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DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: José Avlis (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 08:31


* Dogmas católicos?
É o que está a dar, e estão em vigor...

* Sabem o que é um Dogma?
Vejam se acertam, que eu depois responderei, dando a minha definição...

* Sabem por que os Dogmas existem?
Depois veremos, quando chegar o tempo certo...

* Sabem quantos Dogmas há na Igreja Católica?
É só contá-los, mas, como não são muitos, acho que basta contá-los pelos dedos...

* Sabem, por acaso, qual é a pena, em geral, relativa à negação de um Dogma?
Depende do Dogma e do infiel, mas geralmente é a "excomunhão automática"...


Os Dogmas Católicos são os seguintes:

# DOGMAS SOBRE DEUS: 1 - A Existência de Deus; 2 - A Existência de Deus como Objecto de Fé; 3 - A Unicidade de Deus; 4 - Deus é Eterno; 5 - Santíssima Trindade.

# DOGMAS SOBRE JESUS CRISTO: 1 - Jesus Cristo é verdadeiro Deus e Filho de Deus por essência; 2 - Jesus possui duas Naturezas, que não se transformam nem se misturam; 3 - Cada uma das duas Naturezas em Cristo possui uma própria Vontade física e uma própria Operação física; 4 - Jesus Cristo, ainda que Homem, é Filho natural de Deus; 5 - Cristo imolou-se a Si mesmo na Cruz, como verdadeiro e próprio Sacrifício; 6 - Cristo resgatou-nos e reconciliou-nos com Deus, por meio do Sacrifício de Sua morte na Cruz; 7 - Ao terceiro dia, depois de Sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos; 8 - Cristo subiu em Corpo e Alma ao Céu, e está sentado à direita de Deus Pai.

# DOGMAS SOBRE A CRIAÇÃO DO MUNDO: 1 - Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do nada; 2 - Carácter temporal do Mundo; 3 - Conservação do Mundo;

# DOGMAS SOBRE O SER HUMANO: 1 - O Homem é formado por corpo material e alma espiritual; 2 - O pecado de Adão propaga-se a todos os seus descendentes por geração, não por imitação; 3 - O Homem caído não pode redimir-se a si próprio.

# DOGMAS MARIANOS: 1 - A Imaculada Conceição de Maria; 2 - Maria, Mãe de Deus; 3 - A Virgindade de Maria; 4 - A Assunção de Maria.

# DOGMAS SOBRE O PAPA E A IGREJA: 1 - A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo; 2 - Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e como Cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o Primado da Jurisdição; 3 - O Papa possui o pleno e supremo poder de Jurisdição sobre toda Igreja, não somente em coisas de Fé e Costumes, mas também na Disciplina e no Governo da Igreja; 4 - O Papa é Infalível, sempre que se pronuncia "ex cathedra"; 5 - A Igreja é Infalível quando faz Definição em matéria de Fé e Costumes.

# DOGMAS SOBRE OS SACRAMENTOS: 1 - O Baptismo é verdadeiro Sacramento, instituído por Jesus Cristo; 2 - A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento; 3 - A Igreja recebeu de Cristo o poder de Perdoar os pecados cometidos após o Baptismo; 4 - A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino, e é necessária para a Salvação; 5 - A Sagrada Eucaristia é verdadeiro Sacramento, instituído por Cristo; 6 - Jesus Cristo está realmente presente no Sacramento do Altar (Eucaristia), pela Transubstanciação da espécie do pão em Seu Corpo e da espécie do vinho em Seu Sangue, no momento da Consagração; 7 - A Unção dos Enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento, instituído por Cristo; 8 - A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento, instituído por Cristo; 9 - O Matrimónio é verdadeiro e próprio Sacramento.

# DOGMAS SOBRE OS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS (ESCATOLOGIA): 1 - A Morte e sua origem; 2 - O Céu (Paraíso); 3 - O Inferno; 4 - O Purgatório; 5 - O Fim do Mundo e a Segunda Vinda de Cristo; 6 - A Ressurreição dos Mortos no Último Dia; 7 - O Juízo Universal.


CRISTO ONTEM, HOJE E SEMPRE !


Avlis


Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 09:29

E o diabo?

]:>=

;-) @£€§ aka Alef

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Exorcista (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 10:22


- "E o Diabo?!" - vade retro!...

- Está escondido no Inferno e dentro dos ímpios, com os chifres enterrados no fogo do pecado, e com o rabo de fora!...


Quem não acredita no Inferno, tal como ensina a Igreja, não acredita no Diabo, e vice-versa! - Dogma correlativo...

Tenho dito.

E.


Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 10:26

Lol...

O diabo vai de metro... O diabo com o rabo de fora é um cu relativo dogma...

];>=

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 10:29

Oops, que diabo...

Onde se lê:

«O diabo com o rabo de fora é um cu relativo dogma»

leia-se:

«O diabo com o rabo de fora é um CORRELATIVO dogma»

Herrare umanum est...

Sorry, o diabo tentou-me na escritura...

Alef

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 12:12

Alef

Estás sempre a queixar-te do Avlis.

Mas também não ajudas nada.

O tópico lançado pelo Avlis tem, de facto muito que se lhe diga e merece da tua parte outra reacção

Pedro B

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 26 de May de 2004 15:03

Pedro B:

Adivinha por que razão o Avlis colocou este tópico por cá...

Alef

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 29 de May de 2004 00:08

Se Deus é único e criou todas as coisas como é que Maria, Mãe de Jesus é Mãe de Deus? Este Dogma, na sua significância gramatical, leva-nos a concluir que os pais da Virgem Maria são avós de Deus e que Deus acabaria por ser um descendente de Adão, ou culturalmente falando: Deus seria um mero produto da confabulação humana, tal como muitos defendem. Quanto à infalibilidade do papa, eu diria que nunca choraremos bastante, sabendo que tantos papas apoiaram a inquisição, nojosamente designada como Santo Ofício, e as sua tenebrosas formas de tortura e perseguição dirigidas contra homens livres e honrados... Não há pachorra... eu venero a virgem Maria como serva exemplar do Senhor, filha predilecta de Deus (porque Nele crê) e Mãe (Mãe do Redentor) sempre solícita nas horas de aflição... O primado do papa é o primado do serviço: "Tu és pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Quanto à excomunhão, não me preocuparia de modo especial com o assunto.
A minha opinião sobre os dogmas é de que todos os que não se fundamentam claramente nas escrituras são bons para deitar ao lixo.
A única tradição que vale é a tradição da Caridade e do Amor
*=?.0
AOMSoares

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Eureka (IP registado)
Data: 29 de May de 2004 00:42

AOMSoares, pela tua lógica, também o dogma da Santíssima Trindade, por exemplo, deveria ser deitado ao lixo!!
Três pessoas iguais e distintas e um só Deus verdadeiro!? Há lá dogma mais absurdo?!
E o da Encarnação, idem/aspas!!
O da Mãe de Deus?! Que paradoxo!!
Pois, estamos já no século XXI!!
Adeus idade-média!!
Viva o racionalismo!!
Viva a religião do progresso e pós-modernismo!!
Vivam as novas tecnologias, a religião do futuro!!
Deus está no cosmos e na nova-era!!
Att... chim!!
Santinho!!


Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 29 de May de 2004 13:59

Caro Albino:

Esse assunto já foi explicado dezenas de vezes e uma vez numa mensagem que te foi dirigida. Espero que o síndroma Andréia não se tenha pegado, que senão, eu vou "pregar para outra freguesia"! ;-)

Se não gostas do título "Mãe de Deus" chama-lhe "Theotókos", que é conforme o original. O importante é perceber o essencial, que é o perceber que se trata antes de mais de um dogma cristológico. A discussão recente com a Andréia provou isso à exaustão. Vai visitando os tópicos mais antigos...

Alef

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 29 de May de 2004 14:47

credo quanta besteira. primeiro a casa do satanas é igerja católica pois ela é a grande prostituta pré-dita em apocalise. segundo, a palavra inferno vem do hebraico e significa nada mais e nada menos que sepultura , ou mansão dos mortos e disso os cemitérios estão cheios . crer que satanas existe por que inferno existe?? que besteira isso é uma in fantilidade tamanha de pessoas que nãosabem do que falam. e nem procuram saber pois o que é verdade pra eles, pra eles é o que o padre fala. bem ja que a casa do satanas é a igreja católica então ta provado que satanas existe pronto. eis ai a prova.

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 30 de May de 2004 16:21

Rodrigo,

Como continuas a utilizar um teclado avariado e sem quebras de frase, deixo-te uma pergunta de resposta "Sim ou Não", para esclarecer qualquer dúvida na tua mensagem:

1. Terás dito "A casa do satanas é Igreja Católica pois ela é a grande prostituta conforme o Apocalipse."?

Fico a aguardar pela tua resposta.

Luis

P.S. Esta mensagem foi enviada ao Rodrigo por e-mail.

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Augusto (IP registado)
Data: 30 de May de 2004 18:04

Se o senhor retirasse o rodrigo e taliban , deste forum, seria conveniente!

Que duas besteiras, expressao brasileira:)

Um dia coloquei na minha porta de entrada...Se nao for catolico, por favor, nao incomode...os diabos dos Jeovas, fugiram todos:) Nunca mais vieram a minha porta!

E isso Luis, que voce devia por neste forum: Se nao for catolico, por favor nao participe!!!

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 30 de May de 2004 21:59

Caro Alef,
É verdade que o assunto já foi muito debatido. Eu quando andava na catequese achava estranho e até injusto que a "Mãe de Deus" não fosse contemplada na definição de Trindade. Agora acho deveras estranho que a palavra chave de um dogma cristológico tenha sido retirada, dando a esse dogma um sentido gramaticalmente bizarro. No Evangelho da Anunciação (S. Lucas) é dito à Virgem Maria: conceberás e darás á luz um filho que será chamado Filho de Deus. A Virgem Maria é pois biblicamente mãe do Filho de Deus, mãe de Cristo ou mãe de Cristo Deus. Não me parece razoável substituir as escrituras por dogmas e quanto ao mais dar mais importância à obediência ao papa do que a Deus ou a Jesus Cristo.
A este propósito gosto sempre de lembrar a extraordinária humildade dos cientistas, entre os quais acabaram há muito os argumentos de autoridade, do que resultou a extraordinária pujança da ciência moderna ( quem quer ter razão tem de a procurar e a demonstrar).
*=?.0
AOMSoares

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 31 de May de 2004 12:32

aa é pra brincar de sim ou não ?? então la vai. Simmmmmmmmmmmm.

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 31 de May de 2004 13:48

por que augusto??? você acha que retirando fulano ou ciclano vai resolver o problema é??? coitado de ti se pensa assim, se tudo se resolve-se assim.então não precisariamos de deus. pois bastaria expulsar o fulano que tudo estaria resolvido.vc se limita demais amigo. seja mais vc mesmo ok.

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 31 de May de 2004 22:40

Caro Albino:

Já respondi a essa questão, mas de momento não localizo a resposta. Mas localizo parte do conteúdo num outro contexto. Indico-te o "link" e vais lá direitinho: [www.paroquias.org]. Trata-se do Tópico "Virgem Maria", mensagem de 29/04/2003, às 10:33. Noutra ocasião espero poder dizer algo mais. Vê lá se em dita mensagem encontras alguma pista ou objecção.

Alef

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 01 de June de 2004 13:56

Alef,
Voltei a ler e vou ler novamente o prólogo do Evangelho de S. João (neste a Divindade de Jesus Cristo é claramente expressa- Jesus Cristo é Verbo de Deus, Palavra de Deus, Acção de Deus, Deus Connosco) e lá diz: "aos que n'Ele creram e o receberam deu-lhes o poder de se tornarem Filhos de Deus"... Em nehum lado das Escrituras se diz que alguém poderá ser pai ou mãe de Deus. Também não me parece correcto que se usem expressões que não dizem exctamente aquilo que querem dizer. A expressão Theotókos poderia por exemplo ser traduzida por: Fonte de Esperança, que deixa claramente expressa a intimidade da Virgem Maria com Deus. Precisão e exctidão (bíblica, teológica e humana) são importantes quando se quer ser verdadeiro.
Saudações,



*=?.0

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 02 de June de 2004 07:15

Caro Albino:

Pensei que este assunto já estava esclarecido, pois creio que já te escrevi em tempos uma mensagem a propósito do mesmo tema e discuti-o longamente com a Andréia.
Também me apetecia escrever um texto algo sistemático sobre o dogma, mas fica para outra altura de mais inspiração e tempo. Mas direi algumas coisas, seguindo uma certa ordem.

1. Os dogmas e os preconceitos. Creio que muita gente tem alergia a esta palavra: “dogma”. Quando estudei Filosofia no Ensino Secundário, ainda com os antigos programas, que se centravam na História da Filosofia, os professores mencionavam a palavra com uma forte carga pejorativa e (vi-o depois) muito errada. “Dogma” era o inquestinado saber medieval, com todas as conotações pejorativas que “medieval” podia ter. Mas esta noção errada ainda pulula por aí. Muitos católicos sentem-se inferiorizados quando se menciona que há dogmas na Igreja Católica. Depois da Revolução Francesa muitos iluminados verão na palavra “dogma” o supra-sumo do obscurantismo, um chavão que se torna também ele dogmático.

2. A necessidade dos dogmas. Há que olhar para os dogmas na sua versão positiva e pedagógica. Tomando “dogma” no sentido habitual de verdade segura e definitiva, há que reconhecer que o Cristianismo é uma religião que não se reduz a conteúdos proposicionais sobre Deus e o mundo espiritual e sobre a conduta humana, mas esses conteúdos são fundamentais e sobre eles não pode haver dúvida. Não teria sentido um Cristianismo sem verdades absolutas, nem sem verdades que o distinguissem de outras religiões. Não podemos não ter certezas sobre a existência de Deus, sobre a salvação, sobre a Ressurreição de Jesus, etc. Como seria uma religião sem qualquer elemento dogmático? Seria o completo amorfismo, não seria religião. O cepticismo puro nem sequer é sustentável.

Ora, o que significam os dogmas? Significam, não, como alguns “iluminados” pensam, um retrocesso, mas sim um avanço no conhecimento humano da Revelação de Deus. Mais do que limites ao pensamento, os dogmas constituem autênticos “marcos miliários” na nossa “compreensão” da Revelação Cristã. Num certo sentido, hoje sabemos mais que os primeiros cristãos, porque a História de séculos nos ajudou a perceber certos elementos que os primeiros cristãos não verbalizaram. Curiosamente, muitos dos dogmas apareceram no contexto de grandes disputas, um pouco à imagem do que acontece num fórum. Ao contrário dos que diz um das “pias” máximas do fundador do “Opus Dei”, que o Avlis gosta de repetir, acredito que da discussão nasce a luz. Ora, para entender o que quer dizer um determinado dogma, é fundamental situá-lo no seu contexto.

3. Exemplos fundamentais: o Símbolo dos Apóstolos. O documento dogmático mais importante que os cristãos têm e partilham é o chamado “Símbolo dos Apóstolos” ou “Credo Niceno-Constantinopolitano” (o “Credo” que habitualmente se recita nas nossas Eucaristias). São os textos que “consagram” o essencial do que hoje sabemos da doutrina da Santíssima Trindade. Note-se: estamos no século IV! Foram precisos cerca de 300 anos para que ficasse claro para a Igreja a necessidade de definir dogmaticamente que Deus é Uno e Trino.

É importante ter em conta as disputas que precederam os Concílios de Niceia (ano 325) e Constantinopla (381). Simplificando muito, tudo se deveu às grandes polémicas sobre a pessoa de Jesus Cristo e a Sua relação com o Pai. Quem era, afinal, Jesus Cristo? Igual ou inferior ao Pai? De natureza divina em corpo aparentemente humano, com morte apenas fictícia, como pensava Apolinário? Um homem normal que foi “adoptado” por Deus no Baptismo, mas não realmente Deus? Tinha existido desde sempre (eterno) ou foi criado (criatura) como qualquer outro homem? E haveria então em Deus três “Pessoas” ou três modos distintos da mesma Pessoa? Ou três deuses? Todas estas questões tiveram os seus defensores. O mais conhecido foi certamente Ário, para quem Jesus não era verdadeiramente Deus. O Concílio de Niceia foi o primeiro grande passo para colocar ordem nas disputas. Outras disputas se seguiram, concretamente sobre o Espírito Santo e novas polémicas sobre Jesus Cristo, a que voltarei, para comentar de novo o dogma de “Maria, Mãe de Deus” (“Theotókos”).

Os textos dogmáticos sobre a Santíssima Trindade poderão ser vistos por alguns como um “peso”, mas, na realidade, eles constituíram um enorme avanço. Os dogmas não explicam o “como”, mas dizem o “quê” da fé. Não se explica como é possível um Deus Triuno, mas estabelecem-se os limites daquilo que agora em que podemos acreditar sem medo de errar: o nosso Deus é Uno e Trino. E dentro desses marcos miliários, pode-se tentar pensar inteligivelmente a fé. A doutrina da Santíssima Trindade é bíblica, já estava no Evangelho, mas não com a roupagem e rigor terminológico que a definição dogmática lhe permitiu dar no século IV.

4. Os dogmas cristológicos de Éfeso e Calcedónia. Se em Niceia e Constantinopla ficou claro (contra Ário) que Jesus Cristo era Deus (“consubstancial ao Pai”, isto é, da mesma substância), novas polémicas se levantaram quanto à verdadeira humanidade de Jesus Cristo e, sobretudo, quanto à união das naturezas humana e divina. É este último aspecto que aqui nos interessa mais. A pergunta a fazer é a seguinte: Jesus é uma só pessoa ou não? Podemos admitir a separação das duas naturezas? Se admitimos a separação das duas naturezas, Jesus não é uma única pessoa e nesse caso não podemos falar de Encarnação, porque a Encarnação consiste precisamente em que o Verbo (divino) faz-SE homem. Sem deixar de ser Deus, nasce homem. E se não há divisão na sua pessoa, e é dado à luz por Maria, Maria é “Theotókos”, aquela que dá à luz o Verbo Encarnado de Deus. Não dá à luz apenas o corpo de Jesus, dá à luz Jesus, que é Deus-Homem, inteiramente homem e inteiramente Deus.

Note-se bem: o contexto é importantíssimo para perceber o que estamos a afirmar. Não estava em causa arranjar um título “hiperqualificativo” para Maria. Nada disso! O problema foi que precisamente Nestório dizia, tentando explicar a sua teoria sobre Jesus Cristo, que Maria não era Mãe de Deus, porque uma criatura humana não podia gerar Deus. Mas Quem Se gera no corpo de Maria é ou não Deus? Podemos fazer separações em Jesus? Maria é mãe de Quem? Quem é este Filho?

Qual é o problema de Nestório? Não é ser pouco devoto de Maria! É, sim, sugerir a negação da unidade de Cristo! [Mas noto uma estranha ironia: com medo de parecerem devotos de Maria, muitos dos nossos irmãos protestantes acabam por negar a unidade de Jesus Cristo!]

Contra Nestório, o Concílio de Éfeso (ano 431) estabeleceu dogmaticamente que Jesus Cristo é Deus (ponto já estabelecido em Niceia e Constantinopla) mas também inteiramente homem (contra Apolinário) e uma só pessoa (contra Nestório), pelo que a Maria se pode chamar “Theotókos”.

Já agora vale a pena lembrar outra polémica relacionada, contemporânea, resolvida noutro Concílio, o de Calcedónia (ano 451). Alguns pensavam que a natureza divina não podia “conviver” com a humana sem a absorver, pelo que, na prática, Jesus Cristo tinha uma só natureza: a divina. A estes chamou-se “monofisitas” (“mónos”= um + “phýsis”, natureza). O concílio de Calcedónia viria a afirmar contundentemente: “Nós ensinamos e professamos um único e idêntico Cristo em duas naturezas, não misturadas e não transformadas, não divididas e não separadas, pois a união das naturezas não suprimiu as suas diferenças, antes cada uma conservou as duas propriedades e uniu-se à outra num único sujeito e pessoa”.

5. Maria e a Trindade. As objecções são sempre as mesmas: Maria não pode ser anterior a Deus (que é eterno), para lhe dar origem. Mas não se trata de dar origem. Trata-se da única forma de exprimirmos que em Jesus Cristo, Verbo Encarnado, não há separação. Mas talvez arrisque uma expressão que ajuda: Maria não foi sempre Mãe do Verbo, porque o Verbo não foi sempre encarnado (óbvio) e o Verbo foi sempre Verbo, como podes ver no texto que citaste, de S. João. Não nos esqueçamos: quando falamos de Maria como “Mãe de Deus” estamos a traduzir o termos grego “Theotókos” e estamos, antes de mais, a afirmar a unidade da Pessoa de Jesus Cristo.

Dizes que «em nenhum lado das Escrituras se diz que alguém poderá ser pai ou mãe de Deus». Pois, o Evangelho de Lucas diz algo mais. Diz que Isabel, cheia do Espírito Santo (note-se o contexto profético), saudou Maria como “a mãe do meu Senhor”, que, ao contrário do que afirma a Andréia, não é usado aqui no sentido comum de “um senhor qualquer”. Trata-se de um texto de elevado valor cristológico!

Alef

Re: DOGMAS CATÓLICOS
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 02 de June de 2004 15:18

Caro Alef,
O problema da unicidade e das duas naturezas põe-se em relação a qualquer pessoa:
Somos a unidade do ser bioquímico/espiritual.
Talvez hoje ou talvez um dia possa haver uma melhor compreensão do que a unidade de duas naturezas em Jesus Cristo significa. Compreensão que poderá trazer uma contribuição significativa para a unidade dos cristãos. Em Cristo ressuscitado temos a unidade- Ele é o Senhor, o único.



*=?.0

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