» é que está o busílis da questão! Nunca a ciência poderá identificar qualquer fenómeno como possessão diabólica, mesmo que ela seja real!

Voltas a insistir numa afirmação cientificamente absurda: «Se não for determinada tal presença/acção, é porque a possessão demoníaca não existe.» A obviedade de tal afirmação não é legítima (melhor, não existe tal obviedade) nos estritos limites da ciência. A ciência não é metafísica, nem pode ter tal pretensão. Tal afirmação denota apenas uma crença, como outra qualquer. Uma crença acientífica.

Do «não vejo» (cfr. a famosa afirmação de Gagarin de não ter visto Deus na sua viagem espacial) ao «não existe» vai uma enorme distância, como ensina a mais elementar epistemologia!

Alef

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 15:40

Caro Gustavo:

É verdade que existem dois planos, mas o plano teológico não prescinde também de buscar a «inteligência da fé». A fé deve também purificar as suas imagens e metáforas. A teologia é também interpretativa e as interpretações são temporais, culturais, históricas. Se é verdade que não existe propriamente uma evolução dogmática, existe uma compreensão da nossa compreensão das verdades a que se referem os dogmas. Apesar das escassas fontes sobre o tema do diabo, temos já elementos suficientes para purificar certas imagens e metáforas de antanho.

Muitos dos que afirmam que um é o plano físico, outro o das realidades da fé, acabam por afirmar que as coisas da fé têm um correspondente «físico» numa realidade «sobrenatural» ou «transfísica», afirmando a pés juntos a existência do «chifrudo» tal qual ele tem sido pintado pela «literatura» tradicional, esquecendo que os textos bíblicos que falam do diabo e/ou dos anjos são quase sempre de âmbito apocalíptico e que devem sempre ser lidos como tal e não como descritivo-realistas. E aí começam os problemas.

A meu ver, podemos continuar a usar os termos «anjos», «diabo», mas tendo em conta o que estes termos significam biblicamente.

Parece-me que o problema do P. Amorth é o de graves lacunas teológicas, ao citar os textos bíblicos de modo literalista, como quando leva à letra o texto das tentações que diz que o diabo levou Jesus a um alto monte ou ao pináculo do templo, fazendo neste ponto uma «interpretação» parecida à das Testemunhas de Jeová.

Voltando ao meu ponto de partida, a teologia busca a inteligência da fé e não significa simplesmente pensar que, dado que não estamos no plano físico, podemos afirmar o que quisermos, porque a ciência nunca poderá averiguar nada. Este é, infelizmente, um grave problema em certos ambientes eclesiais (melhor, eclesiástico-pietistas). Sob a capa da devoção dizem-se enormes disparates (estou a pensar, por exemplo, no âmbito mariano), mas, se cheirar a conservador ninguém diz nada. No que ao diabo diz respeito abundam as afirmações gratuitas e teologicamente infundadas, mesmo que bem intencionadas. Temos hoje mais do que elementos teológicos suficientes para desmascarar a «teologia do chifrudo».

No tópico sobre o Inferno e o Diabo explico o que quero dizer com «chifrudo». Alguns leitores deste forum acusaram-me ingenuamente de eu negar a fé da Igreja por rejeitar a «crença no chifrudo». «Chifrudo» é a representação «popularucha» do diabo, que está longe de corresponder à realidade a que a Bíblia se refere. O problema da «teologia do chifrudo» não é simplesmente o de uma imagem gráfica, mas também as consequências teológicas sobre a realidade de Deus, da criação, da redenção, etc. No mesmo tópico já escrevi muito sobre o tema, de modo que não é necessário repetir-me.

Contudo, lembro algumas objecções importantes:

a) se o diabo é uma criatura de Deus (um anjo que se terá revoltado contra Deus), como é que se insiste em apresentar a sua figura como uma espécie de ser omnisciente, conhecedor dos nossos pensamentos e intenções, das melhores ocasiões para «cairmos»?

b) se o pecado é sempre tentação diabólica, quem tentou o diabo quando ele pecou?

c) não é a linguagem corrente sobre o diabo, concretamente a linguagem do P. Amorth, uma transposição ingénua do maniqueísmo pagão (concretamente o iraniano), fazendo do diabo uma espécie de «Deus ao contrário» e do ser humano uma espécie de cobaia entre duas forças opostas, sendo que uma delas é bastante arbitrária?


A linguagem do P. Amorth é muito perigosa e indicia uma pessoa desequilibrada e obsessiva. A objecção levantada pelo Zé é muito acertada.

Mas não deixa de espantar: mais de 40.000 exorcismos é obra! Um trabalho dos diabos! :o)

Alef

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 15:51

"O
Citação:
«diabo», enquanto «categoria» cultural que tais ciências estudam, não é o diabo de que aqui se fala. "

Tens mesmo a certeza de que "o diabo" de que tanto aqui se fala ,sobretudo da forma como d´"ele" falas e teorizas ou fantasias não é uma categoria estritamente cultural?

Hum...

E não me parece que as ciências que referi e o corpo de conhecimentos que incorporam sejam " umas «tintas» de «ciência» "....

Diria que o que mais se aproxima das tintas de ciência é precisamente o discurso teológico sobre a existência e/ou influência do diabo, concretamente sobre possibilidade da possessão diabólica baseada em manifestações físicas, que é o que está subjacente ao conceito de possessão e exorcismo.

Tal discurso tem a mesma legitimidade científica que o discurso ou o debate teológico sobre o sexo dos anjos ( que o houve e apaixonado), a existência das fadas e dos duendes ( idem aspas) ou mesmo a demonstração teológica da existência de bruxas e feiticeiras e da sua capacidade de voar em vassouras e de copular com demónios.

O que não quer dizer que esses discursos, assim como as suas causas e consequências comportamentais e sociais, as narrativas a eles associadas, os sitema de crenças e valores, a estética , a ideologia política e mesmo a organização social que lhes está subjacente não possam ser alvo de investigação científica.

Ou mesmo as suas manifestações biofisiológicas - no caso dos indivíduos pretensamente possessos.

Mas aí já estamos num outro domínio que não o da teologia - estamos num outro paradigma - o do conhecimento científico.

católica praticante



Editado 2 vezes. Última edição em 26/01/2007 16:07 por catolicapraticante.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 16:21

ùltima nota:

O referido padre diz que fez mais de 40.000 exorcismos. Grande parte deles nas mesmas pessoas, ou seja, houve vítimas que APESAR DE SOFREREM CENTENAS DE RITUais DE EXORCISMO mantiveram os quadros de alterações comportamentais INTERPRETADOS COMO POSSESSÃO durante décadas e décadas.

Ou seja, grande parte dos exorcismos foram ineficazes.

Se um exorcismo ( ritual de cura) não é eficaz, talvez a causa não esteja no ritual curativo propriamente dito ( que pode até ter um efeito placebo ou reduzir sintomatologia em pessoas sugestionáveis em certos contextos culturalmente delimitados).

Talvez se tenha de investigar com seriedade a origem das alterações físicas e comportamentais apresentadas pelos indivíduos pretensamente possessos.

Já não vou falar outra vez da epilepsia, sobretudo do lobo temporal.

Mas é um bom exemplo de uma possessão demoniaca que nunca o foi.

católica praticante



Editado 1 vezes. Última edição em 26/01/2007 16:23 por catolicapraticante.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 16:39

Citação:
Os nossos bispos nao andam a dormir.... ha exorcistas em varias dioceses.

Tal afirmação, vinda de um padre, é gravíssima.

Quais são esses exorcistas reconhecidos pelso bispos portugueses em que dioceses exsitem?

Este não deve ser...

E este não é concerteza...

católica praticante

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 18:12

Satã existe ?Sem sombra de dúvidas.
Tem aparência Física? Claro que não, anjos são seres espirituais sem corpo.Com mais inteligência e conhecimento que os humanos, pois sem as limitações do corpo
material sujeito as leis da matéria.Dons preternaturais.
Vivemos numa batalha espiritual ? Sim... portanto vigiai ...Ef 6.12
A tentação , atividade ordinária do demonio no mundo ,é permitida por Deus para nos fortalecer.
Para Satanás e sua legião o que interessa é o " pecado", a morte da alma e até a morte física .
Há adoradores dele que fazem missa negra e pagam bem caro por hóstias consagradas.
Jesus o levava a sério e o combatia, chamava-o de príncipe deste mundo.
A revolta humana contra Deus é um sintoma de intervenção do Maligno.atividade extraordinária ( infestação e possessão o que muitíssimo rara).

AIgreja distingue
exorcismo menor: orações que os fiéis podem recitar, pedindo a Deus que afaste a tentação.
exorcismo maior ou solene: Ritual de 1998. Este supõe o codigo de direito Canônico, 1172.
sinais que fornecem algum indício: dizer muitas palavras de lingua desconhecida; revelar coisas distantes e ocultas; manisfestar forças acima de sua idade ou condição natural.
Porém o sinal principal é a aversão veemente a Deus, ao Santíssimo Nome de Jesus, aos Santos, á palavra de Deus, a objetos e ritos, especialmente sacramentais, e ás imagens sagradas.
Porém nenhum destes sintomas é necessáriamente atributos do demônio.
Sempre se deve pensar na hipótese de que haja uma explicação natural para estes fenômenos e só sem explicação natural considera-se possessão.
O demônio é um cão amarrado que pode latir muito, mas só morde alguém se lhe chega perto. ( Agostinho de Hipona ).

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: Chris Luz BR (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 18:34

Súplica que o fiel pode utilizar privadamente no combate contra os poderes das trevas:
Deus, Pai santo, que, pela graça da adoção filial,
me tornastes filho da luz,
concedei-me que não seja envolvido pelas trevas do demônio,
mas permaneça sempre no esplendor da liberdade
que recebi no renascimento batismal.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Amém.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 21:10

Oi.

Gostaria tb de dar a minha opinião sobre o assunto, e para tal farei alguns quotes. Permita-me o Alef responder resumidamente as perguntas feitas à CP. Em seguida farei um comentário sobre um escrito do Paulo.

Citação:
Alef
a) Que se entende por «científico»?

Serão "científicas" as proposições embasadas em procedimentos bem definidos e acordados em simpósios, comissões e instituições de pessoas voltadas para a pesquisa fundamentada em dados empíricos. O que define, portanto, o critério de cientificidade é esse conjunto de regras que forma o mundo da linguagem acadêmica voltada para a pesquisa e que garante a aceitação de uma proposição nesse mundo. O conjunto de padrões estabelecido é rígido e muito bem delineado, e toda proposição, para ser considerada "científica", recusa um valor absoluto para si, estando sempre sujeita a contestação e revisão, sob os mesmos critérios antes apontados.

Citação:
Alef
b) É o «científico» o critério único de verdade? O que não for «científico» não é verdadeiro?

Não, o «científico» não é o único critério de verdade. Uma afirmação pode certamente não ser «científica» e ainda assim ser verdadeira. Deixo essa de definir a verdade para outra vez, é um assunto bem mais complexo, mas quem sabe.... havendo interesse podemos tentar.

Citação:
Alef
c) Se o âmbito da «possessão diabólica» escapar ao domínio do científico, não existe?

Ver resposta anterior.

Outra coisa a notar é qual o significado que se atribui a "existência". Por exemplo, "o Mickey Mouse existe" é uma proposição verdadeira, ele existe e é um personagem da Disney; mas tb é uma proposição falsa, dependendo de como se interpreta a "existência". Outro exemplo: "o amor e o ódio existem, eles são reais", é outra afirmação "verdadeira", e trazem a tona o problema que estou tentando mostrar - definir verdade, existência e realidade é algo bem mais complexo do parece. Uma dica que caberia bem aqui é ficar atento para o "jogo de linguagem" que está acontecendo qdo uma pessoa faz uma afirmação, seja ela científica, filosófica, teológica ou cotidiana. Dependendo do "jogo de linguagem" em andamento as regras podem mudar e o significado das palavras também. Isso levanta uma série de questões pertinentes para avaliar o que quer dizer alguém qdo faz uma afirmação do tipo "a possessão diabólica existe".

Citação:
Alef
d) Pode a ciência, sem cair no absurdo, afirmar que não existe nada para além do seu âmbito?

Não! Essa seria uma afirmação não empírica, que não obedece as regras do padrão de cientificidade, sendo, portanto, completamente não-científica. Perguntas do tipo dessa são assunto para filosofia, particularmente no campo da epistemologia.

Citação:
Paulo
Paralelamente a este tema, podemos usar a Congregação para a Causa dos Santos. Esta congregação, dedica-se a estudar a vida daqueles que são propostos pelas dioceses para serem beatificados ou canonizados. Para que tal aconteça, é necessário um milagre. Isto é, algo que a ciencia não consegue explicar. Habitualmente trata-se de curas devidas à intervenção junto de Deus daquela pessoa. Para tal, na dita congregação, ha uma equipa de médicos que se dedicam a estudar os casos. E O milagre é proclamado quando a ciencia não encontra explicação.

Permita-me discordar: para ser milagre não é necessário ser algo que a ciência não consiga explicar. Como exemplo do que foi dito, considero a conversão de um pecador um milagre, considero até o nascer do sol um "milagre", muito embora a ciência possa explicá-lo com facilidade. Trata-se de mais outro jogo de linguagem, e o caso aqui citado, da causa dos santos, é outro exemplo de mundo de linguagem.

Em tempos passados, era a aclamação e a vontade popular que definiam a santidade de algum membro da igreja. Posteriormente, pelo século XI, para evitar abusos, a Igreja começou a instituir um processo a fim de examinar a vida e os escritos (a doutrina) daqueles que a opinião geral chamava de santos. Começou assim o chamado Processo de Canonização, que se tornou um instrumento jurídico. A "definição de milagre" apresentada pelo Paulo no seu post, "algo que a ciencia não consegue explicar", passou a ser utilizada nesses processos como tentativa de estabelecer um critério que permitisse, ao mesmo tempo, diminuir os abusos e tornar possível o andamento do processo jurídico. Apenas isso. Trata-se, portanto, de um certo tipo de "acordo lingúistico", outro jogo, outras regras.

Citação:
Alef
Voltando ao meu ponto de partida, a teologia busca a inteligência da fé e não significa simplesmente pensar que, dado que não estamos no plano físico, podemos afirmar o que quisermos, porque a ciência nunca poderá averiguar nada. Este é, infelizmente, um grave problema em certos ambientes eclesiais (melhor, eclesiástico-pietistas). Sob a capa da devoção dizem-se enormes disparates (estou a pensar, por exemplo, no âmbito mariano), mas, se cheirar a conservador ninguém diz nada. No que ao diabo diz respeito abundam as afirmações gratuitas e teologicamente infundadas, mesmo que bem intencionadas. Temos hoje mais do que elementos teológicos suficientes para desmascarar a «teologia do chifrudo».

Perfeito!

Citação:
Alef
Alguns leitores deste forum acusaram-me ingenuamente de eu negar a fé da Igreja por rejeitar a «crença no chifrudo». «Chifrudo» é a representação «popularucha» do diabo, que está longe de corresponder à realidade a que a Bíblia se refere. O problema da «teologia do chifrudo» não é simplesmente o de uma imagem gráfica, mas também as consequências teológicas sobre a realidade de Deus, da criação, da redenção, etc. No mesmo tópico já escrevi muito sobre o tema, de modo que não é necessário repetir-me.
Contudo, lembro algumas objecções importantes:

a) se o diabo é uma criatura de Deus (um anjo que se terá revoltado contra Deus), como é que se insiste em apresentar a sua figura como uma espécie de ser omnisciente, conhecedor dos nossos pensamentos e intenções, das melhores ocasiões para «cairmos»?

b) se o pecado é sempre tentação diabólica, quem tentou o diabo quando ele pecou?

c) não é a linguagem corrente sobre o diabo, concretamente a linguagem do P. Amorth, uma transposição ingénua do maniqueísmo pagão (concretamente o iraniano), fazendo do diabo uma espécie de «Deus ao contrário» e do ser humano uma espécie de cobaia entre duas forças opostas, sendo que uma delas é bastante arbitrária?

A linguagem do P. Amorth é muito perigosa e indicia uma pessoa desequilibrada e obsessiva.

De novo, muito bem dito. A alegação de que "é vontade do diabo que achem que ele não existe" é pura tolice e poderia ser atribuida tb aos duendes e fadinhas, pois "é vontade dos duendes e fadinhas que achem que eles não existem", assim as pessoas não caçariam fadinhas e duendes para espetá-los ao lado das borboletas. Ah, há quem ache que se pode prender o demônio em uma garrafa, segundo esses existe até um "método" para conseguir esse feito.

Como a pergunta sobre o exorcismo esbarrará sempre na questão da "existência" do diabo, vou escrever sobre isso em outro post.

Paz e Bem.

Re: Exorcistas!!!
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 26 de January de 2007 22:59

Escrevi boa parte do texto abaixo muito tempo atrás, como resposta a um amigo num outro fórum de debates. Mudei algumas partes mas no que é central o texto continua muito parecido. Segue:

Sobre diabos, demônios e outras coisas feias

Acho que muitos cristãos perderam esse costume com a linguagem simbólica, o que empobrece alguns aspectos do entendimento da revelação. Alguns se sentem inseguros com uma exegese diferente da que estão acostumados e se tornam meio agressivos, por isso gostaria de pedir um pouco de atenção na leitura.

Vou partir de uma citação que surgiu naquela conversa, que se desenrolou mais ou menos assim:

Citação:
O diabo não é so uma força tentadora e sim todas as más tendências do homem e essas más tendências é que geram a mentira e todas as coisas reprováveis.

Amigo, cuidado para não reduzir muito o horizonte de significado do símbolo, o risco é destruir o valor do próprio símbolo. Vou tentar comentar um pouco mais sobre isso. Lembro que o assunto é difícil; o significado do mal extrapola nossa capacidade de compreensão, mas varrer a questão para baixo do tapete nem sempre é uma boa opção, pelo que estou me aventurando agora em falar um pouco mais sobre o tema. Vamos lá:

Aprendendo a interpretar:

Não gosto qdo falam sobre retraduzir passagens das Escrituras, isso muitas vezes traz a idéia equivocada de que o que foi entendido antes estava errado, que o texto estava errado. Parece-me ainda coisa de fundamentalista que quer se prender ao sentido literal do texto, e pensa que pode consertar tudo então alterando o texto escrito.

Muito mais importante é aprender a interpretar o texto bíblico. O texto é perene, a revelação está concluída em Cristo, e ele é a chave para o correto entendimento da Palavra. Mas se a revelação já está concluída, o nosso entendimento dela não está! Estamos sempre aprendendo e reaprendendo com Cristo e com as Escrituras, por isso é que podemos dizer que a Palavra de Deus é viva!

A fé cristã sempre afirmou a vitória de Cristo sobre o mal em todas as suas manifestações. Para falar da vitória de Cristo sobre os poderes do mal, o NT utiliza de figuras como Satanás, Diabo, demônios - esse era o horizonte de compreensão da época, era a cultura comum a todos os povos daquele tempo. Surge então a pergunta para um leitor atual da Biblia: até que ponto as representações bíblicas das forças do mal são conteúdo da revelação e até que ponto são revestimento cultural de uma época?

É bem conhecido o interesse exagerado e pouco sadio que alguns tem por demônios e exorcismos, o que pode ser comprovado naquelas pregações malucas que chegam até a substituir o anúncio do amor de Deus por um anúncio doente dos poderes do demônio. Esses fanáticos se esquecem que essa pregação maluca não é e nem pode ser evangelho: a boa nova é que Cristo já venceu o mal e esse caminho está agora aberto para o cristão.

Continuando. Se a Biblia falasse apenas do mal moral ou do mal social, ela não precisaria recorrer a linguagem simbólica, mas o mal de que se fala na Biblia é o mal que atinge toda a criação, que perverte tudo o que há de bom, é o mal em um sentido mais profundo. Nesse caso o homem não tem palavras que possa utilizar, porque nenhuma realidade criada consegue expressar aquilo que transcende a criação. É por isso que a linguagem da Biblia se utiliza de analogias, figuras, metáforas, alegorias, símbolos etc.

Por isso que dizer que algo é simbólico, na Biblia, não significa dizer que esse algo é irreal. No contexto em que estamos falando, é até o contrário, a linguagem simbólica é mais profunda, ela vai além daquilo que é imediatamente visível. Por isso que negar a linguagem simbólica na Biblia pode levar a um empobrecimento da revelação, o que resulta muitas vezes em interpretações cruéis e alienadas do tipo: "a criança que nasceu aleijada está sendo castigada por Deus", "esse povo que vive na miséria não segue a Deus" e outras asneiras que acontece da gente ouvir vez por outra.

Símbolo é uma palavra que vem do grego sym-ballein, que significa "pôr junto". A linguagem simbólica sobre o mal, portanto, "junta" todas as experiências do mal em algo que exprime a profundidade do mal. Cada época tem os seus símbolos, eles dependem da cultura de cada povo.

Os símbolos bíblicos do mal

Existe mais de um símbolo para o mal na Biblia, cada um deles tem uma função específica para exprimir uma realidade que transcende a nossa compreensão parcial e limitada.

SATÃ - significa inimigo, adversário, sedutor. Era geralmente utilizado para se referir aos inimigos militares de Israel. No livro de Jó ele já aparece como um tipo de promotor de justiça que faz o papel de acusador. Vale notar que o livro de Jó é um midrash, uma ficção, um tipo de parábola que buscava refletir sobre o mistério do mal.

Tudo isso mostra como a concepção de Israel sobre o mal foi amadurecendo com o tempo. Na visão do antigo Israel, era o próprio Deus YHVH que tentava ou induzia ao mal. Mais tarde, para tirar de Deus essa função ruim, criou-se a figura de Satã.

DIABO - é a tradução grega de Satã, diabolos. Aqui seria interessante abrir um parêntese: cabe notar que no grego essa palavra é derivada de dia-ballo, que praticamente faz oposição a sym-ballo. No grego, a preposição dia indica separação; a preposição sym indica união, reforço; e o verbo ballo significa mover para a frente. Daí que, se o símbolo é o que une e aproxima, o diabo é o que separa e divide.

DEMÔNIOS - no mundo antigo eles designavam os semi-deuses que influiam no destino dos homens, e os homens tentavam influenciá-los através da magia. É importante notar que o termo grego daimonion é do gênero neutro. Eles quase sempre representavam forças da natureza.

É interessante acompanhar a evolução semântica do termo na Biblia. As doenças cujos sintomas eram visíveis (como a paralisia ou a lepra) não eram atribuídas a demônios, mas apenas aquelas de sintomas "internos" e desconhecidos para a época. O caso da epilepsia é bem ilustrativo: a pessoa estava bem, aparentemente não tinha doença nenhuma, e de repente era jogada no chão por uma força desconhecida... a conclusão da época, ela tem um demônio que a ataca de quando em quando.

Outras doenças como surdez, gagueira, mudez, eram tb atribuídas a demônios. Elas não apresentavam sintomas, mas uma "força" as impedia de falar e de ouvir. Mais tarde o sentido do termo foi sendo ampliado.

------------------------------------------------------

Bem, há muita coisa que poderia ser dita sobre esse assunto. Para quem se interessar eu posso indicar boas fontes de pesquisa. Eu bem sei que não falei aqui ainda de muita coisa, nem falei de todos os símbolos (por exemplo, a serpente).

Não falei do relato simbólico do paraíso e da queda.

Não falei da personalização do mal e dos relatos simbólicos da queda de um anjo (Lúcifer).

Não falei das passagens em que Jesus expulsa demônios (a passagem em que os demônos expulsos vão para a vara de porcos que se atira no mar é um bom exemplo).

Deixei ainda, portanto, uma ampla janela para discussão. Saibam que foi proposital (rs)

Talvez eu me anime a escrever sobre isso em outra ocasião. Para quem acha que é tudo simples e que o relato do anjo que se rebelou explica tudo... Como um anjo que vivia no paraíso, na glória de Deus, criado puro, num lugar em que não existia o mal, é tentado (por quem?) para se rebelar? Rebelar-se por que, se a presença de Deus é a suprema felicidade? Ou não? Vão falar de livre-arbítrio... outra resposta fácil. Se um anjo tinha livre-arbítrio, e pecou no céu, então um justo tb pode se entediar lá e pecar?

Como eu disse no início. Nenhum homem tem capacidade de entender o mistério do mal. Se isso fosse possível, o autor do livro de Jó teria concluído o relato de outro modo.

Paz e Bem.

Página actual: 10 de 19


Desculpe, apenas utilizadores registados podem escrever mensagens neste fórum.
Por favor, introduza a sua identificação no Fórum aqui.
Se ainda não se registou, visite a página de Registo.

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.