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Padres casados sim ou não?
Escrito por: Susete Gonzaga (IP registado)
Data: 27 de February de 2002 21:30

Viva!
Foi hoje noticia em alguns orgãos de comunicação social, uma noticia com o seguinte título: PADRE DE FAMALICÃO APAIXONA-SE POR ADVOGADA.
Resumidamente trata-se da história de um padre de Vila Nova de Famalicão, até há alguns dias responsável pela paróquia de Bairro, e que decidiu, na semana passada, abandonar o sacerdócio para casar com uma paroquiana por quem se terá apaixonado.
O padre, de 40 anos de idade, ter-se-á 'perdido' de amores por uma advogada, de 27, de quem estará já à espera do primeiro filho. Segundo alguns paroquianos, próximos do sacerdote, o romance entre o padre a advogada terá começado há vários meses, mas a decisão de abandonar a paróquia e o sacerdócio só aconteceu depois de constatar que a jovem se encontrava grávida.

Quem ficou triste com a situação foi a esmagadora maioria dos paroquianos da freguesia de Bairro.
O problema é que o Diabo também para cá veio e ele não conseguiu resistir à tentação", sublinhou a senhora, já na casa dos 60 anos e assídua frequentadora da Igreja, acrescentando: “podia ao menos ter deixado passar este tempo da Quaresma. A opinião era partilhada por todos os paroquianos que, embora não querendo ser identificados, se dignaram prestar declarações. Uma senhora assegurou ainda que "Bairro nunca teve nem terá um padre tão bom como este". (<a href=http://www.paroquias.org/noticias.php3?id=1608 target=_blank>noticia na íntegra</a>)

Fica para discussão este caso e a polémica ideia dos padres católicos casados ou não? Terá este padre feito bem? Qual será o seu futuro?
Seria bom para a Igreja? Haveria mais vocações? Seriam bons padres?
O que pensam sobre este assunto? Será que a Igreja deveria mudar o "estatuto" dos padres?

Aqui ficam algumas pistas para discussão.
Abraços,
Susete

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Rui Oliveira (IP registado)
Data: 01 de March de 2002 01:28

«O problema é que o Diabo também para cá veio e ele não conseguiu resistir à tentação».
Pergunta-se: Foi o padre que não conseguiu resistir à tentação ou foi a paroquiana que não resistiu aos estímulos do padre?
Será que houve mesmo tentação? O que é a tentação?
Quando alguém gosta de outrém isso é tentação? Então, em princípio, estamos, ou deveríamos estar, todos tentados uns pelos outros.
Como responderei ao santo teólogo que nos diz que Deus ama-nos loucamente!... Deus também pode ser tentado por nós?
Como conciliar o que achamos natural com o que entendemos ético?
A Susete pergunta: – O padre terá feito bem?
Como saberemos? O que é «fazer bem»? Se é o que dá bom resultado, então teremos de esperar uns anos, a olhar para eles, para sabermos se fizerem bem. E nós faremos bem em ficarmos a olhar para eles?
Tanta pergunta!!!... por responder. Ninguém irá responder, todos nós sabemos, pelo menos com consciência de saber o que está a dizer.
Deixemos que o mundo corra, e entreguemos na mão daquele que tudo sabe, o que não está nas nossas mãos.
Rezemos por eles e por nós, para Deus nos ilumine os nossos caminhos, de todos, para que, de bem com a nossa consciência e sem prejudicar os nossos irmãos, consigamos levar a bom termo o «recado» que o Criador nos confiou. Em primeiro lugar o «nosso recado», depois o resto...

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 04 de March de 2002 12:41

Quanto a esta questão, ainda a considero duvidosa... Mas tenho uma certeza: sou de opinião que de futuro se promova muito mais a formação dos diáconos, que, tal como é o seu estatuto actual, podem desde já prestar uma valiosíssima contribuição à Igreja. Para além disso, devemos todos estimular-nos e aos outros a sermos cada vez mais activos em Igreja e nos serviços que desempenhamos, porque o estamos a fazer uns para os outros (do qual também beneficíamos nós próprios) e não para uma hierarquia distante.
Porque a situação real é a da participação, do envolvimento e de uma certa intimidade acolhedora que ainda se tem de trabalhar muito na Igreja. Se houver isso, certamente que todos trabalharemos bem na sua área (os diversos dons de que nos fala I Cor), sem que nos ocupe muito tempo nas nossas vidas. De facto, se cada um fizer um pouco, teremos uma verdadeira comunidade, sem levar ninguém à exaustão e ao "faz-tudo". Aí, surgirão até mais vocações, motivadas por uma vida eclesial mais esclarecida, activa e atraente.
Pessoalmente, acho que não vale a pena fazer uma alteração tão profunda quanto a liberalização do celibato enquanto não houver uma responsabilização concreta das comunidades cristãs, quando tomarem finalmente a consciência de que são parte fundamental da Igreja e que é seu papel, enquanto cristãos, serem activos. É que até é um prazer! Noutro artigo que vi aqui no Paroquias.org falava-se da prática cristã como lazer. Pois bem, o lazer também é possível na vida comunitária e em todas as actividades lúdicas, culturais e humanitárias que assim se poderão levar a cabo. Para além de que temos mesmo de nos emaciparmos realmente no aspecto comunitário, que considero essencial no Cristianismo e que não se aproveita hoje por falta de iniciativa, criatividade ou sequer saber que tal deve ser não só possível mas até exigido. Acho sinceramente que a cultura e o lazer vão assumir (e considero esse crescimento evidente já hoje) uma importância preponderante nas sociedades futuras. Porque não haveria a Igreja de se adaptar a essas circunstâncias, já que somos parte dessa mesma sociedade?
Assim, as decisões surgirão por parte de uma comunidade eclesiástica democratizada e não haverão tantas polémicas deste genéro, pois tudo seria discutido em debate interno... Quanto mais não seja para ajudar as pessoas a chegarem por si mesmas às conclusões oficiais, conhecendo os argumentos contra e a favor, que de contrário parecem demasiado regulamentadoras e uniformizadoras para o ignorante. Assim, seremos uma comunidade aberta e esclarecedora, havendo uma relação fé-cultura evidente, para a qual cada vez mais se trabalha hoje.
E não, as coisas não se resolvem para já com a liberalização, mas com a responsabilização da participação... Que, por acaso, até é aprazível... ;o)
Agora, isso passará por uma "reciclagem" do clero já existente, para que seja mais criativo e possibilite às comunidades uma existência cada vez mais presente. Esta é a solução que considero correcta.

João

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Rui Oliveira (IP registado)
Data: 04 de March de 2002 15:27

João Oliveira

É profunda a sua reflexão sobre o que deve ser a vida comunitária e sobre o
que deve representar o celibato na hierarquia. No entanto, «prática cristã
como lazer», totalmente em desacordo.
Que os cristãos também ocupem e desfrutem de tempos de lazer, isso é
absolutamente necessário, diria mesmo indispensável para um equilíbrio
psiológico, mas que se faça da «actividade cristã», da maneira de ser
cristão, uma forma de ocupação de tempos livres=lazer, isso não corresponde
minimamente ao conceito de vida cristã. Entendo o «Ser» cristão como uma
forma de existir (de ser), uma configuração. Não é uma forma «de estar»,
embora se esteja de uma determinada forma ditada por uma determinada forma
de ser.
Não pretendo fazer malabarismos com as palavras, mas tão-só estabelecer a
diferença entre o que é ontológico do que é ético.
Estarei certo? Deus o sabe.
Com amizade
Rui Oliveira

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 05 de March de 2002 20:03

Claro que tens razão Rui!
Certamente que a "actividade cristã" não é lazer em si. Quando me referi ao lazer, queria realmente salientar em especial a libertação, animação e alegria tipicamente cristãs, que devem ser evidenciadas nas comunidades e tanto quanto devido nas celebrações. Daí também uma vertente mais lúdica, exterior ao culto, na preparação do mesmo ou na simples animação da comunidade. Falo de música, diálogo, estudos, jogos, etc.. Como já disse, penso que as comunidades devem primar pela criatividade, inspirada pelo e manifestadora do Espírito Santo, que é a presença real e visível de uma fé comunitária viva. Que assim seja! :o)

João

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Padre Francisco Buzzo (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 00:34

Sou Padre da Igreja Anglicana, fui seminarista católico durante 5 anos, comecei a interrogar o porque não casar se este era um sacramento da igreja , se a igreja tinha isto como sacramento então é algo bom, porque somente ministrar e não participar? hoje tenho 5 filhos vivo muito bem, trabalho e faço a obra de Deus, ministro os sacramentos com muito mais expêriencia.

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 00:50

Caro Pe Francisco,

Muito obrigado pelo seu testemunho. Tem sido uma lacuna difícil de colmatar a falta de participação de sacerdotes neste Fórum, principalmente, quando são levantadas, como têm sido, questões que dizem respeito não só aos leigos, como também aos padres.

Pessoalmente, conheço um padre católico português casado e com dois filhos. Há já alguns anos atrás, converteu-se da Igreja Anglicana para a Igreja Católica e foi aceite mesmo sendo casado.

Creio que mais cedo ou mais tarde, a questão do celibato obrigatório irá terminar, deixando ao critério do seminarista se opta pelo casamento ou celibato, antes de ser ordenado, um pouco à semelhança do que acontece com a Igreja Ortodoxa.

Caso tenha oportunidade, gostaria de convidá-lo a participar mais vezes neste Fórum de Discussão.

Felicidades para o seu trabalho pastoral.

Luis Gonzaga

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Padre João luis Paixão (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 01:29

Sou sacerdote católico, pela graça de Deus. Pela mesma graça abracei o celibato, vivendo-o com alegria. Não concordo com o Matrimonio para os que abraçam o sacerdócio, porque é pela graça de Deus que o vivemos, não pelas nossas poucas forças. Fui ordenao com 37 anos, pensei e rezei muito a minha vocação, e Deus deu-me a graça de viver o sacerdocio no celibato.
A minha vida é repleta de alegrias, e trabalhos. Cheguei a casa era uma da manhã, e é quase sempre assim. Como dar assistencia a uma familia?
Como educar filhos com pai ausente?
Como ter o meu coração unificado em Deus e na minha comunidade?
O diaconado não substitui os sacerdotes. São colaboradores apenas com o poder da ordem para alguns sacramentos, mas o pastoreio, a presidencia de uma comunidade deve ser um padre que se ofereça ele mesmo como sacrificio pelo povo que lhe esta confiado.
Quando digo na Eucaristia "Isto é o meu corpo entregue por vós" é o meu corpo que o dou tambem.
O celibato é uma vocação e Deus dá-a com abundacia assim queiramos nós receber esse dom.

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 06:22

Luis

Hoje os padres sairam a rua :)....que bom haver varios testemunhos.

Padre Joao Luis Paixao, o pai pode estar ausente, mas os filhos terem uma boa mae!...
Como o padre Francisco Buzzo, disse e concordo, que administra os sacramentos com mais experiencia!!!
Um padre casado, sabe muito mais dar valor e sabe o quanto custa educar, cuidar de filhos...

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 06:44

Luis


Um dia na RTPI numa entrevista com o padre Melicias e Judite de Sousa, soube-se que o padre Melicias se apaixonara um dia....Eu fiz essa conversa ao meu padre. O meu padre disse, se um homem nunca se apaixonou, o coracao nao esta bom...ehehehhe
Portanto esse padre, apaixonou-se, tem a namorada gravida...so faz o que devia fazer....casar!!! Faz pior, se abandona o filho e a mae do filho.
Daqui vai o meu apoio, que case e que seja muito feliz!!! E que o Papa de a opccao a todos os que quiserem casar...

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 09:52

Caro Pe. João Luis,

Antes de mais, queria agradecer o seu testemunho e dar-lhe as boas vindas a este Fórum de Discussão. Como há pouco disse ao Pe. Francisco, é importante a participação dos padres neste Fórum, principalmente numa altura em que se discutem alguns assuntos relacionados com os padres.

Compreendo que para si, considere que o Matrimónio será incompatível com a Ordenação, nomeadamente, pelo pouco tempo que a vida de padre deixaria livre para a Família. É uma argumento válido. Mas, quantos pais de família têm o tempo que gostariam para as suas famílias, e quantos é que têm empregos que os obrigam também a chegar a casa depois da uma da manhã?

Se verificarmos o que acontece com os padres católicos do rito grego e com os padres ortodoxos, penso que o trabalho pastoral deles deverá ser semelhante aos dos padres católicos portugueses, e uma boa parte desses padres são casados. Será de facto o matrimónio incompatível com a ordenação?

Eu não defendo que todos os padres devam ser casados. Acho que é importante que o caminho do celibato seja uma opção válida, principalmente porque nela se realizarão muitos dos padres, e a verão como uma graça de Deus, como penso que é o seu caso. Todavia, penso também que a Igreja deveria considerar a opção dos padres se poderem casar, pois, provavelmente, hoje o Pe. Francisco Buzzo seria um padre católico.

Gostaria de convidá-lo a participar mais vezes neste Fórum de Discussão, e de lhe desejar felicidades,

Um abraço em Cristo,
Luis

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 16:59

Portanto, pelos testemunhos dados e por outros que conheço pessoalmente - de padres católicos, protestantes e ortodoxos - conclui-se que o casamento não é um obstáculo ao exercício da missão sacerdotal.

Também o celibaro não é obstáculo - estão em jogo opções pessoas e de estilos de vida que não tornam o facto de as pessoas terem uma família inaptas para realizar uma missão ao serviço da comunidade.


Existem padres católicos casados e que cumprem o seu sacerdócio, mantendo vínculos matrimoniais. Para os padres ortodoxos e protestantes, terem uma família é absolutamente normal.
A grande vantagem é que os padres com laços conjugais e familiares têm uma noção mais realista da realidade da sua comunidade, estão mais próximos dos que os procuram , estão melhor integrados na comunidade e beneficiam de um suporte afectivo, sexual e espiritual que os torna mais felizes e completos.

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 19:21

Caro P. João Luis Paixão:

Gostei de ler a sua mensagem. Parece-me que aquilo que é realmente importante nos padres que aceitam o celibato como uma verdadeira vocação (que são muitos!) é que o vivam com alegria e distensão. Isso significa certamente viver bem com as suas opções, sabendo que, embora todas as opções impliquem a abnegação de alguma coisa, não se pode medir as opções pelo que se deixa, mas pelo que se escolhe.

O que muitas vezes é triste é ver como alguns não vivem essa alegria (muitas vezes faltou a espiritualidade) e se tornam rezingões, amargurados, ríspidos. A meu ver, esses sintomas revelam muitas vezes um celibato não assumido.

Saúdo de novo a sua participação neste fórum, esperando que volte, e faço votos de que testemunhe sempre com alegria a sua vocação. Essa é a única campanha válida para que haja mais gente a querer ir para os seminários.

Alef

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Padre Francisco Buzzo (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 22:02

Amados:
Eu me alegro quando vejo tantos participando de um forum com um assunto tão importânte como esse.
Desde pequeno senti tremenda vontade de ser um padre,fui criado dentro da igreja pois minha mae trabalhava na casa paroquial, com 14 anos estava pela primeira vez em um seminário, com 18 anos fiz meus primeiros votos, sempre fui apaixonado pela obra de Deus mas não tinha nenhuma vocação para o celibato e nem por isso teria que deixar de servir a Deus.
Pedro que é tido como 1º papa foi casado,sem falar dos outros apostolos que também tinham família.Agora se eles que os primeiros da igreja eram casados porque eu não posso me casar.
Acho que todos sabem que a proibição do casamento está ligada ao poder econômico da época, não é isso que vai me impedir de ter uma familia e servir a Deus.
Hoje celebro a missa com a minha familia assintindo, nem por isso sou nenos padre, tenho alegria de poder ministrar o sacramento para minha familia, isso é muito importãnte para mim.
Hoje sirvo a Deus conforme o carcereiro que guardava Paulo disse: "Eu e minha casa serviremos ao Senhor"
Abraços fraternos
Padre Francisco Buzzo

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 07 de May de 2004 23:38

Acho que devemos ter em grande apreço aqueles que se disponibilizam para servir em entrega total (celibato) a Deus, à Igreja e à Sociedade. Certamente que a admissão de padres casados criaria novos problemas à Igreja. Mas não me parece que a presidência da Eucaristia seja inatingível para os que fossem casados. Casados são os mais altos responsáveis das nações e nem por isso deixam de desempenhar com competência e firmeza as suas tarefas.
\O/
AOMSoares

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 08 de May de 2004 00:24

O CELIBATO OBRIGATÓRIO DOS SACERDOTES
Helio Amorim *

Já que se trocam idéias sobre o assunto no Boletim Rede, permitam-me opinar.

O celibato obrigatório dos clérigos leva a Igreja a castrar literalmente um
impulso humanizador inscrito por Deus no coração dos homens, como condição
de realização de uma vocação de serviço ao Povo de Deus, em nada
incompatível com a vocação para o casamento e a vida familiar. Os problemas
psicológicos tão freqüentes entre sacerdotes que se mantêm fiéis a essa
disciplina imposta, e os problemas de consciência dos muitos que não
resistem a essa regra anti-natural, apontam para o celibato opcional,
assumido livre e espontaneamente somente por aqueles que tenham uma vocação
muito especial para alguma forma de vida religiosa inconciliável, em
determinado momento, com a vivência matrimonial e familiar. Mesmo assim, a
opção livre feita pelo celibato não seria necessariamente definitiva em
forma de voto perpétuo, já que todas as pessoas vivem processos evolutivos,
vão amadurecendo em todas as dimensões pessoais e sociais, psíquicas,
intelectuais e afetivas. Fazem-se sempre novas opções e reformulam-se
projetos de vida em resposta aos sempre novos desafios e questionamentos
que se apresentam.

D. Pedro Casaldáliga, esse santo bispo catalão que criou raízes nos sertões
do Araguaia, num texto inspirado, exalta a opção especial que fez pelo
celibato, mas espera poder "viver o tempo em que conviverá com sacerdotes
casados, para o bem da Igreja, e para a valorização do próprio celibato".

Temos, por isso, até hoje, uma Igreja regida por homens celibatários. Ora,
essa identidade fortemente masculina da Igreja, na elaboração de suas
doutrinas, normas e disciplinas, lhe suprime uma certa ternura, compreensão
e sensibilidade mais próprias do feminino, que lhe fazem muita falta. Essa
falha não é exclusiva da Igreja. Todas as instituições humanas e estruturas
sociais dominadas pelos homens, excluídas as mulheres, se tornam
autoritárias, rabugentas e maçantes. Ao contrário, na medida em que
mulheres ampliam seus espaços em outras, elas de tornam mais humanas, mais
sensíveis e cordiais. Isto vale tanto para governos, parlamentos,
sindicatos, partidos políticos e empresas, como para congregações
religiosas e cúrias diocesanas ou romanas .

Certamente o tempero feminino está fazendo falta. A vida da Igreja não pode
continuar prescindindo da ótica e sensibilidade femininas. Falta alegria,
delicadeza, ternura, afetividade e emoção nas práticas da Igreja, nas suas
celebrações e festas que se tornaram inexpressivas, nada criativas,
burocráticas e aborrecidas, quando poderiam e deveriam ser exatamente o
contrário. Chegaremos lá, algum dia. Teremos padres casados e mulheres
ordenadas e a face da Igreja será certamente mais bonita e cativante. Pode
tardar mas creio ser inexorável, por serem inconsistentes, a meu ver, as
razões dos impedimentos atuais.

*Engenheiro Civil, membro do Movimento Familiar Cristão/MFC, editor da
Revista Tempo e Presença do MFC

Informativo Ano 5 - 03 de maio de 2004
REDE de CRISTÃOS
Conselho Editorial: Plínio de Arruda Sampaio, Jether Ramalho, Hélio
Amorim, Ma Helena Arrochellas, Moema Miranda, Victor Valla, Pr. Edson F
Almcida, Alino Lorenzon, Antonio Carlos D. Ribeiro, Hélio Saboya. O
INFORMATIVO eletrônico REDE é uma publicação da REDE de CRISTÃOS de Classes
Médias, constituída por profissionais liberais, membros de diversas
confissões religiosas e oferece, diariamente, análises da conjuntura
nacional e internacional na ótica do compromisso cristão com a humanização
e a libertação. Os artigos publicados neste espaço são sempre assinados e
qualquer reação ao teor do conteúdo será encaminnhada ao autor/a. Este
INFORMATIVO é distribuído, gratuitamente, a quem se inscreve em sua mala
direta. Solicitamos o favor de colocar crédito e fonte ao publicá-lo,
enviando cópia para <bolrede@terra.com.br> ou endereço postal da REDE.
Muito obrigada


E as minhas desculpas pela colagem
João (JMA)

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Padre João luis Paixão (IP registado)
Data: 08 de May de 2004 01:20

Discordo em absoluto o texto colado pelo JMA.
Em primeiro lugar a Igreja não é uma sociedade, como as demais, regidas por homens, mas guiada pelo Espirito Santo. Aquilo que é loucura aos olhos dos homens é sabedoria aos olhos de Deus. O celibato assim se inscreve numa vocação à santidade, dada por Deus. Não é natural? Não não é. É Sobre-natural.
Não comparem o celibato nem o analizem a nivel de sociologia o psicologia, pois ele só se entende na Teologia e na oração.
Não é propriedade da Igreja Católica, a maioria dos padres ortodoxos são celibatários, os budistas são celibatários etc.
Por fim, não me parece credivel a opinião um Engenheiro Civil sobre um assunto destes, tal como se aqui escrevesse um texto sobre o construção civil, seria de amador e repleta de disparates, como o texto acima transcrito. A igreja está repleta de senhoras, tem Nossa Senhora. Onde lhe falta a femenilidade????
Se Cristo não escolheu mulheres para Apostolas.... lá sabe.
A origem da Igreja é divina, não humana que se adapta consoante as modas do mundo.
Por fim, penso que quem tem de discutir a serio estes temas, são os padres, porque afimal são eles quem vivem o celibato. Não nos ouvem a discutir e querer impor aos leigos o celibato pois não??? Não nos obriguem a casar por favor.

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de May de 2004 03:35

Caro Padre João:

Creio ser verdade que o celibato só pode ser "entendido" no seu contexto que é necessariamente espiritual. Mas isso não significa que não seja aceitável uma leitura "externa" do fenómeno, mesmo que seja feita por engenheiro civil. Parece-me que um engenheiro civil tem todo o direito de opinar sobre o assunto, sobretudo se é cristão católico e vive como sentindo-se membro da Igreja. Não é o baptismo o que nos insere na Igreja? Não creio que haja cristãos de primeira e cristãos de segunda. Não poderá um leigo opinar sobre o celibato? E porque podem os celibatários opinar sobre o casamento e a vida dos casados? A Igreja não tem uma hierarquia de "iniciados" nem é desejável que haja castas sacerdotais ou de outra espécie. Sim, os padres têm uma palavra importantíssima a dizer sobre o celibato, mas não se pode silenciar a voz dos leigos.

E ninguém vai obrigar os padres a casar. Nunca ninguém defendeu tal coisa, creio eu. Mas pode-se colocar a pergunta noutros termos: porque não ordenar como presbíteros homens casados? Alguns não são já ordenados diáconos? Há uma diferença teológica de "espécie" no que toca ao sacramento?

Alef

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 08 de May de 2004 13:22

Padre João,

Compreendo o seu entendimento (mas não concordo com ele) segundo o qual sobre o celibato dos padres devem ser estes a discuti-lo, por não ser aceitável que quem está de fora se pronuncie sobre essa matéria.

Parece-me simples clericalismo, nesta formulação literal.

Em consequência deste argumento, e visto os sacerdotes serem celibatários, não têm capacidade para se pronunciar sobre a moral sexual.
Logo os documentos da Igreja sobre esta matéria que não tenham sido produzidos pelos leigos, carecem de legitimidade e devem dar-se por não escritos.

Não me parece possível dividir a Igreja em dois: sacerdotes vs leigos.

A Igreja é una.

E todos se podem e devem pronunciar sobre estas matérias.

E ninguém quer forçar os padres a casar. Discute-se é se existe fundamento para a proibição.

João (JMA)

Re: Padres casados sim ou não?
Escrito por: david (IP registado)
Data: 08 de May de 2004 15:25

David


O forum está a ser interessante.!As questões têm toda a razão de ser para

o nosso tempo! Há que ter em conta a liberdade dos filhos de Deus,o seu

modo de ver a igreja hoje na diversidade, certamente que o Espírito Santo fala, não só,

através dos irmãos bispos e padres. Certamente, a igreja, não tem que ser monopolização dos srs.bispos e srs. padres !
Jesus chamou os apóstolos , e eram quase todos casados!
"se Cristo não escolheu mulheres para Apostolas...lá sabe". Pois a respeito disto ainda não sabemos tudo, há muita coisa a descobrir e a transmitir...e quem viver vai ver!

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